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A INCLUSÃO DOS PORTADORES DA SÍNDROME DOWN NA ESCOLA REGULAR

 

Janislei Cristina Pires1 

 

 

RESUMO

 

No presente trabalho propõe-se verificar como ocorre o processo de inclusão de criança portadora da sindrome de Down no ensino regular. Para tanto, com eixo metodológico mais consistente e acessível de verificação, definiu-se pela pesquisa bibliográfica que a inclusão de crianças com Síndrome de Down na rede regular de ensino pode ser um começo para outras transformações não somente de pensamentos mais também de atitudes. A escola tem uma função reguladora e formativa na vida dos alunos, ela é, em grande parte, responsável pela passagem do aluno para o nível social. Acima de tudo, a escola tem o dever de ensinar o aluno a trocar ideias e ideais, de conviver com as diferenças, lidar com suas emoções e discutir. Visto que a escola regular tem o dever de introduzir o aluno em um mundo crítico, cultural e diversificado e toda a criança tem o direito de fazer parte desta escola. Trata-se de uma reestruturação da cultura, da prática e das políticas vivenciadas nas escolas de modo que estas respondam à diversidade de alunos. É uma abordagem humanística, democrática, que percebe o sujeito e suas singularidades, tendo como objetivos o crescimento, a satisfação pessoal e a inserção social de todos.

 

Palavras-chave: Inclusão. Síndrome de Down. Criança.

 

 

1 INTRODUÇÃO

 

O objetivo deste trabalho é mostrar como ocorre o processo de inclusão no âmbito escolar de crianças portadoras de necessidades especiais.

A educação inclusiva é uma educação que tem como principal objetivo ampliar a participação de todos os alunos nos estabelecimentos de ensino regular. Trata-se de uma reestruturação da cultura, da prática e das políticas vivenciadas nas escolas de modo que estas respondam à diversidade de alunos. É uma abordagem humanística, democrática, que percebe o sujeito e suas singularidades, tendo como objetivos o crescimento, a satisfação pessoal e a inserção social de todos.

A escola é um lugar de transformação, portanto a inclusão de crianças com Síndrome de Down na rede regular de ensino pode ser um começo para outras mudanças não somente de pensamentos mais também de atitudes.

A escola tem uma função reguladora e formativa na vida dos alunos, ela é, em grande parte, responsável pela passagem do aluno para o nível social. Acima de tudo, a escola tem o dever de ensinar o aluno a trocar ideias e ideais, de conviver com as diferenças, lidar com suas emoções e discutir.

No entanto a escola regular tem o dever de introduzir o aluno em um mundo crítico, cultural e diversificado e toda a criança tem o direito de fazer parte desta escola.

Cabe salientar que a inclusão só deixará de ser um sonho, quando as pessoas com necessidades educativas especiais tiverem as mesmas oportunidades, tanto no trabalho quanto na educação. Essa ideia é antiga, mas ainda precisa amadurecer na mente de toda nossa sociedade. As mudanças de comportamento e de pensamentos são necessárias para que a inclusão seja eficaz em nossa sociedade e isso só ira ocorrer se as pessoas descobrirem o quanto as nossas diferenças podem ser compartilhadas e úteis às outras pessoas.

 

 

2 DESENVOLVIMENTO

 

A escola é um lugar de mudança, portanto a inclusão de crianças com Síndrome de Down na rede regular de ensino pode ser um começo para outras transformações não somente de pensamentos mais também de atitudes, a escola tem uma função reguladora e formativa na vida dos alunos, ela é, em grande parte, responsável pela passagem do aluno para o nível social. Acima de tudo, a escola tem o dever de ensinar o aluno a trocar idéias e ideais, de conviver com as diferenças, lidar com suas emoções e discutir.

No entanto a escola regular tem o dever de introduzir o aluno em um mundo crítico, cultural e diversificado e toda a criança tem o direito de fazer parte desta escola.

A inclusão ganhou reforços com a LDB (Lei de Diretrizes de Bases da educação Nacional) de 1996 e com a Convenção da Guatemala, de 2001. Sendo assim manter crianças com algum tipo de deficiência fora do ensino regular é considerado exclusão, e crime.

A palavra inclusão significa abranger, compreender, somar e é nisso que deve se pensar quando se fala em inclusão de pessoas com deficiência, é trazer para perto, dar a ela o direito de ter as mesmas experiências, é aceitar o diferente e também aprender com ele.

O principal motivo das crianças irem para escola, é que vão encontrar um espaço democrático, onde poderão compartilhar o conhecimento e a experiência com o diferente. A inclusão faz parte de um grande movimento pela melhoria do ensino, e o primeiro passo pra que isso de fato aconteça é olhando a educação com outros olhos.

Quando se pensa que tipo de benefícios à inclusão pode gerar, surge sempre aquele pensamento de que as pessoas com deficiência têm mais chances de se desenvolve, mas na verdade todos ganham com a inclusão, pois aprendemos todos os dias exercitar a tolerância e o respeito ao próximo seja ele quem for.

Existem muitos motivos para que uma criança com Síndrome de Down possa ter uma oportunidade de frequentar uma escola de ensino regular. Cada vez mais pesquisas têm sido publicadas e o conhecimento sobre as capacidades de crianças com Síndrome de Down e o potencial de serem incluídos com sucesso tem aumentado. Além disso, a inclusão traz benefícios tanto acadêmicos quanto sociais.

A inclusão bem-sucedida não acontece automaticamente, a atitude da escola como um todo é um fator significativo nesse processo.

Muito educadores acham a ideia de incluir alunos com Síndrome de Down em suas salas e preocupante, ficam apreensivos no começo, porém pesquisas demonstram que a maioria dos professores tem ferramentas necessárias para entender as necessidades específicas dessas crianças e são capazes de ensiná-las efetivamente com sensibilidade.

A educação da criança com Síndrome de Down, desde seu início tem que ser focada pensando em sua autonomia pessoal na idade adulta, porque o Trissômico-21 é um ser com necessidades educativas específicas como qualquer pessoa e que se faz inteligente, sempre e quando o contexto lhes saiba dar oportunidades para isso. Então o que acontece com a genética? Com a genética não acontece nada. A genética é uma oportunidade não um epitáfio. [...] cada pessoa com Síndrome de Down é “única e diferente” e, são competentes para aprender, sempre e quando se saiba abrir espaços para a aprendizagem, sem se esquecer que seus modos e ritmos de aprendizagem são diferentes, simplesmente porque são pessoas e a qualidade de ser pessoa é a diferença (LÓPES, 2003, p.27).

 

Werneck (1993, p.56) diz que “evoluir é perceber que incluir não é tratar igual, pois as pessoas são diferentes! Alunos diferentes terão oportunidades diferentes, para que o ensino alcance os mesmos objetivos. Incluir é abandonar estereótipos”.

Embora atualmente alguns aspectos da Síndrome de Down sejam mais conhecidos e eles tenham melhores chances de vida e desenvolvimento, uma das maiores barreiras para inclusão social desses indivíduos ainda é o preconceito.

Geralmente o preconceito é gerado por falta de informação, e até mesmo por insegurança por parte das pessoas, o ser humano tende a temer aquilo que não conhece.

É por esse motivo que a inclusão de crianças com deficiência nas escolas de ensino regular é tão importante, pois serão introduzidas da maneira mais natural possível essas pessoas na vida das crianças tidas como “normais”, e assim criara um pensamento mais consciente em nossos filhos.

Frequentar a escola regular permitirá a criança com Síndrome de Down adquirir, progressivamente, conhecimentos, cada vez mais complexos que serão exigidos da sociedade e cujas bases são indispensáveis para a formação de qualquer indivíduo.

A educação é algo que deve ser renovado a cada dia, assim como o mundo vem se evoluindo, os educadores precisam fazer com que seus conhecimentos sejam passados de maneira criativa e prazerosa, não ter medo de novos desafios e nesse caso estar pronto para receber crianças com deficiência, é saber lidar com situações adversas, o que promoverá não somente um crescimento pessoal mais também profissional.

A inclusão pode ser confundida com interação, mais existem diferenças entre elas. Na interação, a criança precisa se adequar a realidade da escola, já na inclusão à escola é que tem que se adequar a criança, aceita-la da maneira que ela é seja ela deficiente ou não. “Na inclusão o vocabulário integração é abandonado, uma vez que o objetivo é incluir um aluno ou um grupo de alunos que já foram anteriormente excluídos. A meta primordial da inclusão é não deixar ninguém no exterior do ensino regular, desde o começo” (WERNECK, 1997, p.52).

A criança com Síndrome de Down inclusa na escola de ensino regular tem grandes chances de melhor se desenvolver porque esse ambiente para ela certamente será mais desafiador, do que para os outros alunos sem deficiência, e é isso que vai servir de estimulo para que ela se desenvolva.

E comum o ser humano ser individualista, principalmente quando o assunto é deficiência, geralmente as pessoas só se dão conta de que estão direta ou indiretamente excluindo o deficiente da sua convivência quando se depara com o problema dentro da sua casa ou família.

Muitos pais se desesperam ao saber que seu filho tem algum tipo de deficiência, principalmente por não saber como agir em uma situação como essa, mas esse problema poderia ser amenizado se vivêssemos em uma sociedade mais consciente e preocupada com o próximo, pois uma das preocupações mais comuns de pais de crianças com deficiência é as discriminações e exclusões que seu filho poderá sofrer por causa da sua deficiência.

Discutir sobre inclusão hoje em dia é muito comum mais é preciso que haja mais do que meros discursos, é necessário antes de tudo uma mudança de pensamento da sociedade em relação a esse problema, as escolas precisam mudar sua postura de querer jogar toda a responsabilidade para as instituições de educação especial, os educadores devem se preparar mesmo que não haja nenhum aluno com deficiência em sua turma, os pais devem ensinar aos seus filhos o respeito ao próximo seja ele quem for e como for, e a sociedade deve cobrar dos órgãos competentes ações que proporcionem a inclusão.

A educação de crianças com Síndrome de Down, apesar de sua complexidade, não invalida a afirmação de quem tem possibilidade de evoluírem. Com o devido acompanhamento, poderão tornar-se cidadãos úteis à comunidade, embora seus progressos não atinjam os patamares das crianças normais. (SCHWARTZMAN, 1999, p.262).

Dessa forma cabe à escola o papel de acompanhar o desenvolvimento científico da educação inclusiva, tendo como principal ponto o educador que embora seja um elemento fundamental para a transformação social, é isento de conhecimentos básicos, teóricos e práticos, para que se possa objetivamente acabar com a exclusão na educação brasileira. Para atender de forma satisfatória os interesses da população, o aperfeiçoamento contínuo e a transmissão de conhecimentos de educadores e estudantes tornam-se indispensável.

A inclusão de crianças com Síndrome de Down na rede regular de ensino trará benefícios a esse pequeno cidadão que aprenderá desde cedo a ser autônomo independente e, a saber, viver em sociedade e esse direito não deve ser de maneira alguma negado a ele.

A filosofia da inclusão, por sua vez, precisa ser interpretada, divulgada e planejada corretamente, a fim de produzir resultados adequados. Neste sentido, campanha de esclarecimento sobre a educação inclusiva, levada a efeito pelos setores público e privados junto á sociedade, muito contribuirá para torná-la realidade. (SCHWARTZMAN, 1999, p.262).

 

Fazer com que crianças com Síndrome de Down sejam incluídas não é uma tarefa fácil, levando-se em conta que se vive em uma sociedade onde os estereotipo falam mais alto do que os direitos humanos.

Para que a escola regular possa atender qualitativamente a todos os educando, independente da severidade de seu déficit é necessário redefinir e colocar em ação novas alternativas pedagógicas, compatíveis com este grande desafio. Para isto, é preciso uma nova escola que tenha coragem para criar e questionar o que está estabelecido em buscar rumos inovadores necessários à inclusão.

 

 

2.1 A SINDROME DE DOWN

 

Para conhecer fatos, compreender conceitos e entender algo é preciso averiguar sua história, ou seja, estudar sobre o passado e origens. Logo, verificar como tudo começou: os primeiros relatos e fatos reais.

A anomalia genética conhecida por Síndrome de Down, conforme Schwartzman (2003) traz relatos desde as sociedades mais antigas, visto que, em momentos históricos como na Idade Média, crianças nascidas com a anomalia eram consideradas resultado malévolo da união da mulher com o demônio. No período da Renascença eram retratados pelas artes como exemplos de deformidades físicas. Logo, as pessoas que apresentassem essa anomalia estavam sujeitas à morte.

Relatos antigos da história mostram uma raça humana um tanto diferente, que na época foi descrita por muitos como: mongolismo.

De acordo com Silva e Dessen (2002) crianças com Síndrome de Down foram retratadas por pintores como: Andréa Mantegna (1431 – 1506) e Jacoles Jordeans (1539 – 1678), ou seja, a anomalia presente na humanidade era totalmente desconhecida. Assim, registros mostram a deficiência como “idiotia do tipo mongolóide”, assim denominada por Edouard Seguin entre 1846 e 1866.

Schwartzman (2003) explica também que em 1866 o cientista John Langdon Down, escreveu um artigo em que considerou as pessoas na condição da síndrome como mongolóides e idiotas considerados seres inferiores. Porquanto, somente em 1959 o Dr. Jerome Lejeune descobriu a presença de um cromossomo extra, um erro genético. Portanto, diferenças genéticas em relação às outras pessoas. Foi Lejeune quem nomeou de Síndrome de Down em homenagem a John Langdon Down.

Conforme Silva e Dessen (2002) somente em 1866 através de Langdon Down houve o reconhecimento da anomalia como uma manifestação clinica. Langdon Down acreditava na existência de raças superiores e inferiores, neste sentido, a pessoa com deficiência mental faria parte das raças inferiores. Por isso eram marginalizadas, segregadas e entregues à sorte.

Explica Silva e Dessen (2002), que ao longo da história, outros estudos científicos contribuíram para melhor conhecer a síndrome. Porquanto, apenas em 1932 o oftalmologista holandês Waardenburg sugeriu que a Síndrome de Down fosse o resultado de uma aberração cromossômica. Por conseguinte, em 1934, Adrian Bleyer supôs que a Síndrome de Down seria uma trissomia. Confirmada em 1959 pelo Doutor Jerome Lejeune e Patrícia A. Jacobs e colaboradores, a trissomia, com a existência de um cromossomo extra.

De acordo com Schwartzman (2003), outros cientistas e colaboradores descreveram em 1960 a Síndrome de Down por translocação cromossômica e em 1961 o mosaicismo, ou seja, os três tipos da síndrome atualmente conhecidos, então nomeados Trissomia 21, Mosaico e Translocação.

Ao longo de muitos anos, a Síndrome de Down foi estudada e continua presente em estudos e trabalhos científicos. Visto que, muito ainda precisa ser conhecido e compreendido acerca da anomalia. Principalmente com os avanços sociais para uma sociedade inclusiva. Por isso, entender a síndrome, como os processos cognitivos ocorrem e como a criança se desenvolve é fundamental para se trabalhar com a criança Down de forma a ajudá-la a progredir e vencer.

Bissoto (2005) ressalta que relevantes investigações foram realizadas na Inglaterra e nos Estados Unidos acerca do desenvolvimento cognitivo da pessoa com Síndrome de Down, dado que, muitas concepções são estereotipadas e delimitam as possibilidades do indivíduo. Por isso, as investigações são importantes para desmistificar conceitos distorcidos referentes à síndrome.

Segundo a mesma autora, mesmo com os avanços científicos, as causas da alteração na divisão cromossômica que acarreta a Síndrome de Down não são conhecidas. Neste sentido, estudos sobre a anomalia trouxeram conhecimentos das características, complicações clínicas, cognitivas, imunológicas e, a forma como a síndrome se apresenta no indivíduo, assim denominada por trissomia 21, mosaico ou translocação.

Através dos anos e lutas sociais por direitos, pessoas com necessidades especiais passaram a ser vistas de fato como seres humanos. Neste sentido, famílias se conscientizaram e o processo de inclusão se instaurou na sociedade. De maneira tímida e lenta, contudo, decisiva e permanente.

Pessoas com Síndrome de Down antes rejeitadas e vistas como deformidades, aos poucos foram conhecidas como pessoas que possuem sentimentos, ou seja, amam, ficam tristes ou alegres, logo são capazes de aprender, desenvolver e de se, relacionar com outras pessoas.

 

 

2.2 AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DO PORTADOR DA SINDROME DE DOWN

 

O desenvolvimento cognitivo das crianças com Síndrome de Down passa pelas mesmas etapas do desenvolvimento cognitivo das crianças sem a síndrome, porém de maneira mais lenta. Segundo Alves (2007, p.40), “a inteligência da criança com síndrome de Down evolui até a possibilidade de cada uma”.

A criança com síndrome de Down têm idade cronológica diferente de idade funcional, desta forma, não devemos esperar uma resposta idêntica à resposta da "normais", que não apresentam alterações de aprendizagem. Esta deficiência decorre de lesões cerebrais e desajustes funcionais do sistema nervoso. “O fato de a criança não ter desenvolvido uma habilidade ou demonstrar conduta imatura em determinada idade, comparativamente a outras com idêntica condição genética, não significa impedimento para adquiri-la mais tarde, pois é possível que madure lentamente”. (SCHWARTZMAN, 1999, p. 246).

A criança com Síndrome de Down aprende num ritmo diferente das outras crianças mais isso não significa que ele não vai aprender, e sim que ele necessita de mais estímulos do que as outras crianças para chegar à aprendizagem.

A prontidão para a aprendizagem depende da complexa integração dos processos neurológicos e da harmoniosa evolução de funções especificas como linguagem, percepção, esquema corporal, orientação têmporo-espacial e lateralidade.

É comum observarmos na criança Down, alterações severas de internalizações de conceitos de tempo e espaço, que dificultarão muitas aquisições e refletirão especialmente em memória e planificação, além de dificultarem muito a aquisição de linguagem.

Alunos especiais como as portadoras de síndrome de Down, não desenvolvem estratégias espontâneas e este é um fato que deve ser considerado em seu processo de aquisição de aprendizagem, já que esta terá muitas dificuldades em resolver problemas e encontrar soluções sozinhas.

Outras deficiências que acometem a criança Down e implicam dificuldades ao desenvolvimento da aprendizagem são: alterações auditivas e visuais; incapacidade de organizar atos cognitivos e condutas, debilidades de associar e programar sequências.

Estas dificuldades ocorrem principalmente por que a imaturidade nervosa e não mielinização das fibras pode dificultar funções mentais como: habilidade para usar conceitos abstratos, memória, percepção geral, habilidades que incluam imaginação, relações espaciais, esquema corporal, habilidade no raciocínio, estocagem do material aprendido e transferência na aprendizagem. As deficiências e debilidades destas funções dificultam principalmente as atividades escolares.

Entre outras deficiências que acarretam repercussão sobre o desenvolvimento neurológico da criança com síndrome de Down, podemos determinar dificuldades na tomada de decisões e iniciação de uma ação; na elaboração do pensamento abstrato; no calculo; na seleção e eliminação de determinadas fontes informativas; no bloqueio das funções perceptivas (atenção e percepção); nas funções motoras e alterações da emoção e do afeto. (SCHWARTZMAN, 1999, p. 247).

 

No entanto, as crianças com síndrome de Down têm possibilidades de se desenvolver e executar atividades diárias e ate mesmo adquirir formação profissional e no enfoque evolutivo, a linguagem e as atividades como leitura e escrita podem ser desenvolvidas a partir das experiências da própria criança.

Do ponto de vista motor, hipocinesias associada à falta de iniciativa e espontaneidade ou hipercinesias e desinibição são frequentes. E estes padrões débeis também interferem a aprendizagem, pois o desenvolvimento psicomotor é à base da aprendizagem.

As inúmeras alterações do sistema nervoso repercutem em alterações do desenvolvimento global e da aprendizagem. Não há um padrão estereotipado previsível nas crianças com síndrome de Down e o desenvolvimento da inteligência não depende exclusivamente da alteração cromossômica, mas é também influenciada por estímulos provenientes do meio.

No entanto a criança com Síndrome de Down tem dificuldade de construir o saber com os demais alunos, principalmente quando inserido em escolas tradicionais. A criança incluída na escola regular encontra muitas barreiras para assimilar as coisas mais simples como, por exemplo, as características diretas de um objeto. Já para uma criança com desenvolvimento típico, construir conceitos, por exemplo, caracteriza-se por uma tarefa fácil.

Por isso, para as crianças com dificuldades de aprendizagem, o que inclui a Síndrome de Down, é muito importante o acompanhamento junto ao profissional de Psicopedagogia. É este profissional que irá avaliar as possibilidades de aprendizagem e a melhor forma de encaminhar estas crianças dentro do contexto escolar. Para que o atendimento psicopedagógico, dentro da escola regular, ocorra de forma adequada é preciso uma visão consistente do que é educação especial.

O aluno com Síndrome de Down pode e deve compartilhar o atendimento com colegas de desenvolvimento típico, para que tenha a possibilidade de outros tipos de acesso ao conhecimento. O trabalho especializado dentro da escola deve permitir ao aluno formular suas ideias para que ele não fique alienado diante de qualquer saber.

 

2.3 DIFICULDADES ENFRENTADAS PELOS EDUCADORES PARA TRABALHAR COM ESSAS CRIANÇAS

 

Sabemos que ensinar é uma tarefa que envolve principalmente: conhecimento acerca de como se dá o processo de ensino/aprendizagem; domínio do conhecimento a ser socializado; competência técnico-pedagógica; planejamento; intencionalidade pedagógica; competência para perceber e atender às especificidades educacionais dos alunos.

Incluir crianças com necessidades educacionais especiais na escola regular pressupõe uma grande reforma no sistema educacional. Isto implica na flexibilização ou adequação do currículo, com modificação das formas de ensino, metodologias e avaliação; implica também no desenvolvimento de trabalhos em grupos na sala de aula e na criação e adequação de estruturas físicas que facilitem o ingresso e a movimentação de todas as pessoas.

É um desafio, fazer com que a Inclusão ocorra, sem perdermos de vista que além das oportunidades, devemos garantir não só o desenvolvimento da aprendizagem, bem como, o desenvolvimento integral do indivíduo com necessidades educacionais especiais.

Estamos conscientes de que o desafio colocado aos educadores é grande e que parte significativa continua “não preparada” para desenvolver estratégias de ensino diversificado, mas, o aluno com necessidades especiais está na escola, então cabe a cada um, encarar esse desafio de forma a contribuir para que no espaço escolar, aconteçam avanços e transformações, ainda que pequenas, mas que possam propiciar o início de uma inclusão escolar possível.

Nesse sentido, direcionamos nossa atenção para as ações que cabem aos professores realizar na prática pedagógica no intuito de favorecer a aprendizagem de todos os alunos envolvidos no processo. Sugerimos algumas Adaptações Curriculares de Pequeno Porte (Adaptações Não Significativas), possíveis de serem aplicadas.

De acordo com o MEC as adaptações curriculares são:

Respostas educativas que devem ser dadas pelo sistema educacional, de forma a favorecer a todos os alunos e dentre estes, os que apresentam necessidades educacionais especiais: a) de acesso ao currículo; b)de participação integral, efetiva e bem-sucedida em uma programação escolar tão comum quanto possível;(BRASIL, 2000, p. 7)

 

Essas adaptações são assim chamadas, justamente por não exigirem autorização de instâncias superiores e terem sua implementação totalmente realizada através do trabalho docente.

De modo geral dentre essas adaptações que fazem parte do currículo, para garantir a inclusão e a permanência do aluno com necessidades educacionais especiais no ensino regular, estão:

A criação de condições físicas, materiais e ambientais na sala de aula;

Favorecer o melhor nível possível de comunicação e interação do aluno com toda a comunidade escolar;

Permitir e favorecer a participação do aluno em toda e qualquer atividade escolar;

Lutar pela aquisição de equipamentos e materiais específicos necessários;

Realizar adaptações em materiais de uso comum em sala de aula;

Permitir sistemas alternativos de comunicação, tanto no decorrer das aulas como nas avaliações, para alunos que não utilizam a comunicação oral;

Colaborar na eliminação de sentimentos de baixa autoestima e inferioridade.

As adaptações de pequeno porte (não significativas) constituem pequenos ajustes nas ações planejadas a serem desenvolvidas no contexto da sala de aula.

Além dessas adaptações gerais, é importante refletir também nas adaptações mais específicas de acordo com cada necessidade.

É importante salientar ainda, que antes de se iniciar um trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais, no ensino regular, é necessário que se faça um preparo dos demais alunos, no sentido de conscientização da importância da convivência na diversidade e no respeito às diferenças.

 

 

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Através desta pesquisa foi possível constatar que a inclusão da criança com síndrome de Down no ensino regular trará benefícios a esse pequeno cidadão, que aprenderá desde cedo a ser autônomo independente e, a saber, viver em sociedade, e esse direito não deve ser de maneira alguma negado a ele.

A inclusão do Portador da Síndrome de Down, na sala de aula faz com que as pessoas se aproximem mais umas das outras e trazem para perto de si pessoas que antes eram tidas como anormais. Está aproximação faz muita diferença não somente na vida daquele que foi incluso, mas também na vida de quem aceitou a inclusão do diferente.

Portanto percebe-se que a inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais na escola regular pressupõe uma grande reforma no sistema educacional. Isto implica na flexibilização ou adequação do currículo, com modificação das formas de ensino, metodologias e avaliação, implica também no desenvolvimento de trabalhos em grupos na sala de aula e na criação e adequação de estruturas físicas que facilitem o ingresso e a movimentação de todas as pessoas. É um desafio, fazer com que a inclusão ocorra, sem perdermos de vista que além das oportunidades, devemos garantir não só o desenvolvimento da aprendizagem, bem como, o desenvolvimento integral do indivíduo com necessidades educacionais especiais.

 

 

6 REFERÊNCIAS

 

BRASIL. Lei de diretrizes e bases da Educação ( Lei 9.394/96) Rio de Janeiro:DP&A<2003.

DISPONÍVEL:<www.copednm.com.br/terceiro/index.php?option=com_content&view=article&id=23:inclusao-de-pessoas-com-deficiencia-no-ensinoregular>. Acesso em12/07/2016.

 

DECLARAÇÃO de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educacionais especiais. Trad. Edílson Alkmin da Cunha. Brasília: CORDE, 1997. Disponível em: <http://cape.edunet.sp.gov.br/textos/eventos/2.doc.> Acesso em: 11.07.2016

 

LÓPES, Miguel Melero. PROJETO MÁLAGA: O que eu aprendi? Meu pensamento ante e depois do Projeto Roma, 2003. Disponível em: <http://www.adiron.com.br/site/index. php?page= inclusão>. Acesso em: 11.07.2016

 

MARTINS, L. A. R. et al. (orgs). Inclusão: compartilhando saberes. Petrópolis: Vozes, 2006.

 

MANTOAN, Maria Teresa Eglér. A Integração de pessoas com deficiência: contribuições para uma reflexão sobre o tema. São Paulo: Memnon. Editora SENAC, 1997.

 

NASCIMENTO, Luciana Monteiro do. Caderno de Estudos: Educação Especial/ Centro Universitário Leonardo Da Vinci. - Indaial: UNIASSELVI, 2007

 

SCHWARTZAN, J. S. Síndrome de Down. São Paulo: Mackenzie, 1999.

 

TAFNER, Elisabeth Penzlien: Everaldo. Metodologia do trabalho acadêmico. Indaial: ASSELVI,

WERNECK, Cláudia. Muito prazer eu existo. Rio de Janeiro: WVA, 1993.