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Contribuições da Taxonomia de Bloom no contexto escolar

Elizete Alves Ferreira[1]
Rodrigo Gresele[2]
Marta Szolomicki[3]
Solange Aline Schmidt[4]

 

DOI: 10.5281/zenodo.13894107

 

 

RESUMO

A Taxonomia de Bloom é uma classificação de objetivos educacionais que foi desenvolvida por Benjamin Bloom e seus colaboradores na década de 1950. Esta taxonomia é amplamente utilizada na educação para ajudar professores a estruturar o ensino e a avaliação, promovendo um aprendizado mais eficaz e significativo. O objetivo deste artigo é verificar a taxonomia de Bloom no contexto da sala de aula. Para tanto, da perspectiva metodológica, efetuou-se pesquisa de natureza bibliográfica no Google Scholar. Os resultados apontaram que a aplicação da Taxonomia de Bloom pode ser vista como uma ferramenta poderosa para guiar o planejamento curricular, a elaboração de atividades e a avaliação do aprendizado dos alunos. Ao integrar essa abordagem nos métodos pedagógicos, os professores podem promover um ambiente educativo mais dinâmico e eficaz que não apenas transmite conhecimento, mas também desenvolve habilidades críticas necessárias para o sucesso acadêmico e pessoal dos estudantes.

 

Palavras-chave: Taxonomia de Bloom. Sala de aula. Planejamento curricular. Elaboração de atividades. Avaliação.

 

 

ABSTRACT

Bloom's Taxonomy is a classification of educational objectives that was developed by Benjamin Bloom and his collaborators in the 1950s. This taxonomy is widely used in education to help teachers structure teaching and assessment, promoting more effective and meaningful learning. The objective of this article is to verify the bloom taxonomy in the classroom context. To this end, from a methodological perspective, a bibliographical search was carried out on Google Scholar. The results showed that the application of Bloom's Taxonomy can be seen as a powerful tool to guide curriculum planning, the development of activities and the assessment of student learning. By integrating this approach into teaching methods, teachers can foster a more dynamic and effective educational environment that not only imparts knowledge but also develops critical skills necessary for students' academic and personal success.

 

Keywords: Bloom's Taxonomy. Classroom. Curriculum planning. Preparation of activities. Assessment.

 

 

Introdução

 

Conforme os estudos de temas na formação continuada do Alfabetiza-MT, nos chamou a atenção o tema de Taxonomia de Bloom, então resolvemos fazer um estudo mais aprofundado e relatar neste presente artigo, que veio de maneira significativa contribuir com o fazer pedagógico do cotidiano escolar.

A definição de objetivos instrucionais é uma prática fundamental no processo educativo, pois orienta tanto o planejamento quanto a execução das atividades pedagógicas. Segundo Ferraz e Belhot (2010), os objetivos podem ser classificados em três categorias principais: cognitivos, atitudinais e de competências. Cada uma dessas categorias desempenha um papel crucial na formação integral dos alunos, contribuindo para seu desenvolvimento acadêmico e pessoal. Os objetivos cognitivos referem-se ao conhecimento que os alunos devem adquirir durante o processo de aprendizagem. Eles são essenciais porque ajudam a estruturar o conteúdo a ser ensinado, permitindo que os professores planejem aulas que não apenas transmitam informações, mas também estimulem o pensamento crítico e a análise. Por exemplo, ao definir um objetivo cognitivo como “os alunos deverão ser capazes de analisar as causas e consequências da Revolução Industrial”, o professor está estabelecendo uma meta clara que direciona as atividades de ensino e avaliação. Isso não só facilita a aprendizagem dos alunos, mas também permite que os educadores avaliem se os objetivos estão sendo alcançados. Os objetivos atitudinais, por sua vez, dizem respeito às atitudes e valores que se espera que os alunos desenvolvam ao longo do processo educativo. Esses objetivos são fundamentais para promover um ambiente escolar positivo e inclusivo. Um exemplo de objetivo atitudinal poderia ser “os alunos deverão demonstrar respeito pelas opiniões dos colegas durante debates em sala de aula”. Ao focar em atitudes como respeito, empatia e responsabilidade social, os professores ajudam a formar cidadãos conscientes e engajados, prontos para atuar de maneira ética na sociedade. Por fim, os objetivos de competências envolvem habilidades práticas que os alunos devem desenvolver para aplicar o conhecimento adquirido em situações reais. Esses objetivos são particularmente importantes no mundo contemporâneo, onde as demandas do mercado de trabalho exigem não apenas conhecimento teórico, mas também habilidades práticas e interpessoais. Um exemplo seria “os alunos deverão ser capazes de trabalhar em equipe para resolver problemas complexos”. A definição clara desses objetivos permite que os professores criem experiências de aprendizagem mais relevantes e contextualizadas, preparando melhor os alunos para desafios futuros.

A inter-relação entre esses três tipos de objetivos é vital para uma educação eficaz. Quando um professor define claramente seus objetivos instrucionais cognitivos, atitudinais e de competências, ele cria um roteiro claro tanto para si quanto para seus alunos. Isso não apenas melhora a qualidade do ensino oferecido, mas também aumenta a motivação dos estudantes ao perceberem um propósito claro em suas atividades escolares.

Nesse sentido, o professor pode contar com as contribuições da Taxonomia de Bloom, objeto deste artigo. Trata-se de uma classificação de objetivos educacionais que foi desenvolvida por Benjamin Bloom e seus colaboradores na década de 1950. Esta taxonomia é amplamente utilizada na educação para subsidiar professores a estruturar o ensino e a avaliação, promovendo um aprendizado mais eficaz e significativo. A Taxonomia de Bloom é dividida em três domínios principais: cognitivo, afetivo e psicomotor. O objetivo é verificar a aplicação dos três domínios no contexto da sala de aula, enquanto ferramenta para guiar o planejamento curricular, a elaboração de atividades e a avaliação do aprendizado dos alunos.

 

 

Estruturas hierárquicas dos domínios da Taxonomia de Bloom

 

Tendo em vista a compreensão da Taxonomia de Bloom, neste momento verificam-se as estruturas hierárquicas em cada domínio – cognitivo, afetivo e psicomotor. Para tanto, recorre-se aos estudos de Bloom et al. (1956) e Bloom (1972).

 

 

Domínio Cognitivo

 

O domínio cognitivo é o mais conhecido e utilizado da Taxonomia de Bloom. Este domínio é subdividido em seis categorias principais, que vão desde habilidades cognitivas mais simples até as mais complexas. Essas categorias são: Conhecimento, Compreensão, Aplicação, Análise, Síntese e Avaliação. Cada uma dessas categorias representa um nível diferente de habilidade mental que os alunos devem desenvolver ao longo do processo educativo. Ele se concentra no desenvolvimento das habilidades mentais dos alunos e é dividido em seis níveis hierárquicos: o primeiro é o nível de conhecimento, este nível envolve a memorização e a recordação de informações. Na sala de aula, isso pode incluir atividades como quizzes ou testes que exigem que os alunos lembrem fatos ou conceitos.

O segundo, é o nível de compreensão, neste nível, os alunos demonstram que entenderam as informações apresentadas. Isso pode ser avaliado mediante resumos ou discussões em grupo onde os alunos explicam o conteúdo com suas próprias palavras. O terceiro é o nível de aplicação, aqui, os alunos usam o conhecimento adquirido em novas situações. Por exemplo, podem resolver problemas práticos ou realizar experimentos que exigem a aplicação do que aprenderam. O quarto é o nível de análise, este nível envolve a decomposição da informação em partes menores para entender sua estrutura. Os alunos podem ser solicitados a comparar e contrastar diferentes teorias ou analisar dados. Em seguida, há o nível de síntese, neste estágio, os alunos combinam elementos para formar um todo coerente. Projetos em grupo onde os alunos criam algo novo com base no conhecimento adquirido são exemplos dessa fase. E, por último, a avaliação é o nível mais alto da taxonomia envolve fazer julgamentos sobre o valor das ideias ou materiais com base em critérios definidos. Os alunos podem criticar obras literárias ou avaliar soluções propostas para problemas complexos.

Domínio Afetivo

 

O domínio afetivo da Taxonomia de Bloom é composto por cinco níveis hierárquicos que descrevem a progressão do envolvimento emocional dos alunos com o conteúdo aprendido. Esses níveis são:

O nível de recepção é o nível mais básico, onde os alunos estão cientes da existência de um fenômeno ou conceito. A recepção envolve a disposição para ouvir e prestar atenção ao que está sendo apresentado. Em seguida, no nível de reação os alunos começam a responder emocionalmente ao material apresentado. Isso pode incluir sentimentos positivos ou negativos em relação ao conteúdo ou à experiência de aprendizagem.

O terceiro é o nível de valorização, aqui, os alunos começam a atribuir valor ao que aprenderam. Eles não apenas reagem ao conteúdo, mas também reconhecem sua importância e relevância em suas vidas. O quarto é o nível de organização, neste estágio, os alunos organizam seus valores e crenças em um sistema coerente. Eles podem começar a integrar novos valores com aqueles que já possuem, criando uma estrutura mais complexa de entendimento emocional. E, por último, o nível de caracterização, o nível mais alto do domínio afetivo é caracterizado pela internalização dos valores e atitudes aprendidos. Os alunos não apenas compreendem esses valores; eles se tornam parte integrante da sua identidade e influenciam seu comportamento de forma consistente.

Vale sublinhar que a importância do domínio afetivo na educação não pode ser subestimada. Ele desempenha um papel crucial na motivação dos alunos e na formação de atitudes positivas em relação à aprendizagem e à vida em geral. Quando os educadores consideram o domínio afetivo, eles ajudam a criar um ambiente de aprendizagem mais holístico que promove não apenas o conhecimento cognitivo, mas também o desenvolvimento emocional dos alunos.

Além disso, a integração do domínio afetivo nas práticas pedagógicas pode levar a uma maior retenção do conhecimento e à aplicação prática das habilidades adquiridas pelos alunos. Ao cultivar um espaço onde as emoções são reconhecidas e valorizadas, os educadores podem facilitar experiências de aprendizagem mais significativas que ressoem com os estudantes em níveis profundos.

 

 

Domínio Psicomotor

 

O domínio psicomotor é frequentemente dividido em cinco níveis ou categorias, que vão desde habilidades motoras simples até ações mais complexas que exigem um alto grau de precisão e controle. Essas categorias são: percepção, é a capacidade de usar os sentidos para guiar atividades motoras. Envolve a identificação de padrões e a interpretação de informações sensoriais. Preparação, neste nível, o aprendiz demonstra uma prontidão para realizar uma ação motora. Isso pode incluir o ajuste da postura ou a preparação dos instrumentos necessários para uma tarefa. Execução, aqui, o foco está na realização efetiva da habilidade motora. O aprendiz deve ser capaz de executar movimentos com precisão e fluidez. Aperfeiçoamento, este nível envolve a refinamento das habilidades motoras através da prática contínua e devolutivas por parte do professor, permitindo ao aprendiz melhorar sua técnica.  Criação, no nível mais alto do domínio psicomotor, o aprendiz é capaz de combinar habilidades motoras para criar novos movimentos ou sequências, demonstrando criatividade e inovação.

O domínio psicomotor é crucial em diversas áreas da educação e treinamento profissional, especialmente nas disciplinas que exigem habilidades práticas como educação física, artes cênicas, medicina e engenharia. A capacidade de realizar tarefas físicas com competência não apenas melhora o desempenho acadêmico dos alunos nessas áreas específicas, mas também contribui para o desenvolvimento geral das habilidades motoras finas e grossas. Além disso, o domínio psicomotor está intimamente ligado ao desenvolvimento cognitivo; à medida que os alunos praticam suas habilidades motoras, eles também desenvolvem sua capacidade de concentração, memória e resolução de problemas. Essa interconexão entre mente e corpo enfatiza a importância de abordagens pedagógicas que integrem teoria e prática.

 

 

Aplicações Práticas na Sala de Aula

 

 No contexto da Escola Selvino Damian Preve, no município de Santa Carmem-MT, as professoras alfabetizadoras do 1º e 2º anos, recebem a formação continuada do Programa Alfabetiza_MT, no qual tem a compreensão da importância da Taxonomia de Bloom e passando a utilizar no contexto da sala de aula com seus alunos, através de atividades propostas no MDC ( Material Didático Complementar) e outros.

 A implementação da Taxonomia de Bloom na sala de aula permite aos educadores criar planos de aula mais estruturados e intencionais que atendem às diversas necessidades dos alunos:

Ao planejar atividades didáticas, professores podem usar a taxonomia para garantir que estão abordando diferentes níveis cognitivos. As avaliações podem ser elaboradas com base nos níveis da taxonomia para medir não apenas o conhecimento factual (nível 1), mas também habilidades críticas como análise (nível 4) e avaliação (nível 6). Além disso, a taxonomia também ajuda na diferenciação do ensino; professores podem adaptar suas estratégias para atender às necessidades individuais dos estudantes com base nos diferentes níveis da taxonomia.

Apesar das vantagens claras da Taxonomia de Bloom, sua implementação pode apresentar desafios significativos, tais como resistência à mudança, alguns educadores podem estar acostumados a métodos tradicionais que enfatizam a memorização. Outro desafio diz respeito à falta de formação adequada, professores podem não ter recebido formação suficiente sobre como aplicar efetivamente a taxonomia. Ademais, os recursos podem ser limitados, a falta de materiais didáticos adequados pode dificultar a criação de atividades diversificadas.

 

 

Considerações finais

 

Ao final desse trabalho, podemos dizer que, a Taxonomia de Bloom é uma ferramenta de grande relevância, pois os alunos são capazes de construir um pensamento crítico e reflexivo, utilizando os saberes adquiridos na prática social, tornando-se pessoas com mais autonomia e seguras na sociedade. Os educadores conseguem utilizar essa metodologia para auxiliar o seu planejamento didático. Ao planejar suas aulas, busca determinar metas educativas a serem realizadas pelos alunos e assim, avaliar o aprendizado dos alunos na sala de aula moderna.

A Taxonomia de Bloom oferece uma estrutura valiosa de grande apoio na relação professor-aluno, desempenhando um recurso inovador em busca de avaliar o nível de aprendizagens por etapas, possibilitando assim, a aquisição do conhecimento. Ao integrar essa abordagem nos métodos pedagógicos, os professores podem promover um ambiente educativo mais dinâmico e eficaz que não apenas transmite conhecimento, mas também desenvolve habilidades críticas necessárias para o sucesso acadêmico e pessoal dos estudantes.

 

 

Referências

 

BLOOM, B. S. et al. Taxonomy of educational objectives. New York: David Mckay, 1956. 262 p. (v. 1).

 

BLOOM, B. S. Innocence in education. The School Review, v. 80, n. 3, p. 333-352, 1972.

 

FERRAZ, A. P. C. M.; BELHOT, R. V. Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das adequações do instrumento para definição de objetivos instrucionais. Revista Gest. Prod., São Carlos, v. 17, n. 2, p. 421-431, 2010.

 

 

[1] Formada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Mato Grosso (UNEMAT), especialização em Psicopedagogia Institucional pelo ICE- Instituto Cuiabano de Educação; Alfabetização e Educação Infantil pelo ICE- Instituto Cuiabano de Educação; Neuropsicopedagogia e as Necessidades Especiais pela EDUCAVALES e Educação Especial e Psicomotricidade pela Faculdade de Educação São Luis. Trabalha na Escola Municipal Selvino Damian Preve na cidade de Santa Carmem-MT nos anos iniciais do Ensino Fundamental. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

[2] Formado em Pedagogia pela Finom, Paracatu-MG. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

[3] Formada em Pedagogia pela UEM (Universidade Estadual de Maringá), pós-graduação em Psicopedagogia e Gestão Escolar pela Universidade Cândido Rondon e Neuropsicopedagogia e as Necessidades Especiais pela EDUCAVALES. Trabalha na Escola Municipal Selvino Damian Preve na cidade de Santa Carmem-MT nos anos iniciais do Ensino Fundamental. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

[4] Formada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Mato Grosso (UNEMAT), especialização em Mídias na Educação pela UFMT- Universidade Federal do Estado de Mato Grosso. Trabalha na Escola Municipal Selvino Damian Preve na cidade de Santa Carmem-MT nos anos iniciais do Ensino Fundamental. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.