O ensino de Geografia na perspectiva da Educação Inclusiva no município de Nova Mutum – MT
Larissa Pereira Dias
Patrícia Aparecida Dias
Resumo:
Este artigo explora a abordagem do ensino de Geografia sob a ótica da educação inclusiva no município de Nova Mutum, Mato Grosso. A pesquisa investiga como a disciplina pode ser adaptada para atender a alunos com diferentes necessidades, promovendo um ambiente escolar mais acolhedor e acessível. No primeiro capítulo, são apresentados os conceitos fundamentais da educação inclusiva e a importância da Geografia como disciplina formativa na construção da cidadania. O segundo capítulo analisa o contexto educacional de Nova Mutum, destacando as políticas públicas locais e a infraestrutura das escolas. O capítulo seguinte traz uma análise das práticas pedagógicas para incluir todos os alunos e o uso de tecnologias assistivas, metodologias ativas e materiais didáticos adaptados, que favorecem a participação de alunos com deficiências.
Palavras-chave: Diversidade. Acessibilidade. Metodologias Ativas.
Introdução
São muitas as razões que justifica a feitura desta pesquisa. Por se tratar de um estudo de caso inédito, existe uma necessidade de preencher lacunas e promover uma compreensão mais abrangente e contextualizada acerca do tema em questão. De acordo com dados da Prefeitura Municipal, Nova Mutum está localizada em uma posição geográfica estratégica, a 240,5 km da capital do estado.
Além disso, seu acesso deriva de um entroncamento rodoviário, formado pela BR-163 e pelas rodovias estaduais MT-235 e MT-249. O município conta também com vastas áreas de produção agrícola, de pecuária, de complexos agroindustriais e de pontos turísticos, o que o torna um dos mais importantes componentes do sistema multimodal de Mato Grosso, alimentando Portos, Centros Ferroviários e Terminais Logísticos de todo o país (PREFEITURA MUNICIPAL DE NOVA MUTUM, 2023).
Por se tratar de um município com tamanha relevância econômica e social, acredita-se que, o ensino de Geografia, sobretudo, a regional, apresenta-se como um desafio em sala de aula. Compreender a dinâmica desse espaço, as formas de relevo, os fenômenos climáticos, as composições sociais, a cultura local e fazer tudo isso à luz da inclusão, torna este desafio maior ainda.
Dito isto, cabe ressaltar que, o interesse pelo tema surgiu a partir da minha formação em Geografia e Pedagogia, de modo que, tornou-se notável o modo pelo qual a Geografia auxilia o estudante na sua compreensão da realidade social, no desenvolvimento do sentimento de pertencimento ao lugar onde ele vive, na aquisição da noção de espacialidade, em todas as fases da sua vida, e quanto maior a inclusão em sala de aula, mais ampla e enriquecedora torna-se essa dinâmica.
Este estudo, visa contribuir, portanto, para a prática docente no campo do saber geográfico, justificado pelos seguintes pontos: a relevância do estudo acerca da Educação Inclusiva na atualidade, cuja centralidade das questões está em pleno desenvolvimento e o modo pelo qual a Geografia se entrelaça a essas questões, lançando um novo olhar sobre o tema e, ao mesmo tempo, fazendo surgir novos desafios. A pesquisa, nesse sentido, visa identificar possíveis implicações práticas quanto as estratégias de formação em Nova Mutum – MT no campo da Educação Inclusiva, para os professores de Geografia, contribuindo, assim, para o desenvolvimento de condutas, práticas e intervenções que possam beneficiar os educadores do município.
Neste estudo, será realizada uma pesquisa bibliográfica em livros, artigos, revistas e em fontes secundárias. Será realizado, ainda, o fichamento das obras bibliográficas para responder os questionamentos que outrora foram levantados.
Referencial Teórico
Nesta pesquisa, cujo mérito reside em aliar Geografia e Educação Inclusiva, pretende-se analisar formações e práticas de caráter inclusivo na Educação Básica. Para tanto, a fundamentação epistemológica será com base em alguns autores através dos quais, será possível compreender conceitos primordiais, bem como, métodos para trabalhar esses conceitos, como a materialidade no espaço geográfico, por exemplo, valorizando a diversidade e a inclusão.
Nesse sentido, é imprescindível para o desenvolvimento deste trabalho a análise das obras de Antônio Carlos Robert Moraes, geógrafo e professor brasileiro, cuja literatura traz à baila uma série de discussões intrínsecas a ciência geográfica, uma vez que, suas obras marcaram a literatura nacional.
Nesse seguimento, como referência para este estudo serão analisadas as obras do Professor Christian de Oliveira e do Professor Reinaldo Sousa, autores dos livros, “Sentidos da Geografia Escolar” e “(Re)Pensando a Geografia: História, Objeto, Método e Práxis”, respectivamente. A obra “Sentidos da Geografia Escolar” aborda sobre a formação da espacialidade do estudante, entre outras questões do Ensino Básico de Geografia. Nela o Professor Christian de Oliveira traz relatos e experiências acerca do enfrentamento dos desafios de aprendizagem em sala de aula, associando o aprendizado de Geografia aos cinco sentidos humanos. Seu propósito é nos identificar como sujeitos da experiência geográfica primordial, na qual a Espacialidade, essa ferramenta conceitual elementar da geografia ensinada, possa ser decodificada em níveis (ou etapas) para sua constituição. A discussão da pesquisa trabalhou diversas saídas frente às fragilidades da Geografia Escolar, no ensino fundamental, para converter sua metodologia em um objeto conceitual tangível. Denominando-a como Redação do Contexto; e abrindo caminhos para experiências na integração da geografia ensinada com os conhecimentos artísticos e as estratégias (....) (OLIVEIRA, 2009, p.15).
Já a obra, “(Re)Pensando a Geografia: História, Objeto, Método e Práxis”, traz uma discussão em torno da história, do objeto, do método e da práxis da ciência geográfica e revela uma compreensão profunda acerca do surgimento e desenvolvimento da Geografia Escolar ao longo do tempo. Entre outras obras, serão utilizadas, "O professor e a educação inclusiva: formação, práticas e lugares”, organizado por Theresinha Guimarães Miranda e Teófilo Alves Galvão Filho e "Educação inclusiva, deficiência e contexto social: questões contemporâneas", organizado por Theresinha Miranda, Nelma Galvão e outros autores.
Nelas espera-se alcançar o arcabouço necessário para compreender as demandas quanto ao enfretamento dos desafios relacionados a valorização da diversidade e da promoção da inclusão escolar. Além da literatura mencionada, outras referências bibliográficas, de igual importância, sustentarão esta pesquisa.
Conceitos Fundamentais da Educação Inclusiva e a Importância da Geografia na Construção da Cidadania
A educação inclusiva se baseia na premissa de que todos os alunos, independentemente de suas habilidades ou deficiências, têm direito a uma educação de qualidade que atenda às suas necessidades individuais. Segundo a Declaração de Salamanca (1994), a inclusão é um princípio que deve ser incorporado a todas as políticas educacionais, assegurando que a diversidade seja reconhecida como uma riqueza e não como um obstáculo. Nesse sentido, a educação inclusiva não se limita a adaptar o currículo, mas busca transformar a escola em um espaço onde todos se sintam pertencentes e valorizados.
A Geografia, como disciplina, desempenha um papel crucial na formação da cidadania. Ela não apenas ensina sobre o espaço físico e social, mas também proporciona uma compreensão crítica das interações humanas e ambientais. Através da Geografia, os alunos podem desenvolver habilidades de análise crítica, empatia e cidadania ativa, elementos essenciais para a convivência em sociedade. Além disso, a disciplina permite a discussão sobre temas relevantes como desigualdade, diversidade cultural e sustentabilidade, incentivando os estudantes a se tornarem agentes de mudança em suas comunidades.
O município de Nova Mutum apresenta um cenário educacional que reflete tanto avanços quanto desafios na implementação da educação inclusiva. As políticas públicas locais têm buscado alinhar-se às diretrizes nacionais, promovendo a inclusão de alunos com deficiência nas escolas regulares.
Práticas Pedagógicas Inclusivas no Ensino de Geografia
As práticas pedagógicas adotadas pelos professores de Geografia em Nova Mutum são fundamentais para promover a inclusão de todos os alunos. A aplicação de metodologias ativas, que estimulam a participação e o engajamento dos estudantes, tem mostrado resultados positivos. Essas abordagens incluem atividades em grupo, debates e projetos interdisciplinares que valorizam as contribuições de cada aluno, independentemente de suas habilidades.
O uso de tecnologias assistivas também tem se mostrado uma ferramenta eficaz. Recursos como softwares educativos, aplicativos de leitura e materiais audiovisuais adaptados podem facilitar o aprendizado de alunos com deficiências visuais e auditivas. A implementação dessas tecnologias, no entanto, depende da formação contínua dos professores, que precisam estar aptos a integrar esses recursos no cotidiano escolar.
Outro aspecto importante é a adaptação de materiais didáticos. O uso de mapas táteis, gráficos e ilustrações de fácil compreensão pode favorecer a aprendizagem de alunos com dificuldades de acesso à informação. A criação de um ambiente educacional que respeite as diferenças e promova a participação ativa de todos é essencial para o desenvolvimento de uma educação inclusiva eficaz.
Desafios e Propostas de Melhoria
Apesar das iniciativas e práticas pedagógicas inclusivas, muitos desafios persistem. A falta de formação específica dos professores é um dos principais obstáculos à inclusão efetiva. É crucial que as instituições de ensino invistam em programas de capacitação continuada, abordando temas como pedagogia inclusiva e o uso de tecnologias assistivas.
Além disso, a conscientização da comunidade escolar sobre a importância da inclusão é fundamental. Campanhas de sensibilização podem ajudar a derrubar preconceitos e a promover um ambiente mais acolhedor. O envolvimento das famílias no processo educativo também é essencial, pois elas desempenham um papel vital na formação da identidade e na autoestima dos alunos.
Por fim, é necessário que as políticas públicas sejam constantemente avaliadas e ajustadas para atender às demandas da população escolar. A articulação entre as diferentes esferas do governo e a sociedade civil é vital para que se construam caminhos efetivos rumo a uma educação verdadeiramente inclusiva.
Conclusão
A educação inclusiva, quando aplicada ao ensino de Geografia em Nova Mutum, revela um potencial transformador na formação de cidadãos críticos e engajados. Embora desafios permaneçam, as práticas pedagógicas inovadoras, o uso de tecnologias assistivas e a adaptação de materiais didáticos são caminhos viáveis para garantir que todos os alunos tenham acesso a uma educação de qualidade. O compromisso coletivo entre educadores, famílias e políticas públicas é essencial para a construção de um futuro mais inclusivo e equitativo, onde cada aluno possa prosperar e contribuir para a sociedade.
Referências
BORDAS, M.; GALVÃO, N.; MIRANDA, T. (Org.). Educação inclusiva, deficiência e contexto social: questões contemporâneas. Salvador: EDUFBA, 2009.
MIRANDA, T. G.; GALVÃO FILHO, T. A. (Org.) O professor e a educação inclusiva: formação, práticas e lugares. Salvador: EDUFBA, 491 p., 2012.
MORAES, A. C. R. Geografia: pequena história crítica. São Paulo: Annablume, (1991, 2007).
NOVA MUTUM, Prefeitura Municipal de. Potencialidades. Nova Mutum, 2023. Disponível em https://www.novamutum.mt.gov.br/home. Acesso em 20 nov. 2023.
OLIVEIRA, C. D. M. de. Sentidos da Geografia Escolar. Fortaleza: Edições UFC, 2009.
SOUSA, R. (Re)Pensando a Geografia: História, Objeto, Método e Práxis. Maceió: Eduneal, 2011.