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A importância dos Recursos Didáticos no Ensino de Biologia

Lenir dos Santos Oliveira
Livia Monique de Almeida
Maria Jailsa de Sousa França

 

DOI: 10.5281/zenodo.13759473

 

 

RESUMO

O trabalho aqui exposto é referente ao projeto de ensino, que conclui o curso de licenciatura em ciências biológicas e está pautado no tema Através da análise de diversas bibliografias utilizadas acerca do tema foi possível conhecer a importância dos materiais didáticos no ensino de biologia, suas implicâncias e o aprendizado dos alunos através do uso deles. A escolha do tema se deu através da necessidade de se conhecer melhor a realidade do docente e do ensino nas instituições, tendo em vista o futuro campo profissional como docente. Por meio deste trabalho puderam ser sanadas algumas

dúvidas e questões pertinentes ao campo da docência, até então desconhecidas, este proporcionou alcançar uma visão mais consistente dos processos de ensino e da realidade vivida pelo professor que tem como objetivo ministrar esse ensino. Para tanto, de forma bastante explícita, pode se conhecer os processos envolvidos na formação docente e quais são os caminhos percorridos além do curso de formação para se tornar um profissional competente.  Desta forma através das atividades de estágio como, observações, entrevistas e regências e as metodologias utilizada na pesquisa buscou-se fazer um estudo detalhado dos processos envolvidos no ensino e aprendizagem.

 PALAVRAS-CHAVE: Ensino-aprendizagem. Metodologia. Didática.

 

 

ABSTRACT

The work presented here is related to the teaching project, which concludes the licentiate course in biological sciences and is based on the theme, Through the analysis of several bibliographies used on the subject it was possible to know the importance of didactic materials in the teaching of biology, their implications and the students' learning through their use. The choice of topic was made through the need to know better the reality of the teacher and the teaching in the institutions, considering the future professional field as a teacher. Through this work, some doubts and questions pertinent to the field of teaching, hitherto unknown, could be remedied. This provided a more consistent view of the teaching processes and of the reality lived by the teacher, whose objective is to teach this teaching.
In order to do this, in a very explicit way, one can know the processes involved in teacher training and what are the paths followed besides the training course to become a competent professional. In this way, through the activities of internship as, observations, interviews and regencies and the methodologies used in the research, we sought to make a detailed study of the processes involved in teaching and learning.

KEYWORDS: Teaching-learning. Methodology. Didactics. 

 

Introdução

 

Quando falamos em metodologia de ensino e aprendizagem de ciências, é comum nos atermos à ideias de que métodos utilizar e de que ferramentas seriam necessárias para estabelecer uma espécie de sintonia com os educandos, sintonia esta que levará ao sucesso ou fracasso do educador. Não há como desvencilhar teoria e prática, ambas caminham juntas na construção do saber.

O tema escolhido para a execução do presente trabalho, foi a utilização de materiais didáticos no ensino de biologia, e que surgiu a partir da área de concentração, metodologia de ensino e aprendizagem de ciências, onde abordar-se-á de forma concisa pontos referentes aos objetivos do trabalho.

Dentro do contexto educacional temos uma infinidade de questões pertinentes ao ensino da disciplina de biologia no que tange a materiais didáticos e recursos que possam ser utilizados pelo professor para o exercício do ensino. Nesta perspectiva é válido indagar, qual a importância dos diversos materiais didáticos no ensino de biologia?

Em linhas gerais buscar-se-á conhecer as diversas problemáticas e aplicabilidade dos recursos didáticos no ensino de biologia. Contudo para uma melhor e detalhada compreensão do tema abordado será estudado mais afundo o concílio do uso dos recursos disponibilizados pela escola com o assunto estudado, uma vez que na condição de acadêmico na área de licenciatura a pesquisa e o estudo científico são aspectos primordiais, no presente estágio de formação e também no futuro campo profissional.

 

 

O uso do livro didático como fonte primordial no ensino

 

Quando falamos no ensino ministrado pelo professor em sala, automaticamente nos vem a ideia deste, pautado unicamente no uso do livro didático, o que nos remete a uma discussão sobre o uso do referido objeto. Em se tratando do conteúdo nele expresso, muitos são os aspectos a se considerar em relação à credibilidade e veracidade das informações.

As políticas atuais de ensino nas instituições defendem a ideia de que o aluno deve ser o autor do seu próprio conhecimento, cabendo ao docente um papel de condutor e direcionador deste conhecimento através do uso dos mais variados recursos que estiverem a sua disposição. Sendo assim o assunto em questão traz consigo uma dialética bastante difundida em relação ao uso do livro didático, pois este costuma ser apenas objeto projetor de informação conceituada e mecânica - por vezes de forma equivocada – o que acaba resultando num ensino fragmentado e sem nenhum nexo com a realidade cotidiana do educando.

Em contrapartida, o uso do livro didático deve ser sim explorado, porém de forma coerente com o ensino e que traga os resultados idealizados pelo docente e pelos planos curriculares fazendo com que os educandos aprendam a formular seus próprios conceitos e desenvolvam o hábito pela pesquisa, além de possibilitar que o aprendizado esteja constantemente atrelado a vivência de cada um. (VASCONCELLOS, 1993 apud VASCONCELOS; SOUTO, 2003).

Diante da preocupação em levar as instituições de ensino material que venham a promover um ensino de qualidade o PNLD fica responsável por fazer uma prévia avaliação do conteúdo pedagógico apresentado nesta importante ferramenta de ensino, antes de chegar às mãos dos alunos e professores aos quais estão destinados. (BIZZO, 2002 apud VASCONCELOS; SOUTO, 2003).

A elaboração e produção do livro didático, envolve inúmeros aspectos e conta com diversos colaboradores dos mais variados âmbitos profissionais.  Para tanto se faz necessário o compromisso e a veracidade, bem como a devida cientificidade no conteúdo expresso nos livros que chegam até as instituições de ensino. É possível observar no quadro abaixo os diversos colaboradores que atuam na produção do livro didático utilizados nas instituições:

 

QUADRO 1 – OS PROCESSOS E PARÂMETROS QUE REGEM A PRODUÇÃO DO LIVRO DIDÁTICO

Instituições Segmentos Ações
   INSTITUIÇÕES  PÚBLICAS  (Executivo-  Legislativo)                                       Políticos - GovernantesMembros de EquipesTécnicas     ELABORAM E/OU EXECUTAM NORMAS E POLÍTICAS PÚBLICAS DE:• Seleção de títulos e censura.• Padronização editorial.• Financiamento à produção/distribuição das obras.• Financiamento de estudos e pesquisas.
   EDITORAS                    Editores e autores EXECUTAM AÇÕES DE:• Produção editorial.• “Marketing.”• Pressão para a definição de normas, políticas e ações públicas.
   ESCOLAS     TécnicosProfessoresAlunos e pais EXECUTAM AÇÕES DE:• Seleção/avaliação.• Utilização.• Produção de propostas alternativas ao LD ou ao seu uso no ensino.
GRUPOS/IESOUINSTITUIÇÕESDE PESQUISA Pesquisadores EXECUTAM AÇÕES DE:• Produção de propostas metodológicas e/ou de material alternativo.• Assessoria à elaboração de propostas curriculares.• Atualização de professores em conteúdos eMetodologias. EXECUTAM TAMBÉM AÇÕES DE:• Análise e divulgação de diversos aspectos relacionados ao LD.

FONTE: Fracalanza, H. O que sabemos sobre os livros didáticos para o ensino de ciências no Brasil- 1993.

            Sabendo de toda a estrutura organizacional atrelada à edição dos livros didáticos e posterior uso nas escolas, nos faz ter uma visão do quão relevante se faz o processo de produção dos livros e sua influência no sucesso do ensino, centrado no aprendizado gradual no decorrer da jornada estudantil. A institucionalização do livro vem como um resultado decorrente de sua própria praticidade e apoio didático na ministração das aulas em detrimento ao ensino de qualidade e de infinitas correlações com a então realidade dos educandos, que estão ainda que inconscientes disso, passando por constantes momentos de aprendizado em relação aos elementos à sua volta. 

 

 

A Contribuição das aulas práticas no ensino

 

Como foi anteriormente comentado o ensino nas instituições encontra-se centrado em grande parte no uso do livro didático. Porém o professor pode optar por outros meios de desenvolver um ensino de qualidade para seus alunos, saindo um pouco do corriqueiro e estrito uso do livro e desbravando novas possibilidades de se fazer o ensino.

Para (LUNETTA, 1991 apud SILVA et al, 2011), através de aulas práticas o docente tem a possibilidade de atrair a atenção dos educandos, mesmo aqueles que se encontram distante da disciplina e da realidade escolar, e que possui um baixo nível de interesse, trabalhando assim o desenvolvimento individual e coletivo de cada educando, que será então capaz de formular seus próprios conceitos científicos acerca do assunto abordado.

As aulas práticas não devem ser vistas apenas como uma fuga para além do ensino monótono, quase sempre envolto no uso do livro, como comentado anteriormente, a intervenção de aulas práticas possui aspectos que contribuem muito para o desenvolvimento do aprendizado autônomo e individual, mas também para o coletivo, igualmente, é conveniente que integremos as aulas práticas no âmbito da didática se quisermos um ensino progressivo e de qualidade.

Quando o professor volta seu trabalho para métodos que vão além do rotineiro, ele consegue resultados satisfatórios em relação à produção de cada aluno, pois, “o ensino, dentro dessa corrente, consiste no provimento de atividades desafiadoras que levem o educando a buscar novos conhecimentos [...] onde estruturas, cada vez mais complexas, vão sendo construídas [...]” (CASTRO; CARVALHO, 2001, p.183 apud SILVA et al, 2011).

Obstante ao assunto comentado é possível perceber as intrínsecas relações que compõem o ensino e a dinâmica necessária para fazer fluir bons resultados e real aprendizagem, trabalhando aulas práticas, uma vez que, para que isso aconteça o professor deve buscar primeiramente recursos a serem trabalhados, além de estimular o educando à pesquisa e desenvolvimento de um aprendizado consistente.

Para (BORGES 2002, apud LEITE et al), “o importante não é a manipulação de objetos e artefatos concretos, e sim o envolvimento comprometido com respostas/soluções bem articuladas para as questões colocadas, em atividades que podem ser puramente de pensamento”. Logo, em relação às aulas práticas, pode-se inferir que sua aplicação e funcionalidade, vão além de mera manipulação de objetos ou casual mudança para outro local além da sala de aula, para realização dos estudos propostos pelo educador, essas atividades são para o ensino, assim como para o professor alternativas deveras eficazes, que estimulam a pesquisa e que possuem a capacidade de mobilizar a classe a se dedicar aos estudos por caracterizar uma modalidade diferente de estudo que transpõe o limite dos estudos unicamente teóricos. Nessa perspectiva (LEWIN E LOMASCÓLO, 1998 apud AZEVEDO).

 

A situação de formular hipóteses, preparar experiências, realizá-las, recolher dados, analisar resultados, quer dizer, encarar trabalhos de laboratório como se fosse ‘projetos investigação’, favorece fortemente a motivação dos estudantes, fazendo-os adquirir atitudes, tais como curiosidade, desejo de experimentar, acostumar-se duvidar de certas afirmações a confrontar resultados a obterem profundas mudanças conceituais metodológicas e atitudinais.

 

A prática científica aliada ao embasamento teórico é para os educandos caminho de diversas mudanças a curto e longo prazo, pois, além do conhecimento adquirido e aplicado no âmbito escolar, o processo de pesquisa pode levar o educando a desenvolver caráter investigativo que contribuirá no futuro, em sua vida profissional. Obstante a isso, a visão de ensino deve contemplar um campo didático amplo e cada vez mais flexível, à medida que o aluno se sinta responsável por seu próprio desenvolvimento cognitivo e nas suas relações com os demais colegas.

Segundo (SILVA, 2009 apud SILVA et al, 2011), muitas vezes o educador se encontra em situações que não consegue fazer o uso de uma didática diferenciada, por inúmeros motivos, como, tempo, materiais didáticos, entre outras adversidades. Para tanto, quando o docente em conjunto com a instituição de ensino, optam por voltar a atenção para o ensino diversificado, focando a pesquisa estão contribuindo para a formação não apenas de alunos que necessitam sair da modalidade monótona de ensino, mas sim de futuros profissionais que já possuem certo grau de conhecimento a respeito do caminho para cientificidade aplicada a sua atuação.

Os estudos quando voltados para a experimentação e atividades de cunho investigativo, agregam no educando uma maior capacidade de compreensão do conhecimento teórico, portanto, devem sim ser valorizadas as atividades experimentais e que envolvam participação dos alunos na busca pelo conhecimento e pelos estudos, de uma forma em que a aprendizagem é facilitada pelo método utilizado (BARATIERI; BASSO, 2005 apud BRANDT; TORRES, 2011; p.172).

Vista como uma forma didática bastante eficaz, as aulas práticas seguem uma linha de pensamento que denota o enlace de duas vertentes constituintes do conhecimento, que são a teoria e prática. Quando trabalhada de forma correta é possível se obter resultado satisfatórios e que darão ao educando a direção da cientificidade, despertando nele o caráter investigativo e levando-o a se interessar cada vez mais pelos estudos e pelas formas de fazê-lo, sempre buscando o aperfeiçoamento das metodologias que serão utilizadas nos trabalhos de pesquisa e obtenção de resultados.

As dificuldades com que se depara o professor, não deve constituir uma barreira impenetrável ao ensino, deve o mesmo buscar alternativas cabíveis a sua realidade, não fazendo destas, empecilho à aprendizagem dos alunos.

 

Enquanto não houver uma conscientização geral dos professores, no sentido de realmente serem profissionais (mesmo) do ensino, de em suas mãos estar a responsabilidade de formar uma juventude, de nada valerão os esforços despendidos por alguns, pretendendo o bem-estar de todos (HENNIG, 1998, p.13 apud SILVA et al).

 

As diversas ramificações constituintes do ensino se entrecruzam no objetivo comum do fazer pedagógico e da efetividade deste, a escola - todos os profissionais docentes e funcionários - como formadora de cidadãos que futuramente ocuparão os mais diversos setores na sociedade e os educandos que almejam o conhecimento que darão suporte a seus futuros estudos acadêmicos e consequentemente ao seu lugar na sociedade.

 

 

O uso tecnologia associada à didática

 

O uso dos recursos tecnológicos se faz cada vez mais presente na realidade escolar, em vista de sua contribuição com o aprendizado dos alunos. Embora algumas instituições de ensino não disponham de tantos recursos, devido ao limitado subsídio de que dependem, é de conhecimento dos profissionais da educação que a tecnologia associada ao ensino traz contribuições relevantes ao ensino.

Os mais diversos recursos midiáticos e de caráter tecnológico, quando ajustado à didática, tem o potencial de somar resultados positivos no que se refere ao ensino, porém sua ação se limita aos comandos e atitudes do docente, que deve dispor de habilidades e entendimento sólido- advindo de sua formação profissional- de conciliação entre o manejo destes e a aplicabilidade no ensino e posteriores resultados (CYSNEIROS, 1998 apud FIGUEIRÊDO, 2014).

Expor as disciplinas na sala de aula de maneira diversificada, fazendo uso dos recursos tecnológicos ofertados pela escola, exige do docente certa seletividade, pois, muitos dos materiais trazem exercícios com equívocos didáticos alarmantes em relação à qualidade do ensino, não promovendo o aprendizado, tampouco a formação do pensamento crítico, quesitos essenciais e que devem reger a caminhada escolar e posteriormente acadêmica dos educandos.

Ainda em se tratando do uso da tecnologia associada ao ensino e de seu potencial didático, cabe salientar as divergências presentes na sala de aula em relação aos educandos e a capacidade do professor de lidar com elas, pois não se deve esperar bons resultados, se esta não for ministrada com perícia. Para tanto, (CHARLOT, 2005, p. 51 apud FIGUEIRÊDO, 2014).

 

Os professores deverão gerar formas alternativas de lidar com suas disciplinas, análises ilustrações, metáforas, exemplos, experimentos, simulações, dramatizações, músicas, filmes, casos de ensino, demonstrações etc. que levem em consideração diferentes habilidades, conhecimentos prévios e estilos de aprendizagem de seus alunos. O modelo de raciocínio pedagógico contempla, precisamente, o processo de construção desse conhecimento de como ensina.

 

Pensar o processo de ensino-aprendizagem aliado à tecnologia e seus efeitos, pode ser bastante complexo, uma vez que sua intervenção e uso na escola, deve se restringir ao propósito ao qual está designada, não fragmentando o ensino, nem abstraindo os alunos dos estudos propostos, já que a tecnologia deve ser utilizada como auxílio à ciência que está se buscando fazer e aprender, este é propósito que deve ser buscado pelo docente em conjunto com os alunos. As similaridades entre tecnologia e ciência (conhecimento), devem ser trabalhadas em conjunto de forma que uma complemente a outra. A tabela abaixo expõe de forma sucinta as similaridades e diferenças entre ciência e tecnologia.

 

TABELA1 - DIFERENÇAS E SIMILARIDADES ENTRE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Característica                              Ciência                                                              Tecnologia
Tipo principal de problema                    Cognitivo                                       Prático                                                                    Objetivo final                                         Entender                                                  FazerCentrada em                                           Hipóteses e experimentos               Projetos e programasBaseada em                                            Matemática                                     Matemática e CiênciaPapel da teoria                                       Guia para o entendimento              Guia para a açãoPapel da experimentação                       Fonte de dados e teste de ideias     Fonte de dados e testes de projetos e pro-                                                                                                                       gramasProfundidade                                         Máxima desejável                           Suficiente para propósitos práticosImpacto social                                       Sobre o resto da cultura          Sobre toda a sociedade                                                Análise custo/benefício                         Frequentemente não se aplica        NecessáriaPapel da descoberta                               Central               CentralPapel da invenção                                  Central               CentralCrítica                                                    Necessária            Necessária
 

FONTE: (adaptado de BUNGE [11, p. 238] apud CUSTÓDIO et al).

 

Contudo os saberes, técnicas e o modo de ensino, devem ser flexíveis e contextualizados, assim como os conhecimentos e as demandas constituintes da formação, pois, de nada vale o ensino fragmentado e o caminho da aprendizagem obsoleto frente à evolução das ciências e as novas tecnologias.

Às instituições, cabem os estudos de propostas e a busca por subsídios que atendam a demanda do ensino ligado intrinsecamente à tecnologia e seus atributos. Padronizar o ensino e atingir as metas estipuladas, não é algo imediato, é necessário que o professor, bem como os membros da escola, responsáveis pelo ensino e aprendizagem dos educandos despendam esforços na realização de projetos que irão reger o ensino.

Frente a essa realidade educacional, cabe a seguinte análise feita por (LEITE et al, 2000 apud FARIA):

 

Diante desta realidade, torna-se necessário que as escolas passem a trabalhar visando a formação de cidadãos capazes de lidar, de modo crítico e criativo, com a tecnologia no seu dia a dia. Cabendo à escola esta função, ela deve utilizar como meio facilitador do processo de ensino-aprendizagem a própria tecnologia com base nos princípios da Tecnologia Educacional (p. 40).

 

Obstante ao exposto acima, é possível inferir que a tecnologia não deve ser trabalhada apenas com o propósito de diferenciar as aulas, é imprescindível que haja nexo com a disciplina corrente e principalmente produtividade ao ser trabalhada gerando o tão almejado conhecimento. Ainda nesse contexto, deve ser pensada a mesma numa perspectiva para além das paredes da sala de aula, já que os alunos tem acesso a diversos recursos tecnológicos no seu dia a dia.

Embora repetidas vezes não se deem conta, os educandos estão em constante processo de aprendizado, e a junção dos ambientes, casa e escola, estão intrincados quando o assunto é aprender. No momento em que realizam pesquisas na internet ou assistem a um documentário na TV, estão no momento adquirindo conhecimento e estendendo a aprendizagem para além do seu horário regular de estudo. Deve o educador se mostrar um auxiliador e motivador desse tipo de ação didática e incentivar os educandos a fazer disto um hábito, propiciando assim uma ligação entre um exercício agradável de pesquisa e busca e ainda promovendo o estudo como tarefa cotidiana sem ser encarada como cansativa ou desnecessária.

 

 

O Concílio entre o ensino e a motivação para a pesquisa

 

Pensar o ensino-aprendizagem sem relacioná-lo à pesquisa, é algo que foge aos princípios pedagógicos e didáticos, para a compreensão da significância da pesquisa no ambiente escolar faz-se necessário compreender e analisar os pontos constituintes da pedagogia ativa, que preconiza o estudante como autor de seu próprio conhecimento cabendo ao professor apenas a função de direcionador e mediador entre a ciência e o aluno.

A pesquisa advinda dos esforços do próprio educando possui, caráter dinâmico e constitui uma importante fonte de estímulo, além de se constituir promotora de conhecimento, embora por diversas vezes se enquadre em uma categoria pouco apreciada por aqueles profissionais que almejam o aprendizado consistente, quando a ela é atribuída o mérito apenas da simples busca por trabalhos prontos, reprodutores de informação que o aluno muitas vezes não compreende, tampouco se interessa pelo conteúdo nele expresso (DEMO, 1997 apud CASTRO; SOUSA).

No cenário da pesquisa escolar não podemos nos esquecer da importância da biblioteca, pois, através dos livros o aluno recebe o conhecimento necessário à sua formação, através dela, o educando pode buscar por seus próprios esforços a solução para questões que surgem durante seu dia a dia na escola, além de adquirir autonomia na pesquisa superando as dificuldades de aprendizagem e crescendo como “buscador” de informações, desenvolvendo assim suas próprias maneiras e métodos de pesquisa e investigação em momentos que poderá desfrutar de toda a comodidade de que necessita para aprender o que lhe for proposto.

 

 

A importância da biblioteca escolar na aprendizagem

 

No contexto escolar, o ambiente destinado ao ensino e aprendizagem, temos a leitura como uma das constituintes vitais destes dois quesitos fundamentais anteriormente mencionados. Como enfoque primordial ligado intrinsecamente ao exercício da leitura, destaca-se a biblioteca, suas contribuições e problemáticas associadas a sua manutenção e boa conservação, pontos inerentes à efetivação da nobre função deste espaço reservado ao ensino e exercício da ciência.

A biblioteca idealizada pelos especialistas em educação e, sobretudo aqueles que trabalham para sua melhora e eficiência ao subsidiar pesquisas e promover o aprendizado dos educandos, deve ser aquela que através das mais diversas obras e de diferentes gêneros que ali se encontram, possa gerar novas estudos acerca daqueles já realizados. Se esta for a realidade, este espaço tão crucial ao ensino, prova ser eficaz e útil ao ensino e subsídio ao professor que buscará apoio sempre que achar necessário e se mostrar ferramenta de aprendizagem e enriquecimento cultural, objetivos que devem nortear a existência da biblioteca nas escolas.

A realidade das bibliotecas brasileiras, muitas vezes é aquela em que o aluno ainda que necessite dela, não se sente instigado a pesquisar, pois esta se encontra burocratizada e o acesso a seu material, se torna uma tarefa maçante, levando o aluno a deixar de lado o precioso material que se encontra ali disponibilizado e muitas vezes abdicando do prazer e direito de aprender. Frente a esta realidade (QUEIROZ, 1985), nas palavras de (NÓBREGA, 1995 apud SILVA):

 

Bibliotecas em eterna penumbra, em constante silêncio (o real e o figurado), livros encadernados de marrom austero, presos às estantes arranha-céu, completamente inalcançáveis. Lombadas milimetricamente etiquetadas, num virar de costas para o leitor, escondendo as entranhas do acervo, seu verdadeiro tesouro. Um lugar sem conflito. Um espaço de ausências. Uma arca fechada.

 

O autor denota a realidade de algumas bibliotecas- algumas delas se fazem presentes nas escolas brasileiras-, que traz consigo um atraso para o verdadeiro e real objetivo da existência delas, qual seja, a efetividade da aprendizagem, e formulação de conceitos, estes por sua vez vão além da mera memorização de informações e repetição de trabalhos e estudos alheios a sua realidade.

O quadro abaixo demonstra de forma precisa os dois caminhos que norteiam a prática da leitura e suas implicâncias no aprendizado e cientificismo.

 

QUADRO 2 - DIFERENÇAS ENTRE FATOS E CONCEITOS COMO CONTEÚDOS DA APRENDIZAGEM

                                   Fato                                              Conceito

Consiste em                        Cópia literal                                      Relação com conceitos anteriores         

É aprendido            Por revisão (repetição)                   Por compreensão (significado)   

É adquirido              De uma vez                                      Gradualmente                                                                                                                                                                                                                                                                         

É esquecido                        Rapidamente sem revisão            Lenta e gradualmente

FONTE: POZO, 1992 apud POZO; CRESPO, 2009.

 

Em relação ao quadro acima exposto, infere-se que a leitura deve passar pelo crivo da objetividade, para que o ato de ler não se torne tarefa de conteúdo retrocedente e que não conduz ao aprendizado, deve ela servir ao único propósito ao qual se destina, que é o aprendizado baseado em conceitos e associações com a realidade cotidiana do educando.

Desde cedo, já no início da vida escolar, devem os alunos ser incentivados à prática da leitura, e com isso desenvolverem o hábito da leitura e consequentemente ao uso habitual da biblioteca que tiverem à disposição, pois muitas vezes, há uma relação e uso bastante relapso dos recursos e das obras disponíveis na biblioteca. O aluno por várias vezes recorre à biblioteca, apenas para pegar o livro didático em uso no dia a dia nas aulas, ignorando a pesquisa de outros assuntos à margem dos estudos cotidianos e de caráter investigativo.

Não há como se pensar uma sociedade justa e desenvolvida intelectual e economicamente sem mencionar a ciência e de forma direta a leitura. A leitura é a base para o desenvolvimento do homem e da sociedade como um todo, é fonte de autonomia para as escolhas que terão impacto na ordem social, sendo vital para um bom convívio entre os povos e aumento do nível da produção individual de cada um (SANT’ ANNA, 1996 apud SILVA).

A leitura se faz presente no nosso dia a dia e com isso não dá para ignorar sua relevância e seu impacto na ordem social, cabe as escolas e os programas do governo zelar pelo manejo das bibliotecas escolares a fim de promover um ensino de qualidade e formação de cidadãos ativos e de pensamento voltado para o bem comum, dotados de conhecimento para possuir a autonomia e exigir o cumprimento de seus direitos como cidadãos.

 

 

A digitalização da informação no cotidiano escolar

 

Os meios de comunicação e difusão da ciência, se revelam cada vez mais inovadores, e nas escolas essa realidade tem considerável impacto no cotidiano do professor e por efeito também no educando. Como citado anteriormente no decorrer deste trabalho, desafios pedagógicos relacionados ao avanço da tecnologia, e dos sistemas de informação, são inerentes ao processo de aprendizagem, e sua resoluções se moldam em novas ideias que constituem o crescimento e melhoramento da associação entre a ciência e o aluno.

Em se tratando do ensino e do material difusor de informações e conhecimento, quando visamos a questão da digitalização da informação, o livro e a literatura como um todo ganha significado de amplo espectro de discussão. Toda informação verídica de conteúdo didático, seja ele impresso ou digital, deve a ele ser atribuído o seu devido valor e aplicá-lo nos momentos em que mais for útil. As obras impressas ou digitalizadas devem atender as necessidades de busca e aprendizado, ainda, esse deve ser o real objetivo do conteúdo ao qual o aluno tiver acesso, independente da forma como estiver disponível, a tendência deve ser a de complemento uma da outra.

A leitura na sua forma “tradicional” impressa, abrange um campo de acesso relativamente mais simples e prático, em contrapartida, o acesso a leitura na sua forma digitalizada constitui em si uma dependência de dispositivos de armazenamento eletrônico, o que pode caracterizar uma barreira à democracia do acesso à leitura. Obstante à essa problemática (SOUCHIER apud FURTADO, 2004):

 

Por um lado, é necessário um dispositivo técnico que permita transformar os dados ilegíveis registados na matéria memória num texto legível num écrã.  Por outro, uma fonte de energia para alimentar esse dispositivo. Ou seja, sem energia e sem dispositivo técnico apropriado a escrita informática não existe ou, no máximo, pode ser considerada como invisível. O dispositivo técnico dedicado à escrita atingiu um tal estado de“hipertelia” que já não consegue preencher a sua função sem assistência exterior.

 

As obras bibliográficas digitalizadas, dos mais variados gêneros, possuem destaque e popularidade quando se trata de pesquisa, algo que está associada também a maior interatividade que proporcionam, em especial nos jovens. Porém o contexto a que está associada a produção e uso do livro transcende os limites do prático e do novo. O uso do livro e o aprendizado através, dele, está atrelado a cultura, conforme (BELLEI, 2002 apud MOTTA):

 

[...] um livro, apesar das aparências, jamais é apenas um objeto de uso ou de consumo. É antes, um objeto simbólico, uma instituição e uma tecnologia aos quais a cultura pós-Gutenberg confiou a tarefa de armazenar e fazer circular praticamente todo o conhecimento considerado relevante. Como instituição, o livro representa uma forma de socialização que compreende todo circuito de produção e consumo: autores, editores leitores, críticos, comunidades interpretativas institucionalizadas" (p. 12-13)

 

Embora o livro tenha com o decorrer do tempo e do avanço tecnológico, perdido parte de seu espaço para o uso de outras mídias, sua história e sua eficiência pedagógica, são irrefutáveis o que garante sua permanência no cenário do ensino e da ciência sendo grande fonte da busca por informação.

Quando falamos em bibliografias digitais, inúmeras questões surgem, como: direitos autorais, veracidade de informações etc. Se torna muitas vezes, objeto de discussão as informações encontradas na internet, em banco de dados digitais, pois, como pensar a divulgação de trabalhos científicos, cujo propósito é gerar conhecimento e troca de informações, burocratizando-a e restringindo o seu acesso? Além disso, em caso de pesquisa e busca por subsídio teórico para realização de trabalhos científicos, deve o usuário estar atento ao conteúdo acessado, uma vez que, as informações disponibilizadas podem apresentar erros em sua constituição.

 

 

Considerações finais

 

            Em relação a tudo o que foi vivenciado durante todos os estágios e as atividades realizadas durante eles, somado aos trabalhos de pesquisa, é possível inferir o quão complexo é o papel do educador e seus desafios durante sua atuação profissional. O professor se encontra em constante tarefa de aprendizado na mesma medida em que ensina os desafios encontrados em relação ao ensino e ao perfil da classe em que atua se constituem uma fonte de estudos e busca por estratégias que correspondam ao que é designado pelas propostas curriculares.

Através do trabalho de pesquisa e as práticas realizadas durante as regências, foi possível atingir um maior estágio de compreensão, do futuro campo profissional, é inegável o crescimento proporcionado pelo aprofundamento nos estudos dos métodos de ensino e os impasses enfrentados pelas instituições de ensino e pelo docente.

O docente não se encontra totalmente preparado para o ensino quando conclui seu curso de formação, a competência para o ensino vem com a experiência e o uso de todos os recursos possíveis e disponíveis, somente pelo estudo e compreensão destes é que podemos ter profissionais competentes e que realmente serão capazes de fazer a diferença nas escolas.

 

 

Referências

 

AZEVEDO, Maria Cristina Stella P. Ensino por investigação: problematizando as atividades em sala de aula.  Disponível em: <https://www.books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=VI4DGUzL0j0C&oi=fnd&pg=PA19&dq=aulas+pr%C3%A1ticas+dificuldades&ots=ib6oa0t8Qm&sig=aZ6Vz14lzhOei8xmyeVpLbQnNqA#v=onepage&q=aulas%20pr%C3%A1ticas%20dificuldades&f=false>. Acesso em 22 de abr. 2024

 

BRANDT, Claudia Sabrine; TORRES, Edson. Evolução e paleontologia. Indaial: Uniasselvi, 2011.

 

 CASTRO, César Augusto; SOUSA, Maria Conceição Pereira. Pedagogia de projeto na biblioteca escolar: proposta de um modelo para o processo de pesquisa escolar. Disponível em :<http//:www.scielo.br/pdf/pci/v13n1/v13n1a09. Acesso em 12 de mai. 2024,