Buscar artigo ou registro:

 

 

 

A Arte no Brasil e a sala de aula

Liliana Martins Marinho

 

DOI: 10.5281/zenodo.13715504

 

 

RESUMO

Este trabalho tem como hipótese de pesquisa entender a perspectiva dos cidadãos brasileiros em relação à Arte, desde o início da sua história até os dias atuais. Os objetivos específicos são explorar como a Arte surgiu no Brasil, identificar os benefícios que ela oferece para o desenvolvimento humano e, além disso, investigar como os alunos percebem as aulas de Arte na contemporaneidade. Para alcançar esses objetivos, foram realizadas duas etapas distintas de pesquisa. Nos dois primeiros capítulos, a investigação foi baseada em uma pesquisa bibliográfica, que envolveu a revisão e análise de literatura existente sobre o tema. No terceiro capítulo, foi conduzida uma pesquisa de campo, através de entrevistas com professoras de Arte atuantes no município de Araras, SP. A conclusão da pesquisa revelou que ainda há uma significativa desvalorização das aulas de Arte entre os alunos brasileiros. Muitos deles não compreendem plenamente o verdadeiro significado e a importância dessas aulas, o que sugere uma necessidade de maior valorização e esclarecimento sobre o papel fundamental que a Arte desempenha no desenvolvimento pessoal e cultural.

 

PALAVRAS-CHAVE: História da Arte. Arte no Brasil. Aulas de Arte.

 

 

ABSTRACT

This work's research hypotheses are to understand the perspective of Brazilian citizens in relation to Art, from the beginning of its history to the present day. The specific objectives are to explore how Art emerged in Brazil, identify the benefits it offers for human development and, in addition, investigate how students perceive Art classes in contemporary times. To achieve these objectives, two distinct research stages were carried out. In the first two chapters, the investigation was based on bibliographical research, which involved a review and analysis of the existing literature on the topic. In the third chapter, field research was conducted through interviews with Art teachers working in the city of Araras, SP. The conclusion of the research revealed that there is still a significant devaluation of Art classes among Brazilian students. Many of them do not understand the true meaning and importance of these classes, which suggests a need for greater appreciation and clarification about the fundamental role that Art plays in personal and cultural development.

 

KEYWORDS: History of Art. Art in Brazil. Art Classes.

 

 

Introdução

 

O trabalho trata da Arte no Brasil, desde o início até os dias atuais e suas contribuições para o ser humano. Vemos que é um assunto que é deixado de lado, pouquíssimas pessoas pesquisam sobre Arte para saber ao certo qual sua finalidade e como foi dado o seu surgimento.

Conversando com alguns colegas de trabalho e algumas mães de alunos, percebo que as ideias se divergem, os professores de um lado sabem toda a importância da Arte para o desenvolvimento, já os pais desconhecem e acham que é uma matéria para descansar. Já ouvi de pai que marcava compromisso para o filho nos dias que havia aula de arte, porque assim, não perdia conteúdo. Acredito que o assunto deveria ser do conhecimento de todos, para que haja maior valorização das aulas e do profissional.

Levando isso em consideração, o trabalho apresentará o olhar dos alunos brasileiros para a Arte levando em consideração a história do início da arte no Brasil e as contribuições dela para a formação do indivíduo.

A arte é mal compreendida, talvez seja por causa do início dela no país, onde era usada como mão de obra barata para construções religiosas, não tinha seu devido valor e era desconhecido todo o seu valor.

O trabalho possui como objetivos específicos buscar como se deu o inicio da Arte no Brasil, conhecer quais os benefícios da Arte para o desenvolvimento humano e como objetivo específico saber como os alunos veem as aulas de Arte na atualidade.

A pesquisa possui sua contribuição para sociedade, uma vez que apresenta a importância da Arte, mostrando sua história e o seu real significado, para romper com as ideias contrárias com sua funcionalidade.

Para isso, foi utilizado da metodologia de revisão bibliográfica, fundamentação em pesquisas previamente realizadas, para enriquecer o conhecimento e trabalho, para o terceiro e último capítulo foi efetuado uma pesquisa de campo através de um questionário com professoras atuantes em sala de aula na matéria de Arte.

No decorrer das páginas o leitor se deparará com três capítulos, o primeiro denominado como "Início da Arte no Brasil”, em que é abordado sobre a chegada da Arte no país e sua funcionalidade na época. No segundo capítulo denominado como “A Arte e suas contribuições para o desenvolvimento humano”, em que aborda as vantagens da arte para o desenvolvimento. No terceiro capítulo são apresentados os resultados encontrados com o questionário. Para finalizar o trabalho, há a conclusão e as referências bibliográficas.

 

 

Desenvolvimento

 

Início da Arte no Brasil

 

O ensino de Arte no Brasil experimentou uma série de transformações significativas ao longo dos anos, refletindo as complexas mudanças sociais e culturais do país. Desde o período colonial, a instrução artística era utilizada para ensinar aos indígenas técnicas que facilitavam a exploração econômica e a manutenção de mão de obra barata. Essa prática ilustra o uso da arte não apenas como um meio de expressão cultural, mas também como uma ferramenta de controle e assimilação (SOUZA, et al, 2018).

Os autores ainda discorrem que à medida que o Brasil evoluía, o ensino de Arte continuou a se adaptar, atravessando períodos de colonização e modernização. Um marco crucial nesse processo foi a Semana de Arte Moderna de 1922, um evento revolucionário que desafiou os cânones artísticos estabelecidos e inaugurou uma nova era de experimentação e inovação no campo das artes.

Conforme descrito por Souza et al. (2018), a formalização da inclusão da Arte como um componente essencial no currículo da educação básica no Brasil foi apenas em 1996. Essa mudança representou um avanço significativo na valorização da arte como parte fundamental da formação educacional. A inclusão da arte no currículo refletiu um reconhecimento crescente da sua importância não só para o desenvolvimento de habilidades técnicas, mas também para a promoção da expressão criativa e do pensamento crítico entre os alunos.

A chegada dos portugueses ao Brasil marcou um período de profunda transformação para as terras habitadas pelos indígenas, que foram considerados pelos europeus como povos sem letramento e identidade própria. Nesse contexto, os portugueses impuseram seus próprios costumes e valores por meio da catequização e da alfabetização dos indígenas, com o intuito de integrar a cultura europeia. Parte desse processo envolveu a formação de mão de obra barata para a construção de templos religiosos, como igrejas, que se destacam como as primeiras expressões artísticas no Brasil. Estas igrejas não apenas serviram como centros de culto, mas também como primeiros exemplos da arte europeia no país, estabelecendo as bases para o desenvolvimento da arte brasileira ao longo dos séculos (SOUZA et al., 2018).

Ainda, discorrem que os Jesuítas (franciscanos e beneditinos), os quais eram os responsáveis pela instrução dos indígenas, ensinavam técnicas artísticas do estilo barroco (estilo artístico iniciado na Itália no século XVI), o qual foi usado indispensavelmente nas construções e pinturas das igrejas. Porém, com o passar dos anos, as técnicas demonstraram certa diferença, em que apareciam características nacionais, por mais que a base permanecia europeias, transparecia uma diferença nas obras, tais diferenças marcadas pela pluralidade do povo brasileiro, o qual é marcado por sua pluralidade étnica.

O ensino de arte passou por diversas mudanças para chegar no que representa nos dias atuais, para ocorrer a ruptura de como era o uso da arte no período de colonização e pós colonização do Brasil, houve um evento muito importante para mudar o rumo da Arte em nosso país, evento esse chamado de Semana da Arte moderna:

 

“A Semana de Arte Moderna aconteceu em São Paulo entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922. Seu principal objetivo era romper com os cânones e as técnicas impostas até então e inovar a forma como a arte era produzida, em que a liberdade de expressão guiasse o artista em toda a sua jornada, criando assim uma arte que refletisse o país. Assim, este marco histórico influenciou diretamente o contexto educacional brasileiro, fazendo com que a metodologia e o objetivo do ensino das artes fossem reavaliados. O desenho enquanto cópia não é mais ensinado. As aulas de artes tornam-se um lugar voltado à expressão dos estudantes, no qual o desenho final é o resultado real de sua liberdade.” (SOUZA, et al. 2018, p. 10)

 

Por mais que houve mudanças, nenhuma até então havia feito uma grande mudança no cenário artístico brasileiro e não foi uma tarefa fácil para os participantes da Semana de Arte moderna:

 

Levou-se muito tempo para ocorrer mudanças significativas tanto na história da arte brasileira quanto em seu ensino no nosso país, professores e artistas, em geral, tiveram que preencher uma lacuna de saberes muito extensa após a 'Semana de Arte de 22', porque a mesma lançou os fundamentos do modernismo no Brasil, sendo composta de apresentações de: poesia, música, dança, conferências, concertos, recitais e uma exposição de artes visuais. Sendo todas estas atividades um choque para a sociedade da época; pois os ideais e objetivos da semana eram: a repulsa as concepções passadistas do universo artístico; a independência mental brasileira pelo repúdio aos padrões europeus de arte; a instauração de uma nova técnica de representação da vida; a valorização das culturas indígenas e africanas existentes em nosso país, além de um olhar significativo para a singularidade da natureza tropical. Assim surgindo uma verdadeira renovação das linguagens artísticas na busca e na experimentação, da liberdade criadora e na ruptura com o passado. (ZIMMERMAN; DIAS, 2017, p. 722)

 

Durante esse período de Arte Moderna houve o rompimento entre a concepção modelo tradicional, o qual tinha a intenção de formar o indivíduo para o trabalho (mão de obra), com a metodologia de ensino pautada em cópia e memorização, onde o trabalho do professor era transmitir os conteúdos, e a concepção modernista de ensino o qual os objetivos passaram ser o desenvolvimento da criatividade e expressão do educando, levando em consideração as necessidades e interesses deles. (ZIMMERMAN; DIAS, 2017)

Segundo Barbosa (2019), o ensino de Arte durante o período modernista foi influenciado pelos conceitos de John Dewey, um renomado filósofo e pedagogo norte-americano.

No entanto a mudança para a Arte nas escolas que conhecemos hoje se deu apenas alguns anos após a Semana de Arte Moderna de 1922, em que surgiu o Movimento das Escolinhas de Arte, uma iniciativa que criou uma rede de escolas de arte por todo o Brasil, voltadas para crianças e adolescentes. O objetivo principal dessas escolas era promover e estimular a educação artística desde a infância. Esse movimento foi essencial para reforçar a ideia de que o ensino de artes deveria ser obrigatório nas escolas, uma meta que foi concretizada na década de 1970. Como resultado desses esforços, a arte foi finalmente incorporada de forma permanente aos currículos escolares em todos os níveis de ensino (Souza et al., 2018).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9.394/96 estabeleceu a arte como uma disciplina obrigatória no currículo escolar, garantindo que ela tivesse conteúdos específicos e bem definidos dentro da educação básica. O principal objetivo dessa inclusão era promover uma formação cultural abrangente para os alunos, enriquecendo sua compreensão e apreciação das artes (Iavelberg, 2014).

Simultaneamente, segundo Iavelberg (2014), foram introduzidos os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), documentos criados na mesma época que a LDB, com a finalidade de orientar a prática pedagógica. Embora a adoção dos PCN não fosse obrigatória, eles ofereceram diretrizes importantes para o ensino de arte, tratando essa área com a mesma relevância dada às demais disciplinas. Esses documentos foram amplamente distribuídos para escolas e professores em todo o Brasil.

Os PCN de arte visavam melhorar a reflexão e a prática em cada uma das diferentes linguagens artísticas, abordando-as de forma detalhada e separada, respeitando as características únicas de cada uma: artes visuais, dança, música e teatro. Além disso, incentivavam a criação de projetos interdisciplinares que pudessem integrar diferentes linguagens da arte e até outras áreas do conhecimento, desde que essas atividades fossem planejadas de maneira a respeitar as especificidades e particularidades de cada área e linguagem, sem comprometer sua identidade própria.

Mais recentemente, em 3 de maio de 2016, foi aprovada pelo Senado a Lei 13.278/2016, que estabelece a inclusão das Artes Visuais, da dança, da música e do teatro nos currículos nacionais da Educação Básica. Essa lei representa um avanço significativo na valorização das artes na educação, garantindo que essas disciplinas façam parte integral da formação educacional das crianças e jovens em todo o país.

Nesse capítulo podemos observar, portanto, uma significativa evolução no ensino de artes desde seus primeiros passos no Brasil. Todas essas transformações não apenas moldaram a forma como a arte é ensinada, mas também continuam a exercer uma influência importante sobre a área até os dias de hoje. A cada mudança e aprimoramento, o ensino da arte tem passado por adaptação e enriquecimento, o que reflete e interfere na prática artística e na formação cultural dos alunos ao longo do tempo.

 

 

A Arte e suas contribuições para o desenvolvimento humano

 

De acordo com Dall’Orto (2013), cada pessoa possui um conjunto de potencialidades que precisa ser cultivado através de estímulos apropriados, a fim de que possa tomar decisões conscientes e bem fundamentadas. Nesse contexto, a Arte desempenha um papel crucial no desenvolvimento dessas potencialidades, especialmente nas crianças. Através das experiências artísticas, elas têm a oportunidade de exercitar aspectos essenciais de seu ser, como a convivência com os outros, a criatividade e o conhecimento. Isso contribui para o aprimoramento de várias competências, incluindo habilidades pessoais, sociais, cognitivas e produtivas.

Quando éramos crianças e participávamos das aulas de Arte, muitas vezes não tínhamos plena consciência do verdadeiro valor e impacto dessas experiências no nosso desenvolvimento. Naquela época, era comum ver as aulas de Arte como momentos de relaxamento e descontração, uma espécie de intervalo das exigências acadêmicas mais rígidas. Achávamos que essas atividades eram apenas uma oportunidade para colorir, pintar ou fazer colagens, sem perceber o quanto essas práticas estavam moldando aspectos cruciais do nosso crescimento pessoal.

Na realidade, as aulas de Arte desempenham um papel muito mais profundo e significativo do que o simples passatempo. Elas são fundamentais para o desenvolvimento de uma ampla gama de habilidades e competências que são essenciais para o nosso crescimento integral. Essas atividades artísticas ajudam a cultivar a criatividade e a expressão pessoal, permitindo que as crianças explorem e manifestem suas emoções e ideias de maneiras inovadoras. Além disso, as aulas de Arte promovem o desenvolvimento de habilidades motoras finas e coordenação, pois envolvem o uso de diferentes materiais e técnicas.

Sendo assim, ao refletirmos sobre a importância das aulas de Arte, é evidente que elas vão muito além do que percebíamos na infância, elas desempenham um papel essencial no desenvolvimento das competências que são valiosas não apenas no contexto escolar, mas também ao longo da vida. Apreciar o valor dessas experiências artísticas ajuda a reconhecer a importância da incorporação da Arte no currículo escolar como uma parte vital da formação integral dos seres humanos.

 

Através de oportunidades educativas focadas em linguagens artísticas é possível desenvolver competências pessoais, relacionais, cognitivas e produtivas, trabalhando questões ligadas ao desenvolvimento humano e social, oferecendo às crianças instrumentos básicos para o desenvolvimento da cidadania e para a conscientização acerca do valor do patrimônio cultural herdado e por cuja contínua revitalização são legítimos responsáveis. (Dall’Orto, 2013, p. 2)

 

Além disso, conforme detalhado por Vygotsky (1999) e citado por Barroco e Superti (2014), a percepção, a emoção, a criatividade e a imaginação são processos psicológicos fundamentais que têm uma conexão profunda com a arte. Vygotsky, que foi um renomado psicólogo do desenvolvimento, destacou que esses aspectos psicológicos estão interligados de forma íntima com as práticas:

 

Desse modo, a arte e os instrumentos culturais servem a humanização dos homens e ao desenvolvimento de sentidos novos como os amores, as paixões, a amizade. Portanto, somente com a construção de objetivos culturais e artísticos é que ficam afirmadas as características estritamente humanas, com necessidades além dos naturais. Marx (2003) nos leva a entender o quanto a arte contribui para o refinamento dos sentidos, tornando o homem ainda mais livre dos instintos e das necessidades imediatas, dando liberdade de criar sob novos princípios, como os da beleza. Além disso, a arte afirma elevadas características humanas, possibilitando não apenas a humanização dos cincos sentidos biológicos, mas, contando com eles, possibilita o desenvolvimento dos sentidos. (BARROCO; SUPERTI, 2014, p. 27)

 

A obra de Vygotsky, conforme discutido por Barroco e Superti, sublinha a importância da arte na promoção de processos psicológicos vitais, como percepção, emoção, criatividade e a imaginação. Esses aspectos estão interligados de maneira fundamental com a prática artística, evidenciando como a arte desempenha um papel crucial no desenvolvimento integral dos indivíduos, ajudando-os emocionalmente e cognitivamente. Portanto, é notável o quanto a Arte tem a nos oferecer e quais suas inúmeras contribuições para o desenvolvimento integral.

 

 

Questionário aplicado sobre a atividade docente

 

Neste capítulo, ocorrerá o detalhamento da pesquisa conduzida com três professoras da Rede Municipal de Ensino de Araras, SP. Essa cidade é onde eu atuo como pedagoga na educação infantil, e tive a oportunidade de entrevistar essas educadoras para obter uma visão mais aprofundada sobre o cenário educacional local.

A pesquisa foi realizada por meio de um questionário que continha cinco perguntas dissertativas. O objetivo dessas perguntas é explorar e entender o trabalho realizado em sala de aula com crianças da educação infantil, bem como com alunos do Ensino Fundamental I e II. O questionário busca identificar as práticas educacionais empregadas por essas professoras e, ao mesmo tempo, as dificuldades que elas enfrentam no dia a dia. Através das respostas obtidas, espero fornecer uma análise abrangente das experiências e desafios encontrados por essas profissionais no contexto educacional da cidade de Araras localizada no interior do estado de São Paulo.

 

    • Questão 1: “Qual etapa de ensino você leciona?”

  • Professora 1: “Educação Infantil e fundamental I”

  • Professora 2: “Ensino Fundamental I”

  • Professora 3: “Ensino Fundamental I e II”

 

  • Questão 2:” Qual sua formação e há quantos anos leciona?”

  • Professora 1: “Sou formada em Licenciatura em Pedagogia, Licenciatura em Arte e pós-graduada em Arte. Leciono faz 5 anos”

  • Professora 2: “Formação em arte e pós-graduada em artes visuais''. Leciono há 10 anos.”

  • Professora 3:” Primeiramente, conclui o curso de Magistério, o que me proporcionou uma base sólida para a educação. Em seguida, estudei Artes Visuais, ampliando minha formação para incluir a expressão artística. Após isso, finalizei meus estudos acadêmicos com uma pós-graduação em Arte, Música e Terapia, o que aprofundou ainda mais meus conhecimentos e habilidades nessas áreas. Estou na profissão há 20 anos, porém, apenas nos últimos 12 anos tenho me dedicado exclusivamente ao ensino de Arte.

    • Questão 3: Você costuma usar algum material norteador?

  • Professora 1: Sim, a BNCC e além disso, para o fundamental I, há apostila (escola particular)

  • Professora 2: Sim, BNCC.

  • Professora 3: Sim, BNCC e para o fundamental II há apostila.

 

    • Questão 4: Quais as maiores dificuldades encontradas nas aulas?

    • Professora 1: Nas turmas da educação infantil, os desafios mais frequentes que encontro são a indisciplina, que muitas vezes se manifesta na falta de regras e estrutura, e a alta dependência das crianças para realizar as atividades propostas. Isso exige um trabalho constante para estabelecer limites e promover a autonomia dos pequenos. No Ensino Fundamental I, a indisciplina continua a ser um problema relevante. Além disso, nos 5° anos, observo um certo desinteresse pelos temas abordados nas aulas de Arte. Mesmo quando tento engajar os alunos com obras de arte e filmes, eles frequentemente demonstram preferência por atividades de desenho livre. Essa tendência destaca a necessidade de buscar novas abordagens e estratégias para capturar o interesse dos alunos e tornar as aulas mais envolventes e significativas para eles

  • Professora 2: Lecionar nos anos iniciais do ensino fundamental I, como os 1º e 2º anos, é mais tranquilo, as crianças aceitam mais as atividades do que os 4º e 5º anos que gostam de desenhar o que querem e não gostam de colorir.

  • Professora 3: As dificuldades enfrentadas no Ensino Fundamental I são muito diferentes das que encontro no Ensino Fundamental II. Na minha experiência, as turmas do Fundamental I apresentam desafios que considero relativamente mais manejáveis em comparação com o que vivencio no Fundamental II. No Fundamental II, especialmente nas turmas dos 6° e 7° anos, o cenário é bastante mais complexo e exigente. Essas turmas são geralmente muito agitadas e frequentemente demonstram comportamentos desrespeitosos. Eles têm uma resistência notável a seguir orientações e costumam mostrar desinteresse pelos temas abordados nas aulas. Muitas vezes, a percepção deles em relação às aulas de Arte é bastante negativa; para alguns alunos, essas aulas são vistas como uma oportunidade para bagunçar ou até mesmo para dormir. Isso requer um esforço significativo para tentar engajar esses alunos e encontrar maneiras de tornar as aulas mais atraentes e relevantes para eles, além de lidar com a questão da falta de respeito e da dificuldade em manter a disciplina.

Neste capítulo, observamos que as professoras enfrentam dificuldades em todas as etapas educacionais. No entanto, é notável que a falta de interesse dos alunos é uma questão comum em todas essas fases. Embora os desafios específicos possam variar conforme a faixa etária e o nível escolar, a falta de engajamento e entusiasmo dos alunos é uma preocupação persistente que afeta tanto a educação infantil quanto os anos iniciais e finais do Ensino Fundamental. Isso destaca a necessidade contínua de estratégias eficazes para aumentar o interesse dos alunos e promover uma participação mais ativa e positiva nas aulas.

 

 

Conclusão

 

Baseado na análise e formulação dos três capítulos da pesquisa, é evidente que a arte no Brasil passou por diversas transformações ao longo do tempo. Durante a época dos Jesuítas, a arte era amplamente utilizada como uma ferramenta para a catequização dos indígenas e para a construção de templos religiosos, como igrejas. Esse período evidenciou a arte como um meio de obter mão de obra barata e impor a cultura europeia aos povos nativos.

Nossa pesquisa buscou entender a percepção dos brasileiros sobre a arte desde o início da sua história até os dias atuais, e explorou vários objetivos específicos: o surgimento da arte no Brasil, os benefícios da arte para o desenvolvimento humano e a visão atual dos alunos sobre as aulas de arte.

Como constatado, a arte, em seus primórdios, estava estreitamente vinculada aos interesses religiosos e à necessidade de trabalho. Entretanto, essa perspectiva começou a mudar com a Semana de Arte Moderna de 1922, um marco crucial que destacou a importância da arte na sociedade e iniciou uma valorização mais ampla de seu papel cultural e social.

Apesar desse avanço histórico, a valorização da arte ainda enfrenta desafios significativos. Os depoimentos das professoras de arte entrevistadas revelam uma persistente falta de interesse por parte dos alunos nas aulas de arte. Muitas vezes, as aulas são vistas como meras atividades livres, uma percepção equivocada que não reflete a real importância da arte.

Conforme discutido no segundo capítulo, a arte é fundamental para o desenvolvimento cognitivo, psicológico, emocional e social dos indivíduos. Ela oferece benefícios que vão além da simples expressão criativa, influenciando positivamente diversas áreas do desenvolvimento humano. A falta de reconhecimento desses benefícios contribui para a desvalorização da disciplina, mostrando a necessidade de uma abordagem mais esclarecedora e envolvente no ensino de arte.

Em conclusão, a arte no Brasil passou de uma ferramenta de controle e catequização para um campo de expressão cultural e desenvolvimento humano. No entanto, ainda há um caminho a percorrer para que sua verdadeira importância seja plenamente compreendida e valorizada, especialmente no contexto educacional atual.

 

Referência

 

BARBOSA, Ana Mae. (org) Arte-educação: leitura no subsolo. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 1999.

 

BARROCO, Sonia M.; SUPERTI, Tatiane. Vigotski e o Estudo da psicologia da Arte: Contribuições para o desenvolvimento humano. Psicologia & sociedade, 26(1), 22-31.

 

BRASIL. Senado Federal. Lei inclui artes visuais, dança, música e teatro no currículo da educação básica. Disponível em: <

https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/05/03/lei-inclui-artes-visuais-danca-musica-e-teatro-no-curriculo-da-educacao-basica>. Acesso em: 28 de jun de 2024.

 

DALL’ORTO, F. C. . A arte desenvolvendo potencialidades. Estação Científica, [S. l.], v. 7, n. JUL./DEZ., 2023. Disponível em: <https://estacio.periodicoscientificos.com.br/index.php/estacaocientifica/article/view/2350>. Acesso em: 19 ago. 2024.

 

IAVELBERG, Rosa. O ensino de arte na educação brasileira. Revista USP, São Paulo, Brasil, n. 100, p. 47–56, 2014. DOI: 10.11606/issn.2316-9036.v0i100p47-56. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/76165>. Acesso em: 19 ago. 2024.

 

SOUZA, Joana M. C.; et al. A HISTÓRIA DO ENSINO DE ARTES NO BRASIL E SUA ABORDAGEM PEDAGÓGICA. Disponível em:<http://publicacao.uniasselvi.com.br/index.php/ART_EaD/article/view/1859/917.> Acesso em: 10 de jul. de 2024.

 

ZIMMERMAN, Charlote L. V. R.; DIAS, Lúcia. UMA BREVE HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE NO BRASIL E SUAS RELAÇÕES COM O NOSSO TEMPO. Disponível em:< chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/viewer.html?pdfurl=http%3A%2F%2Fwww.unoeste.br%2Fsite%2Fenepe%2F2017%2Fsuplementos%2Farea%2FHumanarum%2F4%2520%2520Educa%25C3%25A7%25C3%25A3o%2FUMA%2520BREVE%2520HIST%25C3%2593RIA%2520DO%2520ENSINO%2520DA%2520ARTE%2520NO%2520BRASIL%2520E%2520SUAS%2520RELA%25C3%2587%25C3%2595ES%2520COM%2520O%2520NOSSO%2520TEMPO.pdf&clen=333361&chunk=true>. Acesso em: 12 de jul. de 2024.