A importância do ensino de LIBRAS como inclusão social na escola
Tânia Prestes Dias Alberici1
DOI: 10.5281/zenodo.13695558
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo discutir a importância do ensino de libras como inclusão social na escola. A inclusão é um direito garantido por Leis Federais e Internacionais, para que cada pessoa, independentemente de sua deficiência, seja inclusa nesse ambiente social. A metodologia adotada é a pesquisa Bibliográfica com base em autores como: DAMÁZIO (2007); CARVALHO (2000); SKLIAR (1998), entre outros. Foi possível perceber que o envolvimento da família e da escola é muito importante nesse processo, mas muitas vezes acontecem de os pais, por falta de conhecimento da Língua de Sinais, exercerem a comunicação através e gestos naturais do processo de comunicação. E isso também acaba acontecendo na interação entre os colegas. A escola precisa ter uma mudança de postura frente ao currículo inclusivo no atendimento ao aluno surdo, e precisa investir mais em formação continuada do professor.
PALAVRAS-CHAVE: Libras. Inclusão Social. Escola.
Introdução
Discutir sobre Educação Inclusiva, principalmente no que tange a educação de pessoas com surdez, é um tema bastante pertinente para a sociedade contemporânea.
Essa inclusão vem encontrando bastante dificuldades para se efetivar principalmente no âmbito escolar, pois persiste a resistência por parte de alguns atores envolvidos, principalmente pelo corpo docente, que em sua maioria alegam despreparo para lidar com essa deficiência.
Por isso é muito importante pensar na inclusão do aluno surdo inserido na escola e nas suas capacidades de desenvolvimento buscando a parceria de todos os atores envolvidos: familiares, educadores, funcionários e comunidade escolar, em geral.
Neste sentido o objetivo geral deste trabalho é analisar a importância da interação do surdo e sua inclusão na escola.
A metodologia adotada é a pesquisa bibliográfica, na qual segundo Marconi e Lakatos (1992), é o levantamento de bibliografias já publicadas, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e escritas. Ela tem como função fazer com que o pesquisador tome conhecimento de todo material já produzido sobre o assunto pesquisado.
Tem como como aportes teóricos autores como: DAMÁZIO (2007); CARVALHO (2000); SKLIAR (1998), entre outros.
O desenvolvimento do trabalho se pautará no assunto que fala sobre os direitos do aluno surdo e as Leis que os aparam; também na função da escola nesse processo de inclusão e a necessidade de formação do professor para se trabalhar com esse aluno.
Desenvolvimento
Na década de 90 com o surgimento da proposta da Educação Bilíngue e a realização de vários eventos nacionais e internacionais, aos poucos vão sendo determinados às práticas e os direitos da comunidade surda. A Declaração de Salamanca (1994), foi um evento determinante para que a inclusão pudesse ser colocada em discussão no cenário Brasileiro. Outros eventos muito significativos foram a Convenção de Guatemala (1999), a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada pela ONU em 2006, a promulgação da Lei 10.436/02 que oficializa a Língua Brasileira de Sinais e o Decreto 5.626/05 que regulamenta a Lei 10.436/02.
Esses marcos trouxeram grandes avanços para a educação Inclusiva. A partir dessas discussões o Brasil começou a avançar no processo de Inclusão nas escolas regulares.
Com base nesses pressupostos legais, as escolas e todos os seguimentos da sociedade, buscam adequar-se para acolher e proporcionar condições para que as pessoas com necessidades especiais possam desempenhar o seu papel social com igualdade e dignidade. A inclusão precisa sair do papel e ser vivenciada no dia a dia dessas pessoas especiais, e isso está começando a acontecer, mesmo que em passos lentos.
De acordo com (MEC/SEESP, 2007, p.1)
O movimento mundial pela educação inclusiva é uma ação política, cultural, social e pedagógica, desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discriminação. A educação inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis, e que avança em relação à idéia de eqüidade formal ao contextualizar as circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e fora da escola.
Entre os aspectos significativos da inclusão no espaço escolar, temos a questão cultural e social, que tem por objetivo a integração das pessoas com necessidades especiais, por meio de ações inclusivas, além das práticas comum de ensino, pautada no currículo e na avaliação.
A Língua Brasileira de Sinais é reconhecida no Brasil por meio da Lei 10.436, de 24 de abril de 2002, possibilitando o uso desta língua como instrução na formação intelectual do aluno surdo e abrindo novos caminhos e proposta para a divulgação da mesma, por meio de atividades e práticas pedagógicas. Logicamente esta prática pedagógica aqui apresentada, deve ser adaptada para esse aluno surdo, levando em consideração não somente ele, mas todos os outros colegas da sala que precisam se comunicar com ele.
A escola precisa rever práticas pedagógicas que venha ao encontro das necessidades e expectativa do educando, pois ela precisa se posicionar como um espaço de conhecimento e manifestações culturais. Neste sentido Carvalho (2000, coloca que
A escola é um espaço cultural, extremamente complexo, impregnado de regras, valores e de muitos sentimentos contraditório quanto às funções políticas e sociais da escola. Inúmeras e diversas são as expectativas da sociedade, das famílias, dos alunos e de toda comunidade escolar, interferindo direta ou indiretamente no dia a dia das escolas (CARVALHO, 2000, p. 180)
A escola precisa desenvolver o projeto político pedagógico na visão de uma escola inclusiva, atendendo alunos com diversas necessidades educacionais especiais, entre essas, as pessoas com surdez.
No texto sobre Aspectos Legais e Orientações Pedagógicas, do Atendimento Educacional Especializado, Damázio (2007, p. 45) diz que:
A Inclusão é um desafio que, ao ser devidamente enfrentado pela escola comum, provoca a melhoria da qualidade da educação básica e superior, pois para que os alunos com e sem deficiência possam exercer o direito à educação em sua plenitude, é indispensável que essa escola aprimore suas práticas, afim, de atender às diferenças.
As escolas regulares devem assumir e enfrentar os desafios da inclusão, tendo em vista que tal desafio favorece para o fortalecimento e qualidade na educação, para que isso aconteça as práticas pedagógicas devem ser aprimoradas e diversificadas, para atender os anseios dos alunos especiais e sua integração no convívio social.
O processo educacional quando norteado por práticas pedagógicas fortalece o ensino, dinamiza e proporciona espaços que valoriza a individualidade e a potencialidade de cada um. Segundo Damázio (2007, p. 53) no texto sobre as orientações pedagógicas, temos um esclarecimento sobre a importância das práticas pedagógicas não disciplinares:
Nas “práticas não disciplinares” de ensino predominam a experiência, a criação, a descoberta, a co-autoria do conhecimento. Essas práticas estão voltadas par ao ensino de temas, dede assunto de interesse da turma. Nelas os conteúdos disciplinares não são fins em si mesmo. As escolas que as adotam são espaços educativos de construção de personalidades humanas e autônomas, críticas, nas quais as crianças aprendem a ser pessoas. Nelas os alunos são ensinados a valorizar as diferenças, pela convivência com seus pares, pelo exemplo dos professores, pelo ensino ministrado nas salas de aula pelo clima socioafetivo das relações estabelecidas em toda a comunidade escolar.
Assim como as disciplinas curriculares, as práticas não disciplinares desenvolvem um papel importante na formação intelectual e social do sujeito, normalmente desenvolvida pela necessidade da turma, dentro do espaço escolar, contribuindo na formação e fortalecendo as relações do aprender e viver com as diferenças.
A escola é, sem dúvida, uma instituição de grande importância na formação do indivíduo. É um ambiente onde precisa haver produção de conhecimento e trocas de experiências. É onde as diferenças precisam ser respeitadas, dando lugar para a inclusão em vez a exclusão e discriminação. A equidade precisa fazer parte do planejamento os professores. Isso inclui o processo de inclusão do aluno surdo.
Essa discussão sobre o aluno surdo e o ensino de libras é consideravelmente recente. De início a atuação do intérprete de Libras na educação era na maioria das vezes limitado a escolas especiais e direcionado unicamente para alunos com surdez.
Dois marcos foram muito importantes para que essa discussão tomasse corpo e trabalhasse em favor da inclusão do aluno surdo no Ensino Regular: o primeiro foi a Conferência Mundial Para Todos, na Tailândia (1990), e o segundo foi a Declaração de Salamanca, Espanha (1994). Foi a partir desse momento que a educação especial abre portas para o ingresso do aluno surdo no ensino regular (SILVA, 2014).
No entanto, somente garantir o espaço físico para que haja a inclusão não é suficiente. É necessário que toda a comunidade esteja envolvida em prol da inclusão do aluno surdo, com profissionais preparados para lidar com as diversas situações e uma estrutura adequada para recebê-los de forma que realmente se sintam incluídos. Até porque podemos observar que, segundo Skliar (1998) as representações sociais sobre a surdez são as principais responsáveis pela exclusão dos surdos por tanto tempo no sistema educacional, e não a incapacidade de ouvirem.
A desconsideração para com seus direitos linguísticos e culturais, o embasamento em teorias de aprendizagem que não refletiam como deveria ser, a participação dos professores ouvintes e das comunidades surdas no processo educativo, foram responsáveis por essa exclusão (SKLIAR, 1998).
Ainda há um grande caminho a percorrer, isso é um processo em constante construção. É por isso que Skliar (1998) diz que colocar duas línguas na classe sem haver uma adaptação curricular, de nada adianta. Além disso é necessário qualificar o professor para que ele consiga fazer essas adaptações atendendo as necessidades de cada aluno (SKLIAR, 1998).
Os professores precisam arrumar estratégias metodológicas para atender ao aluno surdo nessa interação social, e isso não é responsabilidade apenas do professor, e sim de toda a escola, pois a interação social deve acontecer não só dentro da sala de aula, mas também fora dela. Essa postura inclusiva deve fazer parte do Projeto Político Pedagógico da instituição escolar para que todas as ações da escola, inclusive a de formação continuada dos professores, seja contemplada no plano de ação da escola.
Quando ocorre o preconceito da sociedade quanto ao surdo, é preciso que façam uma reflexão e entendam que é necessário fazer mais formação com os professores para que esses venham assumir essa postura inclusiva e assim possam trabalhar com os alunos, para que esses venham exercer sua cidadania na sociedade com mais respeito e equidade.
Mas para que tudo isso aconteça, é necessário também que haja mais participação dos familiares, pois o envolvimento da família e da escola é muito importante nesse processo, porém muitas vezes acontecem de os pais, por falta de conhecimento da Língua de Sinais, exercerem a comunicação através e gestos naturais do processo de comunicação.
Sabe-se que esse é um processo lento e que é preciso continuar buscando uma forma de conscientização de todas as pessoas envolvidas. Logicamente somente a conscientização não resolverá o problema, é preciso ir muito além disso, é necessário trazer formação tanto para os professores envolvidos com este aluno, quanto para os pais, para que estes não fiquem comunicando com o filho apenas por gestos, mas com a linguagem correta de Libras.
Para (Sales, 2004) para que haja uma sociedade mais justa e igualitária, é preciso fazer um trabalho de conscientização para que as diferenças sejam consideradas e respeitadas.
Conclusão
Espera-se que daqui alguns anos as pessoas comecem a valorizar mais o ensino para os surdos/mudos e percebam que aquilo que está sendo disponibilizado a elas, por meio de leis, precisa ser efetivada de forma Global Mas infelizmente ainda é possível perceber professores não preparados para atender à necessidade desses alunos surdos. Logicamente é preciso mais incentivo do governo em proporcionar aos professores uma a qualificação necessária, pois isso mudaria o atendimento a esse aluno uma forma mais completa dando a eles um ensino de qualidade.
Foi possível perceber que o envolvimento da família e da escola é muito importante nesse processo, mas muitas vezes acontecem de os pais, por falta de conhecimento da Língua de Sinais, exercerem a comunicação através e gestos naturais do processo de comunicação. E isso também acaba acontecendo na interação entre os colegas.
A escola precisa ter uma mudança de postura frente ao currículo inclusivo no atendimento ao aluno surdo, e precisa investir mais em formação continuada do professor.
Referências
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF, 1996.
BRASIL. Lei Federal 10.436 de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências.
Decreto nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002 e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, DF, 2000.
DAMÁZIO, Mirlene Ferreira Macedo. Deficiência auditiva. São Paulo: MEC/SEESP, 2007.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório publicações e trabalhos científicos. 7. ed. – 6. reimpor. São Paulo: Atlas: 2011.
SALLES, Heloisa Maria Moreira Lima. Ensino de Língua Portuguesa para surdos: caminhos para a prática pedagógica. Brasília: MEC/SEESP, 2004.
SILVA, Elizete Monteiro da. O aluno surdo na Eja: uma reflexão sobre o ensino. REVISTA VIRTUAL DE CULTURA SURDA Edição Nº 12 / janeiro de 2014.
SKLIAR, Carlos. A surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Mediação, 1998.
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