O estímulo da consciência fonológica nos anos iniciais do ensino fundamental
Silvana Klein Simon1
Doi: 10.5281/zenodo.13632860
RESUMO
Este artigo trata-se de uma revisão bibliográfica sobre a consciência fonológica nos primeiros anos do Ensino Fundamental. Aborda também algumas possibilidades didáticas pedagógicas sobre como favorecer o processo de compreensão de leitura e escrita quando praticadas condutas que favoreçam a consciência fonológica, possibilitando a compreensão do processo de maneira mais rápida. Deste modo, para realizar este trabalho, utilizamos a pesquisa bibliográfica, fundamentada na reflexão de leitura de livros, artigos, revistas e sites, bem como pesquisa de grandes autores referente a este tema. Assim, o estudo proporcionará uma leitura mais consciente acerca da consciência fonológica nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Palavras-chave: Consciência fonológica, aprendizagem, leitura, escrita, ensino fundamental.
ABSTRACT
This article is a literature review on phonological awareness in the first years of Elementary School. It also addresses some didactic pedagogical possibilities on how to favor the process of reading and writing comprehension when practicing behaviors that promote phonological awareness, enabling the process to be understood more quickly. Therefore, to carry out this work, we used bibliographical research, based on reflection on reading books, articles, magazines and websites, as well as research on great authors relating to this topic. Thus, the study will provide a more conscious reading about phonological awareness in the early years of Elementary Sch.
Keywords: Phonological awareness, learning, reading, writing, elementary education.
Introdução
O processo de apropriação da linguagem alfabética pressupõe de situações vivenciadas pela criança, estímulo de casa e do meio em que vive pois desde pequena a criança experiencia situações espontâneas de rimas e aliterações, desta forma quanto maior o vocabulário melhor concepção e comparação ela irá fazer. Devemos refletir sobre a importância do trabalho de desenvolvimento da consciência fonológica ser estimulada desde a educação infantil, através dos jogos, cantigas e brincadeiras. A consciência fonêmica é uma habilidade da consciência fonológica por exemplo que permite às crianças reconhecer os sons da linguagem falada, levando-as a perceber que as palavras são compostas por sons.
Assim, faz-se necessário compreender o que é a consciência fonológica e como explorar meios que facilitem a compreensão da linguagem e dos sons das palavras, uma vez que são importantes meios e facilitadores para aquisição e sucesso da escrita alfabética.
O que é Consciência Fonológica?
A consciência fonológica pode ser entendida como um conjunto de habilidades que vão desde a simples percepção global do tamanho da palavra e de semelhanças fonológicas entre as palavras até a segmentação e manipulação de sílabas e fonemas (Bryant &Bradley, 1985). Assim, a consciência fonológica refere- se tanto à consciência de que a fala pode ser segmentada quanto à habilidade de manipular tais segmentos, e se desenvolve gradualmente à medida que a criança vai tomando consciência do sistema sonoro da língua, ou seja, de palavras, sílabas e fonemas como unidades identificáveis (Capovilla &Capovilla, 2000b).
Refere-se a compreensão que a frase pode ser segmentada em palavras, as palavras em sílabas e as sílabas em fonemas e a consciência de que essas mesmas unidades repetem saem diferentes palavras faladas (Byrne&Fielding-Barnsley, 1989), tendo uma relação direta com a oralidade (Ferreiro, 2004).
O que é Consciência Fonêmica?
A consciência fonêmica é uma habilidade da consciência fonológica, que as crianças aprendem a reconhecer e manipular os sons da fala.
Compreender que as palavras são divididas em pequenas unidades de som, os fonemas, é fundamental para a alfabetização. Isso porque para aprender a ler e escrever, é muito importante ser capaz de ouvir e manipular os sons das palavras. A consciência fonêmica consiste na possibilidade de análise dos fonemas que compõem a palavra, relação entre um fonema e um grafema (a letra que representa o som). É a capacidade de ouvir e manipular a menor unidade de som da fala, ou seja, o fonema. Na consciência fonêmica nos concentramos em sons e não em letras.
O que nos diz a BNCC sobre a consciência fonológica
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) considera a consciência fonológica uma habilidade metalinguística fundamental para o processo de alfabetização. Propõe a inclusão do estímulo da consciência fonológica no planejamento das atividades com crianças das séries iniciais do Ensino Fundamental, como um elemento importante para o processo de alfabetização. É possível utilizar atividades de consciência fonológica na rotina da sala de aula, a partir de estímulos significativos para as crianças e integrá-los as informações dos sons da fala com a correspondência de escrita, de acordo com a idade e os objetivos de aprendizagem.
Podemos encontrar as habilidades necessárias para se trabalhar a consciência fonológica na lista de habilidades a serem desenvolvidas no 1º ano do Ensino Fundamental: (EF01LP05) – Reconhecer o sistema de escrita alfabética como representação dos sons da fala, (EF01LP07) Compreender as notações do sistema de escrita alfabética - segmentos sonoros e letras, (EF01LP08) Relacionar elementos sonoros das palavras com sua representação escrita, (EF01LP09) Comparar palavras, identificando semelhanças e diferenças entre sons de sílabas iniciais, mediais e finais, (EF01LP16) Ler e compreender, em colaboração com os colegas e com a ajuda do professor, quadrinhas, parlendas, trava-línguas, cantigas, entre outros textos do campo da vida cotidiana, considerando a situação comunicativa, o tema/assunto, a estrutura composicional, o estilo e a finalidade do gênero, (EF01LP18) Produzir, em colaboração com colegas e com a ajuda do professor, cantigas, quadrinhas, parlendas, trava-línguas, entre outros textos do campo da vida cotidiana, entre outras.
Considerações
O desenvolvimento da consciência fonológica deve seguir as etapas de compreensão da linguagem e sons da fala. Inicialmente com as letras do alfabeto e seus sons, conforme a criança progride nessas habilidades, aumenta-se o nível de complexidade e fica melhor o seu desempenho em relação ao aprendizado da leitura e da escrita.
Ferreiro (2003) ressalta como a consciência fonológica é adquirida:
Desde pequenos, participamos naturalmente de jogos em que cada sílaba corresponde a uma palma, por exemplo. A única divisão que não surge naturalmente no desenvolvimento é em unidades menores que uma sílaba, ou seja, em fonemas. Um adulto analfabeto e uma criança analfabeta não conseguem fazer isso de maneira espontânea. Quando eu adquiro a linguagem oral, tenho uma certa capacidade de distinção fônica, senão não distinguiria pata de bata (Ferreiro, 2003, 28).
No processo de alfabetização a criança precisa ser mediada através da consciência fonológica para se apropriar do sistema alfabético da escrita, tendo nesse processo um maior refinamento que é a consciência fonêmica, considerada como um dos níveis da consciência fonológica (Soares, 2005 e Ferreiro, 2004)
Atividades como estas abaixo favorecem o desenvolvimento dessas habilidades:
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Falar a letras e identifica-las pelo seu som;
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Dizer quais ou quantos fonemas formam uma palavra;
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Descobrir qual a palavra está sendo dita;
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Formar novas palavras;
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Troca letras;
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Explorar letras dos nomes dos alunos;
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Comparação do número de letras na palavra;
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Contar sílabas (Identificar sílabas iniciais, mediais e finais);
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Bater palma, elevar dedo, dar pulinho (criar método com as crianças para identificação das sílabas);
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Localizar rimas, atividades com trava-linguas e parlendas;
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Envolver jogos e tecnologia, entre outros.
Essas propostas não devem ser trabalhadas isoladamente e sim, em consonância com as demais áreas do conhecimento, dentro do contexto de sala de aula, aproveitando as situações vividas pelos alunos e utilizando-se do conceito de consciência fonológica para favorecer sua aprendizagem.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
BRYANT, P. E & BRADLEY, L. (1985). Bryant and Bradley Reply. Nature, 313, 74.
Capovilla, A; Capovilla, F. (2000b). Problemas de Leitura e Escrita: como identificar, previnir e remediar, numa abordagem fonológica. Săo Paulo, SP: Memnon.
BYRNE, B. & FIELDING BARNSLEY, R. Evaluation of a program to tech phonemic awareness to young children. Jornal of educational Psychology, v.83, n.4, p.451-455, 1991.
FERREIRO, E. Uma reflexão sobre a língua oral e a aprendizagem da língua escrita. Revista Pedagógica Pátio: leitura e escrita em questão, 2004.
SOARES, M. Nada é mais gratificante do que ensinar. Revista Letra. Belo Horizonte, ano 1, nº 1, 2005.
1 Especialista em Alfabetização pela Universidade Barão de Mauá e professora alfabetizadora do Município de Sinop/MT. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.