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Educação Especial com ênfase em Autismo

Hariadny de Cássia Andrade

Kleiton Cristiano Calcete

Lays Buchetti Bressan

Natália Tatiane Maretti Calcete

Tamires Savella Cassiano

 

DOI: 10.5281/zenodo.12802470

 

 

RESUMO

A relação entre a educação especial e o autismo é pautada na individualização, na inclusão, na colaboração interdisciplinar e no apoio integral ao aluno com necessidades especiais. Essa abordagem centrada na criança visa proporcionar um ambiente educacional acolhedor, estimulante e adequado para que cada aluno no espectro autista possa alcançar seu potencial máximo. A Educação Infantil desempenha um papel crucial no apoio ao desenvolvimento da criança com autismo, oferecendo estímulos adequados, apoio especializado e um ambiente inclusivo o qual favorece o crescimento pessoal e acadêmico de tais crianças. É através de uma abordagem educacional sensível, individualizada e integradora que se pode potencializar o progresso e bem-estar das crianças autistas durante os primeiros anos de vida. Diante deste cenário este estudo tem por objetivo descrever sobre a educação especial com ênfase em autismo e adota como objetivos específicos caracterizar a educação especial assim como também ressaltar sobre os tipos de autismo assim como ressaltar sobre a importância da educação neste cenário. A metodologia adotada é a revisão de literatura. Como resultados, verifica-se que a educação especial desempenha um papel fundamental no apoio às crianças e jovens com autismo, garantindo que recebam o suporte necessário para alcançar seu máximo potencial de aprendizagem e desenvolvimento. Existem várias estratégias e abordagens educacionais que são especialmente eficazes para atender às necessidades específicas de alunos no espectro autista.

 

Palavras–Chave: Autismo. Educação Infantil. Educação Especial.

 

 

Introdução

 

Verifica-se que nas últimas décadas que as escolas e seus educadores têm se deparado com uma nova e desafiadora questão: a de incluir as pessoas com necessidades educacionais especiais nas salas de aulas da rede regular de ensino.

O estudo de diversas obras revelam que, historicamente, até o século XVI, não existia a preocupação da sociedade em oferecer atendimento às pessoas consideradas “diferentes” dos ditos “normais”.

Se adentrar-se a fundo na história anterior ao século XVI, certamente ficaria-se horrorizado com a tamanha injustiça feita com as pessoas que nasciam com algum tipo de deficiência ou diferença. Tais pessoas eram estupidamente queimadas em fogueiras em praça pública ou jogadas à própria sorte, pois se acreditava que era uma obra maligna.

Percebe-se que as famílias dos considerados “diferentes” bem como eles próprios consideram a escola uma barreira quase que intransponível se deparam com uma carga muito grande de dificuldades de aprendizagem e de preconceitos por parte dos próprios ditos “normais” e por parte até mesmo do corpo docente das escolas.

A família desempenha um papel fundamental no suporte emocional, no acesso a serviços e tratamentos adequados, e na criação de um ambiente inclusivo e acolhedor. Com maior conhecimento sobre o autismo, os familiares podem compreender melhor as necessidades e desafios enfrentados pela pessoa com autismo, buscando estratégias de adaptação e promovendo seu desenvolvimento e bem-estar. (SANTORINE, 2023, p.04).

O papel que o ambiente representa no desenvolvimento infantil varia muito, dependendo da idade da criança. À medida que esta se desenvolve, seu ambiente também muda e, consequentemente, a sua forma de relação com este meio se altera. Assim, para o recém-nascido, o mundo que se relaciona imediatamente com ele é um mundo limitado e ligado aos fenômenos conectados ao seu corpo e aos objetos que o rodeiam.

Neste sentido, este estudo adota como objetivo principal descrever sobre a educação especial com ênfase em autismo e adota como objetivos específicos caracterizar a educação especial assim como também ressaltar sobre os tipos de autismo assim como ressaltar sobre a importância da educação neste cenário.

A metodologia adotada é a revisão de literatura, uma etapa fundamental em qualquer pesquisa acadêmica, pois envolve a análise crítica e sistematizada de estudos, artigos, livros e outras fontes relevantes sobre um determinado tema. O objetivo da revisão de literatura é fornecer uma base sólida de conhecimento existente, identificar lacunas no campo de estudo, contextualizar a pesquisa dentro do panorama atual e fundamentar teoricamente as hipóteses ou questões de pesquisa.

 

 

1. A Educação Especial

 

A educação especial é um campo fundamental que visa garantir o acesso à educação de qualidade a todos os indivíduos, independentemente de suas necessidades específicas. Ela se dedica a atender e apoiar alunos com deficiências, transtornos de aprendizagem ou outras condições que exijam adaptações e suportes educacionais adicionais.

O principal objetivo da educação especial é promover a inclusão e a igualdade de oportunidades, garantindo que cada aluno possa desenvolver seu potencial máximo, respeitando suas diferenças e necessidades individuais. Isso envolve a criação de ambientes educacionais acessíveis, adaptados e acolhedores, onde cada estudante possa se sentir valorizado e apoiado em seu processo de aprendizagem.

Silva (2010, p.13) retrata que para contextualizar a história da educação especial no Brasil, é preciso primeiramente conhecer um pouco a respeito do tratamento destinado à pessoa com deficiência ao longo da história da humanidade, desde a Antiguidade até a Idade Contemporânea, e também compreender como ocorreu o surgimento e evolução da educação especial em todo o mundo.

Lustosa (2018, p.19) afirma que a Educação Especial, enquanto área do conhecimento humano, apresenta-se com um desenvolvimento histórico complexo, em função dos distintos determinantes sociais, culturais, econômicos e políticos os quais a atravessaram ao longo do tempo, dando origem a diferentes formas de lidar com seu público alvo, seja nas relações interpessoais, seja a partir das políticas públicas adotadas para atender às suas especificidades e um aspecto o qual se sobressai quando se analisa tal questão refere-se às possibilidades de escolarização que só se tornaram admissíveis na primeira metade do século XX, após um longo período marcado pela negligência, em que inexistiam ações voltadas para sua educação. Em distintas épocas, diversas foram as maneiras adotadas para educar tais indivíduos, em um primeiro momento, segregados em instituições filantrópicas, quando, então, predominava a visão médica e a deficiência era vista como doença incurável e, posteriormente, em escolas regulares, mas ainda marginalizados em salas especiais.

Enfatizando as políticas públicas, esta mesma autora afirma que na atualidade, tais políticas as quais norteiam a inclusão escolar apresentam inúmeros avanços, contudo não conseguem dar conta da multiplicidade de nuances que se apresentam nesse domínio e um dos pontos que constituem motor para considerações é a política de formação de professores que vem se concentrando na formação continuada, particularmente na especialização de professores os quais atuam no atendimento educacional especializado (AEE). (LUSTOSA, 2018, p.32).

Diniz (2017, p.25) esclarece, conforme MEC/SEESP (2008) a respeito do atendimento educacional especializado os seguintes itens:

 

  1. esse atendimento refere-se ao que é obrigatoriamente diverso da educação em escolas comuns e que é necessário para melhor atender às especificidades dos alunos com deficiência complementando a educação escolar devendo estar disponível em todo os níveis de ensino;

  2. é um direito de todos os alunos com deficiências que necessitarem de atendimento e precisa ser aceito por seus pais ou responsáveis e/ou pelo próprio aluno. A Constituição admite, ainda, que o atendimento educacional especializado pode ser oferecido fora da rede regular de ensino, já que é um complemento, e não um substitutivo do ensino ministrado na escola comum para todos os alunos;

  3. o atendimento educacional especializado na sua forma de complementação deve ser oferecido em horário contrário àqueles em que os alunos frequentam as escolas comuns, com outros objetivos, metas e procedimentos educacionais, que visam ao oferecimento de condições de acessibilidade comunicacional e ao conhecimento;

  4. as ações do atendimento educacional são definidas conforme o tipo de deficiência que se propõe a atender. Como exemplo, para os alunos com deficiência auditiva/surdez, o ensino é de Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), e de português, como segunda língua, ou para os alunos cegos, o ensino do sistema braille, da mobilidade e locomoção, ou o uso de recursos de informática e outros;

  5. os professores que atuam no atendimento educacional especializado além da formação básica exigida devem ter formação específica para atuar com a deficiência a que se propõem a atender. Assim, como no atendimento educacional especializado, os professores não substituem as funções do professor responsável pela sala de aula das escolas comuns que têm outros alunos com deficiências incluídos;

  6. o atendimento educacional especializado é um serviço oferecido, exclusivamente, aos alunos com quadros de deficiências e condutas típicas, sendo inadequado o encaminhamento a este atendimento de alunos com quadros de dificuldades de aprendizagens temporários e próprios do processo de aprendizagem de quaisquer alunos.

 

Galery (2017, p.41) ressalta ainda que, o MEC (Ministério da Educação) sugere, por exemplo, as seguintes práticas de AEE: para pessoas com surdez: ensino de Língua Brasileira de Sinais (Libras) e criação de estratégias didáticas de inclusão do surdo em sala de aula regular; para pessoas co deficiência física: treino em uso de tecnologias assistivas e do computador, adaptação de material pedagógico, criação de pranchas de comunicação e outros dispositivos de comunicação alternativa ou ampliada, treino em recursos corporais e adequação postural; para pessoas com deficiência intelectual: estratégias específicas de apoio ao letramento e de mediação da aprendizagem para privilegiar o desenvolvimento e a superação de seus limites intelectuais; e por fim, para pessoas cegas e com baixa visão: aprendizagem do alfabeto Braille, uso do soroban (ábaco japonês) para cálculos matemáticos, uso de livros didáticos adaptados e acessíveis e de leitores de tela.

Dentre as atividades de atendimento educacional especializado são disponibilizados programas de enriquecimento curricular, o ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização e tecnologia assistida. Ao longo de todo o processo de escolarização, este atendimento deve estar articulado com a proposta pedagógica do ensino comum. O atendimento educacional especializado é acompanhado por meio de instrumentos os quais possibilitem monitoramento e avaliação da oferta realizada nas escolas da rede pública e nos centros de atendimento educacionais especializados públicos ou conveniados (RAMOS; FARIA, 2011, p.78).

Ainda, conforme estes mesmos autores, do nascimento aos três anos, o atendimento educacional especializado se expressa por meio de serviços de estimulação precoce, que objetivam otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interfaces aos serviços de saúde e assistência social. Em todas as etapas e modalidades da educação básica, o atendimento educacional especializado é organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos, constituindo oferta obrigatória dos sistemas de ensino. Deve ser realizado no turno inverso ao da classe comum, na própria escola ou centro especializado que realiza esse serviço educacional (RAMOS; FARIA, 2011,p.79).

Para Batista (2006, p.20) o atendimento educacional não deve funcionar como uma análise interpretativa, própria das sessões psicanalíticas, e nem como uma interpretação psicopedagógica, tradicionalmente praticada. Tal atendimento deve permitir ao aluno elaborar suas questões, ideias, de maneira ativa e não corroborar para sua alienação diante de todo e qualquer saber. O atendimento educacional especializado não deve ser uma atividade que tenha como objetivo o ensino escolar especial adaptado para desenvolver conteúdos acadêmicos, tais como a Língua Portuguesa, a Matemática, dentre outros. Com relação a Língua Portuguesa e a Matemática, o atendimento educacional especializado buscará o conhecimento que permite ao aluno a leitura, a escrita e a quantificação, sem o compromisso de sistematizar essas noções como é o objetivo da escola. A escola, tanto especial quanto a escola comum, ao desenvolver o AEE deve oferecer todas as oportunidades possíveis para que nos espaços educacionais em que ele acontece, o aluno seja incentivado a se expressar, pesquisar, inventar hipóteses e reinventar o conhecimento livremente. Assim, ele pode trazer para os atendimentos os conteúdos advindos da sua própria experiência, segundo seus desejos, necessidades e capacidades. O exercício da atividade cognitiva ocorrerá a partir de tais conteúdos devendo ser oferecidas situações, envolvendo ações em que o próprio aluno teve participação ativa na sua execução e/ou façam parte da experiência de vida dele.

Os profissionais que atuam na área da educação especial desempenham um papel fundamental na identificação das necessidades dos alunos, no desenvolvimento de planos educacionais individualizados e na implementação de estratégias pedagógicas adequadas a cada caso. Eles trabalham em estreita colaboração com os demais profissionais da educação, os familiares e a comunidade para garantir uma abordagem holística e integrada em prol do aluno.

Além disso, a educação especial busca não apenas atender às necessidades educacionais dos alunos, mas também promover sua autonomia, autoestima e inclusão social. Ela reconhece a importância de valorizar as potencialidades de cada indivíduo, incentivando o desenvolvimento de suas habilidades e competências, independentemente de suas limitações.

Em um mundo cada vez mais diverso e complexo, a educação especial desempenha um papel crucial na construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e acolhedora. Ela nos lembra da importância de respeitar as diferenças, celebrar a diversidade e garantir que todos os indivíduos tenham acesso aos mesmos direitos e oportunidades. Através da educação especial, podemos construir um futuro mais igualitário e solidário para todos.

 

 

    1. Educação Especial e sua História: marcos importantes

 

A história da educação especial remonta a séculos atrás, mas foi somente a partir do século XIX que começou a se desenvolver de forma mais estruturada. Antes desse período, as pessoas com deficiência eram frequentemente excluídas da sociedade e privadas de acesso à educação formal, sendo muitas vezes marginalizadas ou institucionalizadas.

Foi somente com o surgimento de movimentos sociais e filosóficos que defendiam a igualdade de direitos e oportunidades para todos os indivíduos que a educação especial começou a ganhar mais atenção e reconhecimento. Um marco importante nesse sentido foi a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, na França, em 1789, que proclamava a igualdade de direitos para todos os cidadãos, independentemente de suas condições físicas ou mentais.

No século XIX, com o avanço da medicina e da psicologia, surgiram os primeiros estudos sobre as deficiências e transtornos que afetavam o desenvolvimento humano. Foi nesse contexto que surgiram as primeiras escolas especializadas para atender crianças com deficiências sensoriais, intelectuais ou físicas, buscando oferecer uma educação adaptada às suas necessidades específicas.

Ao longo do tempo, a educação especial foi se desenvolvendo e se transformando, incorporando novas abordagens pedagógicas, tecnologias assistivas e políticas inclusivas. Atualmente, a educação especial é reconhecida como um campo essencial para garantir o direito à educação de qualidade para todos os indivíduos, promovendo a inclusão, a diversidade e o respeito pela singularidade de cada aluno.

Conforme Lustosa (2018, p.37) reconhece-se que a inclusão almejada ainda não plenamente alcançada, pois embora legislações nacional e internacional que a amparam sejam das mais atuais em termos de garantia de direitos, a inclusão não se faz integral somente com leis, entretanto, sobretudo, com uma sociedade a qual se transforme para ressignificar e valorizar a diferença, em sua natureza complexa e plural. Há que se cultivar com efetiva vontade novas crenças e valores os quais simbolizem fundamentalmente o respeito, igualdade e a liberdade de cada se

Apesar dos desafios e das barreiras ainda existentes, a história da educação especial nos mostra o progresso alcançado na luta por uma sociedade mais justa e inclusiva. Ela nos lembra da importância de valorizar e respeitar as diferenças, celebrando a diversidade como uma fonte de enriquecimento e aprendizado mútuo.

 

 

    1. Os princípios da Educação Especial

 

Os princípios da educação especial são fundamentais para nortear as práticas educacionais voltadas para a inclusão e o atendimento de alunos com necessidades especiais. Esses princípios refletem valores essenciais que orientam o trabalho dos profissionais da área e a organização dos sistemas educacionais. Alguns dos princípios mais importantes da educação especial incluem: Princípio da igualdade de oportunidades (a educação especial parte do pressuposto de que todos os alunos têm o direito de acesso à educação de qualidade, independentemente de suas necessidades específicas. Esse princípio busca garantir que cada aluno possa desenvolver seu potencial máximo, recebendo os suportes necessários para superar suas dificuldades e desafios); Princípio da equidade (a equidade na educação especial refere-se à garantia de que cada aluno receba os recursos e apoios necessários para se beneficiar plenamente do processo educacional, levando em consideração suas particularidades e diferenças individuais. Isso envolve a implementação de medidas e adaptações que promovam a igualdade de oportunidades para todos; Princípio da individualização (a individualização do atendimento educacional é um dos pilares da educação especial, pois reconhece a singularidade de cada aluno e a importância de desenvolver planos educacionais personalizados, que atendam às suas necessidades específicas. Isso envolve a elaboração de estratégias pedagógicas adaptadas, considerando as habilidades, interesses e potencialidades de cada estudante); Princípio da colaboração (a colaboração entre profissionais da educação, familiares, alunos e demais membros da comunidade é essencial na promoção do sucesso educativo dos alunos com necessidades especiais. A integração de esforços e conhecimentos de diferentes áreas contribui para o desenvolvimento de práticas mais eficazes e inclusivas, favorecendo o crescimento e aprendizado dos estudantes); e por fim, o Princípio da valorização das diferenças (a valorização das diferenças é um princípio central na educação especial, que reconhece a diversidade como uma fonte de enriquecimento e aprendizado mútuo. Esse princípio destaca a importância de respeitar e celebrar as singularidades de cada aluno, promovendo ambientes educacionais inclusivos, acolhedores e livres de preconceitos).

Esses princípios orientadores são essenciais para garantir uma educação especial de qualidade, que promova a inclusão, o respeito à diversidade e o desenvolvimento integral de todos os alunos, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

2. O Autismo

 

O autismo, também conhecido como Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma condição neurobiológica que afeta a forma como uma pessoa interage, se comunica e percebe o mundo ao seu redor. É importante ressaltar que o autismo é um espectro, o que significa que seus sintomas e características podem variar amplamente de uma pessoa para outra.

Segundo Santorine (2023, p.09) o autismo, conhecido também como Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica complexa a qual afeta o desenvolvimento e o funcionamento social, comunicativo e comportamental de uma pessoa. É considerado um espectro pois os sintomas e características do autismo variam amplamente de uma pessoa para outra, podendo ocorrer em distintos graus de intensidade.

Alguns dos principais aspectos do autismo incluem: Dificuldades na comunicação (pessoas com autismo podem apresentar dificuldades na comunicação verbal e não verbal. Alguns indivíduos podem ter atrasos na fala, dificuldade em iniciar ou manter conversas, padrões de fala repetitivos ou limitados, entre outras características); Padrões de comportamento repetitivos (comportamentos repetitivos e estereotipados são comuns em pessoas com autismo. Isso pode incluir movimentos repetitivos do corpo tal como balançar as mãos, adesão a rotinas rígidas e resistência a mudanças no ambiente); Interesses restritos (diversas pessoas com autismo têm interesses específicos e restritos, focando intensamente em determinados temas ou atividades. Esses interesses podem ser profundos e especializados); Sensibilidades sensoriais (indivíduos com autismo frequentemente apresentam sensibilidades sensoriais, ou seja, são mais sensíveis a estímulos sensoriais como luzes brilhantes, sons altos, texturas específicas ou cheiros fortes); Dificuldades na interação social (pessoas com autismo podem ter dificuldades em compreender e responder aos sinais sociais, como contato visual, expressões faciais e gestos. Isso pode afetar suas habilidades de interação social e de formação de vínculos); entre outros.

Conforme Castro (2023, p.38) são critérios para caracterização do TEA: Déficits persistentes na comunicação e na interação social em diversos contextos (tais como limitação na reciprocidade emocional e social, com dificuldade para compartilhar interesses e estabelecer uma conversa; limitação nos comportamentos de comunicação não verbal utilizados para interação social, variando entre comunicação verbal e não verbal pouco integrada e com dificuldade no uso de gestos e expressões faciais; limitações em inicia, manter e compreender relacionamentos, com variações na dificuldade de adaptação do comportamento para se ajustar às situações sociais, compartilhar brincadeiras imaginárias e ausência de interesse por pares); Padrões repetitivos e restritos de comportamento, atividades ou interesses, conforme manifestado pelo menos dois dos seguintes itens, ou por histórico prévio (movimentos motores, uso de objetos ou fala repetitiva e estereotipada; insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a padrões e rotinas ritualizadas de comportamentos verbais ou não verbais; interesses altamente restritos ou fixos em intensidade ou foco muito maiores do que os esperados; hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesses incomuns por aspectos sensoriais do ambiente; Níveis de gravidade ou necessidade de suporte do TEA, segundo os critérios diagnósticos do DSM-5: Nível 1 (outra conhecida como leve, apresenta relativo bom funcionamento, com apoio apresentando prejuízo na ausência de apoio, déficits na comunicação e na interação social, assim como padrões comportamentais os quais podem causar prejuízos notáveis. As pessoas que se encontram no espectro do autismo nível 1 não apresentam atrasos cognitivos/ intelectuais e de aquisição de fala significativos e o coeficiente intelectual está preservado); Nível 2 (outro conhecido como moderado necessita de suporte substancial, significa que mesmo que tenha suporte poderá apresentar dificuldades na socialização, na comunicação e em seus comportamentos. Pode haver transtorno do desenvolvimento intelectual); Nível 3 (outro conhecido como severo que necessita de suporte muito substancial, prejuízos graves de funcionalidade, ainda que haja nível de suporte apresentando déficits graves nas habilidades de comunicação social verbal e não verbal. O comportamento interfere nas funções executivas; dificuldade extrema em lidar com mudanças; grande aflição em mudar em foco ou ação. As pessoas que se encontram no espectro do autismo nível 3 ou severo estão associadas, geralmente, a deficiência intelectual, comorbidades (outras condições ou transtornos associados) e incapacidades nas habilidades/atividades da vida diária).

Afirma Santorine (2023, p.4) que a relevância de dar mais atenção às pessoas afetadas pelo autismo é fundamentada em diversas razões as quais visam promover uma sociedade mais inclusiva e acolhedora. O autismo é um transtorno neurológico o qual afeta a comunicação, a interação social e o comportamento das pessoas, e embora seja mais comum do que se pensava, diversas vezes é mal compreendido ou estigmatizado pela falta de informação. Uma das principais razões para dar mais atenção ao autismo é promover um maior esclarecimento social a respeito do tema. O desconhecimento sobre o autismo pode levar a preconceitos, discriminação e exclusão das pessoas afetadas. Ao fornecer informações precisas e educar a sociedade sobre o que é o autismo, suas características e desafios, pode-se combater estereótipos e promover a aceitação e inclusão de tais pessoas em diferentes aspectos da vida, como na escola, no trabalho e na comunidade.

Para os autores Rodrigues e Spencer (2015, p.08) a questão sobre o tema do Autismo permeia o discurso da Educação Especial Inclusiva, quando se propõe a valorização do ser humano portador de deficiência. Tal discurso é gerado à luz de princípios universais, ancorados nos direitos humanos difundidos na Declaração dos Direitos do Homem e na Convenção sobre Direitos da Criança.

 

 

2.1 Formas de Autismo

 

Dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA), existem diversas formas de autismo que abrangem uma ampla gama de características e níveis de funcionamento. É importante destacar que o autismo é um espectro, o que significa que as manifestações e intensidades dos sintomas podem variar significativamente de uma pessoa para outra. Algumas das formas de autismo mais conhecidas incluem o Transtorno Autista, conhecido como autismo clássico, é caracterizado por dificuldades significativas na comunicação, interação social e comportamentos repetitivos. Pode haver atrasos no desenvolvimento da linguagem e prejuízos na capacidade de se relacionar com os outros.

O Transtorno do Espectro do Autismo, nomenclatura mais atual para o transtorno, pode ser considerado um transtorno do desenvolvimento, caracterizado por deficiências na comunicação e relações sociais sendo um distúrbio bastante complexo o qual envolve atrasos e problemas em uma série de habilidades emocionais, cognitivas, motoras e sensoriais. Os comportamentos específicos os quais podem advir do diagnóstico não são específicos do autismo e, em vez disto, vêm de um problema fundamental de relacionamento, comunicação e pensamento. Tais comportamentos podem ser fiação corporal, perseverar em uma palavra específica sem significado aparente, alinhar brinquedos ou outros comportamentos. (MASON, 2022, p.12).

Tem-se também a Síndrome de Asperger e pessoas com esta síndrome apresentam dificuldades na interação social e padrões restritos de comportamento, porém costumam ter um desenvolvimento da linguagem dentro do esperado e inteligência média ou acima da média. É comum observar interesses intensos em áreas específicas.

Marques (2023) ressalta que se está aprendendo cada vez mais sobre o autismo o tempo todo, mas se está apenas começando a arranhar a superfície da Síndrome de Asperger. Asperger ainda é uma consideração muito muito nova paa os pais e diversos médicos prescritores. á muito a explorar nesta ampla curva de aprendizado: diferenças sociais, saúde mental, sensibilidades sensoriais e estratégias de enfrentamento as quais serão de valor ao longo da vida. Os pais podem ficar sobrecarregados com informações clínicas as quais reforçam os déficits percebidos de seus filhos, ou seja, as coisas ~que não se espera que eles sejam capazes de fazer na vida. Outras áreas as quais podem gerar confusão incluem opções relacionadas à aprendizagem e colocação educacional, treinamento e programação, além de terapias e técnicas.

O Transtorno Desintegrativo da Infância também é uma forma de autismo e neste tipo de autismo, a criança apresenta um desenvolvimento aparentemente normal nos primeiros anos de vida, mas depois regredir em várias áreas, como linguagem, habilidades sociais e comportamentos.

Sobre este transtorno Manuel (2024, p.51) afirma que é um transtorno invasivo do desenvolvimento definido por um período de desenvolvimento totalmente normal, antes do início do transtorno, seguido por uma perda definitiva de habilidades previamente adquiridas em diversos domínios do desenvolvimento dentro de alguns meses e isso geralmente é acompanhado por uma perda generalizada de interesse no ambiente, maneirismos motores estereotipados repetitivos e interação social e comunicação prejudicadas, semelhantes ao comprometimento autista. Em alguns casos, pode-se demonstrar que o distúrbio se deve a alguma encefalopatia associada, mas o diagnóstico deve ser feito com base nos sintomas comportamentais e seu diagnóstico apresenta, em sequência, demência infantil, psicopatia desintegrativa, psicose simbiótica e síndrome de Heller.

Já no Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação, esta categoria engloba casos em que os sintomas do autismo estão presentes, mas não se encaixam claramente em nenhuma das formas específicas mencionadas anteriormente.

É importante lembrar que cada pessoa com autismo é única e pode apresentar uma combinação única de características e desafios. O diagnóstico preciso e individualizado é fundamental para garantir que a pessoa receba o suporte adequado às suas necessidades específicas.

 

 

2.2 A importância do diagnóstico precoce

 

O diagnóstico precoce do autismo é fundamental para que a criança possa receber intervenções e suportes adequados o mais cedo possível, maximizando seu desenvolvimento e qualidade de vida. Alguns sinais de alerta podem ser observados em bebês e crianças pequenas, indicando a necessidade de uma avaliação mais detalhada por parte de profissionais especializados.

Alguns dos sinais precoces de autismo incluem: Ausência de contato visual (bebês tipicamente buscam o contato visual com seus cuidadores para estabelecer conexão e comunicação. A falta desse contato pode ser um sinal de alerta); Atrasos na linguagem (dificuldade em balbuciar, responder a sons, palavras ou gestos simples dentro do esperado para a idade); Comportamentos repetitivos (movimentos repetitivos do corpo, como balançar as mãos, bater cabeça, alinhar objetos de forma obsessiva); Interesses restritos (foco intenso e limitado em determinados objetos ou atividades específicas, com pouca flexibilidade para se engajar em brincadeiras variadas); Dificuldades na interação social (falta de reciprocidade social, dificuldade em estabelecer conexões emocionais com os outros, ausência de sorrisos sociais); entre outros.

É importante ressaltar que a presença de um ou mais desses sinais não significa necessariamente que a criança tenha autismo, mas pode indicar a necessidade de uma avaliação mais aprofundada por profissionais qualificados, como psicólogos, pediatras ou neuropediatras.

Quanto antes o autismo for identificado e diagnosticado, mais cedo intervenções especializadas podem ser iniciadas, contribuindo para o desenvolvimento global da criança e para a melhoria de sua qualidade de vida a longo prazo.

Embora o autismo apresente desafios, Santorine (2023, p.09) afirma que diversas pessoas autistas podem levar uma vida bem próxima do normal, com apoio adequado e oportunidades inclusivas. Embora algumas atividades ou interações sociais possam ser mais desafiadoras, é relevanteconhecer e valorizar as habilidades e talentos únicos que cada pessoa autista possui.

Para Castro (2023, p.10) o diagnóstico precoce do autismo é um desafio e certamente há uma parcela de crianças as quais apresentam os sintomas sugestivos de TEA quando bebês, demonstrando menor contato visual, choro, irritabilidade, padrões ritualísticos, alterações sensoriais, alteração de sono, dificuldades motoras, menor interesse em pessoas, menor sonorização, entre outros, entretanto é fundamental ter em mente que há um outro grupo, em que o bebê apresenta um desenvolvimento relativamente satisfatório. Os sinais de autismo estão presentes, mas são tão sutis os quais acabam sendo minimizados pelos pais, sobretudo os de primeira viagem, diante do desconhecido ou da negação. A presença do autismo diversas vezes se torna inegável por volta dos 12 a 18 meses, devido à perda de habilidades já adquiridas, que escancaram os atrasos e isso ocorre com um terço dos pacientes TEA.

É importante ressaltar que o autismo é uma condição complexa e multifacetada, que pode se manifestar de maneiras diferentes em cada pessoa. O diagnóstico precoce e intervenções adequadas são fundamentais para apoiar o desenvolvimento e o bem-estar das pessoas com autismo.

Neste sentido, conforme afirma Castro (2023 p.21) a evolução do paciente depende do diagnóstico precoce e intervenção adequada. O diagnóstico do TEA pode ser realizado com segurança a partir dos 14 meses de idade, entretanto, reforça-se que não existe idade mínima para realizar o diagnóstico e muito menos para iniciar as intervenções. Sabe-se que a abordagem precoce interfere diretamente no bom prognóstico do autista e para que isto ocorre é preciso que o diagnóstico seja claro tanto para os pais assim como também para os profissionais envolvidos.

 

 

  1. A EDUCAÇÃO E A SUA RELEVÂNCIA

Pode-se verificar que a ideia que se tem de educação está muitas vezes ligada erroneamente, somente a instituição “escola”, a educação sempre estará comprometida com a economia e a política em que estará inserida. A educação engloba os vários processos de ensinar e aprender. Podemos observar a educação em toda a sociedade e nos grupos constitutivos.

Observa-se que a educação nos dá ênfase em três princípios distintos e básicos: a natureza, o homem, e as coisas.

A figura da educação não pode ser somente ligada a uma atividade, pois a educação compreende a construção de um saber, que geralmente pode ultrapassar o sentido escolar e se torna uma construção permanente na vida do ser humano, também ensinada pelos pais (BARRETO, 2000. p. 28).

Uma educação capaz de estimular a reflexão, a criatividade, a crítica e troca de experiências, só será possível mediante uma concepção de educação que valorize o homem e o seu fazer localizado no tempo e espaço. De acordo com esta perspectiva a educação deve ser libertadora, pois o homem ser de buscas, dialoga com o semelhante, e através, da linguagem troca ideias e transforma o mundo, embora encontre obstáculos que precisa vencer.

Neste sentido, cabe a escola reconhecê-las como seres atuantes na sociedade, e no caso da educação infantil, deve lhe oferecer oportunidades de manusear, observar, identificar, enumerar, classificar objetos e situações do mundo, se tornando um recurso precioso, completando a ação desenvolvida pela família para um desenvolvimento seguro e sadio da criança (CRAID; KAERCHER, 2001. p. 12).

Ao situar o conceito de infância no tempo, percebemos que houve diferente ponto de vistas sobre sua definição, já foi considerada uma fase do desenvolvimento humano, em que este se encontrava destituído de pensamento, moral, identidade própria e cuidados especiais. Séculos atrás, as crianças eram mal vistas até pelas mães, tanto por motivos culturais, como também pelo alto índice de mortalidade infantil, talvez as mortes prematuras por falta de cuidado com as crianças contribuíssem para o desafeto das mães.

 

 

4. A EDUCAÇÃO INFANTIL EM DESTAQUE PARA O AUTISTA

 

A Educação Infantil privilegia a construção do caráter, a formação pessoal, a capacidade de enfrentamento das mais diversas situações, o respeito às diferenças, enfim a formação global da criança para que ela se prepare par ser um adulto consciente dos seus direitos e deveres.

Uma criança, quando chega à fase da escola, quer ser amada, acolhida, aceita e ouvida. Quando ela se satisfaz em todas as suas expectativas ou na maioria delas, desperta para uma vida de curiosidade e de aprendizado, entretanto, cabe ao professor organizar esse espaço de busca e interesse das crianças.

Entretanto, é necessário ter sensibilidade e percepção acerca do mundo infantil e suas singularidades. É fundamental observar que toda crianla passa por fases de desenvolvimento onde cada uma delas é relevante para a sua formação geral.

A infância hoje, já não se define apenas por sua condição biológica, mas como uma fase do desenvolvimento humano que envolve aspectos ideológicos e culturais. Inicialmente, á incorporação das teorias sobre o desenvolvimento infantil, assumiram um caráter higienista, que orientava para práticas sanitárias, principalmente quando envolviam as crianças de baixa renda (FARIA, 1995. p. 34).

Com o fim da 2ª guerra mundial, outros estudos psicológicos e de psicanálise passam a nortear os trabalhos educativos para a infância, na perspectiva interacionista, que considera a constituição social do sujeito dentro de uma cultura concreta, onde tanto os fatores internos quanto externos influenciam no seu desenvolvimento. Estas perspectivas sócias históricas propõem mudanças na prática pedagógica, que deve ser pautada na coletividade e constante diálogo.

A educação infantil desempenha um papel fundamental no desenvolvimento e na aprendizagem de crianças com autismo. Por meio de práticas pedagógicas adequadas e de um ambiente acolhedor e estimulante, a educação infantil pode proporcionar inúmeros benefícios para crianças autistas, auxiliando em seu desenvolvimento global e na construção de habilidades sociais, comunicativas e cognitivas.

Alguns dos aspectos mais importantes da educação infantil para crianças com autismo incluem: Estimulação precoce (a intervenção educacional na primeira infância é essencial para crianças com autismo, pois quanto mais cedo forem identificadas as necessidades e potencialidades da criança, maiores são as chances de intervenções eficazes. A educação infantil oferece oportunidades para estimular o desenvolvimento da linguagem, das habilidades motoras, sociais e cognitivas desde os primeiros anos de vida); Desenvolvimento de habilidades sociais e também comunicativas (a educação infantil proporciona um ambiente rico em interações sociais e oportunidades de comunicação, essenciais para o desenvolvimento de crianças com autismo. Por meio de atividades lúdicas, brincadeiras em grupo e estratégias pedagógicas específicas, as crianças podem aprender a se relacionar, a compartilhar experiências e a expressar suas emoções e pensamentos); Adaptações curriculares e estratégias individualizadas (na educação infantil para crianças com autismo, é fundamental a implementação de adaptações curriculares e estratégias pedagógicas individualizadas, que atendam às necessidades específicas de cada criança. Isso envolve a elaboração de planos educacionais personalizados, o uso de recursos visuais, a organização do ambiente escolar e a promoção de rotinas estruturadas e previsíveis); Inclusão e aceitação (a educação infantil é um espaço privilegiado para promover a inclusão e a aceitação da diversidade, contribuindo para o desenvolvimento de uma cultura escolar inclusiva e acolhedora. Por meio do convívio com seus pares, as crianças com autismo têm a oportunidade de serem aceitas e respeitadas em sua singularidade, favorecendo o fortalecimento da autoestima e da autonomia); entre outros.

 

 

4.1 Princípios que norteiam a Educação Infantil

 

A criança é um ser que se constrói, constrói sua cidadania e, neste processo, precisa ser criança, precisa ter tempo para brincar, tempo para poder ser criança.

A concepção de criança como cidadã, como sujeito histórico, criador de cultura, devendo sua educação ter o mesmo grau de qualidade que se exige para as demais etapas da educação.

A partir disso é necessário citar os princípios básicos que norteiam a educação infantil: Desenvolvimento da Criança (a ação na educação infantil envolve, intrinsecamente, cuidado e educação. Assim, alimentação, higiene e sono também envolvem aprendizagens, construção de significados e novos conhecimentos. A criança deve ser entendida como um ser social, que precisa se desenvolver de uma forma integral corpo e mente, cognitivo e afetivo, através de relações com os outros, atividades pedagógicas, proteção e afeto. Os vínculos afetivos fazemparte do desenvolvimento do ser humano e a busca de uma relação de confiança e segurança, entre adultos e crianças, passa pela construção de vínculos que se estabelecem na interação e na permanência do educador junto ao grupo); Relações Escola e Família (busca-se oportunizar momentos de trocas entre família e escola, criando espaços favoráveis ao diálogo, através de entrevistas com cada família no momento de ingresso; reuniões semestrais para apresentação da caminhada percorrida no período; entrevistas individuais para troca de informações e esclarecimento de dúvidas; atividades integradoras, como eventos festivos tais como Dia das Mães, aniversário da Creche, dia dos Pais, festa junina, mês da Criança, Natal; exposições de trabalhos infantis; passeios; palestras com professores convidados; participação em projetos de pesquisa desenvolvidos na instituição, além do convício diário, quando as famílias também podem buscar orientações ou informações junto ao professores ou técnicos dos setores. Escola e família precisam caminhar juntas, articuladas, seguindo uma direção comum para enfrentar o grande desafio: educar); Relações entre Crianças (enfatiza-se as interações entre as crianças e seus parceiros, pois elas permitem à criança desenvolver formas mais complexas de agir, de conhecer e simbolizar o mundo, de se relacionar com as pessoas e de perceber as suas próprias necessidades. A formação real do sujeito exige convivência coletiva e a experiência de trocas e discussões em comum. Cooperar é trocar e construir novos saberes junto com os outros, permitindo o exercício da descentração e da reciprocidade, coordenando pontos de vista, levando à colaboração entre pares de iguais e chegando a soluções em comum e a um novo entendimento. Portanto, o ato educativo deve se direcionar para a formação de grupos fortalecidos em relações de companheirismo, num projeto comprometido com a construção e reinvenção do conhecimento); Papel do Educador e Relações Criança-Adulto (o processo de construção do conhecimento ocorre na medida em que o educador busca favorecer o desenvolvimento da criança, incentivando sua atividade frente a problemas que fazem parte de seus interesses e necessidades, promovendo situações que incentivem a curiosidade, possibilitando a troca de informações entre os alunos e permitindo o aprendizado das fontes de acesso que levam ao conhecimento. Por isso, cabe ao educador planejar, organizar, apresentar situações desafiadoras e que levem a criança a pensar, levantar hipóteses, refletir e procurar respostas. É através de interação com a criança que o educador vai descobrir em que momentos a sua intervenção será realmente fundamental no processo de construção do conhecimento. À medida que, na sua ação, o educador vai decidindo, executando, registrando, revendo, sistematizando, também vai sendo realizada a avaliação do seu fazer pedagógico e da aprendizagem e do desenvolvimento das crianças. É fundamental que o educador, como um adulto diante da criança, possa estabelecer uma relação de afeto, confiança, respeito mútuo e cooperação, que será a base do trabalho a ser desenvolvido”. (DELVAL, 1998. p. 45).

 

 

Considerações finais

 

A educação especial desempenha um papel fundamental no apoio às crianças e jovens com autismo, garantindo que recebam ações suporte necessário para alcançar seu máximo potencial de aprendizagem e desenvolvimento. Existem várias estratégias e abordagens educacionais que são especialmente eficazes para atender às necessidades específicas de alunos no espectro autista.

Algumas informações importantes sobre a educação especial e o autismo são: Individualização (cada criança com autismo é única, com diferentes habilidades, interesses e desafios. Portanto, é essencial que o plano educacional seja individualizado, levando em consideração as necessidades específicas de cada aluno); Comunicação Alternativa (para alunos com dificuldades na comunicação verbal, é importante oferecer estratégias de comunicação alternativas, como sistemas de comunicação aumentativa e alternativa (CAA), que podem incluir uso de imagens, símbolos ou tecnologia assistiva); Rotinas Estruturadas (crianças no espectro autista geralmente se beneficiam de rotinas previsíveis e estruturadas. Estabelecer uma rotina clara e consistente pode ajudar a reduzir a ansiedade e promover a segurança emocional); Intervenções Específicas (existem abordagens educacionais baseadas em evidências que são especialmente eficazes para alunos com autismo, como Análise do Comportamento Aplicada (ABA), Intervenção Precoce Intensiva (Early Intensive Behavioral Intervention - EIBI) e o Sistema de Comunicação PECS (Picture Exchange Communication System); Inclusão Social: (promover a inclusão social dos alunos com autismo é essencial para seu desenvolvimento global. Incentivar a interação com os colegas, ensinar habilidades sociais e criar um ambiente acolhedor e respeitoso são aspectos importantes da educação especial para alunos no espectro autista); Formação de Professores fundamental que os profissionais da educação especial recebam formação adequada sobre o autismo e suas características, para que possam oferecer suporte eficaz aos alunos, adaptando as práticas pedagógicas conforme necessário); entre muitos outros.

A parceria entre escola, família e profissionais da saúde é essencial para garantir uma educação de qualidade e inclusiva para crianças e também jovens com autismo.

 

 

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