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Reflexões sobre a dislexia no ambiente escolar

Neuzeli Rodrigues dos Santos1

 

DOI: 10.5281/zenodo.12999843

 

 

RESUMO

A alfabetização é essencial na vida de uma pessoa; indo muito além de codificar e decodificar palavras, ela faz parte de toda uma prática social de uma sociedade. Sabemos que uma das etapas mais importante na vida escolar de uma criança é a alfabetização, pois aprender a ler e escrever é um dos objetivos, mais esperados pela família e pelos próprios educandos. Algumas crianças passam por essa fase de alfabetização sem nenhuma dificuldade, porém outras não conseguem se apropriar desse tipo de linguagem. O presente trabalho trata da dislexia no âmbito escolar cujo objetivo refletir sobre a dislexia no ambiente escolar, no qual busca conhecer esse transtorno, bem como abordar o processo de alfabetização das crianças que tem transtorno de aprendizagem. Refletir sobre a dislexia é buscar um meio de sanar esse déficit na sala de aula, buscando alternativas de trabalhar o ensino aprendizagem com o aluno que possui esse tipo de transtorno. Como caminho metodológico utilizou-se de pesquisas bibliográficas referente ao tema por meio de artigos, monografias da internet que dão embasamento teórico a discussão proposta, a fim de colher informações de autores que já abordaram o assunto. Como objetivo central procurou compreender a dislexia no ambiente escolar, uma vez que esse tipo de transtorno acaba por afetar a linguagem oral, a leitura e a escrita da criança. Tendo como objetivos específicos os seguintes: apresentar uma breve reflexão sobre a dislexia abordando o conceito e também o que ela afeta nas crianças; bem como o processo de alfabetização dos estudantes com esse transtorno, pois ler e escrever com competência e compreensão é a chave para o acesso a inúmeras habilidades e conhecimentos fundamentais.

 

PALAVRAS-CHAVE: Dislexia. Ambiente escolar. Alfabetização.

 

 

1 INTRODUÇÃO

 

O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre a dislexia no ambiente escolar, no qual busca conhecer esse transtorno, bem como abordar o processo de alfabetização das crianças que tem transtorno de aprendizagem.

Refletir sobre a dislexia é buscar um meio de sanar esse déficit na sala de aula, buscando alternativas de trabalhar o ensino aprendizagem com o aluno que possui esse tipo de transtorno.

A escolha do tema se deu pelo fato de estar em contato direto com a educação e por perceber que a dislexia pode ser sanada por meio atividades que auxiliam a aprendizagem dos alunos disléxicos mediadas pelo professor.

Como caminho metodológico utilizou-se de pesquisas bibliográficas referente ao tema por meio de artigos, monografias da internet que dão embasamento teórico a discussão proposta, a fim de colher informações de autores que já abordaram o assunto.

Diante de uma primeira análise sobre a dislexia, orientou-se a pesquisa no sentido de compreender o conceito desse transtorno, procurando diagnosticar como o educador pode auxiliar no processo de aprendizagem das crianças com perturbação da aprendizagem. Como objetivo central procurou compreender a dislexia no ambiente escolar, uma vez que esse tipo de transtorno acaba por afetar a linguagem oral, a leitura e a escrita da criança. Tendo como objetivos específicos os seguintes: apresentar uma breve reflexão sobre a dislexia abordando o conceito e também o que ela afeta nas crianças; bem como o processo de alfabetização dos estudantes com esse transtorno.

No desenvolvimento foi possível discutir sobre as estruturas da dislexia a partir do mecanismo do neurodesenvolvimento, assim como debateu sobre a importância da alfabetização, contextualizando processos que incentivam no desenvolvimento do aprendizado da criança disléxica, finalizando com a conclusão do trabalho.

 

 

2 DESENVOLVIMENTO

 

2.1 Conhecendo a dislexia

 

A dislexia é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta habilidades básicas de leitura e linguagem. Segundo (ABD, 2016 online) citado por Silva (2021) a dislexia é definida como uma dificuldade ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração, sendo o distúrbio de maior incidência nas salas de aula.

Para o manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM 5) a dislexia é um termo alternativo usado em referência a um padrão de dificuldades de aprendizagem caracterizado por problemas no reconhecimento preciso ou fluente de palavras, problemas de decodificação e dificuldades de ortografia. (DSM 5, 2014, p. 67 apud Silva, 2021, 13).

Segundo Tavares & Lima (2020) a dislexia pode ser definida como uma perturbação constitucional primária, geneticamente transmitida, havendo dificuldade de a criança adquirir a capacidade normal de leitura, pelos métodos normais de ensino. Geralmente o nível mental dos disléxicos é normal, mas a maioria deles apresenta lentidão anormal no desenvolvimento da fala. O distúrbio deve-se a uma desorientação têmporo-espacial, e os disléxicos têm dificuldade em ler letras com semelhança visual, como d e b; p e q, por exemplo.

Sobre a dislexia Gomes (2010) aborda:

 

Distúrbio ou dificuldade de aprendizagem é um termo que se refere a um grupo heterogêneo de desordem que se manifesta por dificuldades significativas na aquisição e na utilização da compreensão auditiva da fala, da leitura, de escrita e do raciocínio matemático. Tais desordens consideradas intrínsecas ao indivíduo podem ser devidas a uma disfunção do sistema nervoso central e podem perdurar durante toda a vida. (GOMES, 2010, p. 140 apud BARBOSA, 2014, p. 13).

 

A dislexia é considerada um transtorno específico da aprendizagem porque seus sintomas geralmente afetam o desempenho acadêmico de estudantes, sem que haja outra alteração (neurológica, sensorial ou motora) que justifique as dificuldades observadas. A dislexia é um transtorno que aparece claramente na escola durante a alfabetização. É hereditária e congênita, sem causas culturais, intelectuais e emocionais. (KAPPES et at 2012, PIMENTA, 2012, p.1 apud CARREIRA, 2016, p.14).

Há diferentes graus de dislexia, descritos como leve, moderado e severo. O grau de dislexia baseia-se, em geral, na severidade das dificuldades apresentadas pelo indivíduo. É na infância que essa dificuldade desponta e ela está relacionada a um distúrbio no reconhecimento e orientação das letras e de sua sequência ou significação nas palavras. Entretanto, a percepção visual e a orientação espacial dos sujeitos disléxicos permanecem intactas (ORTON, 1925 apud BARBOSA, 2014, p.12).

Algumas crianças, ao chegaram ao processo de aquisição da linguagem escrita de forma sistemática, apresentam algumas dificuldades, dificuldades essas que as impedem de chegar à fase da escrita condizente com a norma culta. Esta dificuldade muitas vezes, está ligada a diversos fatores, desde emocionais, até disfunções de escrita. Carreira (2016) comenta:

 

A dislexia não é considerada uma doença e seus sintomas podem ser identificados já na educação infantil. Disléxicos apresentam um funcionamento peculiar do cérebro para os processamentos linguísticos relativos à leitura, não estando relacionados a distúrbios visuais e auditivos, ou ainda a problemas psicológicos ou socioculturais. A dificuldade central apresentada pelo do disléxico está em associar o símbolo gráfico às letras, e estas ao som que representam, e também de e organizá-las mentalmente numa sequência temporal. (CARREIRA, 2021, p.14).

 

Analisando os aspectos de disfunção da escrita tem-se a dislexia, uma das geradoras dessa dificuldade de aquisição da escrita convencional. Para tanto, é necessário que o professor, não somente das séries iniciais, mas de todas as demais séries do Ensino Fundamental, tenha conhecimento do que vem a ser dislexia, evitando assim “erros” quanto ao ensino da linguagem escrita de seus alunos. A dislexia acaba por exigir um jeito diferente de aprender, individualizado, partindo da ideia de que toda criança tem uma forma de ser e de aprender. (SILVA, 2021, p. 14).

Vale ressaltar que a dislexia não é causada por escolaridade deficitária, estrutura familiar fragilizada, recusa em aprender ou rebaixamento cognitivo. Portanto, o processo de aprendizagem de leitura do disléxico é extremamente lento. Quando o indivíduo começar a ler, irá construir ao longo do tempo um estoque de palavras que serão adequadamente armazenadas em seu cérebro. De acordo com Domiense (2011):

 

A priori percebemos que as crianças com dislexia apresentam seu potencial e que é útil ao educador conhecer mais e melhor seus caracteres e também do sistema e unidades cerebrais para oferecer e desenvolver um trabalho de qualidade, respeitando suas limitações e seu tempo e ritmo de aprendizagem. (DOMIENSE, 2011, p. 23).

 

Segundo Domiense (2011) um indivíduo disléxico pode ser, e em geral é, normal em tudo, menos no aprendizado ou no desempenho da leitura e escrita. Assim, a dislexia revela-se essencialmente como uma síndrome pedagógica, e é partir desse aspecto que uma criança disléxica ou mesmo suspeita, pode ser reconhecida e caracterizada entre as demais.

Mediante este sentido, com base em Domiense (2011) os professores e os pais devem estar atentos a sinais de alerta que podem indicar um estudante disléxico, fazer observações e várias investigações, isto é, se preocuparem em encontrar traços, indícios em crianças consideradas aparentemente normais, já nos primeiros anos de educação infantil, envolvendo desde crianças de 4 e 5 anos de idade, pois caso contrário, não diagnosticando até os 8 e 9 anos, no ensino fundamental, a criança irá apresentar perturbações de ordem emocional, afetiva e linguística. Alguns dos sinais de alerta são: Leitura lenta; Dificuldade com a soletração e reconto de histórias com poucos detalhes; pular linhas ao ler; trocar as palavras ou os sons das palavras na escrita e na oralidade; ter leitura silabada e imprecisa; apresentar falta de compreensão do que acabou de ler; Espelhamento de letras na escrita; Dificuldades com cálculos e de decorar a tabuada de fato.

Sobre a escrita, Carreira (2016) expõe:

 

Por exemplo, na escrita erros de soletração e ortografia, mesmo nas palavras mais frequentes; omissões, substituições e inversões de letras e/ou sílabas; dificuldade na produção textual, com velocidade abaixo do esperado para a idade e a escolaridade. É comum às crianças em fase de alfabetização não escreverem ortograficamente muitas das palavras que já conhecem, pois ainda estão em processo de aprender as regras de escritas, como o uso da letra “m” antes do “p” e “b”, etc. (CARREIRA, 2016, p. 16).

 

Segundo Gonçalves & Navarro (2012) citado por Patriota (2014) cabe à escola juntamente com o professor, incluir o aluno com dislexia na sala de aula, trabalhando para que ele consiga amenizar seu distúrbio de aprendizagem, é importante enfatizar que a dislexia não amenizada sem tratamento apropriado. Não se trata de um problema que é superado com o tempo, ela não pode passar despercebida.

Segundo Marco (2020) a Psicopedagogia é uma área da ciência que estuda a aprendizagem humana. Assim, o psicopedagogo Institucional trabalha dentro das escolas, com o objetivo de prevenir as dificuldades em aprender dentro da instituição escolar e possivelmente os possíveis problemas de aprendizagem.

Para Carreira (2016) O trabalho do psicopedagogo juntamente com o professor de sala tem grande importância, pois é através da avaliação que este profissional faz que podemos distinguir, dentro de uma sala de aula, as crianças que estão passando pelas dificuldades comuns à sua faixa etária e série e as crianças que apresentam a dislexia.

Mediante esta concepção, é necessário tirar o foco do transtorno e voltar a preocupação para as práticas pedagógicas desenvolvidas para desencadear o processo de aprendizagem em todos os educandos, contemplando toda a diversidade da sala de aula.

 

2.2 Reflexão sobre a alfabetização de uma criança com dislexia

 

A aquisição da escrita ocorre por dois processos: pela aquisição do sistema convencional de escrita – a alfabetização, e pelo desenvolvimento de habilidades de uso desse sistema em atividades de leitura e escrita, nas práticas sociais que envolvem a língua escrita – o letramento”. (SOARES, 2004, p.14 apud MARCO, 2020, p. 29).

 

Ainda de acordo com o autor Marco (2020) desse modo, a alfabetização ocorre por meio do contato com as letras e do reconhecimento do som que as mesmas representam, estabelecendo a correspondência fonema (som) e o seu traçado (grafema) para a decodificação das palavras. E, a partir desse processo, o emprego da leitura das palavras nas práticas sociais promove o letramento. Assim, o letramento está intrinsecamente ligado ao processo de alfabetização.

Sobre o processo de alfabetização Soares (2004) aborda:

 

A alfabetização é muito mais do que ler palavras grafadas, e sim reconhecer seu significado e saber empregá-las no cotidiano, ou seja, nas vivências sociais, compreendendo criticamente o que lê e o que escreve, enquanto uma competência para a cidadania. (SOARES, 2004 apud MARCO, 2020, p. 29).

 

Mediante este contexto, na alfabetização é que podemos ver a dislexia emergir, em forma de dificuldades nos processamentos da linguagem. A criança começa a apresentar dificuldade em reconhecer, reproduzir, identificar e organizar os sons das letras. Segundo Silva (2021) O processo de alfabetização tem grande importância quando se pensa a escolarização das crianças.

Logo, nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental, a ênfase da ação pedagógica gira em torno do ensino da leitura e da escrita. Sobre a alfabetização a Base nacional comum curricular (BNCC) aborda:

 

Nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental, a ação pedagógica deve ter como foco a alfabetização, a fim de garantir amplas oportunidades para que os alunos se apropriem do sistema de escrita alfabética de modo articulado ao desenvolvimento de outras habilidades de leitura e de escrita e ao seu envolvimento em práticas diversificadas de letramentos (BRASIL, 2017, p.59 apud SILVA, 2021, p. 35).

 

Uma vez que a criança nasce com a dislexia, sua inteligência não é afetada, mas encontra dificuldades no processo de leitura, como diferenciar fonemas de sílabas e identificar palavras. O processo de alfabetização se torna um desafio, já que a leitura é um grande esforço para a criança com dislexia. BNCC comenta:

É preciso que os estudantes conheçam o alfabeto e a mecânica da escrita/leitura – processos que visam a que alguém (se) torne alfabetizado, ou seja, consiga “codificar e decodificar” os sons da língua (fonemas) em material gráfico (grafemas ou letras). (BRASIL, 2017, p.89 apud SILVA, 2021, p. 35).

A proposta de alfabetização tem que estar muito bem estruturada e trabalhar principalmente o som e a associação dos símbolos sonoros: as letras dos sons, instrução de sílaba, a morfologia das palavras. Silva (2021) expõe:

O trabalho da consciência fonológica é fundamental para todas as crianças durante a alfabetização, não somente para aquelas com dificuldade de aprendizagem. É preciso estimular a criança para que percebam as diferenças dos sons e aos poucos vá associando as letras. (SILVA, 2021, p. 35).

A alfabetização estruturada deve ser sistemática e cumulativa, ou seja, com começo, meio e fim. A criança deve partir do simples para o complexo, do concreto para o abstrato e, gradualmente, aumentar a dificuldade. Com base na BNCC:

 

Alfabetizar é trabalhar com a apropriação pelo aluno da ortografia do português do Brasil escrito, compreendendo como se dá este processo (longo) de construção de um conjunto de conhecimentos sobre o funcionamento fonológico da língua pelo estudante, para isso é preciso conhecer relações fono-ortográficas, isto é, as, relações entre sons (fonemas) do português oral do Brasil em suas variedades e as letras (grafemas) do português brasileiro escrito. Dito de outro modo, conhecer a “mecânica” ou o funcionamento da escrita alfabética para ler e escrever significar, principalmente, perceber as relações bastante complexas que se estabelecem entre os sons da fala (fonemas) e as letras da escrita (grafemas), o que envolve consciência fonológica da linguagem: perceber seus sons, como se separam e se juntam em novas palavras etc. (BRASIL, 2017, p.90 apud SILVA, 2021, p. 36).

 

O olhar individualizado para o sujeito é fundamental no processo de alfabetização na dislexia, que se dá, basicamente, pela alfabetização multissensorial; repetição sistemática e frequentes revisões e aprendizagem baseada no acerto. Barbosa (2014) aborda:

 

É preciso evitar pedir para que o aluno com esse distúrbio faça coisas, na frente dos colegas, que o deixe constrangido, envergonhado. Em vez disso, deve-se primar pela estimulação da aprendizagem fazendo uso de certos instrumentos auxiliadores, tais como o aparelho gravador de voz, o método da tabuada, calculadoras eletrônicas, e outros recursos tecnológicos que estimulam o aluno pelo manuseio de determinados equipamentos ou pela aplicação de outros métodos (visuais ou auditivos, por exemplo). (BARBOSA, 2014, p. 23).

 

As atividades multissensoriais envolvem o uso de sentidos como tato, visão e audição. Elas ajudam as crianças disléxicas a absorver e processar informações e auxiliam na identificação e sequenciação do processo de leitura e escrita. Esse método busca combinar diferentes sensores no ensino da linguagem escrita, visa unir as modalidades visual, auditiva, tátil e cenestésicas com o objetivo de facilitar a leitura e a escrita quando se estabelece ligação com os sensores. (SILVA, 2021, p. 37).

Segundo a ABD as crianças disléxicas, em razão da deficiência fonológica, têm dificuldades para reconhecer palavras. Dessa forma, o uso do método multissensorial pode auxiliar diretamente para suprir essa dificuldade, pois propicia um ensino sistemático e explícito sobre como as letras se relacionam com os sons, a segmentação das palavras, identificação de sílabas; as pistas estão na própria palavra e não no contexto. Após algum tempo a criança terá elementos suficientes para analisar e identificar novas palavras que lhe são apresentadas (ABD, on-line apud SILVA, 2021, p.37).

Sobre deficiência fonológica, Hudson (2019) explana:

 

Na área da leitura, o professor deve sempre lembrar que os alunos com Dislexia levam mais tempo para ler e para compreender aquilo que foi lido, visto que apresentam prática leitora mais dificultosa; então, é válido incentivá-los a lerem mais de uma vez para processarem melhor o conteúdo, podendo, se for o caso, utilizar até marcadores de texto para destacar palavras-chave. O professor, ainda, deve ter cuidado na hora de imprimir atividades, priorizando o uso de fontes maiores e claras, com fundos de cores diferentes, sempre experimentando e ouvindo o aluno para identificar o que é melhor para ele. (HUDSON 2019 apud COSTA & BARBOSA, 2022).

 

Para Titoni (2010) o professor em sala de aula deve buscar trabalhar o auxílio temporal e sequencial procurando ouvir fatos, em vez de deixar o aluno ler sozinho, usar métodos multissensoriais, cartazes e linhas do tempo, utilizar revistas velhas para selecionar figuras que representam o conteúdo a ser organizado em sequência, conduzirá a criança no processo da alfabetização.

De acordo com Silva (2021) Um dos métodos multissensoriais que ajuda as crianças dislexias é o método das boquinhas. Consiste num esse método que se utiliza estratégias fônicas (fonema/som) e visuais (grafemas/ letras).

O método das boquinhas foi desenvolvido para atender crianças com dificuldade de aprendizagem e, reúne reflexões sobre o som, observação da articulação orofacial, exercícios de traçado com dedos sob diferentes superfícies, entre outras propostas de caráter lúdico, com a finalidade de promover o desenvolvimento do processamento fonológico (MARADEI; MAIA; SEABRA, 2020, p. 12 apud SILVA, 2021, p. 37).

Mediante esta concepção, há vários pontos estratégicos que o professor deverá utilizar para não prejudicar ou inibir o aluno com dislexia, como nos fala Domiense (2011):

 

Uma boa dica ao iniciar um conteúdo, é entregar uma folha com informações importantes sobre o tema para o aluno com dislexia no início da aula. Isso ajuda a criança a fazer anotações com mais calma, usando o material de apoio para ajudar a escrita. De preferência dê a ele um resumo, da atividade a ser executada; sempre estabeleça horários dos seus deveres, de dormir, das recreações; incentive-o a cuidar do corpo e vestir suas roupas; além do quadro, deverá usar outros recursos para dinamizar sua aula; nas revisões, que o tempo seja suficiente; nunca force seu aluno a ler em voz alta; sempre dê suas instruções orais e escritas de forma separada; será necessário o respeito do seu ritmo. (DOMIENSE, 2011, p. 39).

 

Observar como o aluno dislexos faz as anotações da lousa e auxiliá-lo a se organizar; desenvolver hábitos que estimulem o aluno a fazer uso consciente de uma agenda para recados e lembretes; na hora de dar uma explicação usar uma linguagem direta, clara e objetiva e verificar se ele entendeu. No momento das correções, busque valorizar ao máximo a sua produção, e se possível converse com ele confirmando algumas respostas a respeito do que ele quis dizer. Seja paciente e compreensivo, pois é normal que ele leve mais tempo para concluir suas atividades. (DOMIENSE, 2011, 40).

Sobre fazer anotações da lousa, Hudson (2019) acrescenta que:

 

Muitas atitudes dos professores podem ajudar aos alunos disléxico, como por exemplos: evitar ditados de palavras, porém se tiver que ditar não pode ser rápido demais, quando escrever no quadro negro usar cores variadas para que haja menos probabilidade de que os alunos disléxicos pulem linhas, usar caligrafia legíveis, grande e fácil de ler. Provavelmente com essas atitudes muitas crianças disléxicas vão se sentir mais seguras em sala de aula. (HUDSON, 2019 apud SILVA, 2021, p. 40).

 

Procurar escrever palavras e frases com materiais táteis, usando cola, glitter, areia, macarrão, LEGO, miçangas. Trabalhar a amarelinha ou pula corda para praticar a ortografia — as crianças soletram palavras quando saltam e pulam. Os alunos podem trabalhar em dupla e se revezarem para ditar e soletrar palavras. Trabalhar Caça ao tesouro, onde os alunos em equipes vão escrever silabas em pedaços de papéis e esconda-os pela sala de aula. As equipes devem encontrar as letras para construir a palavra que lhe foi atribuída e, em seguida, colá-las em um cartaz. Os alunos podem usar marcadores coloridos para destacar palavras chaves a ler perguntas ou instruções. Isso é muito importante nas provas quando o nervosismo contribuir para probabilidade de erros disléxicos. O professor pode criar uma lista de grafia fundamentadas para cada tópico, elaborar um vocabulário ou glossário, usar cores para animar a lista de vocabulário, usar uma cor para substantivo e outra cor para verbo, isso pode ajudar a criança disléxica a lembrar das palavras que escrever. Dar mais tempo ao aluno com dislexia para realizar os trabalhos de casa. Se demora um dia para ser concluído, entregue-o em na sexta-feira para que a criança disléxica tenha o fim de semana inteiro para fazer a tarefa. (SILVA, 2021).

Segundo Titoni (2010) dar instruções claras para os exercícios de escrita, reescrever as instruções com suas próprias palavras, usar um processador de texto para digitar o trabalho.

Contudo, no processo da leitura são indicados livros com palavras curtas e mais simples, texto pequeno e letra bastão maiúscula; com o tempo, o texto pode se tornar maior, com palavras mais complexas até que a criança adquira a velocidade ideal para uma leitura em voz alta fluente; temas instigantes, atuais e relacionados à sua cultura podem proporcionar maior motivação para que se mantenha na atividade. Ao realizar uma leitura, ajuda se o aluno usar uma régua para marcar o ponto em que está. É possível adquirir réguas de leitura, que possuem uma pequena janela para ler, isso ajuda o aluno a não pular linhas. Usar lâminas transparentes coloridas auxilia alguns alunos. Os alunos devem ler livros com histórias com ritmo ágil, impressão clara e maior, ilustrações e descrição não muito telhada. Ouvir Audi livro de obras literárias proporcionará aos alunos uma visão geral, além disso, os alunos devem tentar obter uma cópia do livro, preferencialmente com uma impressão maior, para ler Também (HUDSON, 2019, p.46 apud SILVA, 2021, p.40).

Sobre interpretação de texto, Teixeira (2014) aborda:

 

Deve-se também estimular o aluno disléxico a expressar-se oralmente sobre aquilo que lhe foi ensinado ou lido. Essa é uma forma de desenvolver um outro tipo de raciocínio do educando, que geralmente é pouco estimulado. Isso ocorre devido à sua dificuldade com as palavras e de efetivar sua conecção com os fatos. (TEIXEIRA, 2014, p. 48).

 

Alunos disléxicos, se estimulados, adquirem o hábito da leitura. Deve-se, portanto, respeitar seus gostos e preferências literárias, o que não impede de apresentar-lhes outros gêneros que, se bem aceitos, aumentarão seu universo de leitura.

Nesse contexto, as atividades que trabalham a percepção auditiva ajudam os alunos com dislexia a perceber o som e as formas das palavras. Usar a música e as rimas, trabalhando ritmo, concentração, atenção, o som e suas formas, é ótimo para estimular a aprendizagem dos alunos com dislexia. Os disléxicos necessitam de diferentes formas para ser alfabetizados. Para ler e escrever eles precisam de materiais concretos, ouvir sons repetidamente (por exemplo uma determinada aula, para que possa entender os conteúdos), precisa gravar e ouvir repetidamente para poder aprender. (SILVA, 2021, p. 40).

 

 

3 CONCLUSÃO

 

Conclui-se ainda que, a criança disléxica pode ser alfabetizada desde que os planejamentos didáticos englobem diferentes estratégias de ensino, valorizando a sua necessidade e a sua individualidade, proporcionando resultados positivos e uma educação de qualidade.

Ter Dislexia não é sinal de que não se vai aprender ou que necessariamente para se alfabetizar o aluno tenha que sofrer, pelo contrário, pensar nos alunos disléxicos é se renovar como profissional, buscar desbravar novos horizontes e alcançar diferentes alunos de maneira mais equânime.

A intervenção com crianças disléxicas baseia-se no treinamento da escrita e da leitura, a fim de irem memorizando a maneira correta de ler e escrever determinadas palavras ligando o som à grafia. Diante disso, quando a dislexia é precocemente descoberta, é maior a probabilidade de a criança não sofrer muito com suas dificuldades na aprendizagem da leitura e da escrita, tornando mínimos seus problemas emocionais durante sua caminhada escolar e em sua convivência social.

A qualificação do professor é de suma importância para trabalhar com alunos disléxicos. Portanto, o resultado do desempenho do aluno está ligado ao que se chama de motivos intra-escolares, o que suscita a responsabilidade do educador, do orientador educacional, e de outros profissionais que desenvolvem atividades dentro da escola.

 

 

4 REFERÊNCIAS

 

BARBOSA, Cláudia Freitas Franco. DISLEXIA: dificuldades de aprendizagem na escola, 2014. Disponível em: https://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/20858/2/MD_EDUMTE_2014_2_19.pdf. Acesso: 18 jan 2024.

 

CARREIRA, Fátima Kleidir do nascimento. Reflexões sobre dislexia e o papel do professor, 2016. Disponível em: https://www.repositorio.ufal.br/bitstream/123456789/8018/1/Dislexia%20reflex%C3%B5 es%20sobre%20o%20papel%20da%20fam%C3%ADlia%20e%20da%20escola.pdf. Acesso: 18 jan 2024.

 

DOMIENSE, Maria do céu de Souza. Dislexia: um jeito de ser e de aprender de maneira diferente, 2011. Disponível em: https://bdm.unb.br/bitstream/10483/3359/1/2011_MariadoCeudeSouzaDomiense.pdf. Acesso: 18 jan 2024.

 

MARCO, Alessandra de. Dislexia no âmbito escolar e a alfabetização, 2020. Disponível em: https://repositorio.ucs.br/xmlui/bitstream/handle/11338/8483/TCC%20Alessandra%20de%20Marco.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso: 19 jan 2024

 

PATRIOTA, Maria da Dores Brito Simões. Dislexia: dificuldades de leitura e escrita, 2014. Disponível em: http://dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/6107/1/PDF%20-%20Maria%20das%20Dores%20Brito%20Sim%C3%B5es%20Patriota.pdf. Acesso: 19, jan 2024.

 

SILVA, Jailma Xavier da Silva. Dislexia: reflexões sobre o papel da familia e da escola, 2021. Disponível em: https://www.repositorio.ufal.br/bitstream/123456789/8018/1/Dislexia%20reflex%C3%B5 es%20sobre%20o%20papel%20da%20fam%C3%ADlia%20e%20da%20escola.pdf. Acesso: 18 jan 2024.

 

TAVARES, Daniel da Silva; LIMA, Vanderlei da Silva. A dislexia: um problema recorrente na escola. Disponível em: https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2020/TRABALHO_EV140_MD1_SA1 0_ID2757_27082020000144.pdf. Acesso: 18 jan 2024.

 

TITONI, Cátia Cilene da Silveira. Dislexia na educação escolar: técnicas e metodologias para trabalhar com o aluno disléxico, 2010. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/39540/000823342.pdf. Acesso: 19 jan 2024.

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As diversas manifestações artísticas sobre a morte

Rebeca Aparecida dos Santos Lima

 

DOI: 10.5281/zenodo.12821033

 

 

RESUMO

A morte é uma etapa inevitável da vida e ao longo da história da humanidade representou e influenciou diversas manifestações artísticas e culturais. Contudo um dos períodos históricos mais proeminentes foi na Idade Média, em que houve a disseminação de milhares de pessoas devido Peste Negra no século XIV, trazendo consigo forte influência da morte sobre o campo artístico E sua influência não se restringiu apenas a sua significação, mas a apresentação dela na literatura, nas histórias em quadrinhos, cinema e animações, onde ora oculta, ora transfigurada e personificada ao espectador. E assim ela apresenta-se ao público das mais diversificadas maneiras, cativante, atraente, assombrosa, perspicaz, cômica entre outras facetas, mas sempre com seu significado mortal.

 

Palavras-chave: Morte. Peste Negra. Literatura. História em quadrinhos. Audiovisual

 

 

Introdução

 

A palavra morte deriva do latim “mors”, esta por sua vez é uma etapa inevitável na vida de todo ser humano, sucumbida de diversos mistérios e incertezas. Neste sentido, diversas são as áreas que a exploram e estudam, podemos ver que a arte funerária “não se limitou a igrejas e monumentos. Foi inserida também na arte, na música e na poesia” (GALESCO, 2011).

Todavia é a única certeza que o ser humano possui acerca de sua existência, que um dia ela será ceifada. O ser humano como forma de representa-la, a personificou em diversas manifestações artísticas, e segundo Melo “envolve em rituais, signos, construções, teorias científicas e religiosas” (MELO, 2018, p. 11).

As incertezas que permeiam a morte trazem ao ser humano inquietações acerca de seu destino, não somente a dor, a tristeza e a angústia que são emoções inerentes a esta situação assolam o ser humano, mas a dúvida sobre a passagem, o post mortem.

No decorrer da história podemos ver como cada período histórico lidou ou representou a morte, com tumbas ornamentais, com deuses, escritos, pinturas entre outras. As civilizações a priori obtiveram sua forma única de representa-la e transformá-la em Arte.

A maneira como a simbologia se tornou difundida principalmente quando a associamos, a tragédias, doenças, acidentes e menos frequente ao natural, observa- se os sentimentos mais reprimidos e sinceros transformados em arte.

Não obstante, um dos principais períodos que a vemos com mais força é no século XIV, com a Europa assolada pela Peste Negra, que dizimou centenas de pessoas, as manifestações artísticas se tornaram muito forte e significativas nesse período com a presença da morte desde as rimas até as cirandas.

Partindo desse pressuposto o trabalho será dividido em 1 – A representação da Morte na Idade Média; 2 – A Morte Literatura; 3 – A Morte nas Histórias em Quadrinhos; 4 - A Representação da Morte nas Produções Cinematográficas e Animações.

 

 

1 - A representação da morte na Idade Média

 

A Europa foi assolada pela peste negra principalmente em meados do século XIV, o que modificou o pensamento da população em relação a morte “A Peste Negra pode ter trazido consigo uma grande mudança nas mentalidades: com efeito, as altas taxas de mortalidade parecem ter alterado na população a percepção quanto à proximidade da morte” (QUÍRICO, 2012, p. 135).

 

Figura I - Peste Negra século XIV

Fonte: http://ocorvoblog.blogspot.com/2011/06/peste-negra-no-seculo-xiv.html

 

Com as mortes em massa houve uma maior aproximação da população aos ritos cristãos, “Além da preparação para a morte, havia também o ritual de sepultamento, que visava à preparação do descanso eterno do morto”. (QUÍRICO, 2012, p. 140).

Entretanto a proximidade com a religião trouxe diversificadas criações de elementos de proteção, segundo Rezende: “Foi fundada a Confraria dos Loucos, que invocava a proteção de São Sebastião para combater o medo da morte. São Roque foi escolhido o padroeiro dos pestosos” (REZENDE, 2009, p. 80)

A mudança advinda da peste trouxe uma nova percepção da morte, tendo como reflexo no comportamento, segundo Simoni:

 

A realidade da peste patrocinou uma mudança de comportamento levada por uma “cultura da morte”, que pode ser percebida no sentimento da igualdade de todos diante da morte, na reprodução artística de corpos em estado de putrefação, na propagação de imagens de mártires como Santa Catarina e Santa Ágata. As mostras de penitência, como o grande e repetitivo número de missas, seguramente são indícios de toda a angústia vivida. O medo, o sofrimento e a dramaticidade emergiram também nas narrativas dos cronistas da época.” (SIMONI, 2007, p. 33)

 

Diversos foram os autores que manifestaram em suas obras o sentimento melancólico trazido dessa calamidade, no livro A Dança da Morte de Hans Holbien podemos ver o conjunto de 41 figuras em xilogravuras retratando a morte nas mais diversas situações desde o princípio com Adão e Eva expulso do paraíso até sátira da sociedade, geralmente retratando reis e nobres. Era uma forma de dizer que ninguém estava imune a essa pandemia. (HARRISON, 2018).

No livro A Dança da Morte vemos segundo MASSIP:

 

A Dança da Morte, é uma sequência de texto e imagens presidida pela Morte como personagem central - geralmente representada por um esqueleto, um cadáver ou um corpo vivo em decomposição – e que, numa atitude de dança, dialoga e arrasta um a um uma série de personagens que representam habitualmente as diferentes classes sociais.(MASSIP, 2004, apud TEATRO DE CORNUCOPIA, 2010).

 

Figura II - Xilogravura: A Dança da Morte (Hans Holbiens)

Fonte: https://www.istockphoto.com/br/ilustra%C3%A7%C3%B5es/hans- holbein?sort=mostpopular&mediatype=illustration&phrase=hans%20holbein

 

No período da Idade Média vemos a Igreja com seu culto latente ao derredor dos mortos mais afincado. Em virtude da intensificada mortandade influenciou a Dança Macabra, uma necessidade da Igreja a carência de esconjurar a morte. (MASSIP, 2004, apud TEATRO DE CORNUCÓPIA, 2010).

A Dança Macabra era uma forma de expressão corporal que refletia a “dançomania” do século XVI e XV:

 

O reflexo do desespero diante das dores físicas e de doenças epidêmicas, como a peste negra, que ceifou milhares de vidas. Numa espécie de histeria, as pessoas dançavam freneticamente expressando o pavor da morte. Essa tendência à dança ficou conhecida com o nome de dança macabra. (NUNES; OLIVEIRA, 2009, p. 806-807).

 

 

Figura III - A Dança Macabra

Fonte: http://www.orecifeassombrado.com/danca-macabra/

 

No relato de Boccaccio, mesmo atualmente é uma das formas mais fáceis de estudo sobre a peste de 1348, a exposição da morbidez intercala situações de maldade e retração com outros de malicia, trazendo à tona a imersão no desgosto pelo ceifo das vidas, a instabilidades social e pela desintegração da alegria humana e do bem-estar (SIMONI, 2007).

 

Figura IV - Decameron de Boccaccio

Fonte: http://www.loyalbooks.com/book/the-decameron-by-giovanni-boccaccio

 

Percebe-se que a morte neste período da Idade média rodeia a todos trazendo incertezas e medo por onde a pandemia passava, não somente a figura da morte teve um papel significativo, mas os sentimentos e as concepções dos indivíduos da época.

 

 

2 - A morte na literatura

 

A literatura sempre buscou vivificar as mais diversas emoções do ser humano, seja com contos, poesias, romances entre os mais diversificados gêneros literários, mas seus temas também são diversamente abrangentes desde ficção científica a baseados em fatos, segundo Carvalho

 

A partir da leitura de textos literários surgem questões relativas à criação, pois, mediante a articulação do discurso da personagem, algo é posto em cena, e neste lugar cada indivíduo pode ler o que lhe é tão intimamente conhecido. (CARVALHO, 2002, p. 1).

 

Em Memória Póstumas e Brás Cubas podemos ver que a morte é representada através de um defunto “Brás Cubas apresenta a si mesmo. Nada convencional, ele insurge do além-túmulo e é desde lá que narra as memórias que protagonizou. (CARVALHO, 2002, p.46).

Na obra o personagem a Brás Cubas retrata sua condição de autor-defunto segundo Carvalho:

 

Adeus mesmo! É o prólogo de um finado, pessimista e rabugento confesso; sua escrita melancólica transcreve as memórias do além-túmulo; a obra, segundo o autor, diz tudo. Diz tudo deste além, deste homem de ficção que, por esta razão, pode contar a seu leitor como é escrever desde lá e, por isso, talvez retrate com precisão o outro ser: o humano, em seu difícil caminhar pela vida. (CARVALHO,2002, p. 49).

 

Não obstante da narrativa de suas memórias se iniciaria pelo nascimento ou pela morte. E sendo errôneo o começo pelo nascimento já que não sou um autor defunto, mas um defunto autor. (ASSIS,1994).

 

Figura V - Memórias Póstumas de Brás Cubas

Fonte: https://rainhastragicas.com/2016/09/18/entre-a-memoria-e-a-literatura-um-dialogo-com- memorias-postumas-de-bras-cubas-1881/

 

Na Menina que Roubava Livros a morte é a narradora da história, “o irmão mais novo de Liesel é levado pela morte – a narradora da história, cuja função é recolher sem trégua a alma de todos aqueles que deixam a vida” (Redação Geekness, 2014).

No prólogo do livro há a apresentação da narradora: A morte, e o enredo que ela irá desenvolver ao decorrer do livro:

 

É uma pequena história na verdade, sobre entre outras coisas:

  • uma menina

  • algumas palavras

  • um acordeonista

  • uns alemães fanáticos

  • um lutador judeu

  • e uma porção de roubos.(SUZAK, 2007, p. 11)

 

 

Figura VI - A menina que roubava livros

Fonte: https://www.torredevigilancia.com/resenha-a-menina-que-roubava-livros/

 

Os acontecimentos pelo olhar da morte, a única que presencia todos os fatos da Segunda Guerra Mundial, através de uma perspectiva simples e emocional, mas sem deixar de cumprir seu papel. (MEIRA, 2018).

Já no livro Harry Potter e as Relíquias da Morte, a Morte aparece no conto dos três irmão, onde os presenteiam com “Três objetos, ou Relíquias, que, se unidas, tornarão o seu dono o senhor da Morte...senhor...conquistador...vencedor...Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte...” (ROWLING, 2015, p. 316).

 

Figura VII - O conto dos três irmãos

Fonte: http://nerdgeekfeelings.com/audio-conto-o-conto-dos-tres-irmaos/

 

Outro livro que nos remete ao tema Morte é Hamelet na cena do primeiro ato vemos um fantasma revelar a verdade sobre o assassino Claudio:

 

No entanto, em vez dessas revelações fantasmagóricas, ele apenas conta o que ocorreu, os derradeiros fatos da vida anterior aos tormentos pós-morte, ou seja, como ele foi assassinado e não acidentalmente morto por uma picada de serpente. Assim, ao revelar o crime, o fantasma impõe a tarefa de vingá-lo, obrigação que será o tormento, a obsessão e finalmente a realização do príncipe ao longo dos atos seguintes. (SṺSSEKIND, 2014, p. 8).

 

Figura VIII - Fantasma do Rei

Fonte: http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/hamlet.html

 

 

3 - A morte nas histórias em quadrinhos

 

A origem da história em quadrinhos é grande, e em certo ponto adversa, tendo diálogo entre entendedores acerca de seu ponto de partida, alguns citam as pinturas rupestres, outros, no entanto o antigo Egito, ou a revolução francesa e o período imperial com a imprensa e os folhetins, sendo uma forma de se contar uma história por intermédio de imagens. (CUNHA, 2013)

Na Turma da Mônica vemos a Dona Morte, “É a morte, como o próprio nome diz. Sempre com seu capuz preto e uma foice na mão, a Dona Morte é um dos personagens mais importantes das histórias do Penadinho.” (SOUSA, UOL, 2016).

 

Figura IX - Dona Morte

Fonte: http://www.guiadosquadrinhos.com/personagem/dona-morte-(morte-subita-da-silva)/1739

 

Outro personagem que representa a morte nas histórias em quadrinhos é Nekron ele “é uma das várias representações da Morte na DC. Ele é um grande vilão dos Lanternas Verdes, apresentado como Senhor dos Mortos, governante da dimensão onde as almas aguardam julgamento” (JANGARÉLLI, UOL, 2016).

 

Figura X - Nekron

Fonte: https://legiaodosherois.uol.com.br/lista/as-7-melhores-encarnacoes-da-morte-nos- quadrinhos.html/1

 

Entretanto vemos também o clássico Flash em sua versão mais sombria, “O Flash Negro é o Anjo da Morte dos Velocistas, ligado à Força da Aceleração, atuando como um dos vários espectros da morte” (JANGARÉLLI, UOL, 2016).

 

Figura XI -Flash Negro

Fonte: https://legiaodosherois.uol.com.br/lista/as-7-melhores-encarnacoes-da-morte-nos- quadrinhos.html/2

 

 

Já no universo da Marvel uma das representações mais significativa é a Hela “filha de uma versão antiga do Loki – morto durante um Ragnarök – e a giganta Angerboda. Quando ficou mais velha, ela foi eleita por Odin como Deusa da Morte, governando os reinos Hel e Niflheim” (JANGARÉLLI, UOL, 2016).

 

Figura XII - Hela

Fonte: https://legiaodosherois.uol.com.br/lista/as-7-melhores-encarnacoes-da-morte-nos- quadrinhos.html/3

 

Outro representante da morte da Marvel é a Senhora Morte “a Morte é uma personagem feminina, aparecendo pela primeira vez nos quadrinhos do Capitão Marvel, em 1973. (...) Um esqueleto encapuzado que, por vezes, pode aparecer como humana” (JANGARÉLLI, UOL, 2016).

 

Figura XIII - Senhora Morte

 Fonte: https://legiaodosherois.uol.com.br/lista/as-7-melhores-encarnacoes-da-morte-nos- quadrinhos.html/7

 

 

4 A morte nas produções cinematográficas e animações

 

O Cinema não é meramente uma expressão cultural, mas uma forma de representação de um meio. Neste sentido, não obstante apenas como expressão cultural, mas algo real e interpretado, como também a visão do autor do filme que insere sua própria imaginação. (BARROS,2014)

Uma das produções cinematográficas em que vemos a representação da morte é “Viva - A Vida é uma Festa”. Este filme se passa em uma pequena cidade do México durante a celebração do “Dia dos Mortos” (...) o protagonista Miguel sem de fato ter morrido atravessa o portal dos mortos com a intenção de encontrar seu tataravô que era considerado um ídolo da música mexicana para que este lhe abençoe. (GIANNINI, O Globo, 2018).

 

Figura XIV - Viva – A Vida é uma festa

Fonte: https://www.elo7.com.br/painel-1-50x1-viva-a-vida-e-uma-festa/dp/B36FA8

 

Nesta mesma temática cinematográfica mexicana temos “Festa no Céu” (2014), segundo Bridi:

 

A ideia da vida após a morte é o mais belo e mais estranho traço do filme. O plano aqui não é contar apenas a história de um triângulo amoroso alimentado pela aposta entre a Morte e seu amante, Xibalba. Festa no Céu quer passar a mensagem do “seja você mesmo” e “não desista dos seus sonhos”, mas, para tanto, precisa matar seu protagonista. (BRIDI, OMELETE, 2017)

 

 

Figura XV - Festa no Céu

Fonte: https://www.saraiva.com.br/festa-no-ceu-dvd-8495597.html

 

No entanto em Mickey Mouse – The Haunted House – 1929 (YouTube), vemos o personagem Mickey adentrando uma casa mal-assombrada em meio a uma tempestade, lá ele se depara com a morte personificada com um manto com o rosto escuro, sendo que em certo ponto demonstra sua figura cadavérica. Após tocar piano diversas caveiras aparecem e dançam juntamente com essa figura, interagindo com a música. Outra animação é La Danza Macabra: The Skeleton Dance – 1929 (Youtube), demostrando um cemitério assombrado com seus animais característicos e em seguida surge esqueletos dançantes.

 

Figura XVI - Mickey Mouse The Haunted House

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=3hoThry5WsY

 

Figura XVII - The Skeleton Dance

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=zoX_2DK1pTk&list=PLilQseGd_y04y8nKuoaCiR5w- 7PT6FR_2&index=5&t=115s

 

Nesta mesma perspectiva animalesca temos Danse Macabre Camille Saint- 1980s (Youtube), observa-se uma sequência de imagens que retratam a Dança Macabra ao som da composição (1872) da Francesa Camille Saint-Saëns.

 

Figura XVIII - Danse Macabre Camille Saint- 1980s

 

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=9CHqhsMP80E&list=PLilQseGd_y04y8nKuoaCiR5w- 7PT6FR_2&index=2

 

Um filme que aborda de maneira sátira a personificação da morte através de uma fantasia é a sequência Todo o Mundo em Pânico (2000-2013), onde o personagem central veste uma fantasia de morte e por intermédio de sátira de filmes famosos persegue suas vítimas.

 

Figura XIX - Todo Mundo em Pânico

Fonte: https://www.telecineplay.com.br/filme/Todo_Mundo_Em_P%C3%A2nico_6105

 

Entretanto um dos filmes em que a morte adquiri uma figura humana é Encontro Marcado (1998), ele vem a Terra para apreender mais sobre como é a vida humana, poupando a vida do personagem central que lhe servirá de guia nesta jornada, mas algo inesperado acontece e ele se apaixona pela filha de seu guia.

 

Figura XX - Encontro Marcado

 

Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-16774/

 

Contudo temos a morte como um elemento mítico que desencadeia eventos aleatórios para ceifar suas vítimas a franquia cinematográfica Premonição (2000 – 2011), em seu primeiro filme o discurso fúnebre retrata a essência do filme:

 

Dizemos que a hora da morte não pode ser prevista. Mas, quando dizemos isso, imaginamos que essa hora fica em um obscuro e distante futuro. Nunca nos ocorre que possa ter alguma conexão com o dia que já começou. Ou que a morte possa chegar na mesma tarde, que parece tão segura e que tem cada hora determinada com antecedência. (PREMONIÇÂO APUD OLIVEIRA, PONTOJÂO, 2017)

 

Figura XXI Premonição

 .

Fonte: http://capasdefilmesbr.blogspot.com/2010/04/premonicao-1-2-3-e-4-pedido.html

 

As obras cinematográficas e animações são bem mais amplas, tendo abrangido os diferentes gêneros, desde a comédia, suspense, entre outros. Estas são apenas algumas que se destacaram e tiveram um enredo que envolveu seu telespectador e trouxe para a tela histórias que cativaram e ressignificaram a palavra morte.

 

 

Considerações finais

 

Com base no que foi apresentado neste estudo, a morte se apresenta das mais diversificadas formas nas manifestações artísticas. A sua aura imponente e perspicaz capaz de trazer à tona ao ser humano seus medos e angústias, adentra a um universo paralelo, onde as representações na literatura a suaviza trazendo um novo contorno a sua forma, que em muitas vezes é vista como afronte ao ser humano por lhe trazer a incerteza.

Contudo as histórias em quadrinhos com seu ambiente ficcional e pela mobilidade no uso de recursos visuais como apoio, sua história remete a personagens bem elaborados e estruturados que outrora perfazem o significado dela a transmitindo com aspecto vilanesco.

Entretanto adentrando ao universo audiovisual temos o vislumbre de uma faceta mais aprimorada e bem mais trabalhada do tema morte, pois de forma significativa as imagens tentam retratar a realidade transformada em uma sequência que o espectador possa compreender a intenção proposta.

Nesta perspectiva podemos observar o quanto a morte é um instrumento norteador na vida do ser humano, pois ela interfere não apenas propriamente dita na vida de um único individuo, mas de todos que interagem com ele.

As desmitificações e as diversas vertentes acerca da morte que se apresenta no decorrer dos anos, só traz a certeza de que esta é uma preocupação que é inerente ao ser humano, e que a busca massiva por seu significado e sua forma agir na vida das pessoas é muito importante.

E mais do que inserir o sujeito como contexto de sua própria situação, as manifestações artísticas sobre a morte, ora baseados em situações reais, ora fictícias traz consigo uma atmosfera de mistério.

A morte não depende apenas de interpretações, mas de diferentes visões que podemos ter acerca dela, não o seu ar místico e enigmático que define a intenção da manifestação artística, mas o que ela realmente representa para quem entra em contato com sua atmosfera.

Nesta perspectiva vemos que cada manifestação artística da morte não direciona a outro caminho, se não aquele que é a única certeza que se tem sobre a vida é que um dia ela chegará ao fim. Somos eternos enquanto nossas memórias permanecerem presentes na mente e nos corações daqueles que anseiam pela nossa memória.

 

 

Referências

 

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https://www.cepae.ufg.br/up/80/o/TCEM2014-Historia- GabrielVieiraSilvaAlves.pdf. Acesso em: 05.jan.2019.

 

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BARROS, José D’Assunção. Cinema-História: Múltiplos aspectos de uma relação. Dispositiva, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, p. 17-40, mar. 2016. ISSN 2237-9967.

Disponível em:

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BRIDI, Natália. Festa no Céu / Crítica. Omelete: 16/06/2017. Disponível em: https://www.omelete.com.br/filmes/criticas/festa-no-ceu-critica. Acesso em: 17.fev.2019

 

CARVALHO, Marilza Izidro Vieira Pacheco de. A Morte na ficção literária. Curitiba, 2002.

https://www.acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/24479/D%20-

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CORNUCÓPIA, Teatro de. DANÇA: O ESCONJURO DA MORTE. Fragmento

extraído de: MASSIP, Francesc y KOVÁCS, Lenke: “El baile: conjuro ante la muerte. Presencia de lo macabro en la Danza y la Fiesta Popular”, Ciudad Real, CIOFF España, 2004. DANÇA DA MORTE / DANÇA DE LA MUERTE: 2010. Disponível em:

http://www.teatro-cornucopia.pt/htmls/conteudos/EkZVAAZyypXsxAODOU.shtml. Acesso em: 06.jan.2019

 

CUNHA, Rodrigo Moraes. História em Quadrinho: um olhar histórico. Científica Semana Acadêmica. Fortaleza, ano MMXII, Nº. 000010, 10/07/2013.

Disponível em: https://semanaacademica.org.br/artigo/historia-em-quadrinho-um- olhar-historico. Acessado em: 17.fev.2019.

 

DISNEY, Walt. La Danza Macabra: The Skeleton Dance – 1929. Youtibe https://www.youtube.com/watch?v=zoX_2DK1pTk&list=PLilQseGd_y04y8nKuoaCiR5 w-7PT6FR_2&index=5&t=115s. Acesso em 17.fev.2019.

 

DISNEY, Walt. Mickey Mouse - The Haunted House (1929). YouTube: Lasertime, publicado em 29 de outubro de 2015. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3hoThry5WsY. Acesso em: 17.fev.2019.

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GIANNINI, Alessandro. Crítica: “Viva – A Vida é uma Festa”. O Globo: 04/01/2018 - 06:00 / Atualizado em 05/03/2018 - 09:08. Disponível em: https://oglobo.globo.com/rioshow/critica-vivavida-uma-festa-22251694. Acesso em: 17.fev.2019.

 

HARRISON, RICK. Trato Feito - A Dança da Morte. 2018. YouTube: HistoryFanboy Disponível em:

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JANGARÉLLI, Márcio. As 07 melhores encarnações da morte nos quadrinhos. Legião de Heróis: 02 de novembro de 2016 - att. 03 de novembro de 2016. Disponível em: https://legiaodosherois.uol.com.br/lista/as-7-melhores-encarnacoes-da-morte-nos- quadrinhos.html/10. Acessado em: 17.fev.2019.

 

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ROWLING, J.K. Harry Potter e as Relíquias da Morte. Ilustrações de Mary GrandPré; tradução de Lia Wyler. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

 

SIMONI, KARINE. De peste e literatura: imagens do Decameron de Giovanni Boccaccio. Florianópolis: Anuário de Literatura, p. 31-40, 2007. Disponível em:

https://periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/article/viewFile/5447/4882. Acesso em: 05.jan.2019.

 

SOUSA, Maurício de. Dona Morte. UOL: Maurício de Souza Produções, 2016. Disponível em: http://turmadamonica.uol.com.br/personagem/dona-morte/. Acesso em: 17.fev.2019.

SÜSSEKIND, Pedro. A filosofia em Hamlet. O que nos faz pensar nº35, dezembro de 2014. Disponível em: http://oquenosfazpensar.fil.puc- rio.br/import/pdf_articles/OQNFP_35_2_pedro_sussekind.pdf. Acessado em: 06.jan.2019.

 

SUZAK, Markus. A menina que roubava livros. Tradução de Vera Ribeiro; ilustrações de Trudy White. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2007.

 

TODO Mundo em Pânico. Direção de Keenen Ivory Wayans. EUA: Imagem Filmes, 2000.

 

 

 

 

A inserção da pessoa com necessidades especiais no mercado de trabalho: aspectos relevantes a serem discutidos

Sarita Rafaela Vitor

Natália Aparecida Alves Chinquio

Cintia Rafaela de Souza

Juliana Slonik Teixeira

Isadora Mesquita Moreira

 

 

DOI: 10.5281/zenodo.12802441

 

 

RESUMO

A inserção da pessoa com necessidades especiais no mercado de trabalho refere-se ao processo de garantir oportunidades de emprego e acesso ao ambiente laboral para indivíduos que possuem algum tipo de deficiência ou condição que demande adaptações específicas. Essa inserção é fundamental para promover a inclusão social, a autonomia e a dignidade dessas pessoas, além de contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Diante deste cenário este estudo tem por objetivo descrever a inserção da pessoa com necessidades especiais no mercado de trabalho e adota como objetivos específicos caracterizar o movimento da inclusão ressaltando neste cenário a inclusão escolar e suas principais nuances. A metodologia adotada é a revisão de literatura. Como resultados evidencia-se que a inserção das pessoas com deficiência no mercado de trabalho é um processo fundamental para promover a inclusão social, a equidade e a valorização da diversidade. Em suma, a inserção do portador de necessidades especiais no trabalho requer um esforço conjunto da sociedade, das empresas e dos órgãos governamentais para garantir oportunidades justas e igualdade de condições para todas as pessoas, independentemente de suas características individuais.. A inserção da pessoa com necessidades especiais no mercado de trabalho é um processo essencial para promover a inclusão social e o respeito à diversidade, garantindo oportunidades iguais de desenvolvimento profissional e pessoal para todos os indivíduos, independentemente de suas condições específicas.

 

Palavras–Chave: Necessidades Especiais. Inclusão. Lei de Cotas.

 

 

Introdução

 

A inserção da pessoa com necessidades especiais no mercado de trabalho é um tema de extrema importância, pois envolve questões fundamentais de justiça social, equidade e respeito à diversidade. Quando uma empresa adota práticas inclusivas e proporciona oportunidades de emprego para pessoas com necessidades especiais, ela não apenas cumpre com sua responsabilidade social, mas também se beneficia de diversas maneiras.

A responsabilidade social vem se mostrando um fator decisivo para o desenvolvimento e crescimento das empresas. Cresce a conscientização, por parte da sociedade, do papel imprescindível que as grandes organizações têm diante das questões sociais, assim como a cobrança por uma atuação responsável e uma postura a qual explicite a preocupação com tais questões. Hoje o consumidor prefere produtos de empresas que não possuem envolvimento em corrupção, que são transparentes nos seus negócios, que respeitam o meio ambiente e comunidade, e além disto, os profissionais mais qualificados preferem trabalhar em empresas as quais valorizem a qualidade de vida de seus funcionários e respeitem seus direitos. A enorme desigualdade social do país ressalta ainda ainda mais o tema, fazendo que a responsabilidade social surja como uma nova cultura e unindo diferentes atores sociais em torno de uma única questão, o bem-estar social. (FRANCISHINI et al., p.27).

Ao promover a inclusão no ambiente de trabalho, as empresas estão contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, em que todas as pessoas têm a oportunidade de desenvolver seu potencial e contribuir para o crescimento coletivo. Além disso, a presença de profissionais com necessidades especiais nas equipes traz benefícios tangíveis para as organizações. Esses profissionais muitas vezes desenvolvem habilidades únicas, como resiliência, criatividade e capacidade de adaptação, que podem enriquecer o ambiente de trabalho e contribuir para a inovação e o sucesso empresarial. A diversidade de experiências e perspectivas também pode estimular a criatividade, a colaboração e a resolução de problemas de forma mais eficaz.

Os benefícios tangíveis para as organizações ao promover a diversidade e a inclusão são diversos e impactam positivamente diferentes aspectos do ambiente de trabalho e dos resultados empresariais. Alguns desses benefícios incluem: Inovação (a diversidade de experiências, perspectivas e habilidades dentro da equipe pode impulsionar a criatividade e a inovação, levando a soluções mais criativas e eficazes para os desafios organizacionais); Melhor desempenho financeiro (estudos mostram que empresas com equipes diversas tendem a ter um melhor desempenho financeiro, com maior retorno sobre o investimento e melhores resultados no longo prazo; Atração e retenção de talentos (organizações que promovem um ambiente inclusivo e diversificado são mais atrativas para profissionais talentosos de diferentes origens, aumentando a capacidade de recrutar e reter os melhores colaboradores); Melhoria da reputação da empresa (empresas que valorizam a diversidade e a inclusão tendem a ser bem vistas tanto pelos clientes quanto pela sociedade em geral, o que contribui para uma imagem positiva e uma maior confiança no mercado); Acesso a novos mercados (uma força de trabalho diversa pode ajudar as empresas a entender melhor as necessidades e preferências de diferentes segmentos de mercado, facilitando a expansão para novas regiões e públicos); Redução de conflitos e aumento da produtividade (a diversidade no local de trabalho pode promover uma cultura de respeito mútuo, colaboração e entendimento entre os membros da equipe, reduzindo conflitos interpessoais e melhorando o clima organizacional).

Esses benefícios tangíveis demonstram que investir na promoção da diversidade e inclusão não apenas é uma questão ética e socialmente responsável, mas também é uma estratégia inteligente para o sucesso sustentável das organizações no mundo atual, cada vez mais globalizado e diversificado.

Diante deste cenário este estudo tem por objetivo descrever a inserção da pessoa com necessidades especiais no mercado de trabalho e adota como objetivos específicos caracterizar o movimento da inclusão ressaltando neste cenário a inclusão escolar e suas principais nuances.

É importante ressaltar que a inclusão da pessoa com necessidades especiais no mercado de trabalho não se limita apenas à contratação, mas também envolve garantir condições adequadas para o pleno exercício das funções, como acessibilidade física, treinamento especializado e apoio psicossocial quando necessário, portanto, ao promover a inclusão das pessoas com necessidades especiais no mercado de trabalho, as empresas não só cumprem com sua responsabilidade social, mas também fortalecem suas equipes, estimulam a inovação e contribuem para a construção de um ambiente mais justo e acolhedor para todos os colaboradores.

A metodologia adotada é a revisão de literatura, uma etapa fundamental em qualquer pesquisa acadêmica, pois envolve a análise crítica e sistematizada de estudos, artigos, livros e outras fontes relevantes sobre um determinado tema. O objetivo da revisão de literatura é fornecer uma base sólida de conhecimento existente, identificar lacunas no campo de estudo, contextualizar a pesquisa dentro do panorama atual e fundamentar teoricamente as hipóteses ou questões de pesquisa.

 

 

  1. Necessidades Especiais e os tipos de deficiência

 

As necessidades especiais referem-se às demandas específicas de cada indivíduo que podem interferir em seu processo de aprendizagem e desenvolvimento. Essas necessidades podem ser de natureza física, cognitiva, emocional, sensorial ou social, exigindo apoios adicionais e estratégias diferenciadas para garantir a inclusão e o acesso pleno à educação e à sociedade.

Cada indivíduo é único e suas necessidades especiais devem ser compreendidas de forma individualizada, respeitando suas características, potencialidades e desafios específicos. O reconhecimento e a promoção da diversidade são fundamentais para garantir a inclusão e o respeito à singularidade de cada pessoa com necessidades especiais.

As deficiências são condições que podem afetar diferentes aspectos da vida de uma pessoa, seja a nível físico, cognitivo, sensorial ou emocional. Elas podem ser congênitas (presentes desde o nascimento) ou adquiridas ao longo da vida, e demandam atenção especial para garantir que a pessoa possa viver de forma plena e participativa na sociedade. É importante ressaltar que as deficiências não definem as pessoas e que cada indivíduo deve ser reconhecido em sua totalidade, com suas habilidades, potencialidades e desejos. O respeito à diversidade e a promoção da inclusão são fundamentais para garantir a igualdade de oportunidades e o pleno exercício dos direitos das pessoas com deficiência.

Mantoan (2015, p.29) ressalta que não se pode esquecer que o passado recente revela uma história de exclusão escolar das pessoas com deficiência. Por muitas décadas, alegando-se incapacidade dos estudantes com deficiência de acompanhar os demais alunos, manteve-se a prática de segregação, reforçada pelo paradigma da normalização. Tal estado de coisas perpetuou-se também no período da integração, que nada mais fora que um anúncio da possibilidade de inclusão escolar para aqueles estudantes que conseguissem adequar-se à escola comum, sem que esta devesse revisar seus pressupostos.

 

 

  1. Lei de cotas

 

Referente à Lei de Cotas no Mercado de trabalho, o autor Goldfarb (2007, p.25) enfatiza que a conquista, pelas pessoas portadoras de deficiência, de respeito e espaço na sociedade, assim como o reconhecimento e a inserção de direitos nas legislações são fruto de um processo longo e árduo, que continua em andamento.

Infelizmente os portadores de deficiência são objetos de exclusão desde a Antiguidade. Elas eram consideradas pessoas com maldições e inferiores, por isto, não poderiam fazer parte da sociedade. (GOLDFARB, 2007, p.32)

A Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência, também conhecida como Lei de Cotas, é a legislação brasileira que estabelece a obrigatoriedade de as empresas com mais de 100 funcionários preencherem uma parcela de seus cargos com profissionais com deficiência ou reabilitados. Essa lei tem como objetivo promover a inclusão social e a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho para pessoas com necessidades especiais.

Alguns pontos importantes sobre a Lei de Cotas são: Percentual de contratação (de acordo com a legislação, as empresas devem preencher uma cota que varia entre 2% e 5% do total de seus funcionários com pessoas com deficiência ou reabilitadas. O percentual exato é determinado pela quantidade total de empregados na empresa); Tipos de deficiência (a lei considera como deficiência aquelas que se enquadram nas categorias física, auditiva, visual, intelectual ou múltipla. Além disso, pessoas reabilitadas pelo INSS também têm direito à reserva de vagas); Adaptações no ambiente de trabalho (as empresas são responsáveis por promover as condições necessárias para a inclusão e o pleno desenvolvimento das pessoas com deficiência em seus quadros de funcionários. Isso inclui a realização de adaptações no ambiente físico, fornecimento de recursos assistivos e capacitação dos demais colaboradores para o convívio e trabalho conjunto com colegas com deficiência); Fiscalização e penalidades (para garantir o cumprimento da Lei de Cotas, existem fiscalizações realizadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, que podem aplicar multas às empresas que não cumprirem a legislação. Além disso, o descumprimento das cotas pode resultar em processos judiciais e outras penalidades previstas em lei); entre outros.

A Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência é uma importante ferramenta para promover a inclusão e a igualdade no mercado de trabalho, contribuindo para a valorização da diversidade e para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. É fundamental que as empresas cumpram essa legislação e adotem práticas inclusivas em seus ambientes laborais, garantindo oportunidades iguais para todos os profissionais, independentemente de suas necessidades especiais.

Assim como toda pessoa, o portador de deficiência necessita de respeito, admiração e amor, pois são pessoas como todos nós, especialmente da participação no mercado de trabalho, afinal são pessoas que necessitam da ajuda financeira como todos. Mas quando a competitividade é grande, vencem aqueles considerados “normais e mais fortes”. (MULLER,1999, p.17).

A respeito do emprego para o Portador de Deficiência, Goldfarb (2007, p.157) afirma que a empresa deve contratar a pessoa portadora de deficiência apta para o desenvolvimento das atividades relacionadas à função que ocupará e, além de permitir que as atividades sejam desenvolvidas, deve propiciar os meios necessários para tanto, incluindo sem limitação, as ferramentas laborais e as adaptações necessárias no local de trabalho, até mesmo porque, independentemente de o empregado postar uma deficiência, a empresa deve delegar atividades compatíveis com a sua competência, sempre nos limites do contratado, não cabendo qualquer exigência inferior ou superior às forças do empregado ou mesmos serviços defesos por lei ou contrários aos bons costumes, sob pena, inclusiva, de o empregado considerar rescindido o contrato e requerer as indenizações cabíveis para a hipótese de rescisão indireta do contrato de trabalho (CLT, art. 483).

A questão do emprego para pessoas com deficiência é de extrema importância para promover a inclusão e a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho. É essencial promover um ambiente inclusivo e acolhedor no mercado de trabalho, onde as pessoas com deficiência sejam valorizadas por suas habilidades e competências, contribuindo assim para uma sociedade mais diversa, justa e igualitária.

Ao adotar práticas inclusivas, investir em capacitação e sensibilização, e promover um ambiente de trabalho acolhedor e acessível, as empresas podem contribuir significativamente para a promoção da igualdade de oportunidades e o empoderamento das pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

 

  1. O Movimento da Inclusão: Tudo começa na escola

 

A inclusão do portador de necessidades especiais na escola é um tema de extrema importância para garantir o acesso à educação de qualidade para todos os indivíduos, independentemente de suas condições.

A inclusão escolar apresenta inúmeras vantagens as quais possibilitam a melhoria das condições sociais das pessoas excluídas e além disto, é capaz de proporcionar acentuada melhoria no aprendizado dos diferentes grupos de sujeitos, uma vez que oportuniza que a aprendizagem ocorra em situações as quais envolvem a expressão de vivências distintas, culturas diversas, possibilitando a construção de conhecimentos baseados na diversidade (FREITAS; LUSTOSA, 2017, p.35).

A diversidade é a variedade de características, experiências, origens, culturas, habilidades e perspectivas que existem entre os indivíduos e grupos da sociedade. Ela reconhece e valoriza as diferenças que tornam cada pessoa única e especial, promovendo a inclusão, o respeito mútuo e a igualdade de oportunidades para todos.

Promover a diversidade significa reconhecer a dignidade e os direitos de cada pessoa, independentemente de suas características ou condições particulares, criando um ambiente inclusivo, justo e acolhedor para todos os membros da sociedade. A diversidade é um pilar fundamental para a construção de uma sociedade mais justa, equitativa e harmoniosa.

Mota (2020, p.42) afirma que a inclusão escolar acrescenta ao desenvolvimento e aprendizagem de todas e todos estudante, com ou sem deficiência. Especificamente no caso de estudantes sem deficiência a interação com pares diversos e distintos em suas especificidades, proporcionará: aprimoramento da autoestima e autoconfiança, quando crianças passam a se sentir capazes de ajudar os outros; capacidade de relacionar-se empaticamente com crianças as quais apresentam diferentes percepções, pensamentos, necessidades, maneiras de aprender e agir; redução do medo de seres humanos distintos; compreensão e paciência com crianças as quais apresentam diferentes formas de aprendizado; mais respeito pelas pessoas, compreensão, aceitação e apreciação das diferenças individuais; e, preparação para a vida em uma sociedade inclusiva.

Uma sociedade inclusiva é aquela que valoriza e respeita a diversidade, promovendo a igualdade de oportunidades e o pleno exercício dos direitos de todos os seus membros, independentemente de suas diferenças. Alguns pontos importantes sobre uma sociedade inclusiva incluem: Respeito à diversidade (uma sociedade inclusiva reconhece e respeita as diferenças individuais, sejam elas relacionadas à etnia, gênero, orientação sexual, idade, condição socioeconômica, deficiência ou qualquer outra característica que torne as pessoas únicas); Acessibilidade (uma sociedade inclusiva garante a acessibilidade em todos os seus espaços e serviços, tanto físicos quanto digitais, para garantir que todas as pessoas possam participar plenamente da vida em sociedade); Igualdade de oportunidades (uma sociedade inclusiva busca eliminar as barreiras que impedem o pleno desenvolvimento e participação de todos os seus membros, garantindo igualdade de oportunidades no acesso à educação, ao emprego, à saúde, à cultura e a outros direitos fundamentais); Empoderamento (uma sociedade inclusiva promove o empoderamento das pessoas em situação de vulnerabilidade, capacitando-as a exercerem sua cidadania plenamente e a participarem ativamente das decisões que afetam suas vidas); Combate à discriminação (uma sociedade inclusiva combate ativamente todas as formas de discriminação e preconceito, promovendo o respeito mútuo, a tolerância e a valorização da diversidade como elementos essenciais para a construção de uma convivência harmoniosa); Políticas públicas inclusivas (para alcançar uma sociedade verdadeiramente inclusiva, são necessárias políticas públicas eficazes que promovam a igualdade e a justiça social, garantindo o acesso universal aos serviços essenciais e o respeito aos direitos humanos de todos os cidadãos).

Uma sociedade inclusiva é aquela que reconhece a importância da diversidade como um fator enriquecedor, adota práticas e políticas que promovem a igualdade de oportunidades e o respeito mútuo entre seus membros, e trabalha ativamente para eliminar todas as formas de exclusão e discriminação presentes em seu tecido social.

Prestes (2017, p.29) acredita que nos processos educativos a inclusão educacional tem como premissa a valorização da diversidade humana de modo a preservar a liberdade, a criatividade e a singularidade do aluno para o aperfeiçoamento integral das suas potencialidades. Esses aspectos devem ser considerados na elaboração e transmissão dos conteúdos curriculares pelo professor na sala de aula.

Propor efetivação da inclusão na escola, segundo Sousa (2019) significa compreender as práticas pedagógicas como propiciadoras de desafios e oportunidades direcionadas a todos os sujeitos os quais estão inseridos na pedagogia escolar. O que torna essencial à inclusão educacional é a compreensão das necessidades sociais e cognitivas do sujeito, bem como compreender de que forma as estratégias metodológicas têm sido propostas no desenvolvimento das competências e na realização da autonomia do alunado.

Alguns pontos importantes sobre a inclusão de pessoas com deficiência no ambiente escolar são: Educação inclusiva (a educação inclusiva parte do princípio de que cada aluno é único e merece ter suas necessidades atendidas no ambiente escolar. Isso significa proporcionar um ensino que seja acessível a todos, considerando as diferenças individuais); Adaptações curriculares fundamental que as escolas ofereçam adaptações curriculares e metodológicas para atender às necessidades específicas dos alunos com deficiência, garantindo que eles possam participar ativamente das atividades educacionais); Formação de professores (os profissionais da educação devem receber formação adequada para lidar com a diversidade presente em sala de aula, incluindo estratégias pedagógicas diferenciadas e recursos que favoreçam a aprendizagem de todos os alunos); Ambiente acolhedor (as escolas precisam criar um ambiente acolhedor e inclusivo, onde a diversidade seja valorizada e respeitada por toda a comunidade escolar, promovendo a convivência harmoniosa entre os alunos); Parceria com a família (a parceria entre escola e família é essencial para o sucesso da inclusão escolar, pois os pais e responsáveis desempenham um papel fundamental no apoio ao desenvolvimento educacional e social dos alunos com deficiência); Acessibilidade (as instituições de ensino devem garantir a acessibilidade física, comunicacional e tecnológica para que todos os alunos possam participar plenamente das atividades escolares, sem barreiras ou discriminação); Valorização das potencialidadesimportante valorizar as potencialidades e habilidades dos alunos com deficiência, estimulando seu crescimento pessoal e acadêmico, e promovendo uma cultura de respeito à diversidade); entre outros.

A inclusão do portador de necessidades especiais na escola é um direito fundamental que deve ser assegurado por meio de políticas educacionais inclusivas, práticas pedagógicas adequadas e um ambiente escolar acolhedor e respeitoso para todos os alunos.

Inclusão e exclusão são palavras que têm norteado, nas últimas décadas as discussões a respeito de quem entra ou não na escola. Impulsionada pelo imperativo ético da democratização do ensino, a inclusão, fundamentada em princípios tais como igualdade e equidade de oportunidades, emerge na década de 1980 e se consolida, somente em termos legais, na década de 1990, no contexto educacional brasileiro, influenciada pela Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais: Acesso e Qualidade. A inclusão compromete-se a oferecer educação de qualidade, acesso e permanência, na escola, a todas as pessoas. Propõe-se, também a promover mudanças, de forma que o sistema educacional, em sua completude, adapte-se a fim de receber e acolher a diversidade (PINHEIRO, 2020, p.44).

Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais é um evento internacional que reúne especialistas, acadêmicos, profissionais da área da educação, autoridades governamentais e representantes de organizações da sociedade civil para discutir e compartilhar práticas, políticas e pesquisas relacionadas à educação inclusiva e às necessidades educacionais especiais. Nesse tipo de conferência, são abordados temas como: Acesso à educação (garantir que todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, cognitivas, emocionais ou sociais, tenham acesso a uma educação de qualidade e inclusiva); Adaptações curriculares (discutir estratégias e práticas pedagógicas para adaptar o currículo escolar às necessidades individuais dos estudantes com deficiências ou dificuldades de aprendizagem); Formação de professores (abordar a importância da formação continuada dos profissionais da educação para atuarem de forma eficaz na promoção da inclusão e no atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos); Políticas públicas (analisar as políticas educacionais adotadas pelos governos para garantir a inclusão escolar e o respeito à diversidade nas instituições de ensino); Tecnologias Assistivas (explorar o uso de tecnologias e recursos pedagógicos que auxiliam no processo de ensino-aprendizagem de alunos com necessidades educacionais especiais); entre outros.

Essas conferências visam promover o diálogo, a troca de experiências e o desenvolvimento de estratégias eficazes para garantir uma educação equitativa, inclusiva e de qualidade para todos os estudantes, independentemente de suas diferenças individuais. O compartilhamento de conhecimento e boas práticas nesse contexto contribui significativamente para a construção de sociedades mais justas e igualitárias.

 

 

3.3 Educação Inclusiva em ação

 

De acordo com Gomes (2018, p.12) a temática educação inclusiva é uma pauta a qual ainda deve ser muito discutida a cada dia, pois, não só atualmente, mas desde sempre, o mundo expõe um padrão de estética, de comportamentos, em que as pessoas com deficiência/ necessidades especiais não conseguem acompanhar; foram se criando estigmas e tais estigmas se perpetuaram, pois se pensava que, com a inclusão, quebrar-se iam diversos dos preconceitos e todos os estigmas, e que, com sua atuação nas instituições de ensino, tornar-se-iam mais expostas as habilidades, capacidades das pessoas com deficiência/ necessidades para que as pessoas começassem a repensar sobre tal ideia.

O pressuposto de que a Educação Inclusiva é um movimento o qual compreende a educação como direito humano fundamental se constitui como base para uma sociedade mais justa. O atendimento de todas as crianças, a despeito de suas características, desvantagens ou dificuldades, implica habilitar todas as escolas para o atendimento em sua comunidade e desta forma, todo esse empreendimento não pode se abstrair de que a formação, a qualificação e a valorização do professor e do profissional de educação se constituem como pilares de tais mudanças (PINTOR, 2017, p.51).

A educação é, de fato, um direito fundamental de todos os indivíduos. O acesso à educação de qualidade é essencial para o desenvolvimento pessoal, social e profissional das pessoas, além de ser um pilar fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Quando se fala a respeito da educação como direito fundamental, se está referindo não apenas ao acesso à escola e ao conhecimento acadêmico, mas também à garantia de oportunidades de aprendizado ao longo da vida, à formação integral dos indivíduos e ao desenvolvimento de habilidades socioemocionais.

A educação desempenha um papel crucial na promoção da inclusão social, na redução das desigualdades, no fortalecimento da cidadania e na promoção do desenvolvimento sustentável. Por meio da educação, as pessoas adquirem conhecimentos, valores, habilidades e competências que são essenciais para sua participação ativa na sociedade e no mercado de trabalho. É responsabilidade do Estado garantir o acesso universal à educação, promovendo políticas públicas inclusivas, investindo na formação de professores, na melhoria da infraestrutura escolar e na valorização da educação como um pilar fundamental do desenvolvimento humano, portanto, a defesa da educação como um direito fundamental de todos os indivíduos é essencial para garantir a igualdade de oportunidades, o respeito à diversidade e a construção de um futuro mais próspero e sustentável para as gerações presentes e futuras.

Para Fireman (2015, p.35) a educação inclusiva, em função das novas demandas sócio educacionais, preconiza a educação para todos, independente de sua condição física, sensorial, econômica, social, cultural e afetiva, devendo ocorrer nas salas comuns do ensino regular. Aqui o aluno não mais precisa provar seus conhecimentos e habilidades, para participar do ambiente escola, a escola deve envidar meios par acolher o alunado e promover uma educação de qualidade. A educação inclusiva passou a ser considerada como uma política de referência para os alunos com deficiência, a partir da difusão da Declaração de Salamanca.

A Declaração de Salamanca foi adotada em 1994 durante a Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais, realizada na cidade de Salamanca, na Espanha. Este documento representa um marco importante no campo da educação inclusiva e dos direitos das pessoas com deficiência. Ela reafirma o compromisso com a educação para todos e destaca a importância de garantir o acesso à educação de qualidade para todas as pessoas, independentemente de suas diferenças e necessidades específicas. Ela defende a educação inclusiva como um princípio fundamental, que reconhece e valoriza a diversidade humana.

Um dos pontos-chave da Declaração de Salamanca é a afirmação de que as escolas devem acolher a diversidade de seus alunos, promovendo práticas pedagógicas inclusivas que atendam às necessidades individuais de cada estudante. Além disso, o documento ressalta a importância da formação de professores para lidar com a diversidade em sala de aula e da adaptação dos sistemas educacionais para garantir a inclusão de todos.

A Declaração de Salamanca influenciou significativamente as políticas educacionais em todo o mundo, estimulando a adoção de práticas inclusivas e o reconhecimento dos direitos das pessoas com deficiência no contexto educacional. Ela reforça a ideia de que a diversidade é uma riqueza a ser valorizada e que a educação é um direito fundamental de todos os indivíduos, independentemente de suas diferenças.

Conforme Glat e Pletsch (2012, p.34) a Declaração de Salamanca é considerada um marco, pois nela são propostas linhas de ação as quais colocam em xeque não somente a concepção tradicional de escola, mas também a própria atuação da educação especial a qual passa a ter como uma de suas funções prioritárias o suporte pedagógico especializado juntamente ao ensino comum para o trabalho com alunos especiais, perpassando, assim., todos os níveis e etapas da escolarização.

A inclusão é muito mais do que o conjunto das diferenças. Ao entrar neste campo, se está lidando com a construção histórica social e cultural das diferenças, a qual está ligada às relações de poder, aos processos de colonização e dominação, portanto, ao falar a respeito da inclusão, não se pode desconsiderar a construção de identidades, o contexto das desigualdades e das lutas sociais (GOMES, 2018, p.27).

Na área educacional, no geral, a inclusão tem se referido a movimentos instituídos no âmbito do ordenamento legal, da organização escolar e das práticas educativas, de forma que possibilite a inserção e permanência de grupos historicamente excluídos do espaço escolar, seja por aspectos sociais, econômicos e culturais, seja por peculiaridades no desenvolvimento. Desta maneira, remete à discussão da legislação e dos programas oficiais os quais visam à implementação de uma política de educação inclusiva; dos distintos contextos em que tal educação se materializa, sobretudo a escola; dos profissionais envolvidos; dos sujeitos a que essa educação se destina e de suas famílias (PADILHA; OLIVEIRA, 2014, p.05).

Uma política de educação inclusiva é aquela que visa garantir o acesso, a participação e o sucesso de todos os alunos, independentemente de suas características individuais, necessidades especiais, origem étnica, cultural, social ou econômica. Uma política de educação inclusiva busca promover a equidade, a diversidade e o respeito às diferenças no ambiente escolar.

Para ser eficaz, uma política de educação inclusiva deve incluir medidas como: Acesso universal (garantir que todas as crianças e jovens tenham acesso à educação, sem discriminação ou exclusão); Adaptações curriculares (oferecer um currículo flexível e adaptado às necessidades individuais dos alunos, de modo a atender a diversidade de estilos de aprendizagem); Formação docente (capacitar os professores para lidar com a diversidade em sala de aula, promovendo práticas pedagógicas inclusivas e acolhedoras); Recursos e apoios (disponibilizar recursos educacionais e apoios especializados para atender às necessidades específicas dos alunos com deficiência, transtornos de aprendizagem ou outras condições que exijam suporte adicional); Ambiente escolar acolhedor (promover um ambiente escolar seguro, respeitoso e inclusivo, que valorize a diversidade e promova a convivência pacífica entre todos os estudantes); Parceria com a comunidade (estabelecer parcerias com famílias, organizações da sociedade civil e outros setores da comunidade para fortalecer o apoio aos alunos e promover a inclusão em todos os aspectos da vida escolar); entre outros.

Uma política de educação inclusiva busca não apenas garantir o acesso à escola, mas também promover a permanência, o sucesso acadêmico e o desenvolvimento integral de cada aluno, reconhecendo e valorizando suas diferenças como parte essencial do processo educativo.

Segundo Gomes (2018, p.11) para que se possa ter uma educação a qual inclua realmente as crianças deficientes, é preciso uma adaptação do sistema educacional e da comunidade de forma geral para a qualificação dos professores, produção de livros e materiais didáticos apropriados para os diversos graus e tipos de deficiência, adaptação da estrutura das escolas e da rede de transportes para o trânsito e receptividade dos alunos.

A escola se entupiu do formalismo da racionalidade e cindiu-se em modalidades de ensino, tipos de serviço, grades curriculares, burocracia. Uma ruptura de base em sua estrutura organizacional, como propõe a inclusão, é uma saída para que a escola possa fluir, novamente, espalhando sua ação formadora por todos os que dela participam. A inclusão, portanto, implica mudança desse atual paradigma educacional, para que se encaixe no mapa da educação escolar que estamos retraçando. Desta maneira, a escola não pode continuar ignorando, anulando e marginalizando as diferenças as quais estão à sua volta. (VIVEIRO; BEGO, 2015, p.38).

Para Fireman (2015, p.23) de forma ampla a educação inclusiva promove a reforma dos sistemas educativos e coloca em juízo de valor as teorias e hipóteses relacionadas à educação especial. A proposta de educação inclusiva é transformar os sistemas educacionas, com isso prevê mudanças substanciais envolvendo a arquitetura da escola e nos métodos de ensinar e avaliar. Os atuais desafios da Educação Inclusiva brasileira centram-se na necessidade de desenvolver instrumentos sistemáticos de monitoramento, ou seja, indicadores dos programas implantados, realização de pesquisas qualitativas e quantitativas as quais possam evidenciar os resultados dos programas implantados e identificação de experiências de sucesso; implantação de programas de capacitação de recursos humanos os quais incluam a formação de professores dentro das escolas e na sala de aula regular do sistema de ensino.

A educação especial, segundo Correia (2017, p.42) constitui-se como um conjunto de métodos e estratégias de ensino, adaptações de materiais e equipamentos, de eliminação de barreiras e de quaisquer outras intervenções, pensadas e planejadas de uma maneira interdisciplinar, cujo fim é o de se responder, com a maior eficácia possível, às necessidades de um aluno com necessidades especiais (NE), tendo sempre por base as suas capacidades e os ambientes onde ele se move, assim sendo, o seu objetivo primeiro deve ser o de promover ambientes de aprendizagem os quais permitam aos alunos com NE atingir níveis de sucesso elevados no que respeito ao seu percurso acadêmico, socioemocional e de independência pessoal.

Na área da Educação Especial, existem diversos métodos e estratégias de ensino que visam atender às necessidades específicas dos alunos com deficiência, transtornos de aprendizagem ou outras condições que exijam apoio adicional. Alguns desses métodos e estratégias incluem: Ensino Individualizado (adaptação do ensino de acordo com as necessidades e características de cada aluno, levando em consideração seu ritmo de aprendizagem, estilo cognitivo e interesses pessoais); Ensino Multissensorial (utilização de diferentes estímulos sensoriais (visuais, auditivos, táteis) para facilitar a aprendizagem e a compreensão dos conteúdos por parte dos alunos); Ensino por Meio de Tecnologias Assistivas (utilização de recursos tecnológicos, como softwares educacionais, aplicativos específicos e dispositivos adaptados, para apoiar a aprendizagem e a comunicação dos alunos com deficiência); Aprendizagem Cooperativa (estímulo à colaboração entre os alunos, promovendo a interação, o trabalho em equipe e a troca de conhecimentos entre pares); Ensino Baseado em Projetos (abordagem que envolve os alunos em atividades práticas e significativas, relacionadas a projetos ou temas de interesse, favorecendo a aplicação dos conhecimentos na prática); Ensino por Meio de Histórias Sociais (utilização de histórias sociais para auxiliar na compreensão de situações sociais complexas e no desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais); Ensino Estruturado (organização clara e previsível do ambiente escolar e das atividades de ensino, oferecendo suporte à compreensão e à execução das tarefas pelos alunos); entre outros.

Essas são apenas algumas das muitas estratégias e metodologias que podem ser empregadas no contexto da Educação Especial para promover a aprendizagem e o desenvolvimento dos alunos com necessidades educacionais específicas. É importante que os educadores estejam sempre atualizados e em constante diálogo com profissionais da área para identificar as melhores práticas pedagógicas para cada situação.

 

 

3.4 Caracterizando as Necessidades Especiais Educacionais

 

Necessidades educacionais especiais são demandas específicas dos alunos que, para aprender o que é esperado para seu grupo-referência, precisarão de distintas maneiras de interação pedagógica e/ou suportes adicionais, ou seja, recursos pedagógicos, metodologias e currículos adaptados, bem como tempos diferenciados para aprender os mesmos conteúdos que os demais, durante todo o seu percurso escolar ou parte dele. O conceito de necessidade educacional especial engloba tanto as características individuais do aluno quanto o contexto histórico-cultural em que vive e se constitui; ou seja, refere-se tanto à constituição orgânico-psicológica do sujeito quanto à sua condição social frente à cultura escolar (GLAT; PLETSCH, 2012, p.21).

A cultura escolar refere-se ao conjunto de valores, normas, práticas, tradições e representações que permeiam o ambiente educacional de uma instituição de ensino. Ela engloba não apenas os aspectos pedagógicos e curriculares, mas também as relações interpessoais, as dinâmicas institucionais e as formas como o conhecimento é produzido, transmitido e assimilado no contexto escolar. Alguns elementos que caracterizam a cultura escolar são: Valores educacionais (os valores que orientam as práticas educativas e a convivência na escola, como o respeito, a solidariedade, a responsabilidade, a autonomia e a ética); Normas e regras (as normas e regras de convivência que regulam o comportamento dos membros da comunidade escolar, contribuindo para a construção de um ambiente seguro e acolhedor); Relações interpessoais (as relações estabelecidas entre alunos, professores, funcionários e gestores da escola, que influenciam diretamente o clima organizacional e o processo de ensino-aprendizagem); Clima escolar (o clima emocional e afetivo que se estabelece na escola, influenciando o bem-estar dos alunos e profissionais envolvidos no processo educativo); Tradições e rituais (as práticas culturais que marcam o cotidiano da escola, como festas, comemorações, eventos esportivos, manifestações artísticas, entre outros); Currículo e metodologias (as concepções pedagógicas adotadas pela escola, os conteúdos curriculares trabalhados, as estratégias de ensino utilizadas e as formas de avaliação do aprendizado dos alunos); Inclusão e diversidade (a forma como a escola lida com a diversidade cultural, étnica, social, econômica e de gênero presente em seu corpo discente e docente, promovendo a inclusão e o respeito à diferença); entre outros.

A cultura escolar desempenha um papel fundamental na formação dos alunos e na construção do ambiente educativo como um espaço de aprendizagem significativa, socialização e desenvolvimento integral dos indivíduos. Uma cultura escolar forte e inclusiva contribui para a promoção do sucesso acadêmico, o bem-estar emocional dos estudantes e a construção de uma sociedade mais justa e democrática.

Costumam apresentar necessidades educacionais especiais, por exemplo, alunos que migram para comunidades com costumes e valores distintos daqueles que já vinham sendo constituídos por eles no convívio familiar e social, mesmo que não tenham qualquer condição intrínseca que dificulte a aprendizagem. Da mesma maneira, alunos com necessidades educacionais especiais são frequentemente encontrados em escolas ou sistemas escolares com currículos pouco flexíveis, sobretudo se estes forem pautados em valores e expectativas das camadas hegemônicas da população e desvinculados das experiências cotidianas da comunidade em que a escola está inserida (GLAT; PLETSCH, 2012, p.22).

Um currículo flexível é aquele que se adapta às necessidades, interesses e ritmos de aprendizagem dos alunos, proporcionando uma educação mais personalizada e significativa. A importância do currículo flexível reside em diversos aspectos: Atendimento às necessidades individuais (um currículo flexível permite que os educadores personalizem a aprendizagem de acordo com as características e demandas específicas de cada aluno, levando em consideração seu estilo de aprendizagem, seus interesses e suas habilidades); Estímulo à autonomia e à responsabilidade (ao permitir que os alunos participem ativamente do processo de construção de seu próprio percurso educativo, um currículo flexível estimula a autonomia, a criatividade e a responsabilidade pelo próprio aprendizado); Inclusão e diversidade (um currículo flexível pode contribuir para a promoção da inclusão e o respeito à diversidade, ao considerar as diferentes realidades e necessidades dos estudantes, garantindo que todos tenham oportunidades equitativas de desenvolvimento); Relevância e contextualização (com um currículo flexível, é possível tornar os conteúdos curriculares mais relevantes e significativos para os alunos, estabelecendo conexões com suas experiências de vida, interesses e realidades socioculturais); Estímulo à criatividade e à inovação (ao permitir maior liberdade para a experimentação pedagógica e a incorporação de metodologias inovadoras, um currículo flexível estimula a criatividade tanto dos educadores quanto dos alunos, favorecendo a construção de conhecimentos de forma mais dinâmica e participativa); Preparação para desafios futuros (em um mundo em constante transformação, um currículo flexível pode preparar os alunos para lidar com os desafios do século XXI, como a resolução de problemas complexos, o trabalho em equipe, a comunicação eficaz e o pensamento crítico); entre outros.

Um currículo flexível é uma ferramenta poderosa para promover uma educação mais inclusiva, personalizada e contextualizada, capaz de atender às demandas individuais dos alunos e prepará-los para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo com autonomia, criatividade e resiliência.

Também geralmente apresentam necessidades educacionais especiais alunos com diferenças qualitativas no desenvolvimento com origem nas deficiências físicas, motoras, sensoriais e/ou cognitivas, distúrbios psicológicos e/ou de comportamento (transtornos globais do desenvolvimento), bem como os com altas habilidades, os denominados “alunos especiais” ou “excepcionais” (GLAT; PLETSCH, 2012, p.22).

 

 

Considerações finais

 

A inserção das pessoas com deficiência no mercado de trabalho é um processo fundamental para promover a inclusão social, a equidade e a valorização da diversidade. A seguir, algumas considerações importantes sobre a inserção do portador de necessidades especiais no trabalho: Leis e normas (em muitos países, existem leis e normas que garantem direitos e estabelecem cotas para a contratação de pessoas com deficiência pelas empresas. Essas medidas visam assegurar oportunidades iguais no mercado de trabalho e combater a discriminação); Adaptações necessárias (muitas vezes, as pessoas com deficiência necessitam de adaptações no ambiente de trabalho, como rampas de acesso, equipamentos especiais ou ajustes na jornada de trabalho. É importante que as empresas estejam preparadas para oferecer essas condições); Valorização das habilidades essencial valorizar as habilidades, competências e experiências das pessoas com deficiência, reconhecendo o potencial único que cada indivíduo pode trazer para o ambiente de trabalho); Inclusão social (a inserção no mercado de trabalho não apenas proporciona uma fonte de renda para as pessoas com deficiência, mas também contribui para sua inclusão social, autoestima e independência); Sens ibilização e capacitação (promover a sensibilização dos colaboradores e gestores em relação às questões da inclusão é fundamental para criar um ambiente de trabalho acolhedor e respeitoso para todos); Oportunidades de desenvolvimento (oferecer oportunidades de desenvolvimento profissional, capacitação e crescimento na carreira para as pessoas com deficiência é essencial para garantir sua plena integração no mercado de trabalho).

Em suma, a inserção do portador de necessidades especiais no trabalho requer um esforço conjunto da sociedade, das empresas e dos órgãos governamentais para garantir oportunidades justas e igualdade de condições para todas as pessoas, independentemente de suas características individuais.

 

 

Referências

 

CORREIA, Luís de Miranda. Fundamentos da Educação Especial. Portugal: Editora Flora Editora, 2017.

 

FIREMAN, Jorge. Educação Inclusiva – Curso de Educação a Distância. Cied-Cursos – ABEU, 2015.

 

FRANCISCHIONI, Andresa Silva Neto.; et al. Responsabildiade social das empresas: a contribuição das universidades. São Paulo: Peirópolis: Instituto Ethos, 2005.

 

FREITAS, Camila Siqueira Cronemberger.; LUSTOSA, Ana Valéria Marques Fortes. O brincar e a inclusão escolar da criança com Síndrome de Down. Simplíssimo Livros, 2017.

 

GLAT, Rosana.; PLETSCH, Marcia Denise. Inclusão escolar de alunos com necessidades especiais. 2.ed. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2012.

 

GOLDFARB, Cibelle Linero. Pessoas portadoras de deficiência e a relação de emprego: o sistema de cotas no Brasil. Curitiba: Juruá, 2007.

 

GOMES, Jannine da Cunha. Educação inclusiva: quem se responsabiliza? 1.ed. Curitiba: Appris, 2018.

 

MANTOAN, Maria Teresa Égler. Inclusão escolar - o que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Summus, 2015.

 

MOTA, Carol. Autismo na educação infantil: um olhar para interação social e inclusão escolar. 1.ed. Curitiba: Appris, 2020.

 

MULLER, Lara. Aconselhamento Com Pessoas Portadoras de Deficiência. São Leopoldo: Editora Sinodal, 1999.

 

PADILHA, Anna Maria L.; OLIVEIRA, Ivone M. de. Educação para todos: as muitas faces da inclusão escolar. Papirus Editora, 2014.

 

PINHEIRO, Lucineide Machado. A “inclusão” escolar de alunos surdos: colaborações para pensar as adaptações curriculares. 1.ed. Curitiba: Appris, 2020.

 

PINTOR, Nelma Alves Marques. Educação inclusiva. Rio de Janeiro: SESES, 2017.

 

PRESTES, Irene Carmen Picone. Fundamentos da educação especial. 1.ed. Curitiba, PR: IESDE Brasil, 2017.

 

SOUSA, Ivan Vale de. Educação inclusiva no Brasil: história, gestão e políticas. Jundiaí, SP: Paco Editorial, 2019.

 

VIVEIRO, Alessandra Aparecida.; BEGO, Amadeu Moura. O Ensino de Ciências no Contexto da Educação Inclusiva: diferentes matizes de um mesmo desafio. Jundiaí: Paco Editorial, 2015.

 

 

 

Incentivando a leitura com o boneco Zeca

Daniela Aparecida Batista Titon

Meury Aparecida dos Santos

Michely Aparecida dos Santos

Nilson Carolino dos Santos

 

DOI: 10.5281/zenodo.12583073

 

 

Este projeto contém informações que irão auxiliar os professores da Educação infantil, que se deparam diariamente com dificuldades ou duvidas de como incerir seus alunos para o mundo da leitura.

A função do educador nesse processo de incentivo ao mundo da imaginação é despertar nas crianças o desejo pela leitura desde a infância, para que eles vejam na literatura uma forma de aprender a ler, escrever e adquirir o abito e interesse pelos estudos desde pequenos.

O ato de ler, não é apenas conhecer as letras do alfabeto, mas é a interação entre o leitor e o contexto que engloba esse mundo da leitura, e a base para o desenvolvimento das crianças, portanto, a escola tem como principal objetivo formar pessoas que sejam capazes de estudar a leitura do mundo e compreender que está se faz necessária para construir o conhecimento e agir na sociedade de forma crítica e criativa, nas diferentes realidades emocionais, culturais, econômicas e sociais, além de desenvolver suas potencialidades.

O principal objetivo deste projeto foi o de incentivar os alunos da Educação Infantil a gostar e sentir prazer pela leitura e também desenvolver a responsabilidade do cuidar.

Os principais autores utilizados foram buscados nas teorias de autores que analisam a leitura na fase inicial do ingresso escolar, que são elas, Emília Ferreiro e Ana Teberoski.

O boneco Zeca foi confeccionado por uma artesã da cidade de Matupá. Na sala de aula ele é um aluno, todos os dias cada criança da turma leva o Zeca para casa, ele vai com uma mochila contendo um livro de leitura e um pijama, a criança que levar o Zeca para sua casa terá responsabilidade de cuidar pessoalmente dele, à noite a criança terá que vestir o pijama do Zeca e quando for dormir contar à historinha que estiver na mochila do boneco.

No dia seguinte a criança contará sua experiência e também a historinha que contou para o Zeca, e outra criança o levará para casa.

Com este projeto obtivemos resultados positivos, pois ele vem sendo realizado á três anos e a cada ano o envolvimento e o interesse pela leitura vem crescendo cada vez mais pelos alunos envolvidos e o sucesso é notável.

A leitura é um processo que acontece na Educação Infantil, porém o primeiro contato com livros muitas vezes acontece em casa, e para formar cidadãos leitores é necessário que o início da leitura aconteça de forma agradável e prazerosa, pois assim adquirimos o gosto e o hábito pela leitura.

Encerramos esse assunto com as palavras de Martins (1994) e Bambuger (1975), onde falam que o sucesso ou insucesso dos alunos nas questões de leitura está direcionada á prática do professor e ainda afirmam que o professor seja o mediador de situações para que atinja sua aprendizagem de forma mais ampla.

 

 

Referências

 

BBC NEWS MUNDO.O que é a leitura profunda e por que ela faz bem para o cérebro. 2021. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-59121175

 

PLENAE. Ler para crescer: o que muda quando a leitura começa na infância?. 2022. Disponível em:https://plenae.com/para-inspirar/ler-para-crescer-o-que-muda-quando-a-leitura-comeca-na-infancia/

 

RODRIGUES, Suzana Machado. A DE LEITURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL COMO INCENTIVO NA FORMAÇÃO DE FUTUROS LEITORES. UNEMAT. 2015. Disponível em: https://periodicos.unemat.br/index.php/reps/article/download/9653/5831/28925.

 

 

 

Educação Especial com ênfase em Autismo

Hariadny de Cássia Andrade

Kleiton Cristiano Calcete

Lays Buchetti Bressan

Natália Tatiane Maretti Calcete

Tamires Savella Cassiano

 

DOI: 10.5281/zenodo.12802470

 

 

RESUMO

A relação entre a educação especial e o autismo é pautada na individualização, na inclusão, na colaboração interdisciplinar e no apoio integral ao aluno com necessidades especiais. Essa abordagem centrada na criança visa proporcionar um ambiente educacional acolhedor, estimulante e adequado para que cada aluno no espectro autista possa alcançar seu potencial máximo. A Educação Infantil desempenha um papel crucial no apoio ao desenvolvimento da criança com autismo, oferecendo estímulos adequados, apoio especializado e um ambiente inclusivo o qual favorece o crescimento pessoal e acadêmico de tais crianças. É através de uma abordagem educacional sensível, individualizada e integradora que se pode potencializar o progresso e bem-estar das crianças autistas durante os primeiros anos de vida. Diante deste cenário este estudo tem por objetivo descrever sobre a educação especial com ênfase em autismo e adota como objetivos específicos caracterizar a educação especial assim como também ressaltar sobre os tipos de autismo assim como ressaltar sobre a importância da educação neste cenário. A metodologia adotada é a revisão de literatura. Como resultados, verifica-se que a educação especial desempenha um papel fundamental no apoio às crianças e jovens com autismo, garantindo que recebam o suporte necessário para alcançar seu máximo potencial de aprendizagem e desenvolvimento. Existem várias estratégias e abordagens educacionais que são especialmente eficazes para atender às necessidades específicas de alunos no espectro autista.

 

Palavras–Chave: Autismo. Educação Infantil. Educação Especial.

 

 

Introdução

 

Verifica-se que nas últimas décadas que as escolas e seus educadores têm se deparado com uma nova e desafiadora questão: a de incluir as pessoas com necessidades educacionais especiais nas salas de aulas da rede regular de ensino.

O estudo de diversas obras revelam que, historicamente, até o século XVI, não existia a preocupação da sociedade em oferecer atendimento às pessoas consideradas “diferentes” dos ditos “normais”.

Se adentrar-se a fundo na história anterior ao século XVI, certamente ficaria-se horrorizado com a tamanha injustiça feita com as pessoas que nasciam com algum tipo de deficiência ou diferença. Tais pessoas eram estupidamente queimadas em fogueiras em praça pública ou jogadas à própria sorte, pois se acreditava que era uma obra maligna.

Percebe-se que as famílias dos considerados “diferentes” bem como eles próprios consideram a escola uma barreira quase que intransponível se deparam com uma carga muito grande de dificuldades de aprendizagem e de preconceitos por parte dos próprios ditos “normais” e por parte até mesmo do corpo docente das escolas.

A família desempenha um papel fundamental no suporte emocional, no acesso a serviços e tratamentos adequados, e na criação de um ambiente inclusivo e acolhedor. Com maior conhecimento sobre o autismo, os familiares podem compreender melhor as necessidades e desafios enfrentados pela pessoa com autismo, buscando estratégias de adaptação e promovendo seu desenvolvimento e bem-estar. (SANTORINE, 2023, p.04).

O papel que o ambiente representa no desenvolvimento infantil varia muito, dependendo da idade da criança. À medida que esta se desenvolve, seu ambiente também muda e, consequentemente, a sua forma de relação com este meio se altera. Assim, para o recém-nascido, o mundo que se relaciona imediatamente com ele é um mundo limitado e ligado aos fenômenos conectados ao seu corpo e aos objetos que o rodeiam.

Neste sentido, este estudo adota como objetivo principal descrever sobre a educação especial com ênfase em autismo e adota como objetivos específicos caracterizar a educação especial assim como também ressaltar sobre os tipos de autismo assim como ressaltar sobre a importância da educação neste cenário.

A metodologia adotada é a revisão de literatura, uma etapa fundamental em qualquer pesquisa acadêmica, pois envolve a análise crítica e sistematizada de estudos, artigos, livros e outras fontes relevantes sobre um determinado tema. O objetivo da revisão de literatura é fornecer uma base sólida de conhecimento existente, identificar lacunas no campo de estudo, contextualizar a pesquisa dentro do panorama atual e fundamentar teoricamente as hipóteses ou questões de pesquisa.

 

 

1. A Educação Especial

 

A educação especial é um campo fundamental que visa garantir o acesso à educação de qualidade a todos os indivíduos, independentemente de suas necessidades específicas. Ela se dedica a atender e apoiar alunos com deficiências, transtornos de aprendizagem ou outras condições que exijam adaptações e suportes educacionais adicionais.

O principal objetivo da educação especial é promover a inclusão e a igualdade de oportunidades, garantindo que cada aluno possa desenvolver seu potencial máximo, respeitando suas diferenças e necessidades individuais. Isso envolve a criação de ambientes educacionais acessíveis, adaptados e acolhedores, onde cada estudante possa se sentir valorizado e apoiado em seu processo de aprendizagem.

Silva (2010, p.13) retrata que para contextualizar a história da educação especial no Brasil, é preciso primeiramente conhecer um pouco a respeito do tratamento destinado à pessoa com deficiência ao longo da história da humanidade, desde a Antiguidade até a Idade Contemporânea, e também compreender como ocorreu o surgimento e evolução da educação especial em todo o mundo.

Lustosa (2018, p.19) afirma que a Educação Especial, enquanto área do conhecimento humano, apresenta-se com um desenvolvimento histórico complexo, em função dos distintos determinantes sociais, culturais, econômicos e políticos os quais a atravessaram ao longo do tempo, dando origem a diferentes formas de lidar com seu público alvo, seja nas relações interpessoais, seja a partir das políticas públicas adotadas para atender às suas especificidades e um aspecto o qual se sobressai quando se analisa tal questão refere-se às possibilidades de escolarização que só se tornaram admissíveis na primeira metade do século XX, após um longo período marcado pela negligência, em que inexistiam ações voltadas para sua educação. Em distintas épocas, diversas foram as maneiras adotadas para educar tais indivíduos, em um primeiro momento, segregados em instituições filantrópicas, quando, então, predominava a visão médica e a deficiência era vista como doença incurável e, posteriormente, em escolas regulares, mas ainda marginalizados em salas especiais.

Enfatizando as políticas públicas, esta mesma autora afirma que na atualidade, tais políticas as quais norteiam a inclusão escolar apresentam inúmeros avanços, contudo não conseguem dar conta da multiplicidade de nuances que se apresentam nesse domínio e um dos pontos que constituem motor para considerações é a política de formação de professores que vem se concentrando na formação continuada, particularmente na especialização de professores os quais atuam no atendimento educacional especializado (AEE). (LUSTOSA, 2018, p.32).

Diniz (2017, p.25) esclarece, conforme MEC/SEESP (2008) a respeito do atendimento educacional especializado os seguintes itens:

 

  1. esse atendimento refere-se ao que é obrigatoriamente diverso da educação em escolas comuns e que é necessário para melhor atender às especificidades dos alunos com deficiência complementando a educação escolar devendo estar disponível em todo os níveis de ensino;

  2. é um direito de todos os alunos com deficiências que necessitarem de atendimento e precisa ser aceito por seus pais ou responsáveis e/ou pelo próprio aluno. A Constituição admite, ainda, que o atendimento educacional especializado pode ser oferecido fora da rede regular de ensino, já que é um complemento, e não um substitutivo do ensino ministrado na escola comum para todos os alunos;

  3. o atendimento educacional especializado na sua forma de complementação deve ser oferecido em horário contrário àqueles em que os alunos frequentam as escolas comuns, com outros objetivos, metas e procedimentos educacionais, que visam ao oferecimento de condições de acessibilidade comunicacional e ao conhecimento;

  4. as ações do atendimento educacional são definidas conforme o tipo de deficiência que se propõe a atender. Como exemplo, para os alunos com deficiência auditiva/surdez, o ensino é de Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), e de português, como segunda língua, ou para os alunos cegos, o ensino do sistema braille, da mobilidade e locomoção, ou o uso de recursos de informática e outros;

  5. os professores que atuam no atendimento educacional especializado além da formação básica exigida devem ter formação específica para atuar com a deficiência a que se propõem a atender. Assim, como no atendimento educacional especializado, os professores não substituem as funções do professor responsável pela sala de aula das escolas comuns que têm outros alunos com deficiências incluídos;

  6. o atendimento educacional especializado é um serviço oferecido, exclusivamente, aos alunos com quadros de deficiências e condutas típicas, sendo inadequado o encaminhamento a este atendimento de alunos com quadros de dificuldades de aprendizagens temporários e próprios do processo de aprendizagem de quaisquer alunos.

 

Galery (2017, p.41) ressalta ainda que, o MEC (Ministério da Educação) sugere, por exemplo, as seguintes práticas de AEE: para pessoas com surdez: ensino de Língua Brasileira de Sinais (Libras) e criação de estratégias didáticas de inclusão do surdo em sala de aula regular; para pessoas co deficiência física: treino em uso de tecnologias assistivas e do computador, adaptação de material pedagógico, criação de pranchas de comunicação e outros dispositivos de comunicação alternativa ou ampliada, treino em recursos corporais e adequação postural; para pessoas com deficiência intelectual: estratégias específicas de apoio ao letramento e de mediação da aprendizagem para privilegiar o desenvolvimento e a superação de seus limites intelectuais; e por fim, para pessoas cegas e com baixa visão: aprendizagem do alfabeto Braille, uso do soroban (ábaco japonês) para cálculos matemáticos, uso de livros didáticos adaptados e acessíveis e de leitores de tela.

Dentre as atividades de atendimento educacional especializado são disponibilizados programas de enriquecimento curricular, o ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização e tecnologia assistida. Ao longo de todo o processo de escolarização, este atendimento deve estar articulado com a proposta pedagógica do ensino comum. O atendimento educacional especializado é acompanhado por meio de instrumentos os quais possibilitem monitoramento e avaliação da oferta realizada nas escolas da rede pública e nos centros de atendimento educacionais especializados públicos ou conveniados (RAMOS; FARIA, 2011, p.78).

Ainda, conforme estes mesmos autores, do nascimento aos três anos, o atendimento educacional especializado se expressa por meio de serviços de estimulação precoce, que objetivam otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interfaces aos serviços de saúde e assistência social. Em todas as etapas e modalidades da educação básica, o atendimento educacional especializado é organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos, constituindo oferta obrigatória dos sistemas de ensino. Deve ser realizado no turno inverso ao da classe comum, na própria escola ou centro especializado que realiza esse serviço educacional (RAMOS; FARIA, 2011,p.79).

Para Batista (2006, p.20) o atendimento educacional não deve funcionar como uma análise interpretativa, própria das sessões psicanalíticas, e nem como uma interpretação psicopedagógica, tradicionalmente praticada. Tal atendimento deve permitir ao aluno elaborar suas questões, ideias, de maneira ativa e não corroborar para sua alienação diante de todo e qualquer saber. O atendimento educacional especializado não deve ser uma atividade que tenha como objetivo o ensino escolar especial adaptado para desenvolver conteúdos acadêmicos, tais como a Língua Portuguesa, a Matemática, dentre outros. Com relação a Língua Portuguesa e a Matemática, o atendimento educacional especializado buscará o conhecimento que permite ao aluno a leitura, a escrita e a quantificação, sem o compromisso de sistematizar essas noções como é o objetivo da escola. A escola, tanto especial quanto a escola comum, ao desenvolver o AEE deve oferecer todas as oportunidades possíveis para que nos espaços educacionais em que ele acontece, o aluno seja incentivado a se expressar, pesquisar, inventar hipóteses e reinventar o conhecimento livremente. Assim, ele pode trazer para os atendimentos os conteúdos advindos da sua própria experiência, segundo seus desejos, necessidades e capacidades. O exercício da atividade cognitiva ocorrerá a partir de tais conteúdos devendo ser oferecidas situações, envolvendo ações em que o próprio aluno teve participação ativa na sua execução e/ou façam parte da experiência de vida dele.

Os profissionais que atuam na área da educação especial desempenham um papel fundamental na identificação das necessidades dos alunos, no desenvolvimento de planos educacionais individualizados e na implementação de estratégias pedagógicas adequadas a cada caso. Eles trabalham em estreita colaboração com os demais profissionais da educação, os familiares e a comunidade para garantir uma abordagem holística e integrada em prol do aluno.

Além disso, a educação especial busca não apenas atender às necessidades educacionais dos alunos, mas também promover sua autonomia, autoestima e inclusão social. Ela reconhece a importância de valorizar as potencialidades de cada indivíduo, incentivando o desenvolvimento de suas habilidades e competências, independentemente de suas limitações.

Em um mundo cada vez mais diverso e complexo, a educação especial desempenha um papel crucial na construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e acolhedora. Ela nos lembra da importância de respeitar as diferenças, celebrar a diversidade e garantir que todos os indivíduos tenham acesso aos mesmos direitos e oportunidades. Através da educação especial, podemos construir um futuro mais igualitário e solidário para todos.

 

 

    1. Educação Especial e sua História: marcos importantes

 

A história da educação especial remonta a séculos atrás, mas foi somente a partir do século XIX que começou a se desenvolver de forma mais estruturada. Antes desse período, as pessoas com deficiência eram frequentemente excluídas da sociedade e privadas de acesso à educação formal, sendo muitas vezes marginalizadas ou institucionalizadas.

Foi somente com o surgimento de movimentos sociais e filosóficos que defendiam a igualdade de direitos e oportunidades para todos os indivíduos que a educação especial começou a ganhar mais atenção e reconhecimento. Um marco importante nesse sentido foi a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, na França, em 1789, que proclamava a igualdade de direitos para todos os cidadãos, independentemente de suas condições físicas ou mentais.

No século XIX, com o avanço da medicina e da psicologia, surgiram os primeiros estudos sobre as deficiências e transtornos que afetavam o desenvolvimento humano. Foi nesse contexto que surgiram as primeiras escolas especializadas para atender crianças com deficiências sensoriais, intelectuais ou físicas, buscando oferecer uma educação adaptada às suas necessidades específicas.

Ao longo do tempo, a educação especial foi se desenvolvendo e se transformando, incorporando novas abordagens pedagógicas, tecnologias assistivas e políticas inclusivas. Atualmente, a educação especial é reconhecida como um campo essencial para garantir o direito à educação de qualidade para todos os indivíduos, promovendo a inclusão, a diversidade e o respeito pela singularidade de cada aluno.

Conforme Lustosa (2018, p.37) reconhece-se que a inclusão almejada ainda não plenamente alcançada, pois embora legislações nacional e internacional que a amparam sejam das mais atuais em termos de garantia de direitos, a inclusão não se faz integral somente com leis, entretanto, sobretudo, com uma sociedade a qual se transforme para ressignificar e valorizar a diferença, em sua natureza complexa e plural. Há que se cultivar com efetiva vontade novas crenças e valores os quais simbolizem fundamentalmente o respeito, igualdade e a liberdade de cada se

Apesar dos desafios e das barreiras ainda existentes, a história da educação especial nos mostra o progresso alcançado na luta por uma sociedade mais justa e inclusiva. Ela nos lembra da importância de valorizar e respeitar as diferenças, celebrando a diversidade como uma fonte de enriquecimento e aprendizado mútuo.

 

 

    1. Os princípios da Educação Especial

 

Os princípios da educação especial são fundamentais para nortear as práticas educacionais voltadas para a inclusão e o atendimento de alunos com necessidades especiais. Esses princípios refletem valores essenciais que orientam o trabalho dos profissionais da área e a organização dos sistemas educacionais. Alguns dos princípios mais importantes da educação especial incluem: Princípio da igualdade de oportunidades (a educação especial parte do pressuposto de que todos os alunos têm o direito de acesso à educação de qualidade, independentemente de suas necessidades específicas. Esse princípio busca garantir que cada aluno possa desenvolver seu potencial máximo, recebendo os suportes necessários para superar suas dificuldades e desafios); Princípio da equidade (a equidade na educação especial refere-se à garantia de que cada aluno receba os recursos e apoios necessários para se beneficiar plenamente do processo educacional, levando em consideração suas particularidades e diferenças individuais. Isso envolve a implementação de medidas e adaptações que promovam a igualdade de oportunidades para todos; Princípio da individualização (a individualização do atendimento educacional é um dos pilares da educação especial, pois reconhece a singularidade de cada aluno e a importância de desenvolver planos educacionais personalizados, que atendam às suas necessidades específicas. Isso envolve a elaboração de estratégias pedagógicas adaptadas, considerando as habilidades, interesses e potencialidades de cada estudante); Princípio da colaboração (a colaboração entre profissionais da educação, familiares, alunos e demais membros da comunidade é essencial na promoção do sucesso educativo dos alunos com necessidades especiais. A integração de esforços e conhecimentos de diferentes áreas contribui para o desenvolvimento de práticas mais eficazes e inclusivas, favorecendo o crescimento e aprendizado dos estudantes); e por fim, o Princípio da valorização das diferenças (a valorização das diferenças é um princípio central na educação especial, que reconhece a diversidade como uma fonte de enriquecimento e aprendizado mútuo. Esse princípio destaca a importância de respeitar e celebrar as singularidades de cada aluno, promovendo ambientes educacionais inclusivos, acolhedores e livres de preconceitos).

Esses princípios orientadores são essenciais para garantir uma educação especial de qualidade, que promova a inclusão, o respeito à diversidade e o desenvolvimento integral de todos os alunos, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

2. O Autismo

 

O autismo, também conhecido como Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma condição neurobiológica que afeta a forma como uma pessoa interage, se comunica e percebe o mundo ao seu redor. É importante ressaltar que o autismo é um espectro, o que significa que seus sintomas e características podem variar amplamente de uma pessoa para outra.

Segundo Santorine (2023, p.09) o autismo, conhecido também como Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica complexa a qual afeta o desenvolvimento e o funcionamento social, comunicativo e comportamental de uma pessoa. É considerado um espectro pois os sintomas e características do autismo variam amplamente de uma pessoa para outra, podendo ocorrer em distintos graus de intensidade.

Alguns dos principais aspectos do autismo incluem: Dificuldades na comunicação (pessoas com autismo podem apresentar dificuldades na comunicação verbal e não verbal. Alguns indivíduos podem ter atrasos na fala, dificuldade em iniciar ou manter conversas, padrões de fala repetitivos ou limitados, entre outras características); Padrões de comportamento repetitivos (comportamentos repetitivos e estereotipados são comuns em pessoas com autismo. Isso pode incluir movimentos repetitivos do corpo tal como balançar as mãos, adesão a rotinas rígidas e resistência a mudanças no ambiente); Interesses restritos (diversas pessoas com autismo têm interesses específicos e restritos, focando intensamente em determinados temas ou atividades. Esses interesses podem ser profundos e especializados); Sensibilidades sensoriais (indivíduos com autismo frequentemente apresentam sensibilidades sensoriais, ou seja, são mais sensíveis a estímulos sensoriais como luzes brilhantes, sons altos, texturas específicas ou cheiros fortes); Dificuldades na interação social (pessoas com autismo podem ter dificuldades em compreender e responder aos sinais sociais, como contato visual, expressões faciais e gestos. Isso pode afetar suas habilidades de interação social e de formação de vínculos); entre outros.

Conforme Castro (2023, p.38) são critérios para caracterização do TEA: Déficits persistentes na comunicação e na interação social em diversos contextos (tais como limitação na reciprocidade emocional e social, com dificuldade para compartilhar interesses e estabelecer uma conversa; limitação nos comportamentos de comunicação não verbal utilizados para interação social, variando entre comunicação verbal e não verbal pouco integrada e com dificuldade no uso de gestos e expressões faciais; limitações em inicia, manter e compreender relacionamentos, com variações na dificuldade de adaptação do comportamento para se ajustar às situações sociais, compartilhar brincadeiras imaginárias e ausência de interesse por pares); Padrões repetitivos e restritos de comportamento, atividades ou interesses, conforme manifestado pelo menos dois dos seguintes itens, ou por histórico prévio (movimentos motores, uso de objetos ou fala repetitiva e estereotipada; insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a padrões e rotinas ritualizadas de comportamentos verbais ou não verbais; interesses altamente restritos ou fixos em intensidade ou foco muito maiores do que os esperados; hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesses incomuns por aspectos sensoriais do ambiente; Níveis de gravidade ou necessidade de suporte do TEA, segundo os critérios diagnósticos do DSM-5: Nível 1 (outra conhecida como leve, apresenta relativo bom funcionamento, com apoio apresentando prejuízo na ausência de apoio, déficits na comunicação e na interação social, assim como padrões comportamentais os quais podem causar prejuízos notáveis. As pessoas que se encontram no espectro do autismo nível 1 não apresentam atrasos cognitivos/ intelectuais e de aquisição de fala significativos e o coeficiente intelectual está preservado); Nível 2 (outro conhecido como moderado necessita de suporte substancial, significa que mesmo que tenha suporte poderá apresentar dificuldades na socialização, na comunicação e em seus comportamentos. Pode haver transtorno do desenvolvimento intelectual); Nível 3 (outro conhecido como severo que necessita de suporte muito substancial, prejuízos graves de funcionalidade, ainda que haja nível de suporte apresentando déficits graves nas habilidades de comunicação social verbal e não verbal. O comportamento interfere nas funções executivas; dificuldade extrema em lidar com mudanças; grande aflição em mudar em foco ou ação. As pessoas que se encontram no espectro do autismo nível 3 ou severo estão associadas, geralmente, a deficiência intelectual, comorbidades (outras condições ou transtornos associados) e incapacidades nas habilidades/atividades da vida diária).

Afirma Santorine (2023, p.4) que a relevância de dar mais atenção às pessoas afetadas pelo autismo é fundamentada em diversas razões as quais visam promover uma sociedade mais inclusiva e acolhedora. O autismo é um transtorno neurológico o qual afeta a comunicação, a interação social e o comportamento das pessoas, e embora seja mais comum do que se pensava, diversas vezes é mal compreendido ou estigmatizado pela falta de informação. Uma das principais razões para dar mais atenção ao autismo é promover um maior esclarecimento social a respeito do tema. O desconhecimento sobre o autismo pode levar a preconceitos, discriminação e exclusão das pessoas afetadas. Ao fornecer informações precisas e educar a sociedade sobre o que é o autismo, suas características e desafios, pode-se combater estereótipos e promover a aceitação e inclusão de tais pessoas em diferentes aspectos da vida, como na escola, no trabalho e na comunidade.

Para os autores Rodrigues e Spencer (2015, p.08) a questão sobre o tema do Autismo permeia o discurso da Educação Especial Inclusiva, quando se propõe a valorização do ser humano portador de deficiência. Tal discurso é gerado à luz de princípios universais, ancorados nos direitos humanos difundidos na Declaração dos Direitos do Homem e na Convenção sobre Direitos da Criança.

 

 

2.1 Formas de Autismo

 

Dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA), existem diversas formas de autismo que abrangem uma ampla gama de características e níveis de funcionamento. É importante destacar que o autismo é um espectro, o que significa que as manifestações e intensidades dos sintomas podem variar significativamente de uma pessoa para outra. Algumas das formas de autismo mais conhecidas incluem o Transtorno Autista, conhecido como autismo clássico, é caracterizado por dificuldades significativas na comunicação, interação social e comportamentos repetitivos. Pode haver atrasos no desenvolvimento da linguagem e prejuízos na capacidade de se relacionar com os outros.

O Transtorno do Espectro do Autismo, nomenclatura mais atual para o transtorno, pode ser considerado um transtorno do desenvolvimento, caracterizado por deficiências na comunicação e relações sociais sendo um distúrbio bastante complexo o qual envolve atrasos e problemas em uma série de habilidades emocionais, cognitivas, motoras e sensoriais. Os comportamentos específicos os quais podem advir do diagnóstico não são específicos do autismo e, em vez disto, vêm de um problema fundamental de relacionamento, comunicação e pensamento. Tais comportamentos podem ser fiação corporal, perseverar em uma palavra específica sem significado aparente, alinhar brinquedos ou outros comportamentos. (MASON, 2022, p.12).

Tem-se também a Síndrome de Asperger e pessoas com esta síndrome apresentam dificuldades na interação social e padrões restritos de comportamento, porém costumam ter um desenvolvimento da linguagem dentro do esperado e inteligência média ou acima da média. É comum observar interesses intensos em áreas específicas.

Marques (2023) ressalta que se está aprendendo cada vez mais sobre o autismo o tempo todo, mas se está apenas começando a arranhar a superfície da Síndrome de Asperger. Asperger ainda é uma consideração muito muito nova paa os pais e diversos médicos prescritores. á muito a explorar nesta ampla curva de aprendizado: diferenças sociais, saúde mental, sensibilidades sensoriais e estratégias de enfrentamento as quais serão de valor ao longo da vida. Os pais podem ficar sobrecarregados com informações clínicas as quais reforçam os déficits percebidos de seus filhos, ou seja, as coisas ~que não se espera que eles sejam capazes de fazer na vida. Outras áreas as quais podem gerar confusão incluem opções relacionadas à aprendizagem e colocação educacional, treinamento e programação, além de terapias e técnicas.

O Transtorno Desintegrativo da Infância também é uma forma de autismo e neste tipo de autismo, a criança apresenta um desenvolvimento aparentemente normal nos primeiros anos de vida, mas depois regredir em várias áreas, como linguagem, habilidades sociais e comportamentos.

Sobre este transtorno Manuel (2024, p.51) afirma que é um transtorno invasivo do desenvolvimento definido por um período de desenvolvimento totalmente normal, antes do início do transtorno, seguido por uma perda definitiva de habilidades previamente adquiridas em diversos domínios do desenvolvimento dentro de alguns meses e isso geralmente é acompanhado por uma perda generalizada de interesse no ambiente, maneirismos motores estereotipados repetitivos e interação social e comunicação prejudicadas, semelhantes ao comprometimento autista. Em alguns casos, pode-se demonstrar que o distúrbio se deve a alguma encefalopatia associada, mas o diagnóstico deve ser feito com base nos sintomas comportamentais e seu diagnóstico apresenta, em sequência, demência infantil, psicopatia desintegrativa, psicose simbiótica e síndrome de Heller.

Já no Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação, esta categoria engloba casos em que os sintomas do autismo estão presentes, mas não se encaixam claramente em nenhuma das formas específicas mencionadas anteriormente.

É importante lembrar que cada pessoa com autismo é única e pode apresentar uma combinação única de características e desafios. O diagnóstico preciso e individualizado é fundamental para garantir que a pessoa receba o suporte adequado às suas necessidades específicas.

 

 

2.2 A importância do diagnóstico precoce

 

O diagnóstico precoce do autismo é fundamental para que a criança possa receber intervenções e suportes adequados o mais cedo possível, maximizando seu desenvolvimento e qualidade de vida. Alguns sinais de alerta podem ser observados em bebês e crianças pequenas, indicando a necessidade de uma avaliação mais detalhada por parte de profissionais especializados.

Alguns dos sinais precoces de autismo incluem: Ausência de contato visual (bebês tipicamente buscam o contato visual com seus cuidadores para estabelecer conexão e comunicação. A falta desse contato pode ser um sinal de alerta); Atrasos na linguagem (dificuldade em balbuciar, responder a sons, palavras ou gestos simples dentro do esperado para a idade); Comportamentos repetitivos (movimentos repetitivos do corpo, como balançar as mãos, bater cabeça, alinhar objetos de forma obsessiva); Interesses restritos (foco intenso e limitado em determinados objetos ou atividades específicas, com pouca flexibilidade para se engajar em brincadeiras variadas); Dificuldades na interação social (falta de reciprocidade social, dificuldade em estabelecer conexões emocionais com os outros, ausência de sorrisos sociais); entre outros.

É importante ressaltar que a presença de um ou mais desses sinais não significa necessariamente que a criança tenha autismo, mas pode indicar a necessidade de uma avaliação mais aprofundada por profissionais qualificados, como psicólogos, pediatras ou neuropediatras.

Quanto antes o autismo for identificado e diagnosticado, mais cedo intervenções especializadas podem ser iniciadas, contribuindo para o desenvolvimento global da criança e para a melhoria de sua qualidade de vida a longo prazo.

Embora o autismo apresente desafios, Santorine (2023, p.09) afirma que diversas pessoas autistas podem levar uma vida bem próxima do normal, com apoio adequado e oportunidades inclusivas. Embora algumas atividades ou interações sociais possam ser mais desafiadoras, é relevanteconhecer e valorizar as habilidades e talentos únicos que cada pessoa autista possui.

Para Castro (2023, p.10) o diagnóstico precoce do autismo é um desafio e certamente há uma parcela de crianças as quais apresentam os sintomas sugestivos de TEA quando bebês, demonstrando menor contato visual, choro, irritabilidade, padrões ritualísticos, alterações sensoriais, alteração de sono, dificuldades motoras, menor interesse em pessoas, menor sonorização, entre outros, entretanto é fundamental ter em mente que há um outro grupo, em que o bebê apresenta um desenvolvimento relativamente satisfatório. Os sinais de autismo estão presentes, mas são tão sutis os quais acabam sendo minimizados pelos pais, sobretudo os de primeira viagem, diante do desconhecido ou da negação. A presença do autismo diversas vezes se torna inegável por volta dos 12 a 18 meses, devido à perda de habilidades já adquiridas, que escancaram os atrasos e isso ocorre com um terço dos pacientes TEA.

É importante ressaltar que o autismo é uma condição complexa e multifacetada, que pode se manifestar de maneiras diferentes em cada pessoa. O diagnóstico precoce e intervenções adequadas são fundamentais para apoiar o desenvolvimento e o bem-estar das pessoas com autismo.

Neste sentido, conforme afirma Castro (2023 p.21) a evolução do paciente depende do diagnóstico precoce e intervenção adequada. O diagnóstico do TEA pode ser realizado com segurança a partir dos 14 meses de idade, entretanto, reforça-se que não existe idade mínima para realizar o diagnóstico e muito menos para iniciar as intervenções. Sabe-se que a abordagem precoce interfere diretamente no bom prognóstico do autista e para que isto ocorre é preciso que o diagnóstico seja claro tanto para os pais assim como também para os profissionais envolvidos.

 

 

  1. A EDUCAÇÃO E A SUA RELEVÂNCIA

Pode-se verificar que a ideia que se tem de educação está muitas vezes ligada erroneamente, somente a instituição “escola”, a educação sempre estará comprometida com a economia e a política em que estará inserida. A educação engloba os vários processos de ensinar e aprender. Podemos observar a educação em toda a sociedade e nos grupos constitutivos.

Observa-se que a educação nos dá ênfase em três princípios distintos e básicos: a natureza, o homem, e as coisas.

A figura da educação não pode ser somente ligada a uma atividade, pois a educação compreende a construção de um saber, que geralmente pode ultrapassar o sentido escolar e se torna uma construção permanente na vida do ser humano, também ensinada pelos pais (BARRETO, 2000. p. 28).

Uma educação capaz de estimular a reflexão, a criatividade, a crítica e troca de experiências, só será possível mediante uma concepção de educação que valorize o homem e o seu fazer localizado no tempo e espaço. De acordo com esta perspectiva a educação deve ser libertadora, pois o homem ser de buscas, dialoga com o semelhante, e através, da linguagem troca ideias e transforma o mundo, embora encontre obstáculos que precisa vencer.

Neste sentido, cabe a escola reconhecê-las como seres atuantes na sociedade, e no caso da educação infantil, deve lhe oferecer oportunidades de manusear, observar, identificar, enumerar, classificar objetos e situações do mundo, se tornando um recurso precioso, completando a ação desenvolvida pela família para um desenvolvimento seguro e sadio da criança (CRAID; KAERCHER, 2001. p. 12).

Ao situar o conceito de infância no tempo, percebemos que houve diferente ponto de vistas sobre sua definição, já foi considerada uma fase do desenvolvimento humano, em que este se encontrava destituído de pensamento, moral, identidade própria e cuidados especiais. Séculos atrás, as crianças eram mal vistas até pelas mães, tanto por motivos culturais, como também pelo alto índice de mortalidade infantil, talvez as mortes prematuras por falta de cuidado com as crianças contribuíssem para o desafeto das mães.

 

 

4. A EDUCAÇÃO INFANTIL EM DESTAQUE PARA O AUTISTA

 

A Educação Infantil privilegia a construção do caráter, a formação pessoal, a capacidade de enfrentamento das mais diversas situações, o respeito às diferenças, enfim a formação global da criança para que ela se prepare par ser um adulto consciente dos seus direitos e deveres.

Uma criança, quando chega à fase da escola, quer ser amada, acolhida, aceita e ouvida. Quando ela se satisfaz em todas as suas expectativas ou na maioria delas, desperta para uma vida de curiosidade e de aprendizado, entretanto, cabe ao professor organizar esse espaço de busca e interesse das crianças.

Entretanto, é necessário ter sensibilidade e percepção acerca do mundo infantil e suas singularidades. É fundamental observar que toda crianla passa por fases de desenvolvimento onde cada uma delas é relevante para a sua formação geral.

A infância hoje, já não se define apenas por sua condição biológica, mas como uma fase do desenvolvimento humano que envolve aspectos ideológicos e culturais. Inicialmente, á incorporação das teorias sobre o desenvolvimento infantil, assumiram um caráter higienista, que orientava para práticas sanitárias, principalmente quando envolviam as crianças de baixa renda (FARIA, 1995. p. 34).

Com o fim da 2ª guerra mundial, outros estudos psicológicos e de psicanálise passam a nortear os trabalhos educativos para a infância, na perspectiva interacionista, que considera a constituição social do sujeito dentro de uma cultura concreta, onde tanto os fatores internos quanto externos influenciam no seu desenvolvimento. Estas perspectivas sócias históricas propõem mudanças na prática pedagógica, que deve ser pautada na coletividade e constante diálogo.

A educação infantil desempenha um papel fundamental no desenvolvimento e na aprendizagem de crianças com autismo. Por meio de práticas pedagógicas adequadas e de um ambiente acolhedor e estimulante, a educação infantil pode proporcionar inúmeros benefícios para crianças autistas, auxiliando em seu desenvolvimento global e na construção de habilidades sociais, comunicativas e cognitivas.

Alguns dos aspectos mais importantes da educação infantil para crianças com autismo incluem: Estimulação precoce (a intervenção educacional na primeira infância é essencial para crianças com autismo, pois quanto mais cedo forem identificadas as necessidades e potencialidades da criança, maiores são as chances de intervenções eficazes. A educação infantil oferece oportunidades para estimular o desenvolvimento da linguagem, das habilidades motoras, sociais e cognitivas desde os primeiros anos de vida); Desenvolvimento de habilidades sociais e também comunicativas (a educação infantil proporciona um ambiente rico em interações sociais e oportunidades de comunicação, essenciais para o desenvolvimento de crianças com autismo. Por meio de atividades lúdicas, brincadeiras em grupo e estratégias pedagógicas específicas, as crianças podem aprender a se relacionar, a compartilhar experiências e a expressar suas emoções e pensamentos); Adaptações curriculares e estratégias individualizadas (na educação infantil para crianças com autismo, é fundamental a implementação de adaptações curriculares e estratégias pedagógicas individualizadas, que atendam às necessidades específicas de cada criança. Isso envolve a elaboração de planos educacionais personalizados, o uso de recursos visuais, a organização do ambiente escolar e a promoção de rotinas estruturadas e previsíveis); Inclusão e aceitação (a educação infantil é um espaço privilegiado para promover a inclusão e a aceitação da diversidade, contribuindo para o desenvolvimento de uma cultura escolar inclusiva e acolhedora. Por meio do convívio com seus pares, as crianças com autismo têm a oportunidade de serem aceitas e respeitadas em sua singularidade, favorecendo o fortalecimento da autoestima e da autonomia); entre outros.

 

 

4.1 Princípios que norteiam a Educação Infantil

 

A criança é um ser que se constrói, constrói sua cidadania e, neste processo, precisa ser criança, precisa ter tempo para brincar, tempo para poder ser criança.

A concepção de criança como cidadã, como sujeito histórico, criador de cultura, devendo sua educação ter o mesmo grau de qualidade que se exige para as demais etapas da educação.

A partir disso é necessário citar os princípios básicos que norteiam a educação infantil: Desenvolvimento da Criança (a ação na educação infantil envolve, intrinsecamente, cuidado e educação. Assim, alimentação, higiene e sono também envolvem aprendizagens, construção de significados e novos conhecimentos. A criança deve ser entendida como um ser social, que precisa se desenvolver de uma forma integral corpo e mente, cognitivo e afetivo, através de relações com os outros, atividades pedagógicas, proteção e afeto. Os vínculos afetivos fazemparte do desenvolvimento do ser humano e a busca de uma relação de confiança e segurança, entre adultos e crianças, passa pela construção de vínculos que se estabelecem na interação e na permanência do educador junto ao grupo); Relações Escola e Família (busca-se oportunizar momentos de trocas entre família e escola, criando espaços favoráveis ao diálogo, através de entrevistas com cada família no momento de ingresso; reuniões semestrais para apresentação da caminhada percorrida no período; entrevistas individuais para troca de informações e esclarecimento de dúvidas; atividades integradoras, como eventos festivos tais como Dia das Mães, aniversário da Creche, dia dos Pais, festa junina, mês da Criança, Natal; exposições de trabalhos infantis; passeios; palestras com professores convidados; participação em projetos de pesquisa desenvolvidos na instituição, além do convício diário, quando as famílias também podem buscar orientações ou informações junto ao professores ou técnicos dos setores. Escola e família precisam caminhar juntas, articuladas, seguindo uma direção comum para enfrentar o grande desafio: educar); Relações entre Crianças (enfatiza-se as interações entre as crianças e seus parceiros, pois elas permitem à criança desenvolver formas mais complexas de agir, de conhecer e simbolizar o mundo, de se relacionar com as pessoas e de perceber as suas próprias necessidades. A formação real do sujeito exige convivência coletiva e a experiência de trocas e discussões em comum. Cooperar é trocar e construir novos saberes junto com os outros, permitindo o exercício da descentração e da reciprocidade, coordenando pontos de vista, levando à colaboração entre pares de iguais e chegando a soluções em comum e a um novo entendimento. Portanto, o ato educativo deve se direcionar para a formação de grupos fortalecidos em relações de companheirismo, num projeto comprometido com a construção e reinvenção do conhecimento); Papel do Educador e Relações Criança-Adulto (o processo de construção do conhecimento ocorre na medida em que o educador busca favorecer o desenvolvimento da criança, incentivando sua atividade frente a problemas que fazem parte de seus interesses e necessidades, promovendo situações que incentivem a curiosidade, possibilitando a troca de informações entre os alunos e permitindo o aprendizado das fontes de acesso que levam ao conhecimento. Por isso, cabe ao educador planejar, organizar, apresentar situações desafiadoras e que levem a criança a pensar, levantar hipóteses, refletir e procurar respostas. É através de interação com a criança que o educador vai descobrir em que momentos a sua intervenção será realmente fundamental no processo de construção do conhecimento. À medida que, na sua ação, o educador vai decidindo, executando, registrando, revendo, sistematizando, também vai sendo realizada a avaliação do seu fazer pedagógico e da aprendizagem e do desenvolvimento das crianças. É fundamental que o educador, como um adulto diante da criança, possa estabelecer uma relação de afeto, confiança, respeito mútuo e cooperação, que será a base do trabalho a ser desenvolvido”. (DELVAL, 1998. p. 45).

 

 

Considerações finais

 

A educação especial desempenha um papel fundamental no apoio às crianças e jovens com autismo, garantindo que recebam ações suporte necessário para alcançar seu máximo potencial de aprendizagem e desenvolvimento. Existem várias estratégias e abordagens educacionais que são especialmente eficazes para atender às necessidades específicas de alunos no espectro autista.

Algumas informações importantes sobre a educação especial e o autismo são: Individualização (cada criança com autismo é única, com diferentes habilidades, interesses e desafios. Portanto, é essencial que o plano educacional seja individualizado, levando em consideração as necessidades específicas de cada aluno); Comunicação Alternativa (para alunos com dificuldades na comunicação verbal, é importante oferecer estratégias de comunicação alternativas, como sistemas de comunicação aumentativa e alternativa (CAA), que podem incluir uso de imagens, símbolos ou tecnologia assistiva); Rotinas Estruturadas (crianças no espectro autista geralmente se beneficiam de rotinas previsíveis e estruturadas. Estabelecer uma rotina clara e consistente pode ajudar a reduzir a ansiedade e promover a segurança emocional); Intervenções Específicas (existem abordagens educacionais baseadas em evidências que são especialmente eficazes para alunos com autismo, como Análise do Comportamento Aplicada (ABA), Intervenção Precoce Intensiva (Early Intensive Behavioral Intervention - EIBI) e o Sistema de Comunicação PECS (Picture Exchange Communication System); Inclusão Social: (promover a inclusão social dos alunos com autismo é essencial para seu desenvolvimento global. Incentivar a interação com os colegas, ensinar habilidades sociais e criar um ambiente acolhedor e respeitoso são aspectos importantes da educação especial para alunos no espectro autista); Formação de Professores fundamental que os profissionais da educação especial recebam formação adequada sobre o autismo e suas características, para que possam oferecer suporte eficaz aos alunos, adaptando as práticas pedagógicas conforme necessário); entre muitos outros.

A parceria entre escola, família e profissionais da saúde é essencial para garantir uma educação de qualidade e inclusiva para crianças e também jovens com autismo.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

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DELVAL, Juan. Crescer e Pensar: a construção do conhecimento na escola. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

 

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MASON, Charlie. Transtorno do espectro do autismo e transtorno da personalidade com narcisismo. Tilcan Group Limited, 2022.

 

RAMOS, Maria Beatriz Jacques.; FARIA, Elaine Turk. Aprender e ensinar: diferentes olhares e práticas. Porto Alegre: PUCRS, 2011.

 

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