O TRABALHO PEDAGÓGICO NO DESENVOLVIMENTO DOS ALUNOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Alessandro Spencer de Souza Holanda1
DOI: 10.5281/zenodo.12788855
RESUMO
Este artigo analisa o trabalho pedagógico na educação física escolar, abordando seus desafios, metodologias e impactos no desenvolvimento dos alunos. Com o objetivo de discutir o trabalho pedagógico no desenvolvimento dos alunos na educação física escolar. Utilizando uma revisão de literatura baseada em referências-chave, discutimos como a educação física pode ser organizada de maneira eficaz para promover um ensino inclusivo e de qualidade. A análise inclui as perspectivas de avaliação da aprendizagem, as desigualdades educacionais e as práticas pedagógicas em contextos de pobreza. Conclui-se que uma abordagem pedagógica bem estruturada na educação física é essencial para a formação integral dos alunos, promovendo não apenas a saúde física, mas também o desenvolvimento social e emocional.
Palavras-chave: Educação Física Escolar. Desafios metodológicos. Desenvolvimento.
INTRODUÇÃO
A educação física escolar desempenha um papel crucial no desenvolvimento integral dos alunos, contribuindo para a formação de hábitos saudáveis, a socialização e o bem-estar geral. No entanto, a efetividade desse componente curricular depende diretamente da qualidade do trabalho pedagógico realizado pelos educadores. A literatura aponta para a necessidade de uma abordagem pedagógica que vá além do simples ensino de habilidades motoras, incorporando aspectos de avaliação da aprendizagem, inclusão social e adaptação às realidades socioeconômicas dos alunos.
Conforme argumenta Darido (2012), a avaliação na educação física deve ser um processo contínuo e reflexivo, voltado para o desenvolvimento integral do aluno. Libâneo (2012) destaca o dualismo presente na escola pública brasileira, onde há uma disparidade significativa entre a educação oferecida para os ricos e os pobres, o que também se reflete na educação física. Luckesi (2011) complementa que a avaliação deve ser vista como parte integrante do ato pedagógico, e não como um fim em si mesma.
A organização do trabalho pedagógico em contextos de pobreza é especialmente desafiadora. Silveira e Frizzo (2021) discutem como a educação física pode ser estruturada em ambientes socioeconomicamente desfavorecidos para proporcionar uma educação de qualidade. Betti (1999) questiona a limitação do ensino de esportes na escola, sugerindo uma abordagem mais ampla que inclua o desenvolvimento cognitivo e social dos alunos. Bracht (1999) traça a evolução das teorias pedagógicas na educação física, enfatizando a necessidade de uma prática educativa que seja crítica e reflexiva.
O desenvolvimento deste trabalho busca compreender melhor os desafios, as metodologias, e impactos no desenvolvimento dos alunos nas aulas de educação física. Logo, este artigo tem como objetivo de discutir o trabalho pedagógico no desenvolvimento dos alunos na educação física escolar.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente estudo é uma revisão narrativa da literatura, que se propõe a analisar e sintetizar o conhecimento existente sobre o trabalho pedagógico na educação física escolar. Para a realização desta revisão, foram adotados os procedimentos a seguir:
As bases de dados, para pesquisa incluíram artigos científicos, livros, teses, dissertações e documentos oficiais, que abordam a temática do trabalho pedagógico na educação física escolar. As principais bases de dados consultadas foram Scielo, Google Scholar, Education Resources Information Center (ERIC).
Como critérios de inclusão e exclusão, foram incluídos estudos publicados entre 1992 e 2023, que tratassem diretamente do trabalho pedagógico na educação física escolar. Estudos que abordassem exclusivamente aspectos técnicos ou fisiológicos, sem relação com a prática pedagógica, foram excluídos.
A coleta de dados envolveu a leitura detalhada e análise crítica dos textos selecionados. As informações relevantes foram organizadas em categorias temáticas, que permitiram uma síntese compreensiva das principais abordagens e debates sobre o tema.
A análise dos dados foi realizada de forma qualitativa, buscando identificar padrões, divergências e lacunas na literatura. Os dados foram interpretados à luz das teorias pedagógicas e das práticas educacionais contemporâneas, com o objetivo de oferecer uma visão crítica e informada sobre o trabalho pedagógico na educação física escolar.
DISCUSSÃO E RESULTADOS
Avaliação na educação física escolar
A avaliação é um componente essencial do trabalho pedagógico na educação física. Conforme Darido (2012), a avaliação deve ser um processo contínuo e reflexivo, que vá além da simples medição de habilidades motoras. Luckesi (2011) reforça que a avaliação deve ser parte integrante do ato pedagógico, auxiliando no desenvolvimento integral dos alunos. Em um contexto de educação física, isso significa avaliar não apenas a performance física, mas também o engajamento, a cooperação e o desenvolvimento social dos alunos.
Betti (1999) critica a visão limitada da educação física que se foca exclusivamente em esportes, sugerindo uma abordagem mais ampla que inclua jogos cooperativos e atividades que promovam o desenvolvimento social e emocional. Esse tipo de avaliação holística pode ajudar a identificar as necessidades individuais dos alunos e adaptar as práticas pedagógicas de acordo. A adoção de métodos de avaliação diversificados permite um entendimento mais completo das capacidades e dificuldades dos alunos, promovendo uma educação mais inclusiva e eficaz.
Desigualdades na educação física escolar
A disparidade na qualidade da educação física oferecida nas escolas públicas e privadas é um tema recorrente na literatura. Libâneo (2012) discute o dualismo perverso presente na escola pública brasileira, onde as escolas de elite oferecem uma educação voltada para o conhecimento, enquanto as escolas públicas muitas vezes se limitam a um acolhimento social. Esta desigualdade também se reflete na educação física, onde a falta de recursos e infraestrutura pode limitar a qualidade do ensino.
Silveira e Frizzo (2021) exploram a organização do trabalho pedagógico da educação física em contextos de pobreza, destacando a importância de adaptar as práticas pedagógicas às realidades socioeconômicas dos alunos. Em ambientes desfavorecidos, é crucial que os educadores sejam criativos e flexíveis, utilizando recursos disponíveis de maneira eficaz e promovendo atividades que sejam acessíveis a todos os alunos. A inclusão de jogos e atividades que não requerem equipamentos caros pode ajudar a nivelar o campo de jogo, proporcionando uma educação física de qualidade mesmo em contextos de escassez.
Evolução das teorias pedagógicas na educação física
A evolução das teorias pedagógicas na educação física reflete uma mudança significativa na compreensão e na prática do ensino desta disciplina. Tradicionalmente, a educação física nas escolas era centrada quase exclusivamente no desenvolvimento das habilidades motoras e na prática de esportes. No entanto, essa visão limitada tem sido progressivamente substituída por abordagens mais abrangentes e inclusivas, que reconhecem a importância do desenvolvimento cognitivo, social e emocional dos alunos.
Segundo Darido (2012), há diferentes concepções sobre o papel da educação física na escola, que variam desde uma visão tecnicista, focada exclusivamente na habilidade física, até uma perspectiva mais ampla e humanista, que valoriza o desenvolvimento integral do aluno. Darido (2012) destaca que a educação física deve ser vista como um componente essencial da formação escolar, contribuindo para o desenvolvimento de competências sociais, emocionais e cognitivas, além das físicas.
Bem como, Bracht (1999) argumenta que a constituição das teorias pedagógicas da educação física deve ser entendida como um processo contínuo de transformação, que responde às demandas e necessidades sociais e educacionais. Inicialmente, as práticas pedagógicas eram influenciadas por uma visão mecanicista do corpo e do movimento, onde a ênfase estava na execução técnica e na performance atlética. Com o tempo, essa perspectiva começou a ser questionada, dando lugar a uma abordagem mais holística e crítica.
O Coletivo de autores (1992) contribui significativamente para essa discussão, propondo uma metodologia de ensino da educação física que integra os aspectos físicos, cognitivos e sociais. Eles defendem que a educação física deve promover a reflexão crítica sobre as práticas corporais, permitindo que os alunos compreendam as implicações culturais e sociais do esporte e da atividade física. Esta abordagem metodológica visa formar indivíduos críticos e conscientes, capazes de questionar e transformar a realidade em que vivem.
Betti (1999) também enfatiza a necessidade de uma educação física que vá além do ensino de habilidades motoras e da prática esportiva. Ele argumenta que a educação física deve incluir atividades que promovam o desenvolvimento cognitivo e social dos alunos, como debates, reflexões e jogos cooperativos. Essas atividades ajudam os alunos a desenvolverem habilidades de pensamento crítico, comunicação e cooperação, que são essenciais para sua formação integral.
A integração de uma abordagem pedagógica crítica na educação física também implica a valorização da diversidade e da inclusão. Isso significa reconhecer e respeitar as diferenças individuais dos alunos, sejam elas relacionadas à capacidade física, ao gênero, à etnia ou à condição socioeconômica. SILVEIRA e FRIZZO (2021) destacam a importância de adaptar as práticas pedagógicas para atender às necessidades específicas dos alunos em contextos de pobreza, promovendo uma Educação Física que seja acessível e significativa para todos.
A evolução das teorias pedagógicas na educação física representa uma transformação necessária e contínua para assegurar que esta disciplina contribua efetivamente para a formação integral dos alunos. A adoção de uma abordagem crítica e inclusiva permite que a educação física se torne uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento físico, cognitivo e social, preparando os alunos para serem cidadãos críticos e ativos em suas comunidades.
CONCLUSÃO
O trabalho pedagógico na educação física escolar é fundamental para a formação integral dos alunos. A avaliação deve ser contínua e reflexiva, focada no desenvolvimento global do aluno. As desigualdades presentes no sistema educacional brasileiro exigem uma adaptação das práticas pedagógicas para garantir que todos os alunos tenham acesso a uma educação de qualidade. A evolução das teorias pedagógicas na Educação Física indica uma necessidade crescente de abordar o ensino de maneira holística, incorporando aspectos físicos, cognitivos e sociais.
Além disso, a educação física escolar deve ir além do ensino de habilidades motoras, promovendo um desenvolvimento integral que inclua a saúde física, o bem-estar emocional e a capacidade crítica dos alunos. Para alcançar isso, é necessário um esforço contínuo de adaptação e inovação por parte dos professores de educação física.
REFERÊNCIAS
BRANDL, C. E. H.; NISTA-PICCOLO, V. L.; BRANDL NETO, I. Situações problema: possibilidades significativas para as práticas pedagógicas na Educação Física Escolar. Anais do V Congresso Sul Brasileiro de Ciência do Esporte, Itajaí/SC, 2010.
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BRACHT, V. A constituição das teorias pedagógicas da educação física. Cadernos Cedes, Campinas, v. 19, n. 48, p. 65-76, ago. 1999. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/%0D/ccedes/v19n48/v1948a05.pdf. Acesso em: 25 maio 2019.
BETTI, I. C. R. Esporte na escola: mas é só isso, professor? Motriz, Rio Claro, v. 1, n. 1, p. 25-31, jun. 1999. Disponível em: http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/01n1/4_Irene_form.pdf. Acesso em: 25 maio 2019.
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LIBÂNEO, J. C. O dualismo perverso da escola pública brasileira: escola do conhecimento para os ricos, escola do acolhimento social para os pobres. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 38, n. 1, p. 13-28, 2012.
LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem componente do ato pedagógico. São Paulo: Cortez, 2011.
SILVEIRA, Leonardo Lemos; FRIZZO, Giovanni. A organização do trabalho pedagógico da educação física escolar em um contexto de pobreza. Educ. fís. cienc., Ensenada, v. 23, n. 3, e186, 2021. Disponível em: http://www.scielo.org.ar/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2314-25612021000300186&lng=es&nrm=iso. Acesso em: 19 jul. 2024.
1 Doutor em Ciências da Nutrição e do Esporte e Metabolismo (UNICAMP), mestre em Ciências da Saúde (UFPE) e residente especialista em Saúde da Família, Educação Física em Atenção Primária à Saúde (UFPE) e graduado em Educação Física (FG). Professor da Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS) e Centro Universitário Brasileiro – (Unibra).