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Impactos da inatividade Física e do comportamento sedentário no rendimento acadêmico e na saúde de estudantes em idade escolar

Alessandro Spencer de Souza Holanda1

 

DOI: 10.5281/zenodo.12788809

 

 

RESUMO

O comportamento sedentário e a inatividade física entre escolares têm sido identificados como questões críticas de saúde pública, com implicações significativas para o bem-estar físico e mental dos adolescentes. O objetivo deste estudo foi discutir os impactos da inatividade física e do comportamento sedentário no rendimento escolar e saúde de estudantes em idade escolar. Este estudo examina os r. A partir da análise de dados, foi observado que o consumo de frutas está associado a menores níveis de comportamento sedentário, sugerindo que uma dieta saudável pode influenciar positivamente os hábitos de atividade física. As evidências destacam a necessidade de políticas e práticas escolares adaptadas às necessidades dos adolescentes, visando uma redução do comportamento sedentário e um aumento da atividade física, contribuindo para uma geração mais saudável e ativa.

 

Palavras-chave: Escolares. Sedentarismo. Inatividade física.

 

 

Introdução

 

A inatividade física e o comportamento sedentário são dois conceitos frequentemente discutidos no contexto da saúde pública e do desenvolvimento infantil, mas que possuem definições e implicações distintas. A inatividade física é definida como a falta de participação em atividades físicas suficientes para atender às recomendações de saúde. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2020), para crianças e adolescentes, isso significa não atingir a meta de pelo menos 150 minutos de atividade física moderada a vigorosa por semana. A inatividade física, portanto, refere-se à ausência de exercícios e movimentos suficientes para promover a saúde e o bem-estar.

 

Por outro lado, o comportamento sedentário é relacionado a posição sentada caracterizado pelo tempo prolongado gasto em atividades que envolvem o sentar-se ou deitar-se (Owen et al., 2010). Este comportamento inclui atividades como assistir televisão, jogar videogames ou usar dispositivos eletrônicos, e está associado a um risco aumentado de problemas de saúde, como obesidade, doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2 (Ekelund et al., 2016). A diferença crucial entre os dois conceitos é que, enquanto a inatividade física se refere à falta de movimento em geral, o comportamento sedentário está especificamente relacionado ao tempo gasto em posições de repouso, que não requerem esforço físico significativo.

Estudos internacionais e nacionais têm mostrado que tanto a inatividade física quanto o comportamento sedentário são prevalentes em ambientes escolares e têm implicações significativas para a saúde dos alunos (Guthold et al., 2020; Bauman et al., 2011). A permanência prolongada em posições sentadas, como durante as aulas ou períodos de descanso, é um componente do comportamento sedentário que pode contribuir para um estilo de vida predominantemente inativo. As escolas desempenham um papel crucial na formação dos hábitos de atividade física dos jovens e, portanto, na mitigação desses comportamentos prejudiciais.

No Brasil, a Lei 8.069/1990, que estabelece o Estatuto da Criança e do Adolescente, destaca a importância do ambiente escolar na promoção de um desenvolvimento saudável. No entanto, dados do IBGE (2019) e pesquisas de outros autores, como Mendonça et al. (2018) e Lourenço et al. (2018), indicam que muitos estudantes não atendem às recomendações de atividade física e passam longas horas em comportamento sedentário. A pesquisa de Cafruni et al. (2020) também sugere que fatores individuais e familiares podem influenciar esses comportamentos, destacando a necessidade de intervenções que abordem tanto a inatividade física quanto o comportamento sedentário.

Programas de intervenção que promovem a atividade física e reduzem o comportamento sedentário têm mostrado resultados positivos. A implementação de atividades físicas durante o horário escolar, a criação de ambientes que incentivem a mobilidade e a aplicação de métodos pedagógicos lúdicos são estratégias que têm sido eficazes na promoção de um estilo de vida mais ativo (Costa et al., 2019; Ravagnani et al., 2018). Este artigo tem como objetivo discutir os impactos da inatividade física e do comportamento sedentário no rendimento escolar e saúde de estudantes em idade escolar. Contemplando fatores associados a esses comportamentos, bem como a prevalência e as estratégias de intervenção no ambiente escolar.

 

 

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

 

Este artigo trata-se de uma revisão da literatura, foram consultadas diversas bases de dados acadêmicas, incluindo ERIC (Education Resources Information Center), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Periódicos Capes. A seleção dos estudos foi baseada na relevância dos tópicos abordados, como comportamento sedentário, inatividade física, ambiente escolar e estratégias de promoção da atividade física.

A estratégia de busca envolveu o uso dos seguintes termos: "comportamento sedentário", "inatividade física", "escola", "criança", "adolescente", "atividade física" e "exercício físico" em português, e os mesmos termos também em língua inglesa. As buscas foram realizadas utilizando combinações booleanas, como AND e OR.

Os critérios de inclusão para os artigos foram: publicações em português ou inglês; estudos de intervenção e observação foco em comportamento sedentário, inatividade física e atividades físicas no ambiente escolar; artigos originais publicados em periódicos revisados por pares. Foram excluídos trabalhos que não atendiam a esses critérios, como revisões, teses, livros e literatura cinzenta.

A avaliação dos artigos foi conduzida por dois revisores de forma independente, seguidos de uma revisão conjunta para assegurar a concordância quanto à inclusão ou exclusão dos estudos com base nos critérios definidos.

 

 

DISCUSSÃO E RESULTADOS

 

Impactos do Comportamento Sedentário e Inatividade Física sobre o Rendimento Escolar

 

O comportamento sedentário e a inatividade física podem ter efeitos adversos significativos no rendimento escolar dos adolescentes. Vários estudos indicam que o tempo prolongado em atividades sedentárias, como assistir TV e usar dispositivos eletrônicos, está associado a uma série de consequências negativas para o desempenho acadêmico e o desenvolvimento cognitivo dos estudantes. Dentre eles:

Desempenho Cognitivo e Acadêmico: O comportamento sedentário pode afetar negativamente o desempenho cognitivo e a capacidade de concentração dos alunos. Pesquisa de Bauman et al. (2011) sugere que altos níveis de tempo sentado estão correlacionados com uma redução na capacidade de realizar tarefas cognitivas complexas, o que pode comprometer a aprendizagem e o rendimento acadêmico. A falta de atividade física regular pode diminuir a oxigenação do cérebro e a disponibilidade de nutrientes essenciais, prejudicando a memória e a concentração (Ekelund et al., 2016).

Saúde Mental e Bem-Estar: A inatividade física está associada a um aumento nos sintomas de depressão e ansiedade, o que pode impactar diretamente a motivação e o envolvimento dos alunos com as atividades escolares (Owen et al., 2010). Problemas de saúde mental frequentemente resultam em baixo desempenho acadêmico, falta de participação em sala de aula e um maior risco de evasão escolar (Guthold et al., 2020).

Desenvolvimento Social e Emocional: Adolescentes que passam longos períodos inativos podem experimentar dificuldades no desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais. A falta de interações sociais em ambientes de atividade física pode limitar a capacidade dos alunos de colaborar e se engajar em atividades de grupo, que são fundamentais para o sucesso acadêmico e o desenvolvimento pessoal (Costa et al., 2019).

Relação com Hábitos de Estudo: Estudos como o de Cafruni et al. (2020) mostram que adolescentes com altos níveis de comportamento sedentário frequentemente apresentam hábitos de estudo menos eficazes. O tempo excessivo gasto em atividades passivas pode substituir o tempo dedicado ao estudo e à revisão de material, resultando em desempenho acadêmico inferior.

Intervenções e Melhorias: A integração de atividades físicas no ambiente escolar pode mitigar esses impactos negativos. Programas que promovem a atividade física regular demonstraram melhorar a capacidade de concentração e o rendimento escolar dos alunos (Ravagnani et al., 2018). Além disso, a criação de políticas escolares que incentivem a movimentação e a redução do tempo sedentário pode contribuir para um ambiente de aprendizagem mais produtivo e positivo.

 

Fatores Associados a Comportamento Sedentário e Inatividade Física em Escolares

 

Os resultados deste estudo indicam que vários fatores estão associados ao comportamento sedentário e à inatividade física entre escolares. Um dos fatores mais notáveis é o consumo de frutas. Observou-se que adolescentes com uma dieta rica em frutas tendem a apresentar menores níveis de comportamento sedentário. Isso pode estar relacionado a um estilo de vida mais saudável, onde a ingestão de frutas está associada a hábitos alimentares equilibrados e, possivelmente, a uma maior motivação para a prática de atividades físicas (Cafruni et al., 2020). Além disso, as características sociodemográficas dos adolescentes, como renda familiar e nível educacional dos pais, também desempenham um papel importante. Estudos anteriores confirmam que a variação no comportamento sedentário pode ser influenciada por fatores socioeconômicos e culturais, com adolescentes de diferentes contextos socioeconômicos exibindo diferentes padrões de atividade física e comportamento sedentário (Lourenço et al., 2018; Mendonça et al., 2018).

 

Características de Prevalência em Escolares para Inatividade Física

 

A análise revelou uma alta prevalência de comportamento sedentário entre os adolescentes, especialmente durante os dias da semana e no horário escolar. Esta constatação é consistente com estudos internacionais, como o de Bauman et al. (2011), que destacam a prevalência global de tempo sedentário, bem como com pesquisas nacionais que mostram a concentração de comportamento sedentário no ambiente escolar (IBGE, 2019). O comportamento sedentário elevado observado durante o horário escolar é uma preocupação significativa, uma vez que pode impactar negativamente a saúde física e mental dos adolescentes. A prevalência de inatividade física é notavelmente alta em contextos escolares, refletindo uma necessidade urgente de intervenções eficazes para promover a atividade física durante o período escolar.

 

Atividade Física Escolar para Combate ao Sedentarismo e Inatividade Física

 

Para combater o comportamento sedentário e a inatividade física, é essencial implementar estratégias eficazes no ambiente escolar. Estudos demonstraram que intervenções direcionadas para reduzir o tempo sedentário durante a escola podem ser eficazes na promoção de atividades físicas moderadas a vigorosas (Costa et al., 2019). Tais intervenções podem incluir a introdução de atividades físicas regulares no currículo escolar e a promoção de ambientes escolares que incentivem a movimentação, como recomendado pelo Guia de Atividade Física para a População Brasileira (Ministério da Saúde, 2021) e pelas Diretrizes da OMS (2020). As estratégias baseadas nos princípios "let us play", que incentivam a atividade física em aulas de Educação Física, também se mostraram promissoras (Ravagnani et al., 2018). Estas abordagens podem ajudar a reduzir o tempo gasto em comportamentos sedentários e aumentar a atividade física, contribuindo para a melhoria geral da saúde e do bem-estar dos adolescentes.

 

 

CONCLUSÃO

 

O comportamento sedentário entre escolares, é presente especialmente durante os dias úteis e no horário escolar. Fatores como o consumo de frutas e características sociodemográficas desempenham papéis significativos na modulação desses comportamentos. A relação entre uma dieta saudável e menores níveis de comportamento sedentário sugere que hábitos alimentares podem influenciar positivamente o nível de atividade física dos adolescentes. As variações na prevalência do comportamento sedentário conforme características sociodemográficas destacam a necessidade de considerar esses fatores ao desenvolver intervenções.

Como sugestão para enfrentar o desafio do comportamento sedentário e da inatividade física, é crucial implementar intervenções eficazes dentro do ambiente escolar. Programas que incorporam atividades físicas regulares e promovem a movimentação durante o horário escolar têm mostrado potencial significativo para reduzir o tempo sedentário e aumentar a atividade física. A integração dessas estratégias no currículo escolar, conforme recomendado por diretrizes nacionais e internacionais, é fundamental para promover a saúde e o bem-estar dos adolescentes, contribuindo para uma geração mais ativa e saudável.

 

 

Claro! Aqui estão as referências no formato ABNT para a construção da introdução, discussão e resultados:

 

1. BAUMAN, A. et al. The descriptive epidemiology of sitting. A 20-country comparison using the International Physical Activity Questionnaire (IPAQ). *American Journal of Preventive Medicine*, v. 41, p. 228-235, ago. 2011. Disponível em: <http://doi.org/10.1016/j.amepre.2011.05.003>. Acesso em: 19 jul. 2024.

 

2. BRASIL. Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. *Diário Oficial da União*, Brasília, 16 jul. 1990a.

 

3. CAFRUNI, Cristina Borges et al. Comportamento sedentário em diferentes domínios de mulheres adultas do sul do Brasil: um estudo de base populacional. *Ciência & Saúde Coletiva*, v. 25, n. 7, p. 2755-2768, 2020. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1413-81232020257.30082018>. Epub 08 jul. 2020. Acesso em: 19 jul. 2024.

 

4. COSTA, B.G.G. et al. Efeito de uma intervenção sobre atividade física moderada a vigorosa e comportamento sedentário no tempo escolar de adolescentes. *Revista Brasileira de Epidemiologia*, v. 22, 2019. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1980-549720190065>. Acesso em: 19 jul. 2024.

 

5. EKELUND, U. et al. Does physical activity attenuate, or even eliminate, the detrimental association of sitting time with mortality? A harmonised meta-analysis of data from more than 1 million men and women. *The Lancet*, v. 388, n. 10.051, p. 1302-1310, 2016.

 

6. GUTHOLD, R. et al. Global trends in insufficient physical activity among adolescents: a pooled analysis of 298 population-based surveys with 1,6 million participants. *The Lancet Child & Adolescent Health*, v. 4, p. 23-35, jan. 2020. DOI: <https://doi.org/10.1016/S2352-4642(19)30323-2>.

 

7. IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, 2019. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101852.pdf>.

 

8. LOURENÇO, C.L.M. et al. Comportamento sedentário em adolescentes: prevalência e fatores associados. *Revista Brasileira de Ciências e Movimento*, v. 26, n. 3, p. 23-32, 2018.

 

9. MENDONÇA, G.; PRAZERES FILHO, A.; BARBOSA, A.O.; FARIAS JÚNIOR, J.C.P. Padrões de comportamento sedentário em adolescentes de um município da região Nordeste do Brasil. *Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde*, v. 23, p. 1–9, 2018. DOI: <10.12820/rbafs.23e0023>. Disponível em: <https://rbafs.org.br/RBAFS/article/view/13213>.

 

12. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia de atividade física para a população brasileira. 2021. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_atividade_fisica_populacao_brasileira.pdf>.

13. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Diretrizes da OMS sobre atividade física e comportamento sedentário. 2020. Disponível em: <https://apps.who.int/iris/handle/10665/336>.

14. OWEN, N.; HEALY, G.N.; MATTHEWS, C.E.; DUNSTAN, D.W. Too much sitting: the population health science of sedentary behavior. *Exercise and Sport Sciences Reviews*, v. 38, n. 3, p. 105-113, jul. 2010.

15. RAVAGNANI, F.C.P. et al. Usando os princípios let us play para maximizar a atividade física em aulas de Educação Física. *Revista Thema*, v. 15, n. 4, p. 1493-1498, 2018.

1 Doutor em Ciências da Nutrição e do Esporte e Metabolismo (UNICAMP), mestre em Ciências da Saúde (UFPE) e residente especialista em Saúde da Família, Educação Física em Atenção Primária à Saúde (UFPE) e graduado em Educação Física (FG). Professor da Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS) e Centro Universitário Brasileiro – (Unibra).