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O papel do profissional da informação como intermediário da informação

Iraci Zottis1

 

DOI: 10.5281/zenodo.12613986

 

 

RESUMO

O profissional da informação atua como um mediador crucial da informação, transcendendo o papel tradicional de guardião de livros. Ele seleciona e adquire materiais relevantes, organiza acervos através da catalogação e indexação, e oferece assistência direta aos usuários em suas pesquisas. Além disso, capacita os usuários a utilizarem os recursos informacionais de forma autônoma, promovendo a alfabetização informacional. No contexto tecnológico, o profissional da informação adapta e utiliza ferramentas digitais para facilitar o acesso à informação, gerenciando bibliotecas digitais e sistemas de recuperação de dados. No aspecto educacional, ele desenvolve habilidades de pesquisa e pensamento crítico nos usuários, ajudando-os a avaliar a qualidade e a relevância das informações encontradas. Socialmente, garante o acesso equitativo à informação, promovendo a inclusão e atendendo às diversas necessidades da comunidade. Desafios como a atualização constante em tecnologias e a gestão da sobrecarga informacional são contrabalançados por oportunidades de inovação nos serviços oferecidos e pela expansão do papel do profissional da informação em contextos educacionais e comunitários. Assim, a mediação da informação pelo profissional da informação enriquece a comunidade, fomentando um ambiente mais informado e crítico. Este papel adaptativo e proativo é essencial para conectar as pessoas à informação certa, no momento certo, promovendo o conhecimento e a alfabetização informacional.

 

PALAVRAS-CHAVE: Bibliotecário. Desafios. Usuário. Tecnologias digitais.

 

 

Introdução

 

A era contemporânea é marcada pela revolução tecnológica, impactando todas as áreas do conhecimento. As tecnologias da informação e comunicação (TICs) desempenham um papel crucial no aprimoramento das diversas profissões, incluindo a Biblioteconomia. Os profissionais da área são responsáveis por preservar, organizar, tratar e disseminar informações, sendo vital que acompanhem as mudanças nesse contexto. Este trabalho explora o papel adaptativo do bibliotecário diante do avanço tecnológico na mediação da informação, com foco em estudos realizados em bibliotecas.
O tema foi escolhido para compreender como os bibliotecários se posicionam no ambiente informacional, observando suas práticas e adaptações às mudanças, além de identificar as principais tecnologias que utilizam. Esse processo de interação entre humanos e tecnologia é caracterizado pela "sociedade da informação", substituindo o conceito de "sociedade pós-industrial" e introduzindo um novo paradigma técnico-econômico. A nova era tecnológica provocou transformações em todos os setores da sociedade, conforme discutido por Wertkein (2000).

Neste cenário de mudança na disseminação da informação, os profissionais da área precisam adquirir novas competências, reconhecendo a natureza transnacional do conhecimento e das novas tecnologias em constante evolução. Isso implica que os bibliotecários devem ampliar suas habilidades, adotando uma abordagem multidisciplinar e buscando constantemente novos conhecimentos e técnicas. Diante desse desafio, surge a questão de pesquisa: como os bibliotecários estão utilizando as tecnologias de informação e comunicação para mediar a informação, com o objetivo de agilizar o acesso dos usuários?

Foram reunidos os principais pontos abordados ao longo do trabalho, oferecendo uma síntese reflexiva sobre as descobertas e conclusões alcançadas. Além disso, foram apresentadas as referências dos documentos utilizados como base para embasar a pesquisa, destacando a solidez teórica e a fundamentação empírica do estudo. Esse momento permite uma análise mais profunda dos resultados.

 

 

Desenvolvimento

 

Tecnologias de informação e comunicação utilizadas nas bibliotecas

 

A trajetória da humanidade é marcada pela incessante evolução, impulsionada pela tecnologia. Desde tempos antigos, os seres humanos têm buscado maneiras de registrar e compartilhar informações, transitando por uma diversidade de suportes ao longo dos séculos. Desde as pinturas nas cavernas até os dispositivos digitais como pen drives, o desenvolvimento dos meios informacionais reflete a busca incessante da humanidade por novas formas de comunicação e registro do conhecimento. A ascensão da Internet desencadeou uma revolução na sociedade da informação, quebrando os paradigmas anteriormente estabelecidos em relação à comunicação.

Santa-Anna (2015, p. 02) nos esclarece:

 

(...) o desenvolvimento tecnológico possui seu apogeu a partir da década de 60, com o surgimento da internet. A internet revolucionou os fazeres profissionais dos bibliotecários devido à sua capacidade de transferir a informação, facilitando seu acesso, rompendo barreiras geográficas e temporais.

 

Para se adaptarem à revolução tecnológica, as unidades de informação precisaram passar por um processo de modernização, integrando novos equipamentos e capacitando seu pessoal para utilizá-los de forma eficaz. Essa mudança afetou não apenas os métodos de catalogação, classificação e indexação, mas também desafiou os paradigmas tradicionais que antes predominavam nesse ambiente. Atualmente, nas bibliotecas, uma variedade de recursos é empregada para facilitar a disseminação da informação em um amplo contexto virtual. A internet, por exemplo, hospeda sites especializados na busca de informações, os quais podem ser classificados em três categorias distintas., de acordo com Vieira (2014, p. 172)

Existem diversos tipos de sites especializados em pesquisa de informações na internet, cada um com sua função específica:

 

Diretórios ou repertórios de assuntos – é o pioneiro na busca web; funciona como uma biblioteca de sites organizados e estruturados com categorias e subcategorias em seus bancos de dados. Por exemplo: Yahoo, Google Diretory, etc. • Mecanismo de busca – faz indexação automática da informação, sem preocupação com classificação ou seletividade recupera a 13 maior quantidade possível de informações relacionadas. Por exemplo: Google, Ask, etc. • Metamecanismo de busca – também denominado “metabuscador” ou “metamotor”; faz busca por meio de diversos mecanismos; não possui banco de dados próprio, funcionando como um intermediário que busca e repassa os resultados de forma unificada. Por exemplo: Copernic, Mata Hari etc.

 

Essas plataformas são ferramentas disponíveis comercialmente, projetadas para ajudar profissionais de informação a aprimorar o gerenciamento e a recuperação de dados. O propósito é disseminar essas informações com um nível superior de qualidade.

 

 

Transformação da utilização das tecnologias de informação e comunicação em bibliotecas ao longo do tempo

 

A necessidade de transmitir informações tem sido uma constante na história humana, desde as pinturas rupestres em Tassili de los Ajjer até a tradição oral e o advento da escrita por volta de 3200 a.C. A evolução da transmissão de informações seguiu um caminho que incluiu a escrita manuscrita, a invenção da imprensa e, finalmente, a era digital, representada pelo computador na contemporaneidade.

A mais antiga biblioteca registrada na história é a Biblioteca de Elba, datada do terceiro milênio a.C. Seu acervo consistia em placas de argila com escrita cuneiforme, totalizando cerca de 15 mil tábuas organizadas em estantes temáticas, além de outras 15 mil tábuas contendo resumos dos conteúdos disponíveis. Martins (2001, citado por Morigi, 2005, p.3) esclarece:

 

(...) as bibliotecas da Antiguidade não se diferenciavam muito das bibliotecas do período medieval. Elas se constituíam locais de armazenamento de documentos, com sistemas precários de recuperação e acesso. Elas se ocupavam em armazenar a maior quantidade de rolos de papiro e, posteriormente, pergaminho atribuindo status e poder aos seus imperadores nas regiões onde se encontravam. Estas bibliotecas reuniam escritos de intelectuais gregos, romanos e egípcios.

 

O livro só se tornou amplamente difundido durante a "Europa Moderna", baseada no Renascimento do século XVI, que trouxe uma renovação social, cultural, artística, literária, científica e econômica, redescobrindo a civilização greco-romana. Foi nessa época que surgiram as primeiras bibliotecas particulares e o desenvolvimento do mercado editorial. A demanda por obras de autores gregos e romanos aumentou significativamente. No século XVI, surgiu o bibliófilo, apreciador e colecionador de livros raros e preciosos. No século XVII, o livro se consolidou como uma ferramenta essencial para pesquisas científicas e trabalhos intelectuais, abrangendo todas as áreas do conhecimento humano.

A invenção da imprensa por Johannes Gutenberg, por volta de 1440, com tipos móveis, foi crucial para a disseminação dos livros. Gutenberg imprimiu uma Bíblia em dois volumes entre 1455 e 1500, o que permitiu a difusão em larga escala dos livros na sociedade. As bibliotecas desempenharam um papel fundamental na disseminação de ideias, oferecendo espaços para leitura, pesquisa e aprendizado. O termo "Ciência da Informação" surgiu por volta de 1841 com a publicação do livro "Bibliothéconomie: instructions sur l'arrangement, la conservation et l'administration des bibliothèques" por Léopold Auguste-Constantin Hesse, definindo a organização e gestão de bibliotecas.

A evolução da informação deu um salto significativo com o desenvolvimento de várias tecnologias de informação e comunicação (TICs), transformando a vida cotidiana. O intercâmbio de informações se acelerou, e tanto o hardware quanto o software se sofisticaram ao longo do tempo. As TICs envolvem componentes tecnológicos e de comunicação, operando mudanças significativas na maneira como as pessoas trocam informações.

Para se ajustar às ferramentas de informação disponíveis, o profissional da informação sente a necessidade de ampliar seu conhecimento e habilidades no uso desses recursos, o que permite a disseminação mais eficaz e rápida da informação. Para isso, é crucial que o especialista se mantenha atualizado e esteja engajado na revolução tecnológica em andamento.

No campo da informação, há uma variedade de sistemas com o objetivo principal de disseminar informações. Esses sistemas são descritos de várias maneiras por diferentes pesquisadores. Por exemplo, Araújo (2006, p. 307) define os sistemas de informação como:

 

(...) aqueles que, de maneira genérica, objetivam a realização de processos de comunicação (...) Esses sistemas, cuja origem remonta às bibliotecas de terracota na Babilônia, de pergaminho em Pérgamo e de papiro em Alexandria, atravessaram grandes transformações, até chegar aos modernos sistemas com bases de dados em registros magnéticos capazes de mandar de um canto ao outro do mundo grandes volumes de mensagens a velocidades fantásticas e de armazenar milhões de itens de informação em minúsculos chips.

 

As tecnologias de informação e comunicação foram desenvolvidas para revolucionar o mundo da informação. Dispositivos como computadores e tablets são ferramentas físicas que sustentam várias formas de disseminação da informação, incluindo sites, bancos de dados e outros meios que facilitam a entrega rápida dessas informações aos usuários. Conforme apontam Bueno e Messias (2013, p. 2).

 

(...) os instrumentos auxiliares à atuação não se limitam a catálogos e manuais. As redes telemáticas, e em especial a internet tem sido decisiva para a prestação dos serviços essenciais nas unidades de informação. Os catálogos manuais migram para o meio eletrônico, os softwares que gerenciam o acervo mantêm comunicação direta e integrada com uma infinidade de outros sistemas, os acervos transcenderam os limites físicos da biblioteca e atualmente ocupam o ciberespaço, os usuários não se restringem ao acesso local, mas, sobretudo a acessos remotos.

 

Entender e empregar essa diversidade de ferramentas tornou-se um grande desafio para o aprimoramento profissional do especialista em informação. Embora desempenhem o papel de disseminadores de informação, frequentemente esses profissionais não estão adequadamente preparados para o mercado de trabalho, pois não possuem conhecimento ou domínio das ferramentas tecnológicas que se tornaram essenciais no cenário informacional.

 

(...) com a proliferação das tecnologias de informação e comunicação (TIC), o mercado de trabalho passa a exigir profissionais capazes de dominar as ferramentas tecnológicas atuais, adaptando e/ ou criando novos produtos e serviços, na busca de seus clientes ou usuários. Na área de biblioteconomia e ciência da informação, não é diferente. A atual realidade requer profissionais com maior domínio em TIC e em ferramentas de gestão de serviços de informação, desde sua pesquisa, seu tratamento e, principalmente, sua disseminação aos usuários (SANTOS et al. 2003, p.86).

 

O bibliotecário tem o compromisso de fornecer aos usuários meios para acessar a informação desejada de forma rápida e eficiente, sem comprometer a qualidade. Isso reflete a aplicação da quarta lei de Ranganathan, que preconiza "Poupe o tempo do leitor", e em uma interpretação moderna, poderia ser entendida como "Poupe o tempo do usuário". Em relação a essa lei, Campos (2006, p. 4).

 

(...) evidência que, para que as atividades do bibliotecário possam funcionar satisfatoriamente, é necessário que este profissional de informação não se comporte como um mero repassador de informação/documento, aceitando métodos e técnicas estabelecidos, mas criando em seu fazer diário instrumentos e formas de ação mais adequados ao Sistema de informação no qual está inserido.

 

Durante o avanço promovido pelas tecnologias na intermediação da informação, emergiram as redes digitais virtuais. Sobre esse assunto, Jambeiro (2009, p. 21) afirma que:

 

(...) a chamada Sociedade da informação se caracteriza, principalmente por; a) formação e desenvolvimento de redes digitais virtuais, que ligam pessoas e grupos, independentemente de tempo e espaço; b) reorganização interativa dos processos políticos, sociais, econômicos, culturais e institucionais, com base em tecnologia avançada de informação e comunicação; c) reconfiguração da vida cotidiana dos indivíduos, grupos sociais, governos, empresas e entidades em geral, por afeito da consolidação e crescente expansão de redes digitais.

 

A rede mundial de computadores desempenha um papel crucial na intermediação da informação, atuando como um canal essencial para a troca e compartilhamento de dados na teia virtual de conexões. Os recursos digitais, como sistemas de busca online e bases de dados bibliográficas, representam uma fonte valiosa a ser explorada pelo profissional da informação. Sua responsabilidade de facilitar o acesso à informação adquiriu uma amplitude ainda maior com as tecnologias disponíveis no mercado da informação. O especialista em informação expandiu seu campo de atuação para além das fronteiras físicas da biblioteca. Com a internet, a informação pode ser disseminada em todas as direções no vasto universo da informação.

Neste ambiente tecnológico, o especialista em informação deve se familiarizar com as ferramentas disponíveis para facilitar o acesso à informação e reconhecer que ocorreu uma mudança prática nas bibliotecas. Junto a essas transformações, surgem novas oportunidades para o uso de recursos na obtenção da informação. Além disso, é essencial que o profissional da informação oriente o usuário a buscar a informação por si mesmo, em vez de simplesmente fornecê-la pronta, como tem sido comum. Para isso, é necessário que o usuário se adapte a esse novo procedimento. Nesse contexto, Souto (2005, p. 34) nos alerta que:

 

(...) é fundamental que os bibliotecários adotem políticas internas direcionadas para o treinamento e orientação dos usuários, e ainda, programas de capacitação de “auxiliares” voltados para o ensino de técnicas de atendimento, que poderão vir a garantir a satisfação dos usuários mesmo quando estes não conseguirem localizar facilmente os documentos que necessitam.

 

É amplamente reconhecido que o campo da Ciência da Informação engloba não apenas aspectos de administração, organização, gestão estratégica e planejamento, mas também recursos humanos em unidades de informação, incluindo gerenciamento, liderança, entre outros. Para que o profissional da informação se envolva nesse mundo diversificado de gerenciamento de informações, é fundamental que ele esteja familiarizado e seja proficiente nas tecnologias de informação e comunicação.

Todas as bibliotecas e unidades de informação devem buscar modernização e adotar ferramentas tecnológicas adequadas ao seu ambiente, visando facilitar a circulação de informação tanto para os usuários quanto entre as próprias unidades e bibliotecas. Ao mesmo tempo, os profissionais precisam estar aptos a utilizar equipamentos e suportes tecnológicos. É fundamental ressaltar que não é possível construir um ambiente orientado para a nova era da informação do século XXI sem profissionais que conheçam e saibam operar as técnicas necessárias para isso.

As bases de dados são desenvolvidas para armazenar informações vitais em diversas áreas do conhecimento humano. Sem elas, a recuperação dessas informações seria extremamente demorada. Portanto, hoje em dia, em todos os setores da sociedade - seja em instituições, empresas, escolas ou unidades de informação - sua criação é de extrema importância para armazenar e disseminar conhecimento, tanto de forma acadêmica quanto informativa. Além das bases de dados, as redes de unidades de informação em geral também desempenham um papel significativo nesse universo de conhecimento.

Isso destaca que as redes de unidades de informação têm como principal objetivo proporcionar o acesso mais ágil a qualquer conhecimento buscado por usuários, empresas, instituições, escolas etc., formando assim uma cadeia interminável de informações que alimenta o processo de aprendizado de pessoas e setores cada vez mais abrangentes. Por outro lado, indivíduos que estão desvinculados da informação correm o risco de se isolarem, já que a troca de informações é constante e perene. Portanto, é responsabilidade do profissional da informação integrar-se a essa realidade e utilizar mecanismos que facilitem o acesso à informação. É importante ressaltar que nem todas as unidades de informação e bibliotecas têm acesso a essas tecnologias. Sobre esse aspecto, Sancho (2008, p. 18) esclarece:

 

(...) as tecnologias de informação e comunicação não são neutras. Estão sendo desenvolvidas e utilizadas em um mundo cheio de valores e interesses que não favorecem toda a população. Além de considerar que um grande número de pessoas seguirá sem acesso às aplicações das TIC em um futuro próximo.

 

Diante dessa realidade, o profissional da informação, como mediador da informação, deve adotar uma postura proativa junto à instituição mantenedora da unidade de informação na qual atua, enfatizando a importância de implementar recursos tecnológicos com o objetivo de integrar os usuários da comunidade à "sociedade da informação", baseada na internet. No entanto, para acessar esses recursos, é necessário seguir procedimentos burocráticos que não estão sob controle direto do profissional da informação, mas sim de uma hierarquia superior. Apesar disso, sua participação em promover a disseminação da informação nesse contexto é de grande relevância.

 

 

Intermediação da informação por meio de tecnologias digitais

 

A intermediação da informação na Ciência da Informação sempre foi crucial, pois permite ao profissional da informação atender plenamente ou parcialmente as necessidades, dúvidas e buscas dos usuários por informação. Com o surgimento das novas tecnologias da informação e comunicação (TICs), as atividades dos especialistas em informação se ampliaram. Para ilustrar sua importância, optou-se por exemplificar alguns conceitos. Assim, segundo Almeida Jr. (2008, citado por Sanches e Rio, 2010, p. 109): mediação é toda interferência – realizada pelo profissional da informação -, direta ou indireta; consciente ou inconsciente: individual ou coletiva: que propicia a apropriação de informação que satisfaça, pela ou parcialmente, uma necessidade informacional. (...) a mediação não estaria restrita apenas a atividades relacionadas diretamente ao público atendido, mas em todas as ações do profissional bibliotecário, em todo fazer desse profissional.

Com o advento das TICs, surgiu a necessidade de uma mudança de comportamento por parte dos profissionais da informação. Além de se familiarizarem com as novas ferramentas disponíveis para facilitar a intermediação da informação, eles também devem compartilhar esses conhecimentos com os usuários, que são os principais destinatários da informação. Nesse contexto, nota-se que a profissão de profissional da informação, assim como muitas outras atualmente, exige adaptação ao mundo digital, pois a informação está sendo disseminada de forma cada vez mais rápida. Sobre isso, Santos et al. (2003, p. 86) esclarecem:

 

(...) com a proliferação das tecnologias de informação e comunicação (TIC), o mercado de trabalho passa a exigir profissionais capazes de dominar as ferramentas tecnológicas atuais, adaptando e/ou criando novos produtos e serviços, na busca de seus clientes ou usuários. Na área de biblioteconomia e ciência da informação, não é diferente. A atual realidade requer profissionais com maior domínio em TIC e em ferramentas de gestão de serviços de informação, desde sua pesquisa, seu tratamento e, principalmente, sua disseminação aos usuários, que cada dia se tornam mais exigentes e apressados na obtenção de informações pontuais e relevantes, ou seja, a informação exclusiva, eficiente e direcionada à sua necessidade.

 

Cabe ainda ressaltar que, com as transformações que as TICs trouxeram para os meios de informação e comunicação, também emergiu uma nova abordagem na prestação de serviços em unidades de informação. O profissional da informação contemporâneo precisa direcionar sua atenção tanto para usuários físicos quanto virtuais, investigando suas demandas e necessidades informacionais, o tipo de pesquisa que pretendem realizar e quais materiais bibliográficos e eletrônicos podem auxiliá-los nessa busca.

No entanto, é importante lembrar que a internet oferece uma vasta quantidade de material que nem sempre é confiável, e os profissionais da informação precisam estar atentos para garantir a qualidade dos serviços oferecidos aos usuários. Como mencionado anteriormente, o profissional da informação media as informações buscando fornecer ao usuário aquelas que satisfazem suas necessidades informacionais.

Para que isso aconteça, é necessário organizar, armazenar e tratar as informações para que sejam recuperadas de maneira eficiente, utilizando novos métodos de trabalho, cuidado no tratamento de dados e controle de atualização dos endereços eletrônicos identificados no padrão URL (Uniform Resource Locator), uma função bastante séria, já que as páginas da internet mudam com muita frequência.

Diante de uma grande quantidade de informações, o profissional da informação precisa organizá-las para que possam ser disseminadas eficientemente. A intermediação não ocorre apenas no atendimento ou no serviço de referência e informação; ela está presente em todas as atividades do profissional da informação, desde a aquisição do acervo, passando pela indexação e catalogação, até a interação com o usuário.

Sem a adoção dos novos conhecimentos que as tecnologias de informação e comunicação trouxeram para o mundo globalizado da informação, o profissional da informação não consegue realizar um trabalho que esteja alinhado com as mudanças na sociedade da informação.

É importante ressaltar que as interações virtuais entre usuários são uma realidade nas redes cibernéticas. Por isso, os profissionais precisam promover produtos e serviços nas mídias sociais para alcançar um número crescente de usuários e internautas que navegam nessas plataformas. Existem diversos meios para essa promoção, como sites, blogs, e-mail, Facebook, Twitter, entre outros. As redes institucionais foram desenvolvidas para facilitar a troca imediata de informações, aproximando o mundo, fisicamente distante em suas fronteiras, por meio das redes virtuais.

Adicionalmente, o profissional da informação tem à sua disposição uma vasta gama de recursos para adquirir informações, utilizando ferramentas que visam compartilhar informações de forma confiável.

 

 

Papel do profissional da informação frente às tecnologias de informação e comunicação para atender às demandas de informação do usuário.

 

Muito se tem discutido sobre as transformações que o mundo tecnológico trouxe para várias profissões, incluindo a Ciência da Informação. Ao ingressar nesse mercado, o profissional se depara com mudanças tanto estruturais quanto comportamentais. Surgem questionamentos sobre como lidar com esse novo cenário: estará ele preparado para trabalhar de forma autônoma nesse ambiente redefinido na era moderna? Como interagir com usuários que já estão imersos no mundo virtual? Essas questões levantam reflexões sobre a formação desse profissional. O aprendizado acadêmico será suficiente para fundamentar sua atuação no mercado de trabalho? É sabido que o papel do profissional da informação no mundo contemporâneo é muito diferente do que era décadas atrás, quando eram vistos apenas como guardiões de livros. Essa percepção ultrapassada está sendo superada ao longo do tempo. Hoje, o profissional da informação busca ativamente seu lugar na sociedade da informação, desmistificando a imagem antiquada dos séculos anteriores.

Assim, percebe-se que no contexto globalizado da informação, o profissional da informação desempenha um papel crucial na mediação desse conhecimento. No entanto, para que isso aconteça, é essencial superar o estereótipo tradicional enraizado na sociedade.

 

(...) a sociedade está mudando, e este é o momento oportuno para que os bibliotecários consigam seu “lugar ao sol”. A necessidade de profissionais voltados para a gestão da informação e de uma infra-estrutura tecnológica que lhes auxiliem em suas atividades já é uma realidade da qual não se pode mais fugir. Nesse sentido, espera-se que os bibliotecários assumam uma postura mais ativa e lutem por seu reconhecimento social (Souto, 2005, p. 29).

 

O profissional da informação começou a enxergar sua prática profissional por novas óticas, pois as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) abriram novos horizontes, trazendo consigo desafios expandidos. O avanço da tecnologia teve um impacto significativo na indústria, na sociedade, na economia, na cultura e na ciência. Assim, foi necessário estabelecer uma nova infraestrutura para o desenvolvimento dos serviços de informação, surgiram novos métodos e foram criadas ferramentas e plataformas para superar as barreiras físicas e promover a disseminação da informação de forma mais interativa.

Para atender às necessidades informacionais desse grupo de usuários, o profissional da informação de referência pode oferecer, entre outras atividades, treinamentos para realizar buscas na internet em catálogos online de bibliotecas e bases de dados específicas. Além disso, ele pode fornecer aos usuários listas de sites e portais confiáveis na web, levando em consideração os interesses da clientela, atuando assim como um intermediário entre a ferramenta de busca e o usuário. É importante ressaltar que as atividades de catalogação, indexação e recuperação da informação mantiveram sua relevância, continuando a auxiliar o profissional de informação de referência.

Houve apenas mudanças na forma de execução dessas atividades, devido à implementação de novas tecnologias emergentes de informação e comunicação.
O profissional de informação de referência dispõe de diversas opções para auxiliar o usuário de forma remota, evitando a necessidade de deslocamento até a biblioteca. Essas opções incluem o Repositório Institucional, a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações, o Catálogo Online, o uso de e-mail, Twitter, Facebook, além de acesso a livros e periódicos eletrônicos e uma variedade de sites de busca.

As ferramentas escolhidas para consulta dependerão do tema ou assunto solicitado pelo usuário. Como pode ser observado, existem diversas ferramentas disponíveis neste vasto universo de informação. É essencial que o profissional de informação de referência se familiarize com essas ferramentas e saiba como utilizá-las eficazmente para atender com sucesso às solicitações de informação dos usuários.

Esta pesquisa foi realizada por meio de uma revisão bibliográfica. Durante esse procedimento, uma análise da literatura foi conduzida, explorando tanto a disseminação da informação quanto as tecnologias de informação e comunicação. Vários autores foram consultados para ressaltar a importância para os profissionais da área de manterem-se atualizados com as mudanças introduzidas pelas tecnologias no cenário da informação.

Assim, foram analisados livros, dissertações e artigos, com o propósito de que este estudo pudesse estabelecer uma base teórica sólida e abrangente, proporcionando a oportunidade de se tornar uma fonte de consulta para pesquisadores futuros.

 

 

Considerações finais

 

Com o objetivo de contextualizar o papel do bibliotecário na era da tecnologia e da informação, inicialmente foram buscadas fundamentações teóricas para embasar o desenvolvimento de nossa pesquisa.

Nesse sentido, foram selecionados textos que delineassem a jornada do profissional da informação, desde os primórdios das primeiras bibliotecas, que utilizavam materiais como papiro e pergaminho para armazenar informações, até os dias atuais com a presença do dispositivo de armazenamento USB. O propósito foi destacar a importância de os bibliotecários acompanharem as transformações de cada período histórico, pois a evolução tem sido uma constante na história da humanidade, inclusive no contexto tecnológico.

Explorar questões relacionadas à postura do profissional da informação em relação ao uso das tecnologias da informação e comunicação foi crucial para esta pesquisa. Esses questionamentos permitiram uma avaliação da importância fundamental de conhecer e saber utilizar essas tecnologias na mediação da informação. Sem esse domínio, o profissional corre o risco de ficar à margem de uma sociedade que cada vez mais se comunica por meio das redes sociais. Além disso, é crucial compreender que as novas produções científicas e literárias estão cada vez mais migrando do meio impresso para o meio eletrônico.

Esta pesquisa demonstrou que, nos dias de hoje, é essencial que o profissional da informação seja proativo, buscando constantemente novos métodos para oferecer suporte tanto em termos de informação quanto de organização, independentemente da plataforma utilizada. Portanto, é necessário que ele tenha habilidades tanto para arquivar documentos de forma apropriada quanto para gerenciar conteúdos na internet.

Diante deste panorama, é crucial utilizar as novas tecnologias de informação para promover o acesso à informação de forma mais eficiente. Com o lançamento contínuo de novos softwares no mercado, as unidades de informação devem contar com uma gestão que incentive e se preocupe em atualizar seu aparato tecnológico. Afinal, é inegável que a principal missão da biblioteca é servir à comunidade local. É importante reconhecer que, ao longo das décadas, as bibliotecas têm sido referências na preservação e disseminação do conhecimento humano. No século atual, esse conhecimento está sendo armazenado não apenas em formato físico, mas cada vez mais em formato eletrônico.

No entanto, não é apenas a biblioteca, ou qualquer instituição de informação, que deve acompanhar as tecnologias de informação e comunicação. Isso também se aplica particularmente ao profissional que atua nesse ambiente.
O profissional da informação precisa se familiarizar cada vez mais com essas tecnologias, a fim de continuar desempenhando seu papel como mediador da informação. No entanto, agora isso deve ser feito sob uma nova perspectiva, um novo paradigma e, principalmente, por meio de novas ferramentas e recursos.

 

 

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