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Interação com o aluno Autista

Beatriz Nayara Ferreira da Silva¹

Rosmari Favaretto Walker²

 

DOI: 10.5281/zenodo.11488289

 

 

RESUMO

O presente artigo científico tem como tema a questão da interação com o aluno autista. Sendo assim, pretendemos entender a analisar todos os processos decorrentes do assunto. Utilizamos o método de pesquisa bibliográfica sendo ela reflexiva e analítica, através de livros e artigos de autores que versam o tema proposto. Sabe-se que o objetivo principal dos sistemas de ensino sejam eles regulares ou especiais é desenvolver o aluno, nesse contexto em específico o aluno autista, sendo a interação com o mesmo muito importante. Com este artigo colaboramos quanto à reflexão sobre a interação com o aluno autista, a mesma deve partir do profissional de apoio, seja institucional ou clínico. Neste trabalho pretendemos focamos na área educacional, bem como a educação do aluno que tem autismo.

 

PALAVRAS-CHAVE: Autista. Interação. Ensino. Educação.

 

 

Introdução

 

O objetivo principal dos sistemas de ensino é desenvolver o aluno em sua totalidade, contribuindo para que este seja no futuro um cidadão que atenda as demandas da sociedade.

Nesse contexto, entende-se que todos os alunos devem e merecem aprender, por isso a inclusão deve acontecer a todo o momento, sejam em instituições especializadas de apoio ou ambientes escolares regulares.

Quando falamos em autismo estamos nos referindo a um quadro que afeta diretamente o mental de quem a possui, resultando em confusão cerebral em uma determinada situação. A maioria dos autistas podem apresentar dificuldades em aprender na escola, também tem muita irritabilidade, choro e mais.

Sendo assim, entende-se que esses estudantes que têm autismo podem apresentar dificuldades em aprender na escola, tornando necessário um profissional de apoio para a mesma, para interagir e apoiar esse aluno.

Esse projeto conta em sua estrutura com a introdução onde fez relatos referentes à questão do autismo e a relação com o ambiente escolar.

Durante o desenvolvimento dessa pesquisa fazemos diversos esclarecimentos quanto à importância do profissional de apoio interagir com o aluno autista.

Para finalizar esse projeto contou-se com a conclusão, nela apresentou uma breve síntese sobre nossa impressão de aspectos fundamentais que foram tratados durante toda a pesquisa.

Como resultado final será apresentado às conclusões detalhadas a respeito do tema de pesquisa.

 

 

DESENVOLVIMENTO

 

Para fundamentar o embasamento desse artigo utilizamos a pesquisa bibliográfica, ou seja, uma pesquisa baseada em referências teóricas de diversos autores que podem nos ajudar a analisar e interpretar o tema proposto.

Todavia, chegaremos a uma conclusão embasada e segura sobre o tema desse projeto. Com isso, todos os dados deste artigo foram colhidos através de várias produções cientificas e técnicas de inúmeros autores que versam sobre o tema do artigo.

A metodologia da pesquisa bibliográfica de acordo com o famoso autor Fonseca (2002, p. 32): “A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites.”

O trabalho terá um “método investigativo” sobre os problemas elencados em seu tema, o estudo e a construção desse projeto terão um caráter qualitativo, uma vez que irei elencar e buscar nos documentos e arquivos as ideias centrais da pesquisa que abordam o tema.

Portanto, o presente trabalho vai ser desenvolvido dessa forma, assim chegando às devidas conclusões que serão reflexões embasadas em dados seguros que propiciem uma ideia nova.

 

O autismo

 

Para discorrer sobre o tema desse trabalho, sendo ele a interação com o aluno autista é necessário que entendamos o seu principal aspecto que e o autismo.

Todavia, torna-se necessário conceituar, o que e autismo? Podemos afirmar que é um tipo de transtorno de desenvolvimento grave (dependendo do quadro) que pode prejudicar a capacidade de comunicação, agir, falar e mais, pois cada caso tem sua particularidade.

O autismo é um transtorno que afeta o sistema nervoso de que a têm. A maioria dos autistas, bem como os alunos se caracterizaram por apresentar uma dificuldade para interação social com os colegas de turma e familiares, quando fora da escola, dificuldade com a linguagem e forma de falar e comportamento repetitivo e compulsivo.

Sobre o conceito de autismos podemos citar o conceito realizado por Silva:

 

Para crianças com autismo clássico, isto é, aquelas crianças que tem maiores dificuldades de socialização, comprometimento na linguagem e comportamentos repetitivos, fica clara a necessidade de atenção individualizada. Essas crianças já começam sua vida escolar com diagnóstico, e as estratégias individualizadas vão surgindo naturalmente. Muitas vezes, elas apresentam atraso mental e, com isso, não conseguem acompanhar a demanda pedagógica como as outras crianças. Para essas crianças serão necessários acompanhamentos educacionais especializados e individualizados. (SILVA 2021, p. 109).

 

Como vimos na citação acima, as crianças e estudantes quem têm autismo, possuem diversas dificuldades, uma delas é a de socializar, ou seja, interagir no meio de todos na sociedade, inclusive com seu professor ou colegas de escola. Portanto, é notável que o aluno que tem esse quadro precisa de uma atenção individualizada, ou seja, ter um apoio especializado nas atividades escolares, essa é uma forma de interação com o aluno autista.

De acordo com o autor Suplino sobre o autismo e esse quadro, bem como transtorno:

 

O autismo é um transtorno invasivo do desenvolvimento (TID), diagnóstico totalmente diferenciado de um quadro psicótico, passou a classificar esta condição com uma síndrome e referir se à mesma como Autismo Infantil Precoce, ela apresenta as principais dificuldades de contato com pessoa, desejo obsessivo de manter as situações sem alterações, ligação especial com objetos. (SUPLINO, 2005, p.16).

 

Pela citação acima, nota-se que o autismo é um transtorno, podendo ser considerado até como uma síndrome. Os resultados desse quadro é dificuldades em manter contato com uma pessoa como, por exemplo, na escola com os colegas de turma. Outra consequência é a ligação especial com objetos este é observado, pois quase toda criança autista sempre tem um brinquedo em mãos. Nesse contexto, algumas crianças diagnosticadas com autismo também ter dificuldade na fala e oralidade.

Podemos dizer também, que a criança ou estudante autista enfrentam inúmeros desafios na escola, pois o autismo pode acarretar em dificuldade no processo de aquisição da leitura e escrita, em simples palavras, na alfabetização do estudante, por isso é importante um profissional de apoio.

Para finalizar este tópico, podemos dizer que outros sintomas desse quadro é agressão, choro, gritos, hiperatividade, imitação involuntária dos movimentos de outra pessoa, irritabilidade e outros.

Devemos lembrar que todas as crianças com autismo possuem uma situação em específico, portanto, as metodologias realizadas pelo professor de apoio devem se basear de forma específica em cada aluno.

 

A Inclusão do aluno autista e sua legalidade na escola

 

Para entender melhor o tema deste artigo, torna-se necessário entender a questão da legalidade e a inclusão, que deve acontecer no ambiente escolar. Afinal, para que haja a interação com o aluno autista a interação é de grande importância e indispensável.

Podemos definir a educação inclusiva como uma área da educação que visa a “inclusão”, ou seja, trazer para o ambiente educacional todos os tipos de alunos, por exemplo, aqueles que têm autismo ou outra deficiência que seja necessário incluir. Todavia, as escolas normalmente tem um grande numero de alunos e alguns deles necessitam de um atendimento especializado, e grande parte de um profissional de apoio, para que assim haja uma interação.

De acordo com o autor Salamanca sobre o incluir:

 

O princípio fundamental das escolas inclusivas consiste em que todos os alunos devam aprender juntos, sempre que possível, independentemente das dificuldades e das diferenças que apresentem. Estas escolas devem reconhecer e satisfazer as necessidades diversas dos seus alunos, adaptando-se aos vários estilos e ritmos de aprendizagem, de modo a garantir um bom nível de educação para todos, [...] (SALAMANCA 1994, p.11)

 

Pela citação acima, nota-se que todos os alunos devem aprender juntos, ou seja, que todo o ambiente escolar seja inclusivo, sem distinção de estudante algum. A escola e o professor devem buscar satisfazer as necessidades do aluno, o que visa incluir, dar total apoio ao ato de inclusão, isso pode contribuir para uma educação de qualidade para todos.

No que diz respeito à legalidade, os sistemas de ensino obrigam que as escolas sejam inclusivas, o que é muito importante.

A Lei e Diretrizes Base para a educação deixa essa questão clara, sendo assim de acordo com a mesma:

Lei 9.394 de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

 

Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;

III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;

IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;

V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;

VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

VII - valorização do profissional da educação escolar;

VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;

IX - garantia de padrão de qualidade;

X - valorização da experiência extra-escolar;

XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. (Lei 9.394 de 1996)

 

Ao analisar todos esses princípios conseguimos perceber a questão da obrigatoriedade da inclusão, pois é garantido o acesso e a permanência do aluno no ambiente educacional.

A inclusão do aluno autista pode acontecer quando a escola cria mecanismos que podem trazer um direito igual a todos os estudantes. Também a escola pode contratar um profissional de apoio especializado, para dar todo o apoio e ajuda a esse aluno que enfrenta diversas dificuldades e desafios diariamente.

 

Auxiliar de Apoio ao Educando, deverá ser encarado como esse profissional que assume o papel de ajudar na inclusão do aluno com deficiência e não o papel de professor principal da criança. Ele deverá ser visto como mais um agente de inclusão em sala de aula, sem permanecer ali esquecido e excluído junto com o aluno. (MOUSSINHO, 2010)

 

Pela citação do autor acima concluímos que o profissional de apoio tem um grande papel na inclusão do aluno autista, sendo ele indispensável no ambiente escolar.

 

 

Interação com o aluno autista

 

Já entendemos o que é autismo e toda a questão que permeia a questão da inclusão. Sendo assim, é necessário que entendamos como se deve dar a questão da interação entre o profissional de apoio e o aluno que tem o quadro de autismo no ambiente escolar.

Podemos afirmar que essa relação deve ser afetiva, ou seja, aquela que visa um contato sadio entre ambos. A afetividade é a melhor forma de se interagir com o aluno que possui esse transtorno. O profissional de apoio deve sempre buscar manter uma relação adequada e afetiva, demonstrando preocupação com o estudante autista, o ajudando a lidar com as adversidades do dia a dia. Sendo assim, esse estudante poderá se sentir acolhido e protegido.

Segundo o dicionário Aurélio:

 

1. Qualidade ou caráter de afetivo. 2. Conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza. (AURÉLIO, 1975, p.44)

 

O dicionário acima deixa claro que a afetividade envolve uma dimensão de sentimentos, emoções, paixões, agrados e alegria. Nesse contexto, o profissional de apoio e o aluno autista deve sempre buscar esse tipo de relação.

O profissional deve buscar trazer a inclusão dele aluno para dentro de sala. Sendo assim, a afetividade não deve ficar apenas no papel ou em planos de aulas, diários eletrônicos ou no projeto político pedagógico, mas deve ser colocado em prática, o profissional de apoio deve sempre ter em mente a afetividade e buscar ter esse tipo de relação com o aluno autista.

De acordo com Saltini:

 

O professor (educador) obviamente precisa conhecer a criança. Mas deve ser conhecida não apenas na sua estrutura biofisiologica e psicossocial, mas, também, na sua interioridade afetiva, na sua necessidade de criatura que chora, ri, dorme, sofre e busca constantemente compreender o mundo que a cerca, bem como o que ela faz na escola (SALTINI,1997, p. 73).

 

O professor de apoio pode colocar em prática a afetividade por promover conversas com os alunos que possuem algum transtorno, como o autismo. Essa é uma forma de cada aluno expor o seu pensamento, dizer aquilo que gosta de fazer, o que o deixa feliz e o professor pode contar um pouco do seu dia a dia e o que gosta de fazer. Assim, o profissional de apoio poderá interagir com seu aluno autista, e a relação entre eles será proveitosa. O estudante com autismo vai ter conhecimento que pode contar com seu professor nas situações educacionais que podem enfrentar na escola.

A aprendizagem só pode acontecer através de relações entre pessoas, nesse contexto entre o professor e o aluno com autismo, pois assim haverá interação. O “outro” é muito importante nas mais diversas situações da vida.

O professor de apoio deve sempre buscar conhecer seu aluno acompanhante, isso poderá possibilitar uma escolha de metodologias adequadas.

 

 

A importância da Interação

 

A interação traz inúmeros benefícios para o aluno autista e o professor, sendo eles cognitivos, mentais e até mesmo motor, assim professor e aluno conseguem criar laços de amizade. Portanto é de suma importância a interação para o processo de ensino-aprendizagem e na vida cotidiana do aluno autista.

Segundo Amaral:

 

Os afetos, sejam emoções ou sentimentos, também têm uma função importante na motivação da conduta e para a aprendizagem. Todos nós temos experiência de nos dedicarmos com mais empenho aos assuntos de que gostamos e que nos são agradáveis. Outras vezes, pelos mais variados motivos, tomamos tamanha aversão a certas matérias, as quais se tornam impossíveis de aprender. São situações em que observamos como o afeto pode interferir na nossa capacidade racional de agir (AMARAL, 2007, p. 9).

 

Um dos benefícios de um processo de interação, ou seja, afetivo, de acordo com o autor é na aprendizagem. A afetividade pode contribuir na motivação de estudar dos alunos e demonstra e eles a importância de aprender. Portanto, esse é um grande benefício que este meio pode promover.

Outros benefícios que a interação com o aluno autista pode promover é garantir ao estudante um ensino de muita qualidade, além de contribuir na formação da criticidade, a sua solidariedade e a criatividade.

 

 

CONCLUSÃO

 

O presente trabalho de conclusão de curso foi de grande importância para a compreensão a respeito do tema, interação com o aluno autista, sendo este muito importante para o desenvolvimento do estudante.

Aprendemos com este artigo que o autismo é um transtorno que afeta o sistema nervoso de quem a possui. Vimos que a maioria dos autistas podem apresentar dificuldades para a interação social com os colegas de turma e familiares, tem agressão, choro, gritos, hiperatividade, imitação involuntária dos movimentos de outra pessoa, irritabilidade e outros.

Mas sabe-se que os atos acima citados não devem deixar com que o estudante seja excluído das escolas, mas ele deve ser inserido no contexto educacional, afinal as normativas e leis exigem que isso aconteça, como por exemplo, a Lei e Diretrizes Base para a educação.

Concluímos que o profissional de apoio deve sempre buscar manter uma relação sadia com seu aluno autista, isso pode se dar através da afetividade, que é um tipo de interação que pode proporcionar grandes benefícios para o aluno, como o aprendizado, melhor qualidade de vida, confiança e etc. Que assim possamos valorizar o profissional de apoio que busca interagir com alunos com transtorno autistas.

 

 

REFERÊNCIAS

 

Amaral, V. L. (2007). Psicologia da educação. Natal, RN: EDUFRN, 2007. 208 p.: il

 

DECLARAÇÃO DE SALAMANCA: Sobre princípios, políticas e práticas na área das necessidades educativas especiais. Salamanca – Espanha, 1994.

 

DICIONÁRIO AURÉLIO. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Nova Fronteira. 1 cd-rom. 1994.

 

MOUSINHO, Renata. Mediação escolar e inclusão - revisão, dicas e reflexões/Renata Moussinho - Revista de Psicopedagogia, São Paulo, 2010

 

SALTINI, Claudio J. P. Afetividade e inteligência. Rio de Janeiro: DPA, 2002.

 

SILVA, A. Mundo singular: Entenda o autismo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

SUPLINO, Marise. Currículo funcional natural: guia prático para educação na área do autismo e deficiência mental. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Maceió: ASSISTA, 2005.