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A importância da literatura infantil para a formação de leitores

Jossivania Costa Silva

Marilene de Souza Silveira Carvalho

Marta Szolomicki

Veridiana de Araújo Sobrinho

Maura Sirlene Morilha Leão

 

DOI: 10.5281/zenodo.11242935

 

 

RESUMO

O ensino da língua materna não tem garantido a habilidade de utilizar a escrita adequadamente. Muitas pessoas que aprenderam a ler e a escrever na escola não conseguem utilizar a linguagem em situações de leitura e escrita porque não compreendem ou interpretam o que leem. Por meio de uma revisão bibliográfica buscou-se responder ao objetivo de compreender as concepções de literatura infantil que contribuem para a prática pedagógica e a formação de leitores. A literatura infantil é um gênero voltado à criança e por isso é necessário compreender esta faixa etária para que os signos verbais e não verbais possam ser compreendidos totalmente. Não podemos considerar a literatura infantil somente como uma habilidade ou forma de instruir os indivíduos, pois a leitura pode trazer contribuições significativas para a sociedade. Um leitor precisa se envolver com a obra literária, encontrando um significado em sua leitura, para que possa compreender o texto e relacioná-lo ao mundo a sua volta. Dessa forma é necessário que o livro infantil seja esteticamente agradável, possua um texto interessante e encantador, estimulando assim, o imaginário das crianças.

 

Palavras-chave: Literatura Infantil. Formação de Leitores. Escola.

 

 

Introdução

 

Durante a vida escolar das crianças, muitos conteúdos, metodologias e recursos pedagógicos são apresentados como forma de proporcionar o ensino e aprendizagem delas. Mas para que essa aprendizagem seja efetiva, é necessário uma boa leitura e interpretação para que as crianças consigam compreender sobre a vida e a realidade a sua volta.

Essa leitura pode ser motivada através de situações de necessidade, lazer ou obrigação. Independentemente da situação, a leitura é importante para a construção de conhecimentos bem como o desenvolvimento intelectual, estético e ético.

O contato com livros e histórias são práticas essenciais para o processo de aprendizagem e é de suma importância o trabalho dos professores e da escola com a literatura infantil, pois ela é capaz de desenvolver o interesse a leitura, o despertar da imaginação, facilitar a busca por novas palavras e auxiliar as crianças a se sentirem desafiadas a buscar conhecimentos e isso tem como consequência futura o desenvolvimento de pensamentos críticos de forma que saibam como interpretar a sociedade em que vivem.

Neste contexto, a literatura infantil permite que a criança desenvolva conhecimentos, habilidades entre outras emoções e sensações, mas para isso, é necessário que a escola pense em uma metodologia buscando o desenvolvimento integral das crianças.

Para despertar o prazer da leitura nas crianças, é necessário que o professor utilize a literatura em sala de aula, focando não só no gênero textual, mas permitindo que as crianças explorem formas diferentes de ler, imaginem as expressões dos personagens, de forma que se sintam motivadas e se interessem pelos livros infantis.

Dessa forma, este artigo tem como objetivo compreender as concepções de literatura infantil que contribuem para a prática pedagógica e a formação de leitores.

 

 

Desenvolvimento

 

O livro foi por muito tempo considerado como um símbolo mágico que permitia desvendar segredos. Segundo Paiva e Oliveira (2010), na Idade Média, os indivíduos religiosos tinham acesso à leitura o que facilitava o contato com conteúdo sagrado e profano. Dessa forma, o clero, que tinha maior conhecimento espiritual, possuindo prestígio perante a sociedade.

Paiva e Silva (2021) afirmam que as primeiras literaturas para as crianças, foram escritas na França, no século XVII, como as “Fábulas” de La Fontaine, “As aventuras de Telêmaco” de Fénelon e diversas histórias de Charlles Perrault que impulsionaram a literatura infantil, principalmente os contos de fadas.

Charles Perrault se destacou na história literária infantil pois a partir das histórias contadas pelos camponeses, ele atribuiu poderes aos seus personagens de monstros e animais, destacando a disputa pelo bem e o mal e fazendo com que a classe baixa vencesse a classe alta utilizando a inteligência. Pereira et. al. (2012) cita algumas de suas obras como “A Bela Adormecida no Bosque” e “Chapeuzinho Vermelho” que fazem parte de uma coletânea criada em 1697.

Com a Revolução Industrial no século XVIII, grande parte da população se mudou dos campos para as cidades, fortalecendo a vida urbana. Paiva e Oliveira (2010) afirmam que o livro passa a ser produto de consumo da sociedade capitalista e da grande massa popular, visto que agora era necessário melhorar as aptidões em serviços especializados. Contudo, o livro não perdeu a sua magia de projetar o leitor do mundo real para a ficção.

Segundo Silva et. al. (2021), com a origem da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), em 1961, a literatura infantil começou a ser incentivada na educação e reconhecida como campo literário. Vale destacar que a literatura destinada às crianças e aos jovens, possui concepções diferentes. A literatura infantil se refere ao conjunto de publicações com conteúdo recreativo ou didático, destinados ao público infantil.

Na segunda metade do século XIX, os autores construíram um acervo sólido, transformando a literatura infantil em uma parte significativa da produção literária da época. No Brasil, a grande maioria dos livros infantis era traduções e adaptações dessas obras.

No século XX, Monteiro Lobato se destacou no Brasil por buscar autenticidade e uma linguagem brasileira. Paiva e Silva (2021) acrescentam que ele se dedicou e lutou para manter a cultura brasileira em suas obras.

Mas nem sempre os livros infantis são vistos como uma forma de ensinar as crianças, geralmente eles são utilizados como material escolar para diversificar temas ou simplesmente como lazer. Contudo, a literatura infantil desperta prazer e diversão e leva as crianças a um mundo de cores e sensações. Por meio da leitura, as crianças reconhecem e compreendem as imagens e as palavras do mundo real, até que passa a interpretar o que aparece representado nos livros infantis.

 

A literatura infantil possibilita que os leitores dominem a linguagem e as formas literárias básicas formadas ao longo de sua educação literária. Assim, a literatura ampara as crianças no descobrimento de palavras que exprimem seu exterior e interior e abre discussões sobre sua própria linguagem (PAIVA; SILVA, 2021, p. 70).

 

Silva et. al. (2021) afirma que ler auxilia no processo de desenvolvimento da criança de maneira imensurável. Toda criança gosta de ouvir histórias, independente do gênero e através da imaginação, a criança melhora a oralidade e seu vocabulário, aprende a reconhecer e identificar personagens e cenários bem como a refletir sobre as situações que acontecem.

Além disso, o hábito de ler colabora com o pensamento crítico e o raciocínio lógico, favorecendo a memória e despertando emoções como raiva, bem-estar, tristeza, irritação, medo, entre muitos outros sentimentos.

Pereira (2007) afirma que nos dias de hoje, a prática da literatura infantil em sala de aula tem como princípio a formação de cidadãos críticos e reflexivos que sejam capazes de transformar a realidade a sua volta. Ao contar histórias ou inserir livros infantis em sua prática pedagógica, o professor consegue estimular a imaginação das crianças, fazendo-as compreenderam a diferença entre o real e o imaginário.

O professor não deve trabalhar os gêneros textuais em sala de aula, pensando somente no caráter utilitário, é preciso incentivar o prazer na leitura, permitindo que a criança crie novas situações, em um mundo de sonhos, desmitificando o preconceito, associando a história e personagens à sua realidade.

Através dos seus mais variados gêneros, a literatura infantil possui diversas características que são fundamentais para o desenvolvimento humano. Suas histórias abordam os sentimentos humanos, a luta entre o bem e o mal, as diferenças entre as classes sociais, frustrações, doenças, guerras, lições de moral, entre muitos temas que contribuem com os propósitos da leitura como: a ruptura, a adaptação, a imitação, o entendimento, a aceitação e não aceitação, superando um estreitamento de origem que a literatura infantil concede a educação.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais afirmam que o leitor é o sujeito ativo na construção do significado de texto quando lê, pois, trabalha no objetivo do texto a partir do seu conhecimento do assunto, do autor e dos sistemas de escrita como: regras gramáticas, propriedades do gênero, etc. Em relação as crianças, é preciso pensar nas estratégicas a serem utilizadas no processo de leitura como a velocidade, entonação de voz e fluidez, sendo necessário explorar o saber literário para que a mais simples história tenha significado para elas.

A literatura infantil deve ser trabalhada diariamente na escola, principalmente nos anos iniciais do Ensino Fundamental, pois segundo Pereira (2007), colabora com a criatividade e imaginação das crianças. Nesta fase, os livros infantis devem ser ofertados às crianças juntamente com uma série de emoções e sentimentos que favoreçam o prazer pela leitura.

Paiva e Oliveira (2010) acrescentam que a literatura permite novas emoções e visões do mundo a sua volta, possibilitando o crescimento e autonomia dos indivíduos. Para isso, é fundamental pensar na construção e uso de metodologias adequadas para a formação de leitores literários, considerando a prática de leitura afetiva de textos, pois não importa o que o aluno leia, o importante é ele desenvolver o prazer de ler.

Bons leitores não são os indivíduos que decodificam signos e reconhecem códigos, e sim, os que compreendem seus significados nas mais diversas mídias.

 

O leitor consegue procurar na leitura as respostas àquilo que deseja, como por exemplo, desde satisfação e prazer às respostas de inquietações cotidianas. Para materializar a formação de leitores é necessário motivação, tendo como uma das bases o constante ouvir histórias literárias e, posteriormente, associado ao ato do ler. Outro fator indispensável é a convivência com livros diversos, contendo diversificadas informações, despertando os mais variados interesses dos futuros leitores (PERUZZO, 2011, p. 9).

 

Além disso, os livros devem fazer parte do cotidiano da criança para que ela se sinta familiarizada com a literatura e adquira o hábito de leitura. Peruzzo (2011) acrescenta que é fundamental respeitar a faixa etária do leitor e propor temas adequados a sua idade e consequentemente aos seus interesses.

Em sala de aula, o professor também por utilizar recursos pedagógicos como fotos, painéis e objetos, relacionados ao tema da leitura. No caso de crianças, o uso de materiais concretos desperta o interesse, tornando-as mais participativas.

Os interesses das crianças pelas leituras vão sendo modificadas conforme adquirem novas experiências de leitura e no seu dia a dia. Por isso, elas vão procurar na literatura o que é de seu interesse aprender e conhecer, ainda que a própria literatura possibilite novos conhecimentos.

Contudo, é função da escola e da família possibilitar a leitura, indo além da decodificação de signos. Segundo Pereira, Frazão e Santos (2012), praticar a leitura na infância desenvolve o prazer em ler e por isso o contato com os clássicos da literatura infantil colaboram na imaginação e criatividade, aumentando a capacidade de compreensão e interpretação. Neste contexto, a família é fundamental e tem a função de incentivar a leitura bem como acompanhar e contar histórias.

Além disso, a família pode incentivar a leitura antes mesmo das crianças nascerem. Ainda no ventre, o bebê já ouve e sente seus pais. Quando nascem, as histórias podem ser acrescentadas na rotina como durante o banho e amamentação. Também é necessário permitir que as crianças manuseiem, brinquem e explorem os livros infantis. Enquanto isso, por meio da troca de experiências entre professor e crianças, é possui desenvolver a capacidade de compreensão e interpretação dos mais diversos textos.

Contudo, o gosto pela leitura é fundamental na formação de leitores e para isso, pais e professores devem se aliar as obras literárias para criarem hábitos de leituras nas crianças. Se família e escola conseguirem manter um diálogo, se comprometendo igualmente com o desenvolvimento da criança, certamente haverá a formação de leitores competentes.

 

 

Conclusão

 

Foi possível concluir que a literatura infantil nas escolas não deve visar somente a habilidade de leitura ou uma forma de instrução. Saber ler não faz da criança uma boa leitora, é preciso que que ela seja desafiada por leituras cada vez mais complexas, compartilhando suas visões de mundo e então se tornando leitora literária. Para a formação de leitores literários é preciso indagar o leitor por meio da curiosidade e da construção de novos conhecimentos.

A escola deve ser vista como um espaço privilegiado para realizar estudos literários, pois consegue dinamizar o processo de ensino e aprendizagem bem como o conhecimento da língua e suas expressões verbais significativas e conscientes. Na escola, as bases do conhecimento são desenvolvidas pelas crianças ao longo de sua formação enquanto a literatura infantil estimula o raciocínio, a percepção da realidade e seus significados, a consciência da relação entre o eu e o outro bem como a leitura do mundo a sua volta.

A família deve ser vista como uma extensão da escola e por isso é um instrumento importante para a formação de leitores, vendo o ato de ler como algo que vai muito além da decodificação de signos. O gosto pela leitura inicia antes das primeiras letras escolares, ele começa quando os pais leem para os seus filhos.

Portanto, para a formação de bons leitores, a criança precisa compreender a leitura não apenas como um momento de descontração, mas um momento de aprendizado, onde ela pode ler, interpretar e compreender tanto as lições de morais que são trazidas por algumas histórias como outras realidades e mundos fantásticos que contribuem para o seu desenvolvimento integral.

 

 

REFERÊNCIAS

 

BRASIL, Ministério da Educação, (1997). Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental. Brasília, MEC/SEF.

 

PAIVA, S. C. S.; OLIVEIRA, A. A. A literatura infantil no processo de formação do leitor. 2010. Disponível em <https://www.cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.php/cp/article/view/175/10> Acesso em 18 mai. 2024.

 

PAIVA, F. J. O.; SILVA, E. D. Estudos da linguagem: Interfaces na linguística, semiótica e literatura em perspectiva. 2021. Disponível em <https://pedroejoaoeditores.com.br/2022/wp-content/uploads/2022/01/Ebook-Estudos-da-linguagem.-2o-vol-1-1.pdf#page=56> Acesso em 18 mai. 2024.

 

PEREIRA, E. de J.; FRAZÃO, G. C.; SANTOS, L. Ca. dos. Leitura Infantil: O valor da leitura para a formação de futuros leitores. 2012. Disponível em <http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/moci/article/viewFile/2162/135> Acesso em 19 mai. 2024.

 

PEREIRA, M. S. A importância da literatura infantil nas séries iniciais. Revista Eletrônica de Ciências da Educação, Campo Largo, v. 6, n. 1, jun. 2007.

 

PERUZZO, A. A importância da literatura infantil na formação de leitores. 2007. Disponível em <http://www.filologia.org.br/xv_cnlf/tex_completos/a_importancia_da_literatura_infantil_na_ADREANA.pdf> Acesso em 19 mai. 2024.

 

SILVA, B. P.; SANTOS, C. R. R.; FONSECA, G. A. S.; SILVA, J. S.; COSTA, J. M. P. S. A importância da literatura infantil. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação – REASE. doi.org/10.51891/rease.v7i6.1522, 2021.