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A IMPORTÂNCIA DO PSICOPEDAGOGO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Luana Baranoski Ferreira da Silva

 

 

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo mostrar a importância da atuação do psicopedagogo na educação infantil buscando a prevenção das dificuldades de aprendizagens. Em geral o profissional formado em psicopedagogia é procurado quando as dificuldades de aprendizagens já estão presentes, assim, seu papel é avaliar e estabelecer estratégias de intervenção. Contudo o psicopedagogo não atua somente quando o problema já existe, mas ele também pode atuar buscando formas de prevenção, no intuito de evitar que os problemas de dificuldades de aprendizagem se instaurem e nesse caso iremos abordar o papel das brincadeiras no combate a prevenção das dificuldades de aprendizagem.

 

PALAVRAS-CHAVE: Psicopedagogia. Dificuldade de aprendizagem. Prevenção.

 

 

1. INTRODUÇÃO

 

A atuação do psicopedagogo é muito importante em todas as áreas dos conhecimentos, em especial na prevenção das dificuldades de aprendizagem na educação infantil. Em geral, o psicopedagogo é procurado quando as dificuldades já estão presentes, assim, seu papel é avaliar e estabelecer estratégias de intervenção. Contudo o psicopedagogo não atua somente quando o problema já existe, mas também na forma de prevenção, no intuito de evitar que os problemas de dificuldades de aprendizagem se instaurem e nesse caso iremos abordar o papel das brincadeiras no combate a prevenção das dificuldades de aprendizagem.

O psicopedagogo atuando na educação infantil se propõe trabalhar com brincadeiras dinâmicas na instituição e com a formação de professores orientando e auxiliando na organização das atividades e, consequentemente no processo ensino aprendizagem dos alunos.

No entanto, a partir dessa perspectiva preventiva, entendemos que é por meio das diferentes formas de apresentar as brincadeiras, fazendo com que sejam preventivas em algumas dificuldades de aprendizagem, relacionadas às habilidades da criança que são diretamente influenciadas pelo desenvolvimento psicomotor das crianças.

Este trabalho foi realizado sobre a atuação do estágio clínico e institucional, fazendo um levantamento bibliográfico, além das entrevistas com profissionais que trabalham na área da pedagogia e da psicopedagogia em diferentes espaços. Podemos contatar que o atendimento psicopedagógico desenvolve dentro do espaço da sala de aula um enorme desenvolvimento psicomotor, cognitivo, entre outros. Dentre as diversas áreas da atuação do psicopedagogo, ele desempenha o diagnóstico e a intervenção psicopedagógico, atuando na prevenção dos problemas e desenvolvendo estudos relacionados ao papel do desenvolvimento de aprendizagem infantil, também no atendimento aos pais, família e escola

 

 

2. DESENVOLVIMENTO

 

A Psicopedagogia surgiu no Brasil na década de 1970 sob influência tanto americana, quanto europeia, via Argentina, os argentinos sob influência dos europeus passaram a cuidar de pessoas portadoras de dificuldades de aprendizagem por mais de 30 anos. Assim, o trabalho de reeducação passou a ser objeto de estudo com base nos conhecimentos da Psicanálise e da Psicologia Genética, além do conhecimento da Linguagem, e da Psicomotricidade, no sentido de melhor entender o comportamento das pessoas com esse tipo de dificuldades.

Diversos autores argentinos a exemplo de Dr. Quirós, Jacob, Feldaman, Sara Paín, Jorge Visca, Alícia Fernandez, Ana Maria Muniz dentre outros, ministraram cursos na área de Psicopedagogia, remetendo contribuições para o enriquecimento e desenvolvimento do aporte teórico da Psicopedagogia. O final do século XIX, de acordo com THOMSEN(2001), Psiquiatras e Neuropsiquiatras preocupados com fatores que interferiam na aprendizagem organizaram novos métodos de Educação Infantil sob influência dos educadores Esquiral, Montessori e Ovidir Decroly, dentre outros.

Na Europa o movimento que originou a Psicopedagogia, disseminou a crença de que o baixo rendimento escolar estava associado às causas orgânicas e que precisava de atendimento especializado. No Brasil, ainda, de acordo com o autor, as dificuldades de aprendizagens inicialmente foram associadas a uma disfunção neurológica denominada de Disfunção Cerebral Mínima (DCM) que virou moda, servindo para camuflar problemas socio pedagógicos.

Nos escritos de BOSSA, consta registrado, que os problemas de aprendizagens eram estudados e tratadas por médicos, o qual assumia grande importância nas decisões de família. (1994, p.43-44).

Os educadores e os familiares depositavam toda confiança neste profissional. Contudo, nem sempre todo problema de aprendizagem poderia ser causado por fatores orgânicos (patológicos) embora a crença perdurasse por muitos anos como forma de tratamento deste distúrbio.

Decorridos 20 anos de práticas psicopedagógicas, o primeiro curso de Psicopedagogia de acordo com Bossa (1994, p.45) foi criado na cidade de São Paulo, Instituto Sedes Sapientiae (1979). Alguns profissionais que terminaram a especialização formaram a Associação Estadual de Psicopedagogia de São Paulo (AEP), dando origem posteriormente a Associação de Psicopedagogia, órgão de classe voltada aos interesses da classe e de luta pelos direitos dos psicopedagogos.

A Psicopedagogia está fundamentada por referenciais teóricos e é reconhecida pela área acadêmica por meio de produções científicas consolidadas em teses, publicações dentre outras. Durante o V encontro e II congresso de Psicopedagogia, entrou em vigor o código de ética elaborado pelo Conselho Nacional do Biênio 91/92 da Associação Brasileira de Psicopedagogos - ABPp, aprovado em assembleia no ano de 1992. Desde 1980 que a ABPp atua junto aos profissionais filiados da área, com uma proposta de uma atuação científica – cultural em razão da ausência de um Sindicato, para a sua representação política desses profissionais, frente à questão da legalização da profissão.

 

 

A PRÁTICA PSICOPEDAGÓGICA NA ESCOLA

 

A prática psicopedagógica na instituição escolar visa um papel importante do Psicopedagogo, podendo ser pensando a partir do qual cumpre a instituição uma importante função social que é a socialização dos possíveis conhecimentos, promovendo o desenvolvimento cognitivo da criança, visando sempre uma aprendizagem satisfatória, com possíveis soluções ao surgimento de algumas dificuldades, inserindo o sujeito, de forma mais organizada no mundo cultural e simbólico que incorpora a sociedade, a escola e o saber.

O trabalho do psicopedagogo na escola deve ser preventivo. Bossa (2007) afirma que este trabalho tem níveis diferentes de atuação. Para isso, a necessidade de um psicopedagogo na escola, afirma Bossa para que:

 

No primeiro nível o psicopedagogo atua nos processos educativos com o objetivo de diminuir a “frequência dos problemas de aprendizagem”. Seu trabalho incide nas questões didático-metodológicas, bem como na formação e orientação de professores, além de fazer aconselhamento aos pais. No segundo nível o objetivo é diminuir e tratar dos problemas de aprendizagens já instalados. Para tanto cria-se plano diagnóstico da realidade institucional, e elaboram-se planos de intervenção baseados nesses diagnósticos a partir do qual se procura avaliar os currículos com os professores, para que não se repitam tais transtornos. No terceiro nível o objetivo é eliminar transtornos já instalados em um procedimento clínico com todas as suas implicações. O caráter preventivo permanece aí, uma vez que ao eliminarmos um transtorno, estamos prevenindo o aparecimento de outros. (BOSSA, 2007, p. 25)

 

A atuação do psicopedagogo pode ocorrer em todos os contextos onde haja processo de aprendizagem, a saber: empresas, clínicas, escolas, etc., em cada local de trabalho a intervenção do psicopedagogo terá sua especificidade, Bossa aponta que:

 

A psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar, levando sempre em conta as realidades internas e externa da aprendizagem, tomadas em conjunto. E, mais, procurando estudar a construção do conhecimento em toda a sua complexidade, procurando colocar em pé de igualdade os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que lhe estão implícitos. (NEVES, 1991 apud BOSSA, 2007, p. 21)

 

Para tanto, o Psicopedagogo alcança dentro da educação infantil e nas demais series iniciais um grande índice de qualidade educacional, estabelecendo prioridades, nas quais são: a busca pela identidade da escola, o diagnóstico e a intervenção da criança, definições do papel na dinâmica relacional em busca de entender, analisar o conteúdo e a reconstrução conceitual, além do papel da escola e da família no diálogo. Dessa forma, o psicopedagogo atuante tanto na escola como na clínica, tem essas funções elencadas e também de compreender a causa de a criança não aprender, ou passar por grandes variações de dificuldades de aprendizagem, segundo Bossa:

 

O psicopedagogo busca não só compreender o porquê de o sujeito não aprender algumas coisas, mas o que ele pode aprender e como. A busca desse conhecimento inicia-se no processo diagnostico momento em que a ênfase é a leitura da realidade daquele sujeito, para então proceder a intervenção que é o próprio tratamento ou o encaminhamento. (BOSSA 2007, p.94.)

 

Na escola o psicopedagogo trabalha com o aluno, com o pedagogo, orientadores e professores. Para Santos:

 

O trabalho na instituição escolar apresenta duas naturezas: O primeiro diz respeito a uma psicopedagogia voltada para o grupo de alunos que apresentam dificuldades na escola. O seu objetivo é reintegrar e readaptar o aluno à situação de sala de aula, possibilitando o respeito às necessidades e ritmos. Tendo como meta desenvolver as funções cognitivas integradas ao afetivo, desbloqueando e canalizando o aluno gradualmente para a aprendizagem dos conceitos conforme os objetivos da aprendizagem formal. O segundo tipo de trabalho refere-se à assessoria junto a pedagogos, orientadores e professores. Tem como objetivo trabalhar as questões pertinentes às relações vinculares professor-aluno e redefinir os procedimentos pedagógicos, integrando o afetivo e o cognitivo, através da aprendizagem dos conceitos e as diferentes áreas do conhecimento. (SANTOS, 2011, p. 02).

 

A prática pedagógica na escola do Psicopedagogo visa aprendizagem humana, e surgiu da necessidade de compreender os problemas de dificuldades de aprendizagem. Portanto, podemos afirmar que a psicopedagogia estuda as características da aprendizagem humana, as prevenções dessas dificuldades, para tratá-las e preveni-las.

Na escola, o Psicopedagogo utiliza um instrumental especializado com avaliação e estratégias que possibilita ao aluno em sua individualidade, auxiliar nas atividades escolares e além dos muros da escola, coloca a criança em contato com suas reações diante da tarefa e dos vínculos com o próprio objeto do conhecimento. Ainda assim, cabe ao psicopedagogo assessorar a escola, restaurando sua atuação junto a alunos e professores, redimensionando o processo de aquisição e incorporação do conhecimento no espaço escolar, ou seja, o encaminhamento da criança ou adolescente para outros profissionais.

 

 

A LUDICIDADE NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

 

Existe uma forte contribuição do psicopedagogo no trabalho com brincadeiras lúdicas em seu atendimento psicopedagógico, pois há uma interligação da criança com o brincar e a aprendizagem, proporcionando a ela estímulo cognitivo, contato e comunicação com o social e o mundo. Possibilitando assim uma extrema felicidade aprendendo brincando. Podendo perceber que o brincar e tão quão importante como estudar, é um ato inato da criança e pode ser também utilizado voltado para o ensino.

O lúdico é uma forma ampla e significativa para que seja utilizado as várias formas de brincadeiras na sala de aula, desenvolvendo um papel vital na aprendizagem, pois através da pratica o sujeito busca conhecimento do próprio corpo, resgata experiências pessoais e valores, assim como encontra soluções diante dos problemas encontrados e tem uma percepção de si mesmo como parte integrante no processo de construção de sua aprendizagem, que tem resultados positivos numa dinâmica de ação, possibilitando uma construção bem significativa. Antunes (2003) diz que: [..] jogo” chega a confundir-se com “competir” na nossa cultura [..]. No contexto educacional o jogo difere-se de competição e aproxima-se de seu significado de origem latina, que é divertimento, brincadeira e passatempo. Podendo-se ser incluso o espírito de competição, uso de regras, mas sempre com o objetivo de estimular o crescimento da criança, bem como estimular aprendizagem e a socialização da mesma. Vygotsky (1984, p. 29) “não hesitou em conhecer a brincadeira como sua própria condição no presente, agindo como se fosse maior. As crianças desafiam seus próprios limites, ações e pensamentos”No entanto, a criança quando brinca ela por muitas vezes assume papéis e situações adultas no mundo infantil do faz de conta, por isso, a brincadeira assume papel diversificado no aprendizado dela. Segundo Santos (2008, p. 15):

 

As brincadeiras alimentam o espírito, o imaginário exploratório e incentivo do faz-de-conta e, a isso, chamamos de lúdico. Brincar tem o sabor de desconhecer o que se conhece, pois cada brincadeira é um universo a ser sempre descoberto, vivido e aprendido. O faz-de-conta tem um sentido muito profundo e repleto de significados em nossa vida, principalmente a vida da criança. Santos (2008, p. 15):

 

 Dessa forma, as brincadeiras têm indicativo de atividades estruturadas nas atividades que envolvem regras e serve de estímulo para que aconteça a brincadeira como objeto que serve de suporte para o aprendizado infantil. Corroborando Kishimoto (2003, p. 37) diz que:

 

A função lúdica na educação: o brinquedo propicia diversão, prazer e até desprazer, quando escolhido voluntariamente a função educativa, o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo. O brincar e jogar e dotado de natureza livre típica de uns processos educativos. Como reunir dentro da mesma situação o brincar e o educar. Essa e a especificidade do brinquedo educativo. Corroborando Kishimoto (2003, p. 37)

 

A psicopedagogia através das atividades e brincadeiras lúdicas exige do aluno certo raciocínio logico, necessitando que aja levantamento de hipótese e a solução dos problemas, ou seja, numa brincadeira espontânea na qual a criança tenha a possibilidade de construir conhecimentos e enriquecer o seu desenvolvimento intelectual, o psicopedagogo com certeza vai repassar para criança situações que a ela revive enquanto brinca, situações de afeto, de alegria, ansiedade, medo, raiva e, em que tais situações favoreçam uma maior compreensão no aprendizado, diante de alguns conflitos de aprendizagem que possa a vir passar, desenvolvendo espontaneamente habilidades e competências objetivas pela verdadeira transformação do trabalho lúdico. Dentro do âmbito da educação infantil, podemos dizer que a psicopedagogia contribui para um excelente trabalho com brincadeiras lúdicas, promovendo uma maior compreensão nos aspectos de aprendizagem da criança, pode fazê-la interagir nas várias áreas do conhecimento, onde promove a intervenção através da interdisciplinaridade no processo de aprendizagem. A psicopedagogia contribui na educação infantil na identificação dos possíveis problemas e dessa forma, pode dar respaldo metodológico para aqueles que necessitam de maior assistência psicopedagógica, visando realizar um trabalho conjunto para o desenvolvimento de ações que venha a possibilitar sucesso dos processos ensino aprendizagem, assim como, os relacionamentos interpessoais. De acordo com Vygotsky (1991, p.70), “a brincadeira é entendida como atividade social da criança, cuja natureza e origem específicas são elementos essenciais para a construção de sua personalidade e compreensão da realidade na qual se insere”.

As atividades lúdicas caracterizam-se como uma ligação entre o desenvolvimento da inteligência do indivíduo e as brincadeiras ao jogar, a criança usa suas manifestações de sentimentos, assim ressalta Piaget (apud Antunes, 2005, p.25) “retrata que os jogos não são apenas uma forma de entretenimento para gastar a energia das crianças, mas meios que enriquecem o desenvolvimento intelectual”. As brincadeiras lúdicas proporcionam na criança como também no adulto uma troca de aprendizado. Portanto, sua relevância no espaço educacional psicopedagógico, se dá, pela sua utilização como uma ferramenta pedagógica, por trazer sentido à aprendizagem proporcionando eficácia e prazer. Com isso, os educadores necessitam de propriedade da atividade do brincar, de modo que o utilize adequadamente, gerando significativa aprendizagem. Como mediadores do conhecimento os profissionais da educação precisam direcionar as crianças as suas descobertas de forma autônoma. Segundo Piaget (1998, p.62)

 

O brinquedo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral. Através dele se processa a construção de conhecimento, principalmente nos períodos sensório-motor e pré-operatório. Piaget (1998, p.62)

 

Vale salientar nas palavras de Vygotsky (1991, p.71) quando afirma que “a brincadeira apresenta três características, que é: a imitação, a regra e a imaginação, assim pode a criança criar o faz de conta, a brincadeira tradicional ou mesmo outra atividade lúdica”. De acordo com Vygotsky (1991, p.70), “a brincadeira é entendida como atividade social da criança, cuja natureza e origem específicas são elementos essenciais para a construção de sua personalidade e compreensão da realidade na qual se insere”.

O ato de brincar no ambiente escolar tem grande importância, no entanto, a escolha das brincadeiras dentro do planejamento da psicopedagogia jamais pode estar ligada ao despreparo pedagógico, pois o brincar não é só importante para distrair a criança, as brincadeiras devem favorecer o desenvolvimento psicomotor, físico, cognitivo, afetivo e moral. É através das brincadeiras que se processa a construção do conhecimento, principalmente nos períodos sensório-motor e pré-operatório.

 

 

ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO E INTERVENÇÃO NO ´PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

 

A atuação do psicopedagogo tem como objetivo trabalhar as dificuldades de aprendizagem, os elementos que a envolvem e suas intervenções, de maneira que os vínculos estabelecidos sempre sejam bons. Vale mencionar a importância da relação dialética entre o sujeito e o objeto que deverá ser construída positivamente, de maneira saudável, prazerosa e com amor. O desenvolvimento das atividades que ampliam aprendizagem da criança faz-se importante, através do lúdico, dos jogos e da tecnologia que alcança uma visão mais ampla. Com isso, há uma busca entre a criança e a interação do interesse, o raciocínio e as informações que fazem com que o aluno atue operativamente nos diferentes níveis de escolaridade. Diante disso, Paín aponta que o trabalho do psicopedagogo deve ser feito em etapas, pois:

 

... o profissional, para cumprir os objetivos e garantir o enquadre no trabalho psicopedagógico, deve adotar certas técnicas. São elas: organização prévia da tarefa; graduação nas dificuldades das tarefas; autoavaliação de cada tarefa a partir de determinada finalidade; historicidade do processo, de forma que o paciente possa reconhecer sua trajetória no tratamento; informações a serem oferecidas ao sujeito pelo psicopedagogo, num nível em que possa integrá-las ao seu repertório intelectual e construir o mundo que habita; por fim, a autora fala da indicação como mais uma técnica no tratamento psicopedagógico. (PAÍN, 1986 apud BOSSA, 2007, p.106)

 

O Psicopedagogo atuando numa linha preventiva, desempenha uma prática docente envolvendo a preparação dos profissionais da educação, como atuar dentro da própria escola. Assim, na sua função preventiva, o Psicopedagogo vai detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem da criança, para poder interagir nas dinâmicas das relações da comunidade educativa afim de que venha a favorecer o processo de integração e troca, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características das crianças ou adolescentes e grupos, a fim de realizar processo de orientação educacional, vocacional e ocupacional, tanto na forma individual quando em grupo.

Na linha terapêutica o psicopedagogo trata também das dificuldades de aprendizagem, ele faz o diagnóstico, desenvolvendo técnicas remediativas, orientando os pais e professores e estabelecendo contato com outros profissionais das áreas psicológicas e psicomotora, pois tais dificuldades são multifatoriais e deve ser um mediador em todo esse processo, tendo um olhar além da simples junção dos conhecimentos da pedagogia e psicologia.

Neste contexto, o psicopedagogo institucional, como um profissional qualificado, está apto a trabalhar na área da educação, dando assistência aos professores e a outros profissionais da instituição escolar para melhoria das condições do processo ensino-aprendizagem, bem como para prevenção dos problemas de aprendizagem. Como nos diz Ferreira, sobre a abordagem psicopedagógica.

 

A psicopedagogia é a abordagem que investiga e compreende o processo de aprendizagem e a relação que o sujeito aprendente estabelece com a mesma, considerando a interação dos aspectos sociais, culturais e familiares. O psicopedagogo articula contribuições de áreas como a psicologia, pedagogia e medicina, entre outras, com o objetivo de pôr à disposição do indivíduo a construção do seu conhecimento e a retomada do seu processo de aprendizagem. E, ainda busca possibilitar o florescimento de novas necessidades, de modo a provocar o desejo de aprender e não somente uma melhora no rendimento escolar. (FERREIRA, 2008, p. 141).

 

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituição escolar relacionam-se de modo significativo. A sua formação pessoal e profissional implica a configuração de uma identidade própria e singular que seja capaz de reunir qualidades, habilidades e competências de atuação na instituição escolar.

 

Nesse caso, o psicopedagogo passa a realizar um trabalho em conjunto com outros profissionais contribuindo em diversos aspectos como metodologia, avaliação, relacionamentos entre outros. O psicopedagogo pode também atuar junto aos pais na busca de melhorias nas relações entre pais e filhos frente aos desafios de um mundo em constante mudança. (CORTES, 2012, p. 3816)

 

É importante ressaltar que algumas crianças além do acompanhamento do psicopedagogo institucional são necessárias serem encaminhadas para outros profissionais como o psicólogo e psicopedagogo clínico a fim de que ela tenha um auxílio e orientação mais consistente com seu problema de aprendizagem ou de comportamento. Pois o psicopedagogo clínico vai um pouco mais além do trabalho preventivo que é realizado pelo psicopedagogo institucional. Como nos diz Bossa:

 

Já na área da saúde, o trabalho é feito em consultórios privados e/ou em instituições de saúde (como hospitais), no sentido de reconhecer e atender às alterações da aprendizagem sistemática e/ou assistemática, de natureza patológica. (BOSSA, 2007, p.33).

 

 Contudo, o que importa no atendimento do psicopedagogo, seja para um ou vários destes profissionais, é detectar o problema e encaminhar a criança.

Portanto, cabe ao Psicopedagogo avaliar e identificar o aluno nos problemas de aprendizagem, sempre buscando conhecer seu potencial construtivo em suas dificuldades, encaminhando por meio de relatório, se necessário, para outros profissionais, que irão realizar o diagnóstico especializado e exames complementares com o intuito de favorecer melhor desenvolvimento diante a potencialização humana no processo de aquisição do saber.

O psicopedagogo tende a prevenir os problemas de aprendizagem, ao invés de remediá-los por meio da busca de diversos serviços escolares dos quais os alunos participam e na medida do possível, do ambiente familiar e social em que eles vivem, auxiliando o aluno a desenvolver o máximo de suas potencialidades. Dessa forma afirma (SOLÉ, 2000, p. 29) quando diz que “a intervenção tem um alcance maior quando realizado essa intervenção no ambiente em que o aluno desenvolve suas atividades [...]”.

Nesta perspectiva, o Psicopedagogo terá um maior alcance, sendo realizado também por meio das pessoas que a criança se relaciona no cotidiano, uma vez que os processos de aprendizagem se relacionam diretamente com a socialização e integração dos alunos no contexto social e educacional em que estão inseridos. Para TANAMACHI, o psicopedagogo:

 

[...] não é um mero “resolvedor” de problemas, mas um profissional que dentro de seus limites e de sua especificidade, pode ajudar a escola a remover obstáculos que se interpõem entre os sujeitos e o conhecimento e a formar cidadãos por meio da construção de práticas educativas que favoreçam processos de humanização e reapropriação da capacidade de pensamento crítico. (TANAMACHI, 2003, p. 43).

 

Portanto, podemos confirmar que o trabalho da Psicopedagogia quando encontra consonância e parcerias na escola, pode promover efeitos muito positivos para a minimização das dificuldades que emergem no contexto escolar, apesar de representar um constante desafio, pois requer o envolvimento de toda a equipe, e um desejo permanente de mudanças, para que as transformações, de fato, ocorram.

 

 

Os jogos no desenvolvimento e na formação da criança

 

A classificação dos jogos como forma de brincadeiras na área do desenvolvimento psicomotor, intelectual e sensório motor, auxilia de forma positiva a criança da educação infantil. Para Friedmann (1996, p. 56), é necessário dar atenção especial ao jogo, pois, as crianças têm o prazer de realizar tarefas através da ludicidade e, quando isto acontece, vivencia o mundo imaginário e assim se afasta da sua vida habitual. O brincar na escola é diferente do brincar em outro lugar. A brincadeira na escola tem como finalidade o aprendizado da criança envolvendo, assim, toda a equipe pedagógica.

FRIEDMANN (1996), em seus estudos destaca três formas de jogos de acordo com a teoria de Piaget, baseados nas estruturas mentais, a primeira forma é o:

 

Jogos de Exercício Sensoriomotor - Caracterizam a etapa que vai do nascimento até o aparecimento da linguagem, apesar de reaparecerem durante toda a infância O jogo surge primeiro, sob a forma de exercícios simples cuja finalidade é o próprio prazer do funcionamento. Esses exercícios caracterizam-se pela repetição de gestos e de movimentos simples e têm valor exploratório. Dentro desta categoria podemos destacar os seguintes jogos: sonoro, visual, tátil, olfativo, gustativo, motor e de manipulação. (FRIEDMANN,1996, p. 56)

 

Podemos citar como exemplo de jogos que trabalham os sensórios motores na Educação Infantil as músicas, como meio de estimular a audição, as minibolas para o tato, as refeições para o paladar e as brincadeiras com as bolas grandes para aprimorar o desenvolvimento físico-motor.

Segundo FRIEDMANN (1996) a segunda forma é o:

 

Jogo Simbólico - Entre os dois e os seis anos a tendência lúdica predominante se manifesta sob a forma de jogo simbólico. Nesta categoria o jogo pode ser de ficção ou de imitação, tanta no que diz respeito à transformação de objetos quanto ao desempenho de papéis. A função do jogo simbólico consiste em assimilar a realidade. É através do faz-de-conta que a criança realiza sonhos e fantasias, revela conflitos interiores, medos e angústias, aliviando tensões e frustrações. O jogo simbólico é também um meio de autoexpressão: ao reproduzir os diferentes papéis (de pai, mãe, professor, aluno etc.), a criança imita situações da vida real. Nele, aquele que brinca dá novos significados aos objetos, às pessoas, às ações, aos fatos etc., inspirando-se em semelhanças mais ou menos fiéis às representadas. Dentro dessa categoria destacam-se os jogos de faz-de-conta, de papéis e de representação (estas denominações variam de um autor para outro), (FRIEDMANN,1996, p. 56).

 

O teatro, os contos, as fábulas são elementos para se trabalhar os jogos simbólicos, pois, são nesta fase que a criança exterioriza todos os seus sentimentos e imitam as situações que são vivenciadas no seu dia a dia. A imaginação é fundamental para a realização destes jogos.

Por fim, a terceira forma de acordo com FRIEDMANN (1996) são os:

 

Jogos de Regras - Começam a se manifestar entre os quatro e sete anos e se desenvolvem entre os sete e os doze anos. Aos sete anos a criança deixa o jogo egocêntrico, substituindo-o por uma atividade mais socializada onde as regras têm uma aplicação efetiva e na qual as relações de cooperação entre os jogadores são fundamentais. No adulto, o jogo de regras subsiste e se desenvolve durante toda a vida por ser a atividade lúdica do ser socializado. Há dois casos de regras:- regras transmitidas - nos jogos que se tomam institucionais, diferentes realidades sociais, se impõem por pressão de sucessivas gerações (jogo de bolinha de gude, por exemplo);- regras espontâneas - vêm da socialização dos jogos de exercício simples ou dos jogos simbólicos. São jogos de regras de natureza contratual e momentânea. Os jogos de regras são combinações sensor motoras (corridas, jogos de bola) ou intelectuais (cartas, xadrez) com competição dos indivíduos e regulamentados por um código transmitido de geração a geração, ou por acordos momentâneos. (FRIEDMANN,1996, p. 56).

 

Nestes tipos de jogos, as crianças têm regras a serem cumpridas, onde precisam se interagir umas com as outras. É preciso que suceda o entendimento e o comprometimento de ambas as partes para então executar o jogo. Desta forma, os exemplos para estes jogos são: futebol, xadrez etc.

Portanto, a brincadeira como atividade prazerosa na psicopedagogia faz parte do universo simbólico da criança, é através dela que a criança se desenvolve, aprendendo construir seu conhecimento utilizando seu aparelho sensório-motor e movimento corporal. Na brincadeira a criança tem a liberdade de agir, criar e dar significado a sua ação. De acordo com Packer (1994, apud Queiroz et al, 2006, p. 273),” brincar é uma atividade prática, na qual a criança constrói e transforma seu mundo, conjuntamente, renegociando e redefinindo a realidade”, ou seja, através das brincadeiras a criança expressa o que imagina ou incentivado o desenvolvimento de suas habilidades operatórias, físicas e motoras. Queiroz et al, (2006, p.6) complementa a afirmação ao dizer que, “existe uma crença de senso comum que o brincar da criança é imaginação em ação”. Através do brinquedo a criança desenvolve sua imaginação, construindo o mundo do faz de conta sem a necessidade de intervenção ou imediação.

 

 

3. CONCLUSÃO

 

Portanto, o estudo realizado afirma que a atendimento psicopedagógico na educação infantil e suas contribuições com brincadeiras, atinge seus objetivos quando, ampliando a compreensão sobre as características e necessidades de aprendizagem de determinado aluno, abre espaço para que a escola viabilize recursos para atender às necessidades de aprendizagem. Para isso, é importante que a criança seja atendida desde a educação infantil por um profissional da área psicopedagógica, podendo prevenir certos transtornos de aprendizagem e ao identificar logo de início, o psicopedagogo através de brincadeiras na educação infantil poderá transformar essa intervenção em uma ferramenta poderosa no auxílio ao desenvolvimento de aprendizagem da criança, pois o mesmo trabalha em prol da melhoria da educação infantil, no seu aprendizado satisfatório junto as crianças da sala comum, possibilitando o esforço empreendido para aqueles que desenvolvem algum risco de dificuldade de aprendizagem e de comportamento.

As brincadeiras também levam a criança a conhecer e respeita regras, refletir sobre a importância das normas coletivas, assim como a relevância de respeitar o outro.

Por fim, a influência do ato de brincar da educação infantil, através da ação do psicopedagogo, desenvolve na criança atos riquíssimos para seu desenvolvimento educacional, para a formação de caráter e para a personalidade da pessoa, além disso, a importância das brincadeiras na intervenção das dificuldades de aprendizagem na educação infantil incorpora valores morais e culturas, como criança e como adulto. Brincando, a criança pode acionar seus pensamentos para resolução de problemas que lhe são importantes e tem grande significado, e a forma como ela brinca nos revela o seu mundo interior, proporcionando um aprendizado mais satisfatório.

 

 

4. REFERÊNCIAS

 

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