AS METOLOGIAS UTILIZADAS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA
Ana Celia Lima Rodrigues1
RESUMO
Este artigo apresenta de forma sucinta algumas dificuldades relacionadas ao processo de ensino aprendizagem da matemática. Observa-se que muitos dos entraves desse processo estão diretamente ligados a metodologia empregada. Na prática, percebemos uma metodologia que não articula o aprendizado da escola e o que é realmente exigido pela sociedade. Nesse sentido, essa pesquisa mostra algumas metodologias que proporcionam melhores resultados. O ensino da matemática exige cada vez mais uma significação maior de conteúdos estudados e que para isso se faz necessário uma mudança de atitude do educador, ou seja, uma uniformização entre a teoria e prática.
PALAVRAS-CHAVE: Dificuldades. Matemática. Metodologia.
ABSTRACT
This article presents a brief summary of some difficulties related to the teaching process of mathematics. It is observed that many of the obstacles of this process are directly linked to the methodology used. In practice, we perceive a methodology that does not articulate the learning of the school and what is really demanded by society. In this sense, this research shows some methodologies that provide better results. The teaching of mathematics increasingly demands a greater significance of the contents studied and that for this it is necessary a change of attitude of the educator, that is, a uniformity between theory and practice.
KEY WORDS: Difficulties. Mathematics. Methodology.
1- INTRODUÇÃO
A aprendizagem da matemática começa no ciclo de vida do indivíduo, pois quando a criança consegue compreender que em cada mão tem cinco dedos, todos os lápis possuem sua cor, o redondo é diferente do quadrado, essa criança está passando por um processo de aprendizagem onde há uma participação ativa, um envolvimento direto por parte da criança, tanto em cada momento de estudo como ao longo da vida escolar. “A aprendizagem é uma modificação na disposição ou na capacidade do homem, modificando que pode ser retirada e não pode ser simplesmente atribuída ao processo de crescimento” (JARDIM 2001, p. 66).
A criança terá sucesso em sua vida escolar se estiver dando passos em direção a uma excelente aprendizagem, e isso dependerá muito das condições que são propostas pelo meio em que a mesma está inserida “[....] é possível criar um meio artificial, destinado à aprendizagem de um conjunto qualquer de noções matemáticas” (DIENES, 1986, p.3).
No contexto escolar, em particular na sala de aula, encontramos várias dificuldades no processo de ensino aprendizagem da Matemática entre eles podemos citar: didática, metodologias, dificuldades de aprendizagem, indisciplina, formas inadequadas de avaliar, temas estes que não são novidades para a educação matemática, contudo todos eles podem provocar mal-estar em alunos e professores.
Este estudo trata da aprendizagem matemática, bem como as dificuldades encontradas pelos alunos e professores no sentido das metodologias utilizadas e como as mesmas influenciam nesse processo, enfocando três tipos de metodologias para melhorar essas dificuldades.
2- APRENDIZAGEM ESCOLAR
A partir dos sete anos de idade, aproximadamente, o aluno passa por uma série de mudanças importantes no que diz respeito a aprendizagem escolar. Tendo em vista que a aprendizagem escolar ocorre na formação e construção do conhecimento, construção esta formada a partir de processos naturais desenvolvidos e assimilados gradualmente bem como o gosto por essa aprendizagem, pois “a criança atinge formas de organização de seu comportamento muito superiores às precedentes, enquanto começa a organizar num sistema certos aspectos até então bastante desconexos” (DELVAL, 1998, p.59).
A escola tem um papel de fundamental importância para formação da criança, pois a mesma propicia para o aluno a oportunidade de aprender a partir da organização de práticas educativas planejadas, ajuda a construir personalidades flexíveis bem como garante perspectiva para um futuro melhor.
A tarefa das escolas e dos processos educativos é desenvolver no sujeito que aprende a capacidade de aprender em razão das exigências postas pelo volume crescente de dados acessíveis na sociedade e das redes informacionais da necessidade de tratar com um mundo diferente e também, de educar a juventude em valores em ajudá-la a construir personalidades flexíveis e eticamente ancoradas (ALMEIDA, 2006, p.22).
Podemos ainda dizer que aprendizagem pode ser entendida como a capacidade que o indivíduo tem de tomar posse do conhecimento, e as ideias são estruturadas, daí surge o nome aquisição ideativa que pode ser significativa ou mecânica, onde o entrosamento das duas fará com que o indivíduo seja capaz de memorizar nomes e datas e ao mesmo tempo possa compreender relações entre várias ideias. De acordo com Faria (1989, p.08) “A memorização está mais próxima da aprendizagem mecânica, ao passo que a compreensão estará mais próxima do polo da aprendizagem significativa”.
O ser humano passa por várias transformações, o sistema biológico e o social são algum deles, o sujeito atua e aprende. Faria (1989, p.115, p. 32) postula que “Aprender é um processo que se dá no decorrer da vida, permitindo-nos adquirir algo novo em qualquer idade.” Esse processo de aprendizagem faz com que a criança passe por uma série de mudanças de comportamento durante a vida, interferindo na forma como ele aprende.
A dificuldade de aprendizagem escolar é um dos assuntos mais comentados no meio educacional, pois está intimamente relacionada ao possível fracasso escolar, visto que ao perceber determinada dificuldade o aluno pode vir apresentar alguns sintomas que podem contribuir para a desistência, tais como desinteresse, falta de atenção nas aulas, insatisfação e frustração. “Mais preocupante ainda é o fato de com que a identificação das diferentes dificuldades de aprendizagem, em geral, se dá tardiamente, após repetências, que provocam sérios desvios de comportamento da criança” (JARDIM, 2001, p. 15).
Muitas vezes a falta de incentivo familiar ou até mesmo do próprio professor, acaba tornando o ato de ir à escola para o aluno algo fatigante e monótono, por não acreditar que a instituição fará alguma mudança em sua vida, vendo a desistência como única saída para se livrar do ‘problema’, passando a integrar os tristes dados de analfabetos em nosso país. As consequências dessas dificuldades são conhecidas em termos sociais e individuais, sendo preocupantes as implicações no nível familiar e escolar (JARDIM, 2001, p.95).
Pode-se dizer que esse problema passa a ser um ping pong na vida escolar do indivíduo, a qual a escola passa o problema para a família, e a família que não quer ser responsabilizada pelo ato, passa o problema para a escola, alegando que a mesma é responsável pela solução desse tipo de problema. Como isso, essa transferência de responsabilidades interfere diretamente na vida do aluno em questão que se prejudica com tal descaso, principalmente no que diz respeito à melhoria da aprendizagem.
Faz-se importante o professor identificar nas crianças as dificuldades que as mesmas possuem, para que o mesmo prepare aulas de acordo com a necessidade da criança. Para tanto, é necessário que o professor análise e busque estratégias, metodologias que contribuem para um bom aprendizado.
É importante identificar as crianças com dificuldades de aprendizagem de modo que se eliminem as expectativas negativas resultantes do insucesso escolar e da aplicação de teste. Para tanto é necessária a implantação de trabalhos interdisciplinares de investigação, a fim de identificarmos um padrão comportamental típico dessas crianças (SOUZA, 2001, p. 21).
O professor deve inserir os colegas de classe nesse processo de ensino e aprendizagem, de forma natural, pois todos nós precisamos de auxílio em alguma etapa da vida.
3- DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA MATEMÁTICA
As dificuldades encontradas não só por alunos como também por professores são muitas. O aluno que leva para a escola um conjunto de valores e ideias já formadas, dentro desse conjunto consta todo o aprendizado adquirido desde o período que se inicia; do nascimento da criança até a vida adulta.
A criança traz para a escola em todas as fases, um conjunto de valores sobre envolvimento, competências e pré-requisitos de aprendizagem; de processo, e comunicação de informação; de conhecimento e estratégias de aprendizagem, que requerem um diagnóstico psicoeducacional equacionado em áreas fortes e fracas que possam abrir perspectivas para seu potencial dinâmico de aprendizagem, partindo do seu nível de desenvolvimento potencial (JARDIM, 2001, p.96).
Em relação ao professor, que tem o conhecimento adquirido a partir de sua formação, mas que muitas vezes pode não se aplicar a determinadas dificuldades dos alunos, podendo assim, gerar resultados insatisfatórios com os mesmos. Porém, isso não o impede de persistir e tentar reverter esse quadro, principalmente investindo em formações continuadas com o intuito de melhorar sua didática para uma efetiva atuação em sala de aula. Em Jardim se encontra a seguinte afirmação.
O professor, por sua vez, traz conhecimentos pedagógicos, científicos, atitudes e valores, crença e estratégias para estruturar o envolvimento educacional e promover as capacidades de aprendizagem dos alunos, provocando, reforçando e otimizando seu potencias de adaptabilidade e sociabilidade. (JARDIM, 2001, p.96)
Segundo Jardim (2001) se desde o início essa criança com dificuldade de aprendizagem receber ajuda dos professores através de métodos adequados, há uma grande possibilidade de reverter e melhorar o grau de dificuldade, e com isso contribuir para seu sucesso na vida escolar.
Quando as intervenções necessárias não são realizadas em tempo hábil uma série de consequências podem vir a acontecer, como por exemplo, a principal delas, a repetência, que pode resultar numa mudança de comportamento dessa criança. Nesse momento a família deve formar uma parceria com a escola, para juntas desenvolverem ações que motivem esse aluno a melhorar seu desempenho em sala de aula.
Existem muitos fatores que podem levar o aluno a ter dificuldades de aprendizagem na Matemática, em sua maioria relacionadas a pressão psicológica e cobrança por parte dos pais ou a inexistência de interesse e motivação por parte da família para com a vida escolar da criança.
Os sistemas educacionais e sócio familiar são negligentes, e o ensino lança mão de métodos inadequados às necessidade específica dos alunos, tendendo a promover baixas expectativas, tanto com respeito aos professores como aos responsáveis pedagógicos, diretores etc(JARDIM, 2001, p. 103).
Uma criança com dificuldade de aprendizagem não possui deficiência. Ela é capaz de ouvir, falar e enxergar como todas as outras.
A diferença entre uma criança deficiente mental educável - com QI na faixa compreendida entre 55 e 75 - e a criança com dificuldades de aprendizagem – com QI na faixa de 80 e 90 – é que elas podem ter o mesmo problema de aprendizagem, mas os potenciais individuais são diferentes (JARDIM, 2001, p.114).
As dificuldades de aprendizagem na Matemática podem ser caracterizadas da seguinte forma:
A capacidade matemática para a realização de operações aritméticas, cálculo e raciocínio matemático, capacidade intelectual e nível de escolaridade do indivíduo não atinja à média esperada para sua idade cronológica.
As dificuldades da capacidade matemática apresentada pelo indivíduo trazem prejuízos significativos em tarefas da vida diária que exigem tal habilidade.
Em caso de presença de algum déficit sensorial, as dificuldades matemáticas ultrapassem aquelas que geralmente está associada.
Diversas habilidades podem estar prejudicadas nesse Transtorno, como as habilidades linguísticas (compreensão e nomeação de termos, operações ou conceitos matemáticos, e transposição de problemas escritos ou aritméticos, ou agrupamentos de objetos em conjuntos), de atenção (copiar números ou cifras, observar sinais de operação) e matemáticas (dar sequência a etapas matemáticas, contar objetos e aprender tabuadas de multiplicação) (SANCHEZ, 2004, p. 177 apud ALMEIDA, 2006, p. 05).
4- METODOLOGIAS UTILIZADAS NO ENSINO DA MATEMÁTICA
Normalmente quando ouvimos falar que o professor sabe aplicar um ‘bom método’ estamos relacionando o domínio de procedimentos e técnicas de ensino que o professor tem, o método além de expressar uma compreensão global também é um processo educativo.
Para obter um melhor resultado em sala de aula o professor pode utilizar de alguns métodos, tal como recursos didáticos com o intuito de auxiliar a criança no desenvolvimento de sua criatividade, conhecer as figuras geométricas, e capacidade expressiva, através de brincadeiras, desenhos, vídeos, livros, brinquedos, etc. Com esses recursos é possível despertar na criança o interesse de aprender, dividir, observar, visualizar, bem como a fixação do conteúdo e aproximação com os colegas. A intenção aqui é utilizar desses recursos de maneira que propicie uma melhora significativa no que diz respeito ao processo de ensino aprendizagem.
[...] a didática nos oferece sugestões de como realizar o planejamento de um curso com a participação dos alunos; como envolver co-responsavelmente os alunos nessa atividade levando em conta os interesses deles e o programa da matéria a ser ensinada; como selecionar assuntos interessantes; como variar as técnicas das aulas a fim de que facilitem a participação dos alunos, a aprendizagem e a interação do grupo [...] (MASSETO, 1997, p 16).
Os recursos didáticos quando utilizados de maneira significativa, são importantes aliados do professor para o desenvolvimento dos conteúdos propostos. Com eles é possível tornar a aprendizagem como um processo divertido e prazeroso para o aluno, fazendo-o interagir diretamente nesse processo.
As metodologias de ensino podem-se dizer que são métodos que os professores utilizam em sala de aula para despertar a atenção dos alunos, para isso utilizam um conjunto de procedimentos didáticos com intuito de alcançar seus objetivos.
Os métodos são determinados pela relação objetivo-conteúdo, e referem-se aos meios para alcançar objetivos gerais e específicos do ensino, ou seja, ao “como” do processo de ensino, englobando as ações a serem realizadas pelo professor e pelos alunos para atingir os objetivos e conteúdos (LIBANEO, 1994, p.149).
No presente estudo foi analisado alguns métodos de ensino, sendo eles: Ensino Tradicional, Resolução de Problemas e Jogos, conforme apresentado a seguir.
4.1- ENSINO TRADICIONAL E SUAS IMPLICAÇÕES
O ensino tradicional baseia-se na pesquisa feita pelo educador, que ao lecionar utiliza-se na maioria das vezes, de métodos tradicionais, a qual grande parte dos alunos possui dificuldades em compreender o conteúdo. Dessa forma, o professor precisa ter domínio dos conteúdos que serão trabalhados em sala de aula, visto que é de seu compromisso com a escola passar o conhecimento de forma clara, dinâmica, objetiva e que o mesmo busque metodologias que venham a somar para suas aulas. “A ênfase é dada às situações de sala de aula, onde os alunos são instruídos, ensinados pelo professor. Os conteúdos e as informações têm que ser adquiridos e os modelos, imitados” (MASSETO, 1997, p 42).
Segundo Bicudo (1993) a forma de ensino aplicado na escola, como “decoreba” e “repetição”, não ajuda os alunos, pelo contrário, prejudica. A escola por ser comprometida com o saber, apresenta aos alunos na maioria das vezes esse método por ser mais cômodo, camuflando assim, possíveis insucessos que normalmente acontecem nesse contexto. Nesse tipo de método não existe aprendizagem significativa e isto não é interessante para o aluno. Cópias e repetições apenas camuflam o que está acontecendo de fato.
Se não houver compreensão por parte do educador, essa forma de ensino pode prejudicar ou até mesmo impedir que o aluno compreenda o que está sendo trabalhado em sala de aula, e o que era para ser uma informação acaba sendo um ‘saber’ insignificante e não
terá proveito na vida do estudante.
Na maioria das vezes a forma de aplicação desse método, deixa a desejar, pois não é uma tarefa fácil propor para trabalhar os conteúdos de forma significativa para o aluno, e que esse possa através da aprendizagem interpretar novas informações e organizar o que ele aprendeu.
Quando o aluno fracassa em algum momento de sua vida escolar, as vezes alguns professores culpam o mesmo pela não aprendizagem ou por não ter alcançado os resultados esperados por ele. Bicudo nos alerta que “[...] o fracasso não provém do professor que transmite o conhecimento ou teria ensinado mal, mas de quem recebeu o conhecimento e aprendeu mal” (BICUDO, 1993, p.157). Esta situação não deveria acontecer, pois pode indicar que em nenhum momento esse profissional fez uma pausa para refletir sobre sua prática, para fazer uma análise e descobrir se realmente foi isso que ocorreu.
Percebe-se que existem alguns professores de matemática que utilizam outros métodos de ensino com a intenção de ajudar seus alunos, mas em muitas das vezes por não ter orientação teórica adequada, não conseguem obter resultados esperados. Mudanças superficiais ou incompletas podem trazer prejuízos educacionais. Elas devem sim acontecer, porém de uma forma planejada para que a mesma possa trazer benefícios e melhorias para ambos, professor e aluno.
[...] a educação matemática é concebida, inicialmente, como a formação de conceitos matemáticos, num processo cooperativo de solução de problemas. Posteriormente, os alunos envolvem-se em atividades investigativas, de uma forma semelhante a como a comunidade científica descobre conhecimento, ou seja, reinventam a comunidade cientifica descobre suas propriedades na comunicação com os outros (GOLBERT, 1997, p 10).
Segundo Bicudo (1993) ensinar matemática através da resolução de problema é um processo mais válido para o aluno, por ser um método consistente, onde é possível adquirir conceitos e habilidades, fazendo-se compreender os conceitos, os processos e as técnicas operatórias. Dessa forma podemos dizer que:
“[...] a compreensão aumenta quando: o aluno é capaz de relacionar uma determinada ideia matemática a um grande número ou a uma variedade de contextos; o aluno consegue relacionar um dado problema há um grande número de ideias matemáticas implícitas nele; o aluno consegue construir relações entre as várias ideias matemáticas, contida num problema (Bicudo, 1993, p.208).
Compreender é a finalidade de ensino da resolução de problemas. Este processo se torna mais fácil quando é apresentado pelo professor ou até mesmo pelo livro didático utilizado pelos alunos na sala de aula, de forma clara, dinâmica, pois assim incentivará o aluno a desenvolvê-lo e solucioná-lo. “Ao ensinar matemática através da resolução de problemas, os problemas são importantes não somente como propósito de se aprender Matemática, mas, também como um primeiro passa para se fazer isso” (BICUDO, 1993, p.207).
O professor que trabalha com a resolução de problemas na sala de aula, propicia ao aluno buscar respostas e desenvolver mais rapidamente a capacidade de raciocínio. Além de ensinar a resolver problemas é preciso incentivá-los a buscarem soluções para as mais diversas situações, pois isso auxilia no desenvolvimento da aprendizagem. Segundo Masseto
[...] desenvolvimento do ser humano não pode ser realizado apenas com a transmissão de um conteúdo, programa das disciplinas e matérias; antes exige um conjunto de atividades e experiências das mais diversas ordens, bem como disciplinas ensinadas de uma determinada forma (MASSETO, 1997, p.64).
Ensinar a partir da resolução de problemas pode propor trazer para a sala de aula problemas que acontece no cotidiano do aluno, propiciando-os a assimilar com mais facilidade os conteúdos. Um ponto negativo nesse método de ensino é que alguns alunos podem não conseguir realizar a interpretação de textos, mesmo que pequenos, e isso pode assustá-lo ou até mesmo inibir seu desempenho para a solução dos problemas. Eis aí uns pontos importantes a serem discutidos muitos possuem a falsa ideia de que a Matemática está dissociada das demais disciplinas.
Se o aluno apresenta dificuldades na Língua Portuguesa, consequentemente as dificuldades se estenderão na Matemática, visto que para a resolução de problemas matemáticos a base essencial é a interpretação dos enunciados, sem isso dificilmente o aluno obterá êxito nas respostas. “Resolução de problemas envolve aplicar a matemática ao mundo real, atender a teoria e a prática de ciências atuais e emergentes e resolver questões que ampliam as fronteiras das próprias ciências matemáticas” (BICUDO, 1993, p.204).
Quando o professor traz para a sala de aula um problema atual como estratégia de ensino, a atenção dos alunos pode ser maior, muitos conseguem fazer cálculo mentalmente ao longo do trabalho, pois aumenta a curiosidade e interesse de aprender. Se a criança for estimulada desde cedo com assuntos que estão presentes na vida, cujo é de seu interesse, o raciocínio se desenvolverá com muito mais facilidade.
4.3- JOGOS
A ideia da utilização de jogos no ensino e aprendizagem da criança é muito antiga, surgiu com os gregos e romanos, mas foi com Froebel que o jogo passou a ser o foco principal na educação. Conforme surgiam novos métodos de ensino, o jogo era cada vez mais utilizado, pois a finalidade é facilitar a visualização dos conteúdos dados em sala de aula, apesar de que durante muito tempo a ideia da utilização de jogos era obscura.
O jogo educativo é uma peça fundamental no processo de ensino e aprendizagem, é por meio dele que a criança aprende o que é considerado tarefa, porque há uma cobrança de si mesma quando está jogando, ela sem querer acaba impondo um caráter de obrigação moral, como a maioria dos jogos tem desafio, a criança acaba sendo atraída. “O jogo, no qual prevalece a assimilação pela própria evolução interna, pouco a pouco se transforma em construção adaptadas, exigindo sempre mais de trabalho efetivo” (BRENELLI, 2000, p.21).
Através dos jogos matemáticos a criança tem mais facilidade, em se organizar e interagir no meio em que vive. Os jogos, geralmente utilizados pelos professores no Ensino Fundamental, têm por objetivo que o aluno compreenda conteúdos como fração, as quatro operações fundamentais, sistema de numeração, conceito de números, habilidade com cálculos e lógica. O jogo desenvolve na criança o hábito de aprender, estabelecer relações e quantificar objetos, traz muitos conceitos matemáticos possibilitando a criança compreender e amadurecer mais rápido e permitir que eles aprendam de forma divertida. Segundo Golbert
O desenrolar dos jogos dá lugar a muitas trocas cognitivas entre as crianças, ao mesmo tempo em que permite, ao educador, mediar os processos que promovem a passagem da ação física para a ação interiorizada - reflexão – através de auto regulações ( GOLBERT, 1997, p. 6).
O educador deve avaliar o estágio do desenvolvimento em que a criança se encontra, ou seja, a maneira como a criança obtém conhecimento e raciocínio, para trabalhar um determinado jogo. Existem jogos que beneficia a criança no desenvolvimento do raciocínio espacial, do conhecimento físico, nas relações lógico-matemáticas e na construção do número. Quando o jogo se torna interessante, a criança acaba criando novas estratégias de jogá-lo.
Segundo Devries (1980) quando o professor propõe trabalhar com jogo em sala de aula, muitas vezes é necessária a formação de grupos, o que facilita trabalhar com crianças menores, pois estas possuem mais interesse em jogar todas ao mesmo tempo, mas cada uma com o seu material. Sendo assim o professor pode avaliar o grupo e o aluno individualmente, a forma de aprendizagem e o interesse. Se o educador souber unir a teoria e a prática, poderá construir um trabalho cada vez mais profundo e equilibrado. “Após pensar no tipo de desafio que o jogo coloca para criança, será muito útil ao professor que ele considere o que aqueles desafios significam do ponto de vista teórico” (DEVRIES, 1980, p.7).
É interessante que a criança também possa avaliar o seu desempenho e o resultado das suas ações, tanto no jogo em grupo como no individual, pois quando uma criança tenta chegar a um determinado resultado é porque está interessada no sucesso da sua ação. Para que não haja discórdia entre professor e aluno, o resultado deve estar claro ao ponto que a criança não tenha dúvidas.
É preciso evitar qualquer situação de ambivalência para que, face a um resultado falho, a criança possa julgar, onde errou e exercitar sua inteligência na resolução problemas, construindo relações entre vários tipos de ação e vários tipos de reação de um objeto (DEVRIES, 1980, p.10) .
Segundo Brenelli (2000) é necessário a utilização de meios que são considerados eficazes ou não, deixar claro que o resultado dependerá de quem e como foi usado. Um exemplo é na intervenção de jogos de regras, que favorece o pensamento e a aprendizagem da criança, caso contrário haverá um impedimento na realização da ação.
O jogo é capaz de deixar qualquer sujeito ativo, mas o conteúdo em si, é necessário que o professor saiba como trabalhá-los, explorando as diferentes potencialidades dos jogos. A criança que aprende jogando, tem mais oportunidade de reparar erros e criar novas estratégias.
Ainda falando em jogo não podemos esquecer a importância do computador, internet e os Softwares, quando bem utilizado passa a ter um papel importante na formação educacional. Hoje o computador é um grande aliado na preparação para formação dos alunos. A forma que a tecnologia vem crescendo é significante, e o computador passa a ser uma ferramenta importante tanto para o educador como para os alunos.
Os laboratórios de informática, por exemplo, têm o papel fundamental na construção e desenvolvimento do conhecimento do aluno na escola. A maioria dos professores utilizam como estratégia métodos e ferramentas fornecidas pela tecnologia, um dos exemplos dessas ferramentas são os jogos educativos, através dele, o aluno podem assimilar o conteúdo que está sendo aplicado em sala de aula. Segundo a visão de Fischer (2000, p. 39 apud MATTEI 2008, p.5).
A criança tem o computador como um grande aliado no processo de construção do conhecimento porque quando digitam suas ideias, ou o que lhes é ditado, não sofrem frente aos erros que cometem. Como o programa destaca as palavras erradas, elas podem autocorrigir-se continuamente, aprendendo a controlar suas impulsividades e vibrando em cada palavra digitada sem erro. Neste contexto, podemos perceber que o errar não é um problema, que não acarreta a vergonha nem a punição, pelo contrário, serve para refletir e para encontrar a direção lógica da solução (FISCHER, 2000, P.39 apud MATTEI, 2008, p.5).
As características do Software jogos educativos trazem exercícios interativos, mas de forma de diversão, normalmente eles são revisão do conteúdo que a professora aplicou na sala de aula que por fim fortalece o conhecimento adquirido.
Esses jogos são capazes de estimular no aluno habilidades, fazendo com que os mesmos adquiram mais interesse pelos conteúdos abordados em sala de aula. Com a utilização dos jogos os alunos são capazes de visualizações forma lúdica fazendo com que os mesmos tenham mais compreensão, além disso, proporciona ao aluno que crie o próprio conhecimento através da oportunidade e do desenvolvimento de suas cognições.
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS
O papel do professor possui grande importância na forma como o aluno aprende, sua postura e atitudes podem interferir nesse processo de maneira positiva ou negativa. Nesse contexto, caso não haja atenção por parte do professor, alguma pequena dificuldade pode se acentuar e interferir no desenvolvimento desse aluno. “O professor deve estar sempre atento às etapas do desenvolvimento do aluno, colocando-se na posição de facilitador da aprendizagem e calcando seu trabalho no respeito mútuo, na confiança e no afeto” (LIBANEO 1994, p27).
Este estudo foi desenvolvido na perspectiva de analisar algumas metodologias utilizadas em sala de aula e se as possíveis dificuldades de aprendizagem dos alunos estão relacionadas com as mesmas, compreendendo os possíveis fatores que podem influenciar quando há troca de metodologia e as dificuldades apresentadas pelos alunos em questão.
Nesse contexto percebe-se a importância do papel do professor no processo de ensino aprendizagem e não só de diferentes metodologias para auxiliar os alunos que apresentam dificuldades nesse processo. Quando o professor se preocupa em verificar se seus alunos realmente estão aprendendo com a metodologia que utilizada para trabalhar os conteúdos, isso faz com que os alunos sintam como parte do processo de ensino aprendizagem, tornando-o relevante em sua formação escolar para ser aplicado posteriormente em seu cotidiano. O professor tem o “poder” nas mãos para despertar o interesse de seus alunos em aprender, então é importante se esforçar e procurar métodos para isto acontecer.
Conforme as dificuldades apresentadas pelos alunos mediante os conteúdos trabalhados, é necessário trocar a metodologia com o intuito de modificar essa situação e intervir de maneira que os alunos compreendam os assuntos abordados a partir da metodologia utilizada. Conhecer bem os alunos auxilia nesse processo, favorecendo na identificação das dificuldades e dessa forma na aplicação do melhor método para auxiliar os mesmos.
A partir da utilização das metodologias procurava-se identificar e selecionar as dificuldades mais frequentes e centrar o trabalho nas mesmas. Estas, em sua maioria, relacionavam-se as quatro operações e interpretação dos enunciados e exercícios. Nesse sentido, a mudança de metodologia apresenta melhora significativa no desempenho dos alunos frente aos conteúdos. Consequentemente tal mudança reflete no comportamento e participação dos alunos em sala de aula, melhorando significativamente a postura que possuam anteriormente, bem como a forma de assimilação dos conteúdos. O uso de metodologias diferenciadas possibilita aos alunos melhor compreensão dos conteúdos aplicados.
É necessário mudar e inovar para melhorar o processo de ensino aprendizagem, de forma a tornar os conteúdos das disciplinas atrativos aos alunos, contribuindo com sua aprendizagem. O professor precisa estar preocupado com isso, para que se sinta motivado a buscar estratégias para trabalhar de forma diferenciada em sala de aula, atendendo as necessidades de seus alunos e os motivando a gostar da disciplina. Trata-se de um trabalho contínuo e até cansativo, mas que os resultados vindos deste trarão inúmeros benefícios para professor e aluno.
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