DIVULGAÇÃO DE BIODIGESTOR NA COMUNIDADE SÃO MATEUS SUSTENTABILIDADE
Gislaine Caetano da Silva
INTRODUÇÃO
Conceito de sustentabilidade
Sustentabilidade é um termo usado para definir ações e atividades humanas que visam suprir as necessidades atuais dos seres humanos, sem comprometer o futuro das próximas gerações. Ou seja, a sustentabilidade está diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico e material sem agredir o meio ambiente, usando os recursos naturais de forma inteligente para que eles se mantenham no futuro. Seguindo estes parâmetros, a humanidade pode garantir o desenvolvimento sustentável.
Segundo comentários dos autores (Antonio Carlos Diegues(ORG), Rinaldo Sergio Vieira Arruda, Viviane Capezzuto Ferreira da Silva, Francisca Aida Barboza Figols, Daniela Andrade autores de “Biodiversidade e comunidades tradicionais no Brasil”)
Na antropologia existem diversos enfoques pelos quais o conhecimento tradicional é estudado. Um deles é o da ecologia cultural, proposto por Julian Stewart, que tem por objetivo o estudo das inter-relações entre os fatores culturais e ambientais.
Stewart afirma que alguns aspectos da cultura, como as atividades de subsistência, apresentam uma relação mais forte com o ambiente que outros, constituindo o núcleo central da cultura. Esse núcleo é composto pelas relações entre a tecnologia (incluindo aí o conhecimento) e o meio ambiente; entre os padrões de conduta e os tecnológicos e as influências dos padrões de conduta sobre os outros aspectos da cultura. Esse núcleo da cultura é também responsável pelas respostas adaptativas do homem ao seu ambiente.
De forma geral, os semblantes que foram levantados, analisados e acompanhados, permitem afirmar a total importância e a necessidade da existência de um tratamento adequado aos detritos da agricultura, nas pequenas e grandes propriedades rurais. Os resíduos gerados nestas, quando não tratados de forma correta, trazem prejuízos imensos ao meio ambiente, sociedade e economia, como a poluição do ar, contaminação do solo e água; e ainda podem trazer riscos à saúde humana e de outros seres vivos, além de ocasionar a proliferação de insetos e outros agentes vetores de doenças e contaminação ambiental. O biodigestor representa uma alternativa segura tecnológica para o tratamento de resíduos (dejetos) gerados, já que estes são de obrigação do produtor, o qual deve fornecer um destino adequado a eles; e, também, uma maior percepção do transtorno ambiental causada pelas atividades rurais, das dificuldades da introdução de melhorias, tudo isso em busca da sustentabilidade e proteção ao meio ambiente. Assim, trará ganhos relevantes para a propriedade rural e seus moradores, geração de energia limpa, renovável e também ganhos ambientais. Percebe-se a importância do uso racional dos recursos naturais para que estes sejam inesgotáveis, e que a degradação ambiental é um problema causado pelo ser humano e necessita de soluções. A tecnologia de biodigestão com a produção de biogás e biofertilizantes é uma alternativa viável ao proprietário rural, o que traz inúmeros benefícios socioeconômicos e também contribui com a redução dos impactos ambientais causados pelas atividades rurais.
Para a antropologia ecológica os ecossistemas são unidades apropriadas para análise da relação homem-natureza. São considerados sistemas auto reguladores e autodeterminantes, tendo como objetivo maximizar a eficácia ou produtividade energética, a eficiência dos ciclos de nutrientes, a organização e a estabilidade.
Os homens e a natureza fazem parte do ecossistema. Cada sociedade, por sua vez, é um subsistema que faz parte de um sistema mais amplo, no qual os humanos, os animais e os vegetais mantêm relações bioenergéticas. Nessa perspectiva quantifica-se o consumo humano de calorias e proteínas, a energia gasta em atividades de subsistência, a capacidade de suporte (carrying capacity) de um ecossistema. (Ellen 1989).
Seguindo esse contexto procurando uma forma mais justa e sustentável para aprofundar sobre estudos do sustentável promover a busca por uma visão de sustentabilidade que possa mostrar um caminho sustentável adequada a nossa realidade protegendo nosso planeta.
O projeto foi desenvolvido como uma fonte alternativa sustentável e viável comunidade são Mateus.
Segundo pesquisas realizadas na comunidade. Ao questionar o conceito de sustentabilidade foi encontrado muita duvidas no sentido. A forma mais fácil de compreensão que eu encontrei foi colocar o projeto em prática e testar sua viabilidade
Palavras-chaves: Resíduos. Biodigestores. Biogás anaeróbico.
Justificativa:
Com o crescimento do agronegócio aumenta a geração dejetos que podem ser aproveitados na geração de energia e gás aumento da demanda de energia e gás na zona rural.
Este trabalho tem como objetivo analisar e comprovar da viabilidade técnica e econômica da geração de biogás e apontar alguns dos ganhos ambientais de uma planta.
Os estudos sobre geração de gás partir do biogás se justificam devido ao crescimento do agronegócio, ou seja, aumentando o número de criação de gado.
Consequentemente a quantidade de dejetos gerados, sendo que esses necessitam de tratamento para um crescimento sustentável.
Outro fator que justifica o projeto é o aumento da demanda de biogás na zona rural, sendo que em inúmeras vezes é justificado a possibilidade de econômia com a compra de gás ou uma renda extra para o produtor rural.
A produção de esterco e de dejetos animais em propriedades rurais está entre as principais causa de contaminação dos aquíferos confinados. Estas produções representam perda potencial de energia aproveitável e de adubo rico em fósforo (P) e nitrogênio (N) o qual apresenta alto custo e difícil aquisição. Desta forma, o aproveitamento de dejetos animais apresenta pontos atrativos, como a redução da liberação de resíduos no meio ambiente e o maior acesso a fontes de energia de baixo custo a frações do povo brasileiro com dificuldades financeiras. estão em pratica.
Objetivo geral:
O projeto tem por foco: Estudar a viabilidade da implantação do biodigestor. Desenvolver uma nova visão sobre o conceito de sustentabilidade trabalhar o uso de fertilizantes naturais. Na escola do campo São Mateus, comunidade são Mateus.
Objetivos específicos:
Adaptar a implantação do biodigestor na comunidade são Mateus
·Testar a capacidade de gerar gás e energia, apresentar a comunidade alternativas viável de baixo custo para utilização na geração de gás para a cozinha e luz que pode ser usada nas ordenhas que são utilizadas na retirada do leite, uso de biofertilizantes na irrigação das hortas e pastagens
Identificar as duvidas
Analisar o problema
Solucionar a questão
Desenvolvimento
Histórico do biogás:
Na Natureza existem vários ambientes favoráveis ao desenvolvimento da digestão anaeróbica, sendo representados pelos pântanos, estuários, mares e lagos, usinas de carvão e jazidas petrolíferas. Esses sistemas anaeróbios possuem concentrações baixas de oxigênio, facilitando a ocorrência da geração do biogás.
Da observação casual da combustão natural desse gás na superfície de regiões pantanosas, o ser humano tomou ciência da possibilidade de produzir gás combustível, partindo de resíduos orgânicos (GRYSCHEK; BELO, 1983).
A data de descoberta do biogás, ou "gás dos pântanos" é do ano de 1667 e só um século mais tarde que se volta a reconhecer a presença de metano no gás dos pântanos, atribuído a Alessandro Volta, em 1776 (CLASSEN; LIER; STAMRS, 1999). Já no século XIX, Ulysse Grayon, aluno de Louis Pasteur, realizou a fermentação anaeróbica de uma mistura de estrume e água, a 35 °C, conseguindo obter 100 litros de gás por metro cúbico de matéria. Em 1884, Louis Pasteur, ao apresentar os trabalhos do seu aluno à Academia das Ciências, considerou que essa fermentação podia constituir uma fonte de aquecimento e iluminação (NOGUEIRA, 1986).
Os primeiros países a utilizarem o processo de bi digestão, de forma mais intensa e com finalidade energética foram a Índia e a China, nas décadas de 50 e 60, sendo que esses países e outros, geralmente do terceiro mundo, desenvolveram seus próprios modelos de biodigestores (NOGUEIRA, 1986).
Com a crise do petróleo na década de 70 foi trazida para o Brasil a tecnologia da digestão anaeróbia. Na região nordeste, foram implantados vários programas de difusão dos biodigestores e a expectativa era grande, porém os benefícios obtidos a partir do biogás e do biofertilizante não foram suficientes para dar continuidade aos programas e os resultados não foram muito satisfatórios (BOLETIMENFOQUE, 1999).
Atualmente, esse processo vem se difundindo por vários países. A recuperação de energia gerada pelos processos de tratamento anaeróbio teve grande impulso com a crise do petróleo, quando diversos países buscaram alternativas para a sua substituição. Entretanto, as soluções para os problemas de desenvolvimento devem ser apropriadas às necessidades, às capacidades, os recursos humanos e financeiros e à cultura. Assim, o impulso recebido no período de crise não chegou a constituir um sólido movimento de substituição dos recursos não renováveis por outras fontes renováveis (NOGUEIRA, 1986).
Até pouco tempo, o biogás era simplesmente conhecido como um subproduto obtido a partir da decomposição anaeróbia de lixo urbano, resíduos animais e de estações de tratamento de efluentes domésticos.
No entanto, o acelerado desenvolvimento econômico dos últimos anos e a alta acentuada do preço dos combustíveis convencionais têm encorajado as investigações na produção de energia a partir de novas fontes renováveis e economicamente atrativas, tentando sempre que possível, criar novas formas de produção energética que possibilitem a poupança dos recursos naturais esgotáveis (VILLELA; SILVEIRA, 2005).
O primeiro documento relatando a coleta de biogás de um processo de digestão anaeróbia ocorreu em uma estação de tratamento de efluentes municipal da Inglaterra, em 1895, sendo que o primeiro estudo de aproveitamento em uma pequena planta, com uso de estrume e outros materiais, remontam de 1941, na Índia. Desde então, o processo anaeróbio tem evoluído e se expandido ao tratamento de resíduos industriais, agrícolas e municipais (VILLEN; et al).
Posteriormente, passou-se a desenvolver e utilizar esse processo fermentativo para o tratamento de esgoto doméstico, objetivando, principalmente, a destruição da matéria orgânica. Isso ocorreu na metade do século XIX e o gás produzido era destinado à iluminação. No começo do século XX, ocorreu na Índia e na China, o início do desenvolvimento de biodigestores para a produção de gás metano a partir de esterco de animais, principalmente bovinos (PECORA, 2006).
Somente a partir de 1960, a digestão anaeróbia passou a ser pesquisada com caráter mais científico, havendo então, grandes progressos quanto à compreensão dos fundamentos do processo e também de projetos de biodigestores e equipamentos auxiliares (PECORA, 2006).
Formação
O biogás é uma mistura gasosa combustível, produzida através da digestão anaeróbia, processo fermentativo que tem como finalidade à remoção de matéria orgânica, a formação de biogás e a produção de biofertilizantes ricos em nutrientes (PECORA, 2006).
Quando a digestão anaeróbia é realizada em biodigestores especialmente planejados, a mistura gasosa produzida pode ser usada como combustível, o qual, além de seu alto poder calorífico, de não produzir gases tóxicos durante a queima e de ser uma ótima alternativa para o aproveitamento do lixo orgânico, ainda deixa como resíduo um lodo que é um excelente biofertilizante (PECORA, 2006).
A tabela 1 apresenta algumas matérias primas com potencial de produção de biogás quando submetidas ao processo de biodigestão natural ou artificial.
Tabela 1 – Fontes de resíduos
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Matérias primas capazes de produzir biogás
Fezes de suínos
Fezes de bovinos
Fezes de aves
Resíduos orgânicos
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Resíduos de abatedouros O material ou resíduo do qual o biogás é retirado, é um substrato devidamente equilibrado com diluição em água, o qual é um meio para instalação e desenvolvimento de várias espécies de microrganismos (bactérias) envolvidos no processo de fermentação (GRYSCHEK; BELO, 1983).
Cada matéria prima ou fonte de resíduo possui um potencial de geração de biogás. Resíduos altamente fibrosos, como bagaço de cana e casca de arroz, considerados de baixa digestibilidade apresentam um menor potencial para a produção do biogás. Já matérias ricas em amidos, proteínas, celulose e carboidratos, como grãos, gramíneas, restos de abatedouros e fezes, apresentam alto potencial de produção de biogás (GRYSCHEK; BELO, 1983).
Fatores que influenciam na formação do biogás
Resumem-se abaixo os principais parâmetros da digestão anaeróbia relacionada à geração de biogás:
Impermeabilidade ao ar: As bactérias metano gênicas são essencialmente anaeróbias. A decomposição de matéria orgânica na presença de ar (oxigênio) irá produzir apenas dióxido de carbono (CO2) (JUNIOR, 2000).
Natureza do substrato: Os substratos nutritivos devem prover as fontes de alimento aos microrganismos, elementos químicos constituindo o material celular e os necessários às atividades enzimáticas, particularmente os oligoelementos, como o cálcio, magnésio, potássio, sódio, zinco, ferro, cobalto, cobre, molibdênio e manganês.
Em fortes concentrações, esses elementos têm um efeito inibidor sobre o processo de fermentação. Por outro lado, os elementos majoritários como o carbono, nitrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre, têm uma importância fundamental no rendimento dos gases de fermentação (PECORA, 2006).
Composição dos resíduos: Quanto maior a porcentagem de material orgânico no Esgoto Resíduos de cervejarias e vinícolas Soro do queijo Fonte: GRYSCHEK;
O material ou resíduo do qual o biogás é retirado, é um substrato devidamente equilibrado com diluição em água, o qual é um meio para instalação e desenvolvimento de várias espécies de microrganismos (bactérias) envolvidos no processo de fermentação (GRYSCHEK; BELO, 1983).
Composição
A composição típica do biogás é cerca de 60% de metano, 35% de dióxido de carbono e 5% de uma mistura de hidrogênio, nitrogênio, amônia, ácido sulfídrico, monóxido de carbono, aminas voláteis e oxigênio (WEREKO- BROBBY, 2000).
O biogás tem seu poder calorífico diretamente relacionado com a quantidade de metano existente na mistura. O biogás, por possuir o gás metano como principal componente, é incolor e inodoro (PARCHEN, 1981). Apesar de ser essencialmente formado por metano e dióxido de carbono outros gases também são encontrados em proporções menores, como mostra a tabela 2:
Tabela 2 – Percentagem de gases no biogás
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Gases Percentagem
Metano 55 – 65
Gás Carbônico 35 – 45
Nitrogênio 0 – 3
Hidrogênio 0 – 1
Oxigênio 0 – 1
Gás Sulfídrico 0 – 1
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Fonte: MAGALHÃES, 1986.
Dos gases que compõem o biogás, o gás carbônico e o gás sulfídrico devem receber atenção especial. São considerados como o principal problema na viabilização de seu armazenamento e na produção de energia, interferindo principalmente na qualidade do biogás, acarretando problemas de corrosão no sistema de condução do biogás até sua transformação como fonte de energia elétrica ou térmica, necessitando de processos de tratamento (MAGALHÃES, 1986).
O gás sulfídrico, aparece em uma concentração aproximada de 10g/m³ no biogás. Portanto, existe a necessidade de o mesmo passar por um filtro purificador para evitar o mau cheiro gerado, mas principalmente para retirar seu efeito corrosivo, devendo aparecer com uma concentração abaixo de 1,5g/m³ (OLIVEIRAS,1993).
Filtragem
Para aumentar o poder calorífico, rendimento térmico e eliminar a característica corrosiva devido à presença de gás sulfídrico e água, é preciso tratar e purificar o biogás produzido (OLIVEIRA, 2005). A presença de substâncias não combustíveis no biogás, como água e dióxido de carbono, prejudica o processo de queima tornando-o menos eficiente uma vez que, presentes na combustão absorvem parte da energia gerada. Na medida em que se eleva a concentração de impurezas, o poder calorífico do biogás torna-se menor. A Figura 1 mostra a relação entre o poder calorífico do biogás e a porcentagem em volume de metano presente nele (ALVES, 2000).
Figura 1 – Relação entre poder calorífico do biogás e a porcentagem em volume do metano (ALVES, 2000).
Assim como os gases puros, as características do biogás dependem da temperatura e da pressão, variando com elas e com o teor de umidade. O fundamental, quando se trata de gases para fins de geração de energia é conhecer seu volume, seu poder calorífico e a própria umidade (COELHO; SILVA; VARKULYA; AVELLAR; FERLING, 2001).
Além da umidade, o volume de biogás, representado pelo peso específico, que é a relação entre a sua densidade e a densidade do ar, é outro parâmetro importante quando se deseja manipular o gás para armazenamento. A Figura 2 mostra o peso específico do biogás numa faixa de concentração de 40 a 100% de metano que o constitui (ROSS, 1996).
Figura 2 – Peso específico do biogás em relação a concentração do metano (ROSS, 1996).
Retirada do gás sulfídrico por óxido de ferro
Consiste em passar a mistura gasosa por uma torre com preenchimento de óxido de ferro (Fe2O3) e aparas de madeira. O gás é injetado pela base da torre e conforme vai circulando pela mesma vai perdendo o gás sulfídrico que fica retido ao reagir com o óxido de ferro (CRAVEIRO, 1982). Esse é possivelmente o processo mais simples e barato. A reação química é apresentada na equação 1:
Fe2O3 + 3H2S ® Fe2S3 + 3H2O (1)
Para regenerar o óxido de ferro basta expor ao oxigênio, como apresentado pela reação química da equação 2:
2Fe2S3 + 3O2 ® 2Fe2O3 + 3S2 (2)
Em vez de ser utilizado óxido de ferro também pode ser usado óxido de zinco, porém, esse é mais caro.
Remoção do gás sulfídrico e do dióxido de carbono por hidróxido de sódio, potássio ou cálcio. Quando o gás carbônico entra em contato com a solução de hidróxido de sódio, potássio ou cálcio ocorre à formação de bicarbonato, sendo essa formação irreversível conforme as equações 3 e 4. Se houver tempo suficiente o gás sulfídrico também será absorvido conforme a equação 5 (CRAVEIRO, 1982).
2 NaOH + CO2 ® Na2CO3 + H2O (3)
Na2CO3 + CO2 + H2O « 2NaHCO3 (4) H2S + Na2CO3 ® NaHS + NaHCO3 (5)
Entre os hidróxidos, o de cálcio é o mais barato. Porém existe um problema na sua utilização, há a precipitação do carbonato de cálcio, o que pode provocar o entupimento de tubulações, bombas e os demais equipamentos utilizados, o que pode gerar transtornos (CRAVEIRO, 1982).
Podem ser utilizados outros dois processos para a remoção do dióxido de carbono e do gás sulfídrico. Um é utilizar solventes orgânicos, mas devido à corrosão e perdas elevadas por constituírem substâncias muito voláteis, e por periculosidade em geral este processo deve ser evitado. Outro processo é utilizando carbonato de potássio a quente, mas como exige aquecimento e operação a 110°C, demandando energia para esse aquecimento, também deve ser evitado objetivando assim a eficiência energética (OLIVEIRA, 2009).
Poder calorífico
Uma das características mais importante de um gás e que apresenta a quantidade de energia liberada na combustão completa de uma unidade de massa ou volume no caso de gases é denominada de poder calorífico, também conhecido como poder de queima, calor de combustão ou potência calorífica (COSTA, 2006).
Quando se determina a composição de um combustível, verifica-se que o mesmo é geralmente composto por carbono, hidrogênio e oxigênio. Quando há a combustão do mesmo, há a formação de água como produto dessa reação devido à presença de hidrogênio, essa água pode estar no estado líquido, gasoso ou ainda em ambos. Caso a água formada na combustão se condense é obtido o poder calorífico do combustível superior (PCS), mas se a água estiver no estado gasoso é obtido o poder calorífico inferior (PCI), em consequência disso o biogás também terá ambos os poderes caloríficos. De acordo com a concentração de metano no biogás o poder calorífico pode variar entre 4,95 a 7,92 Kwh/m³ para o calorífico inferior e superior, respectivamente (COSTA, 2006), após o devido tratamento o biogás pode atingir um poder calorífico próximo a 10.000 kcal/m³ (COSTA, 2006).
Riscos
O gás metano queima com uma chama luminosa quando puro, mas para o biogás a chama não é tão luminosa. O biogás não é tóxico, mas atua sobre o organismo humano diluindo o oxigênio e como consequência, pode provocar a morte por asfixia. Como é muito estável não é solúvel em água (PECORA, 2006).
O biogás é mais denso que o ar, possuindo uma relação de densidade de 0,55 (PARCHEN, 1979). Portanto, possui tendência de ficar mais próximo ao solo facilitando sua inalação.
BIODIGESTOR
São equipamentos de fabricação relativamente simples, que possibilitam o reaproveitamento de detritos para gerar gás e adubo, também chamados de biogás e biofertilizantes. O biodigestor geralmente é alimentado com restos de alimentos e fezes de animais, acrescidos de água.
O biodigestor é uma câmara na qual ocorre um processo bioquímico denominada digestão anaeróbia, que tem como resultado a formação de biofertilizantes e produtos gasosos, principalmente o metano e o dióxido de carbono (biogás) (MAGALHÃES, 1986).
PRODUTOS DA BIODIGESTÃO
A biodigestão é realizada por bactérias do esterco, e acontece naturalmente quando ele se encontra em um ambiente onde não exista oxigênio. Após passar pelo biodigestor, o esterco se transforma em uma fração gasosa (biogás), uma líquida e outra sólida.
Biogás: é uma mistura de vários tipos de gases, que pode ser queimado em fogões, motores, caldeiras ou geradores para gerar energia elétrica. Substitui o gás de botijão, lenha, querosene ou gasolina.
Biofertilizante: é um adubo líquido que fornece os principais nutrientes para o crescimento de plantas.
Funcionamento
No tanque de entrada, ou lagoa de sedimentação, o esterco é exposto a uma pré-fermentação aeróbia, ou seja, a digestão do resíduo na presença do ar, no qual somente proliferam bactérias aeróbias. Neste processo a maior parte do oxigênio dissolvido na mistura é liberado para o meio ou consumido pelas bactérias aeróbias, viabilizando assim, o posterior desenvolvimento das bactérias anaeróbias (MORAES, 1980).
Pelo tubo de carga, o resíduo é introduzido no digestor em que será submetido a uma digestão anaeróbia para a produção do biogás. A digestão anaeróbia são uma reação bioquímica realizada por bactérias na ausência de oxigênio e com bastante umidade. Essas bactérias são encontradas, naturalmente, no estômago e nos intestinos dos animais. O grupo de bactérias mais importante no processo são as denominadas bactérias metano gênicas, e são elas que formam o gás metano (MORAES, 1980).
Esse processo é realizado basicamente em três etapas, como exposto na figura 3 (SOSA; CHAO; RIO, 2004): Figura 3 – Fases da produção do biogás
Na primeira, a matéria orgânica é convertida em moléculas menores pela ação de bactérias hidro líticas e fermentativas. As primeiras transformam proteínas em peptídeos e aminoácidos, polissacarídeos em monossacarídeos, gorduras em ácidos graxos, pela ação de enzimas extracelulares, como a protease, a amilase e a lípase. As bactérias fermentativas transformam esses produtos em ácidos solúveis (ácido propiônico e butírico), álcoois e outros compostos (SOSA; CHAO; RIO, 2004).
Na segunda fase, as bactérias aceto gênicas transformam os produtos obtidos na primeira etapa em ácido acético (CH3COOH), hidrogênio e dióxido de carbono. Essas bactérias são facultativas, ou seja, elas podem atuar tanto em meio aeróbio como anaeróbio. O oxigênio do material orgânico não aproveitado no processo aeróbio do sistema é utilizado para efetuar essas transformações (SOSA; CHAO; RIO, 2004).
O metano é formado na última etapa da produção do biogás. As bactérias metano gênicas, que formam o metano, transformam o hidrogênio, o dióxido de carbono e o ácido acético (CH3COOH) em metano e dióxido de carbono. Estas bactérias anaeróbias são extremamente sensíveis a mudanças no meio, como temperatura e pH.
As bactérias produtoras do biogás são hemofílicas, vivem entre 35 a 45 ºC e são sensíveis a alterações de temperatura. Variações bruscas de temperatura fariam com que as bactérias metano gênicas não sobrevivessem, o que acarretaria na diminuição considerável da produção de biogás (SOSA; CHAO; RIO, 2004).
Outro fator considerável é a acidez do processo, uma vez que as bactérias produtoras do metano sobrevivem numa faixa variável de pH entre 6,5 e 8,0. Assim, enquanto as bactérias constantes dos estágios um e dois da digestão anaeróbia produzem ácidos, as bactérias produtoras de metano consomem esses ácidos, mantendo o meio neutro (SOSA; CHAO; RIO, 2004).
O biogás liberado pelas bactérias anaeróbias é acumulado no gasômetro.
Após um período da carga inicial, a produção de gás estará estabilizada e então se procede à recarga periódica do biodigestor (MORAES, 1980).
Modelos
Modelo Indiano
Este modelo de biodigestor caracteriza-se por possuir uma campânula como gasômetro, a qual pode estar mergulhada sobre a biomassa em fermentação ou em um selo d’água externo, e uma parede central que divide o tanque de fermentação em duas câmaras. A função da parede divisória faz com que o material circule por todo o interior da câmara de fermentação.
O modelo Indiano possui pressão de operação constante, ou seja, à medida que o volume de gás produzido não é consumido de imediato, o gasômetro tende a deslocar-se verticalmente, aumentando o volume deste, portanto, mantém a pressão em seu interior constante (DEGANUTTI; PALHACI; ROSSI; TAVARES, 2002).
O fato de o gasômetro estar disposto ou sobre o substrato ou sobre o selo d’água reduz as perdas durante o processo de produção de gás. O resíduo utilizado para alimentar o biodigestor Indiano deve apresentar uma concentração de ST (sólidos totais) não superior a 8%, para facilitar a circulação do resíduo pelo interior da câmara de fermentação e evitar entupimentos dos canos de entrada e saída do material (DEGANUTTI; et al).O abastecimento deve ser contínuo, ou seja, geralmente é alimentado por dejetos bovinos e/ou suínos, que apresentam uma certa regularidade no seu fornecimento.
Do ponto de vista construtivo, apresenta-se de fácil construção, contudo o gasômetro de metal pode encarecer o custo final, e também à distância da propriedade onde o resíduo se forma pode dificultar e encarecer o transporte ao biodigestor, inviabilizando a implantação deste modelo de biodigestor. A Figura 4 mostra a vista frontal em corte do biodigestor modelo Indiano. A figura 5 representa o biodigestor tridimensionalmente, em corte, mostrando todo seu interior.
Figura 4 - Vista frontal, em corte, do biodigestor modelo Indiano (BENINCASA; ORTLANI; LUCAS JUNIOR, 1990).
Figura 5 - Vista tridimensional do biodigestor modelo Indiano (DEGANUTTI; PALHACI; ROSSI; TAVARES, 2002).
Modelo Chinês
O biodigestor modelo chinês é formado por uma câmara cilíndrica em alvenaria para fermentação, com teto impermeável, destinado ao armazenamento do biogás. Este biodigestor funciona com base no princípio de prensa hidráulica, de modo que aumentos de pressão em seu interior, devido ao acúmulo de biogás, resultarão em deslocamentos do efluente da câmara de fermentação para a caixa de saída, e em sentido contrário quando ocorre descompressão (DEGANUTTI; PALHACI; ROSSI; TAVARES, 2002).
O modelo Chinês é constituído quase que totalmente em alvenaria, dispensando o uso de gasômetro em chapa de aço, reduzindo os custos,
contudo pode ocorrer problemas com vazamento de biogás caso a estrutura não seja bem vedada e impermeabilizada. Neste tipo de biodigestor, uma parcela de gás formado na caixa de saída é libertada para a atmosfera, reduzindo parcialmente a pressão interna do gás.
Por este motivo às construções de biodigestores modelo Chinês não são utilizadas para instalações de grande porte (DEGANUTTI; PALHACI; ROSSI; TAVARES, 2002).
Semelhante ao modelo Indiano, o substrato deve ser fornecido continuamente, com a concentração de ST em torno de 8%, para evitar
entupimentos do sistema de entrada e facilitar a circulação do material (DEGANUTTI; PALHACI; ROSSI; TAVARES, 2002).
A Figura 6 mostra a vista frontal, em corte, do biodigestor modelo Chinês. Na figura 7, a representação tridimensional mostra todo o interior do biodigestor.
Figura 6 - Vista frontal, em corte, do biodigestor modelo Chinês (DEGANUTTI; PALHACI; ROSSI; TAVARES, 2002).
Figura 7 - Vista tridimensional do biodigestor modelo Chinês (DEGANUTTI; PALHACI; ROSSI; TAVARES, 2002).
Modelo da Marinha Brasileira
Na década de 70, o Instituto de Pesquisa da Marinha do Brasil (IPQM) realizou estudos sobre biodigestores e acabou desenvolvendo o modelo conhecido como Biodigestor da Marinha do Brasil.
O biodigestor desenvolvido pela Marinha do Brasil apresenta uma base quadrangular, com paredes revestidas por lona impermeável e uma cúpula de lona preta também impermeável. É um modelo mais raso e longo, o que lhe garante uma maior produtividade de gás por massa fermentada (SOUZA; PEIXOTO; TOLEDO,1995) (BARRERA, 2003). Sua utilização encontra maior barreira no que diz respeito ao espaço físico disponível para a instalação. Por ter uma profundidade pequena, necessita de uma grande área superficial para que consiga armazenar uma grande quantidade de resíduos.
Esse modelo é o mais indicado para projetos industriais e agroindustriais por ser versátil ao uso de diferentes resíduos orgânicos e ser capaz de armazenar grande quantidade de resíduos passiveis a sobre fermentação anaeróbica, produzindo assim uma grande quantidade de biogás e estabilizando os dejetos que podem ser utilizados como biofertilizantes (OLIVEIRA; HIGARASHI, 2006).
Atualmente esse modelo de biodigestor é o mais difundido no Brasil devido ao aperfeiçoamento da manta impermeável que passou a ser confeccionada em Poli cloreto de Vinila (PVC), o que confere um menor custo e maior facilidade de instalação quando comparado com modelos antigos, como o Indiano e o Chinês, além de apresentar maior resistência à corrosão provocada pela água e pelo ácido sulfídrico presente na mistura gasosa. Outra vantagem é que o mesmo pode ser utilizado em pequenos como em grandes projetos (MANUAL DE BIODIGESTÃO).
Figura 8 – Representação em corte de um biodigestor do modelo desenvolvido pela Marinha do Brasil (BARRERA, 2003).
Outra variação do modelo desenvolvido pela Marinha do Brasil é somente a construção de um reservatório sem paredes divisórias, simplificando sua construção, como pode ser observado na figura 9 (OLIVEIRA; HIGARASHI, 2006).
Figura 9 – Representação em corte de um biodigestor simplificado do modelo desenvolvido pela Marinha do Brasil (O BIODIGESTOR).
Para este modelo também é recomendada a construção abaixo do nível do solo para evitar bruscas variações de temperatura que possam ocorrer, além de aproveitar o calor da terra e o calor absorvido pela manta preta exposta ao sol, já que 90% do aquecimento do biodigestor é obtido com raios solares incidentes na lona preta, o que acaba garantindo uma melhor temperatura de funcionamento e consequentemente uma maior produção de biogás com maior concentração de metano (OLIVEIRA; HIGARASHI, 2006) (O BIODIGESTOR).
Devido à utilização da manta como gasômetro, que confere uma baixa pressão à mistura gasosa, a distância máxima do ponto de consumo não deve ser superior a 50 metros, sendo que se for necessária uma maior pressão é recomendada o uso de um compressor (OLIVEIRA; HIGARASHI, 2006). O biogás só apresenta risco de explosão se misturado com oxigênio dentro do biodigestor. Essa situação acontece no início da operação quando ocorre o recebimento das primeiras cargas de dejetos. Para evitar esse problema é recomendada a liberação da primeira produção de biogás, evitando assim sua queima e consequentemente uma possível explosão. No início da operação os registros de saída do biogás devem estar fechados até que a manta que retém o biogás esteja completamente inflada. Em seguida libera-se todo o biogás contido até a manta retornar a sua posição inicial, após fecha-se os registros de saídas para que novamente a manta se infle, a partir deste momento o biodigestor pode ser usado normalmente. Mesmo que exista vazamento no biodigestor, o ar não entrará no biodigestor, pois a pressão interna da manta é maior que a pressão atmosférica, mas assim que o vazamento seja detectado o mesmo deve ser reparado para evitar quaisquer futuros problemas (MANUAL DE BIODIGESTÃO).
Biofertilizante
Biofertilizantes é a denominação dada ao resíduo aquoso de natureza orgânica, que pode ser utilizado na fertilização do solo, que tem origem da fermentação de resíduos vegetais e animais em biodigestores com finalidade de se obter o biogás (SOUZA; PEIXOTO; TOLEDO, 1995).
Pelo processo de fermentação, o material orgânico utilizado para produzir o biogás transforma-se em fertilizante orgânico. Este material é isento de causadores de doenças e pragas às plantas, não apresenta odor e por isso não atrai moscas, insetos e roedores, agentes proliferadores e causadores de doenças. Caso isso ocorra, é necessário aumentar o tempo de retenção hidráulica do material (PARCHEN, 1979; SOUZA; PEIXOTO; TOLEDO, 1995; FILHO, 1981).
Conforme Fornari (2002), o biofertilizante possui teores de nutrientes iguais e até maiores que o do material original. A fermentação anaeróbia faz com que haja menos perda de nutrientes, principalmente o N, cujo teor médio total é de 0,7%; o de P é de 0,5% e o de K, 0,7%. Seu pH (médio) é de 6,9 e a relação C/N ( média) é de 11/1; isso tudo depende do material que for utilizado.
Os efluentes finais chamados de biofertilizantes, resultantes do processo de fermentação anaeróbia, são usados como adubos em de culturas e pastagens. O biofertilizante é um líquido rico em matéria orgânica e pode ser usado como adubo no solo, enriquecendo-o.
Uma das principais vantagens do uso de biofertilizantes na agricultura é o baixo custo. Estes não geram problemas quanto à acidez e degradação do solo, como ocorre com o uso de fertilizantes de origem química.
Barrera (2003) comenta que o pH médio do biofertilizante é de 7,5, ou seja, levemente alcalino, fator que pode reduzir a acidez do solo e ajudar no aumento da produtividade cultivos. O biofertilizantes contribui para aumentar o teor de húmus no solo, melhorando as propriedades físicas e químicas, além de ajudar a melhoras as atividades microbianas do solo, podendo ser aplicado diretamente na forma liquida ou desidratada, dependendo das condições locais de infraestrutura (FILHO, 1981).
Biofertilizantes apresenta maior concentração de nutrientes do que o resíduo original, devido as grandes perdas de carbono, hidrogênio e oxigênio (SOUZA; PEIXOTO; TOLEDO, 1995). A composição média do biofertilizante mostra, vários nutrientes como cálcio, magnésio, enxofre, boro, cobre, ferro, manganês, molibdênio e zinco, o que lhe garante inegáveis vantagens para utilização como complemento ou substitutos de adubos nitrogenados químicos (PARCHEN, 1979; SOUZA; PEIXOTO; TOLEDO, 1995; FILHO, 1981). Além disso, apresenta um pH entre 7,0 a 8,0, ou seja, levemente alcalino, propiciando o crescimento de microrganismos úteis a terra, que restabelecem a vida do solo, levando ao equilíbrio do pH (SOUZA; PEIXOTO; TOLEDO, 1995; BARRERA, 2003). Caso o efluente do biodigestor apresente o pH menor que 7,0, afluente ácido, deve-se avaliar o processo, uma vez que este valor indica digestão incompleta ou sobrecarga do biodigestor. Já se o afluente apresentar pH superior a 8,0, afluente alcalino, novamente deve-se avaliar a operação, uma vez que este valor indica um excesso de retenção hidráulica (SOUZA; PEIXOTO; TOLEDO,1995).
Meio Ambiente e o sistema ambiental
A definição de meio ambiente está enraizada nas ciências afins e em suas dimensões ecológica, espacial e humana da biologia, botânica, zoologia, geografia, biogeografia, entre outras áreas científicas.
O corpo conceitual das ciências ambientais está estruturado em torno de seu objeto de estudo - o meio ambiente e essa estruturação teórico-conceitual remonta à história da ecologia, palavra empregada pela primeira vez pelo biólogo alemão E. Haeckel em 1866 em sua obra Generelle Morphologie der Organisme (Dajoz, 1983).
Na sua evolução conceitual a ecologia estuda a estrutura e as relações entre organismos vivos e entre os organismos em seus ambientes, mas não alcança a totalidade da vida que está inserida nos conjuntos naturais por não considerar a ecologia humana.
1. Minimização de resíduos, reutilização e reciclagem; 2. Conservação, eficiência de energia; 3. Gestão de recursos hídricos;
4. Gestão de águas residuais; 5. Substâncias perigosas; 6. Transportes; 7. Planejamento do uso do solo; 8. Envolvimento dos recursos humanos das empresas, clientes e comunidades locais nas questões ambientais; 9. Concepção de projetos para a sustentabilidade; 10. Parcerias para promover o desenvolvimento turístico sustentável.
Diante dos problemas ambientais que a humanidade enfrenta hoje não se pode estudar os fatores ambientais de forma isolada. A abordagem deve possibilitar a caracterização, a estruturação e a dinâmica funcional de um objeto de estudo da paisagem integrada também aos sistemas socioeconômicos e culturais. O produto final não é o meio em si, mas os seres vivos e dentre eles, o homem.
Nesta perspectiva
[...] os arranjos dos elementos do meio natural formam um mosaico que é a própria organização do espaço geográfico. Para esta perspectiva de conjunto de componentes, processos e relações do sistema que integram o meio ambiente físico, em que pode ocorrer exploração biológica, Sotschava, desde 1960, vem propondo o nome de GEOSSISTEMA.(Troppmair, p.125, 1987)
Os grandes sistemas naturais (atmosférico, litosférico, hidrosférico, biosférico) e seus respectivos ecossistemas possuem dinâmica e leis específicas. É preciso delinear os limites e as dimensões dos sistemas ambientais para não os designar genericamente com os termos natureza, ambiente e ambiental. O sistema ambiental é constituído de ecossistemas cujos processos compõem o meio ambiente incluindo o meio físico, biótico e antrópico. O sistema ambiental possui uma estrutura organizacional dinâmica e integrada e um funcionamento calibrado por leis específicas. Suas dimensões espaciais e temporais não coincidem com as fronteiras e configurações espaciais humanas.
A tendência da ciência moderna é a especialização que se configura em setores estruturados teórica e tecnicamente em seus universos particulares. Desta forma a ciência moderna se divide em várias disciplinas e os seus teóricos não transitam de uma área para a outra.
Ao alegar esta especialização, Bertalanffy (1975) afirma que mais importante que estudar partes e processos isoladamente, é compreender e resolver os problemas encontrados na organização e na ordem que os unifica. Esse procedimento permite identificar processos que resultam da interação das partes, que possuem comportamento diferente quando estudados isoladamente e quando tratados no todo. O autor resume o significado desta perspectiva na expressão “o todo é mais que a soma das partes”.
Os organismos vivos são sistemas abertos que trocam matéria e energia com o ambiente. Desta forma Bertalanffy postula uma nova disciplina chamada Teoria Geral de Sistemas (TGS). Seu conteúdo é a formulação e derivação de princípios válidos para os sistemas em geral.
As noções e conceitos de sistemas ambientais se baseiam na Teoria Geral dos Sistemas desenvolvida com objetivo de produzir conceitos operacionais a serem aplicados empírica e pragmaticamente. Bertalanffy parte do pressuposto de uma teoria de caráter geral, aplicada a fenômenos análogos, de diversos campos específicos do conhecimento. Um dos focos do estudo do autor, ao retomar a Teoria Geral dos Sistemas (TGS), foi a possibilidade de integração das várias ciências naturais e sociais.
O sistema é uma entidade com capacidade de manter um certo grau de organização diante de mudanças externas e internas, composto de um conjunto de elementos em interação, segundo determinadas leis para atingir um objetivo específico – o seu equilíbrio. Ele forma um conjunto estruturado de objetos e atributos que se inter-relacionam e operam no todo complexo, de acordo com um padrão ou modelo (Bertalanffy, 1975)
A funcionalidade dos sistemas, no enfoque da Teoria Geral de Sistemas, é converter insumos, como materiais e energia retirados de seu ambiente, em produtos que sofrem mudança de natureza qualitativa e quantitativa para então serem devolvidos ao ambiente.
Os sistemas ambientais fornecem material e energia para os socioeconômicos e deles recebem produtos em quantidade e qualidade diferentes como refugos, dejetos e resíduos. Na interface dos sistemas ambientais com os socioeconômicos a aceleração da produção não é compatível com o tempo que a natureza necessita para assimilar e adaptar seus subsistemas ambientais (clima, solo, relevo, água, rocha, sistemas pedosfera/litosfera) para manter sua qualidade e seu equilíbrio.
O geossistema ou sistema ambiental é um tipo de organização do meio ambiente e representa a interação dos elementos bióticos e abióticos. Possui uma dimensão areal (superfície) e uma funcionalidade (compartimentação) que se expressam por meio dos fluxos verticais e horizontais de matéria e energia. Os componentes e seus fluxos caracterizam a fisiologia da paisagem e envolvem um conjunto complexo de processos relativos à dinâmica da paisagem com indicativos da ação antrópica. (Christofoletti, 2002, Monteiro, 2001).
Considera-se neste estudo a necessidade da abordagem conceitual de meio ambiente que explore suas dimensões espacial, ecológica e socioeconômica nas perspectivas biológica e social.
Nas perspectivas biológica e social, o ambiente se refere às condições, circunstâncias e influências sob as quais existe uma organização ou um sistema que pode ser afetado ou descrito por aspectos físicos, químicos, biológicos, naturais e/ou humanos.
Na perspectiva da funcionalidade da geosfera-biosfera as unidades de organização dos elementos físicos e bióticos do meio ambiente representam o conjunto dos componentes físicos e bióticos no contexto de um sistema ambiental físico. Neste sistema prevalece a importância das atividades humanas tendo em vista que essas unidades se organizam em função da sobrevivência do homem, mas não se referem à escala individual humana.
Quando o foco de análise é o sistema socioeconômico, como neste estudo, o meio ambiente é abordado como um sistema ambiental que interage com atividades antrópicas ao organizar espaços e elementos biogeográficos.
Para a abordagem sistêmica das atividades turísticas no sistema ambiental em áreas rurais, é apropriado o uso do conceito de geossistema, que amplia o foco do ecossistema ou sistemas ecológicos ao incorporar a variável antrópica neste estudo considerar-se-á o referencial teórico de geossistemas, cuja evolução conceitual foi descrita por Christofoletti (2002). Assim, em 1962 Sotchava propôs o termo geossistema ao criar uma tipologia de fenômenos geográficos, enfocando elementos naturais numa entidade espacial em substituição aos aspectos da dinâmica biológica dos ecossistemas.
Em 1972, Bertrand definiu geossistema como aquele situado numa determinada porção do espaço geográfico, sendo resultado da combinação dinâmica, portanto instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos, que fazem da paisagem um conjunto único e indissociável em perpétua evolução. Em 1977, Sotchava conceituou geossistemas como sistemas dinâmicos, flexíveis, abertos e hierarquicamente organizados, com estágios de evolução temporal, em mobilidade cada vez maior sob influência humana Portanto, pode- se dizer que o geossistema é o conjunto de todos os ecossistemas e de todas as sociedades humanas porque embora o geossistema seja um fenômeno natural, os fatores econômicos e sociais influenciam sua estrutura e seu funcionamento. A principal característica da concepção de geossistema é a conexão da natureza e da sociedade. Ou seja, biótopo, biocenose e comunidades humanas, em função da escala de análise: local, regional ou global. Em síntese o sistema ambiental pode ser definido como um conjunto de relações complexas e sinérgicas geradas pela articulação dos processos de ordens física, biológica, termodinâmica, econômica, política e cultural (Leff, 2001).
Sustentabilidade
É um conceito relacionado ao desenvolvimento sustentável, formado por um conjunto de ideias, estratégias e demais atitudes ecologicamente corretas, economicamente viáveis, socialmente justas e culturalmente diversas.
A sustentabilidade serve como alternativa para garantir a sobrevivência dos recursos naturais do planeta, ao mesmo tempo que permite aos seres humanos e sociedades soluções ecológicas de desenvolvimento.
Existem diversos conceitos ligados a sustentabilidade, como crescimento sustentado, que é um aumento na economia constante e seguro; e a gestão sustentável, que é dirigir uma organização valorizando todos os fatores que a englobam, e é essencialmente ligado ao meio ambiente.
Vários desses conceitos incluem as palavras "sustentável" ou "sustentado". A diferença entre os dois termos é que o "sustentável" indica que há a possibilidade de sustentação, enquanto que o termo "sustentado" expressa que essa sustentação já foi alcançada.
FUNCIONAMENTO DO BIODIGESTOR
A biomassa sofre a digestão pelas bactérias anaeróbicas, gerando gás. Consiste em um recipiente fechado, construído de alvenaria, concreto ou outros materiais, onde é depositado o material a ser digerido. O processo de decomposição da matéria orgânica resulta na produção de biogás e biofertilizante. O modelo apresentado neste manual é inspirado no modelo indiano, mas adaptado aos materiais disponíveis em praticamente todas as lojas de material de construção das cidades do interior do país.
Anaeróbico ou anaeróbio, é um organismo que vive e se de- envolve exclusivamente em um meio em que há ausência completa ou quase completa de oxigênio molecular. São em geral microrganismos, como por exemplo as bactérias e os fungos.
Escolha do tipo de biodigestor a ser implantado
Este manual pretende demonstrar a pequenos produtores rurais os passos da construção de um biodigestor, tipo indiano para geração biogás e biofertilizantes
A escolha do modelo de biodigestor a ser implantado na comunidade deu-se devido ao baixo custo do modelo desenvolvido.
Metodologia
A pesquisa de campo experimental foi realizada na escola são Mateus por ser um lugar de fácil acesso e já fazer trabalhos com o meio ambiente a escola já recolhe o lixo reciclável da comunidade e também tem a grande maioria dos alunos moradores da comunidade, isso ajudou na divulgação do projeto e nas pesquisas de campo feita com os alunos que levaram para casa questionários para serem respondidos a respeito de soluções de sustentabilidade, ouve uma grande questionamento a respeito do biodigestor.
Muitos pais se perguntaram se o biodigestor realmente funciona? Como o biodigestor funciona?
Se o biofertilizante tem função de adubo mesmo? Como pode ser feito?
Quanto custa?
Como fazer para alimentar? Diante de tantas dúvidas?
Dados questionamentos então a necessidade de fazer uma pesquisa de campo experimental para colocar em colocar em testes todas as dúvidas e procurar soluções para problemas encontrados.
Durante a montagem do biodigestor todos os alunos participaram ouvindo e pesquisando sobre o assunto a escola proporcionou que os alunos fizessem um trabalho sobre o biodigestores e sustentabilidade que após feitos as pesquisas os alunos foram na quadra e os professores e a autora do projeto explicaram o processo passo a passo e foram respondidas as dúvidas dos alunos.
Durante a faze de teste todos os alunos sempre estiveram observando o processo que estava acontecendo, após os testes foram chamados os pais dos alunos e feita a explicação do biodigestor, e feitos os testes com a ajuda do professor de química, o eletricista que realizou testes energéticos ouve também a utilização de um fogão para fazer teste com o gás de cozinha, a pesquisa ainda está em andamento pois a escola está recebendo agora alunos de outras escolas das comunidades vizinhas para ver e aprender sobre biodigestor e como funciona, tanto a utilização de gás como o biofertilizante. O projeto será desenvolvido em tambores de 100 litros pois o projeto visa ser desenvolvido com um custo econômico baixo e seguro.
Os tambores a serem utilizados são escuros para manter o calor, canos de pvc de 100 cm utilizado no alimentado e na filtragem do gás canos de 50 usadas para transportar o gás de um tambor para outro, luvas para o gás de um tambor para o armazenador, curvas, registros para trancar as saídas de gás , flanges para perfurar e passar os alimentos de um tambor para o outro fazer as interligações curvas com saídas de rosca adaptador para mangueira de jardim usadas no transporte do gás 50 cm de cano de 100 para fazer o filtro bombril soda cáustica um vidro de 5 litros mangueira de jardim papel alumínio cano de para fazer filtragem coloca-se dentro do cano de 100 bombril
1 passo cortar os buracos para o alimentador com a ajuda de uma serra copos ferramenta muito atualizada por pedreiros e carpinteiro, após serem feitos os buracos coloca-se as franges e os canos (alimentador e saída de gás)
Perfurar os dois tambores para transporte de gás de um para o outro colocar os flanges passar cola de silicone para vedação tanto nos tambores como nas tampas.
No terceiro tambor colocar um de 100 litros e um de 200 litros no fundo do tambor de 100 litros fazer duas perfurações para entrada de gás armazenador e outro para saída de gás
Após colocar os filtros uma barra de cano de 100 com cinco pacotes de bombril colocar os tampões
Para iniciar a produção de biogás coloca-se 66 litros de agua e 66 litros de esterco com urina ( a urina ajuda na fermentação) os restante 66 litros ficam fazia para o biogás que será produzido esse processo será realizado nos dois tambores de 200 litros ao preencher os tambores mexer para misturar a agua e os estercos fechar bem as tampas emendar as ligações entres os tambores que foram utilizadas curvas ts e registros
Após serem fechados os dois tambores faz-se a ligação com uma mangueira de jardim para ser retirados o gás dos dois reservatórios passa pela filtragem com o bombril e vai para o terceiro reservatório que está com um tambor de 200 com um de 100 de boca para baixo completado com agua e esterco que recebera o gás dos dois reservatórios e ficara armazenado para então ser filtrado em um vidro com agua soda e tampa que está com as flanges devidamente organizadas faz a segunda filtragem e a agua ajuda a não acontecer um possível incêndio.
Após todo esse processo o gás está pronto para ser usado tanto com ligação direta no fogão com para geração de energia.
Manejo do Biodigestor
É fundamental que a caixa não permita que o ar entre em contato com o esterco dentro da câmara de fermentação.
O esterco não pode estar seco. Ele deve ser sempre diluído em água, na caixa de entrada, sem excesso. Proporção 1:1.
O abastecimento depende do seu uso: se for retirado dez litros de biofertilizante coloca-se dez litros de esterco com água e urina.
O biogás por ser inflamável, oferece condições para diferentes usos, podendo ser utilizado em lampiões, motores de combustão interna à gasolina e álcool, geladeiras a gás, fogões domésticos e muitos outros usos.
Materiais a serem utilizados:
Quantidade |
discriminação |
02 |
joelhos |
007 |
Braçadeiras |
03 |
TS |
01 |
Serra |
10m |
Mangueira |
01 |
Cola cano |
07 |
Flange |
03 |
Registros |
03 |
Tampão(100cm) |
06 |
Barra cano |
01 |
Folha lixa |
01 |
Curvas de 50 |
03 |
Tambores(200L) |
01 |
Tambor(100L) |
01 |
Vidro(5l) |
Referências:
ALMEIDA, Fernanda Araújo de; MELO, Ricardo José Silva; VIDIGAL, Rafael Celestino; PEREIRA, Elizabeth Marques Duarte.4º Encontro de energia no meio rural - eficientização energética da Fazenda Exp. PUC-Minas –
Alves, J.W.S. – Diagnóstico técnico institucional da recuperação e uso energético do biogás gerado pela digestão anaeróbia de resíduos, 2000.
Cartilha simplificada e adaptada de MATTOS, Luis Cláudio Mattos; FARIAS JÚNIOR, Mário. Manual do biodigestor sertanejo/ Luis Cláudio Mattos, Mário Farias Júnior. – Recife: Projeto Dom Helder Camara, 2011. 55 p.
DIEGUES, Antônio Carlos; ARRUDA, Rinaldo Sergio; SILVA, Viviane Capezzulo Ferreira da; FIGOLS, ANDRADE, Daniela. Os Saberes Tradicionais e a Biodiversidade no Brasil.
lemont2005. O melhor biodigestor. Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=gy2s-zRj-30&t=4s
Manejo dos dejetos de suínos, Boletim Técnico Informativo de Pesquisa, Embrapa Suínos e Aves / EMATER-RS. Impresso EMATER-RS, Porto Alegre.
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SEIFFERT, Mari Elizabete Bernardini. Gestão ambiental: instrumentos, esferas de ação e educação ambiental. 1. ed. 2. reimpr. São Paulo: Atlas, 2009.digestor de baixo custo (GreenSolar). An. 4. Enc. Energ. Meio Rural, 2002.