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O PAPEL DA FAMÍLIA/ESCOLA NO COMBATE DA INDISCIPLINA ESCOLAR

Daiane Aparecida Lourenção

Eliane Maria Dos Santos Kerber

Patricia Juchem

 

 

RESUMO

Com o aumento da queixa de alunos indisciplinados, professores estressados e pais despreparados fez-se importante realizar uma pesquisa na Escola Municipal Sueli Olmira Pereira para compreender o porquê deste fenômeno no âmbito escolar.

 

Palavras-chave: Alunos. Indisciplinados.

 

 

Abstract

With the increase of complaint of students undisciplined, stressed teachers and parents unprepared it became important perform a search at Escola Municipal Sueli Olmira Pereira to understand Why Because of this phenomenon in the school environment.

 

Keyword: Undisciplined. Students.

 

 

1- Introdução

 

A falta de limites na sala de aula é uma realidade comum nas escolas brasileiras, alunos indisciplinados, professores estressados, pais ausentes são exemplos de uma realidade que precisa ser mudada com urgência para que assim nossa sociedade tenha cidadãos bem resolvidos e ativos quanto formadores de opiniões.

Devido ao crescimento do índice de problemas escolares surgiu a ideia de fazer uma pesquisa com o intuito de verificar o perfil do aluno e compreender como ocorre a convivência (parceria) da equipe pedagógica com os pais, para isso foi escolhido a Escola Municipal Sueli Olmira Pereira onde realizou uma entrevista com os gestores e a professora do 5º ano e após um questionário com os alunos para entender o porquê desta falta de limites tão citada pela equipe.

Está pesquisa é imprescindível para os profissionais da educação por conter dicas que contribuem para sanar a indisciplina na sala de aula, já que o objetivo principal é compreender por que a falta de limites se tornou uma queixa tão agravante na atualidade.

 

 

2. Falta de limites, de quem é a culpa?

 

A relação família/escola vem se agravando a cada ano, atualmente é comum ouvir reclamações de professores e gestores ressaltando que numa reunião com 25 pais apenas 10 ou menos comparece, e isso de fato é preocupante.

Antigamente quem participava das reuniões escolares eram quase por unanimidade as mães e isso foi diminuindo de acordo com o aumento do mercado de trabalho para mulheres, atualmente elas estão muito mais atarefadas, por ter emprego, ser dona de casa essa carga que as mulheres estão carregando faz com que a função mãe às vezes seja deixada de lado e os filhos se tornem indisciplinados.

A causa da escassez de pais em reuniões escolares pode também ser responsabilizada pela nova concepção de família que atualmente é encontrada na sociedade, principalmente pelo fato de ter um aumento excessivo nas separações de casais e consequentemente a criança passa a conviver com novos parceiros dos pais ou a morar com avós e tios.

Esse novo padrão de família não pode deixar de lado a sua responsabilidade de educar a criança que habita o lar, é deles que vêm os primeiros ensinamentos e é a partir do que ensina em casa que a criança refletirá seu comportamento na escola. Em todos os casos a família é o ponto de partida para o mau comportamento dos alunos na sala de aula, os pais sãos os espelhos para as crianças e suas ações contribui para que a disciplina ou indisciplina. Vergés e Sana (2012, p.30) ressaltam que

 

Os filhos demonstram na escola o que aprendem em casa com seus pais. Quando surgem circunstâncias contrárias aos seus desejos, comportam-se exatamente do mesmo modo com seus pais lidam com eles, ou seja: pais autoritários, que intimidam seus filhos com ameaças e agressões, tornam seus filhos agressivos diante de algum conflito, pois só conseguem resolver as coisas dessa maneira.

 

Quando chegam à escola os alunos vão se impondo as regras conforme aprendem em casa, fazem birra, agridem e explodem por apenas não aceitarem os combinados da sala, outras vezes por ter tudo na mão querem a atenção da professora o tempo todo e isto a deixa de mãos atadas, tendo a turma para auxiliar e aquele aluno no seu pé gritando, atrapalhando os outros por uma falta de atenção que ou é exagerada em casa ou é ausente de tudo.

Os professores por terem cargas horárias grandes e estarem sempre muito atarefados, muitas das vezes, olham aquele aluno rebelde como um fardo a ser carregado e prefere dar sermões, levar a diretoria, tirar brincadeira ou aulas que o aluno gosta como meio de feri-lo e isto apenas vira uma bola de neve, ninguém para e resolve aquela dor do aluno prefere ferir ainda mais.

Então fica claro que não existe um culpado para a rebeldia das crianças, porém existem fatores que contribuem drasticamente para a ocorrência de conflitos que geram um grande desconforto para todos. Pais, professores e gestores devem estar unidos por que estão trabalhando para a formação da criança, é normal vivenciar uma guerra onde cada um discursa o porquê do outro ser culpado sendo que deveriam juntos se unir e trabalhar para o bem de cada aluno.

 

2.1 Metodologias sugeridas para sanar a indisciplina na sala e aula

A indisciplina na sala de aula está longe ter um término, mas por ser um tema atual e crítico é comum sugestões de atividades e ideias para estar aprimorando nas escolas brasileiras, seja para os gestores, professores, alunos ou pais, o que de fato importa é que se todos trabalharem unidos o foco da falta de limites diminuirá gradativamente.

O que não pode ocorrer é um ficar colocando a culpa no outro e ninguém fazer nada, é preciso buscar alternativas de mudanças e trabalhar incansavelmente para que o resultado seja sempre grandioso, conforme cita Vasconcellos (1956, p.53) [...] o problema inicial é definir a qualidade desta mudança; depois, é mantê-la, é conseguir sustentá-la, ou seja, fazer com que seja uma mudança duradoura.

Fica explicito que a escola culpar os pais e os pais a escola só aumenta o foco de indisciplina, sendo de suma importância um gestor que resolva começar a fazer alguma coisa sobre o tema, buscando meios para que todos estejam envolvidos em prol de uma educação de qualidade, onde as discussões ocorrem apenas quando o professor sugere algum tema para fazer um debate saudável sobre a opinião de cada aluno.

 

2.1.1 Papel dos gestores

Os gestores estão à frente da escola com o principal objetivo de conduzir, aprimorar, transformar e melhorar o índice de aprendizagem dos alunos, para isso é fundamental que toda equipe seja unida em prol da escola, para isso deve trabalhar para que a estrutura da escola seja chamativa e prazerosa para os alunos, com espaços para brincadeiras na hora do recreio, formação continuada para os professores e um ambiente organizado com recursos apropriados para que possam trabalhar com dignidade.

Para Vasconcellos (1994, p.60) A escola deve investir prioritariamente na formação permanente e em serviço do professor, para que possa ter melhor compreensão do processo educacional e métodos de trabalho mais apropriados.

Quando os professores estão motivados e preparados para assumir sua sala de aula, tudo facilita para sanar qualquer dificuldade que venha surgir no dia a dia, ele contribui para a boa convivência entre a escola e os pais. Para ter uma convivência tranquila com a comunidade escolar diariamente atendida é necessário criar algumas alternativas criativas que promova a união e participação dos pais em todos os projetos lançados pela escola, seguindo essa linha de raciocínio segue algumas ideias que podem ser aderidas nas escolas:

 

2.1.1.1 Matrícula

Logo no primeiro contato, cabe ao diretor ou ao coordenador mostrar e a proposta pedagógica, ouvir dúvidas e responder com clareza. Com a matrícula efetuada é fundamental anexar os dados do aluno, principalmente na área da saúde, definir em conjunto quais serão os canais de comunicação (bilhetes, e-mails, telefone).

Entregar para os pais no ato da matrícula dicas que irão auxiliar no decorrer do ano letivo:

 

Atitudes que favorecem o sucesso dos filhos

1. Fale sempre bem da escola para criar em seu filho uma expectativa positiva em relação aos estudos.

2. Na volta, procure saber como foi o dia dele, o que aprendeu e como se relacionou com todos.

3. Conheça o professor e converse com ele sobre a criança e o trabalho dela na escola

4. Em caso de notas baixas, não espere ser chamado: vá à escola para saber o que está acontecendo e não deixe de participar das reuniões.

5. Resolva diretamente os problemas entre você, seu filho e o professor e só recorra a outros em último caso.

6. Ajude nas lições de casa.

*Adaptado da cartilha elaborada por Antônio Carlos Gomes da Costa e Odelis Basile para a EE Rodrigues Alves, em São Paulo.

 

 

2.1.1.2 Reuniões

A comunidade escolar é predominantemente de pais que trabalham, tendo dificuldade para sair do serviço para ir a reuniões, nesse caso é de suma importância os gestores reformular o horário que estará acontecendo estas reuniões, frisando desde o início do ano que serão após o horário comercial, é interessante no convite da reunião citar os objetivos que serão tratados, assim os pais estarão cientes sobre o que será tratado, e para o encerramento fazer uma confraternização como por exemplos lanche ou até mesmo sorteio de lembrancinhas feitas pelos próprios alunos.

Pontos relevantes para as reuniões:

- Informar sobre os projetos didáticos e esclarecer como cada família pode contribuir.

- Promover palestras e debates que tenham como objetivo a formação dos pais, tratando de assuntos de interesse geral, como saúde, mídia, drogas, sexualidade etc.

- Procurar demonstrar a importância deles em acompanhar seus filhos durante a vida escolar e como isso vai fazer a diferença, não só nesse período como em toda sua vida, pois pais responsáveis criam filhos responsáveis.

- Pedir que eles olhem os cadernos e ajudem na tarefa de casa de seus filhos com uma certa frequência, pois certamente isso refletirá em sala de aula.

- Destacar a função da escola com o ensino e abordar que a educação cabe aos pais, pois hoje nas escolas os professores além de desempenhar sua função de ensinar conteúdos devem também estar se preocupando com a educação e valores que muitos não possuem, sabemos que esse papel de educação, valores e respeito cabem aos pais transmitirem.

Após essa reunião coletiva da equipe pedagógica com os pais, os professores devem se posicionar para a entrega de boletins e conversar individualmente com cada pai.

 

2.1.2 Papel dos professores

É comum alunos irem à escola sem terem real interesse em aprender os conteúdos, alguns veem a escola para estar com seus amigos e acaba atrapalhando a concentração dos outros que são esforçados para apreender, nesse caso a indisciplina irá surgir se os alunos depararem com aulas monótonas e que oferece pouca atratividade.

Para Antunes (2002) é de suma importância ter professores preparados para estar numa sala de aula, pequenos detalhes fazem a diferença para solucionar a indisciplina dentre elas é sempre ter um bom plano de aula, com aulas atrativas com diferentes recursos para explicar o conteúdo, sempre buscando chamar a atenção dos alunos, outra meio é sempre o diálogo, o professor é o adulto e por isso deve criar alternativas de comunicação onde os alunos são ouvidos e que façam que cheguem a conclusão que precisa mudar, está auto avaliação possibilita uma relação mais próxima e consequentemente aulas tranquilas e produtivas.

O autor ainda ressalta sala disciplinada não é representada por sala silenciosa onde o professor é autoritário e as crianças não podem nem se mexer que lá vêm gritos e sermões infinitos, sala de aula não é uma prisão onde todos prendem seus pensamentos e apenas aprendem conteúdos, pelo contrário, é ali que formará cidadãos ativos e reflexivos sendo de extrema necessidade o professor planejar aulas onde os alunos exponham seus pensamentos e juntos construam ideias para a sua formação pessoal.

Existe sim uma troca de papel, onde os professores colocam apenas como importante o conteúdo e esquece que a escola é o primeiro contato com a amostra da sociedade e é ali que a criança aprende o respeito pelo próximo, o respeito pelas regras e aprende a fazer valer seus direitos e deveres, mas isto deixou de ser relevante prejudicando o aluno como cidadão.

É claro que não existem receitas prontas para sanar essa indisciplina, mas o docente precisa refletir onde está errando como formador de opiniões e após mudar sua metodologia na sala, é preciso olhar cada aluno como ser único e assim conduzir alternativas criativas para chamar esses alunos para suas aulas.

Seguindo essa visão segue algumas sugestões para apresentar aos professores, são elas:

- Utilizar recursos pedagógicos como jogos, pesquisas na internet sobre os temas que são abordados, isso faz com que eles sintam sujeito de sua aprendizagem;

- Elaborar jogos entre equipes sobre conteúdos que eles devem estudar, assim despertará interesse por parte deles para buscar aprender novos conteúdos para terem uma boa pontuação.

- Debates sobre temas polêmicos e atuais.

- Deixar claro que toda dúvida é importante.

- Conteúdos devem ser explicados com clareza, para isso use palavras, exemplos para que fique explicito o que quer com aquela tarefa.

- Sempre chegue à sala bem-humorada(o), faça brincadeiras e deixe um clima de leveza.

- Conteúdo difícil requer atenção e deixa alunos cansados e muitas vezes inseguros, para acamá-los promova atividades de relaxamento ou dinâmicas sobre o conteúdo para tirar a pressão do conteúdo.

Uma ótima ideia é sempre “elogiar em público, aconselhar em particular” ninguém gosta de levar sermão na frente de outras pessoas, mas isto é tão normal na sala de aula que alguns alunos indisciplinados usam como se fosse prêmios, porém o que de fato querem é atenção do professor e de seus colegas, o bom professor é o que usa elogios para presentear seus alunos e quando uma ação não foi legal, usa o chamar no final da aula para conversar, assim o aluno se sentirá ajudado e não advertido.

Tem professores que acreditam que entrar na sala bem-humorado faz com que os alunos aproveitem para fazer bagunça, por isso optam por estarem sempre fechados, ser um professor “bonzinho” para eles é aquele que não tem domínio de sala e deixa os alunos a vontade, e esse é um grande engano, como ressalta o autor Antunes (2002, p.60)

 

Ser amigo dos alunos, compreensivo e companheiro, ter a mentalidade aberta e acompanhar o processo de construção do conhecimento, agindo como agente entre os objetos do saber e a aprendizagem, ser para o aluno seu decifrador de códigos e receptor de suas muitas linguagens, significa estabelecer limites e construir democraticamente uma interação onde em lugar de opressão e da prepotência eleva-se a dignidade de quem educa, a certeza de quem planta amanhãs.

 

É necessário acabar com este estereótipo de que onde tem professor bonzinho tem-se alunos difíceis, na verdade quando o professor sabe lidar com seus alunos esclarecendo as regras, sendo primeiramente um parceiro de seus alunos, ganhando a confiança, com toda certeza suas aulas serão tranquilas e seus alunos estarão sempre empenhados, este professor sim está preparado para estar numa sala de aula.

 

2.1.3- Papel da família

A família é o ponto de equilíbrio na vida de uma criança, é no seio familiar que as crianças aprendem valores que são extremamente importantes para a sua formação pessoal. Atualmente a formação familiar vem mudando sua estrutura e seu conceito tradicional e muitas das vezes isso dificulta o diálogo que deve sempre estar presente para o bom rendimento da criança na escola.

Criança carente atrai falta de limites tanto dentro da sala quanto em casa, o não cumprimento de regras neste caso é um meio de chamar a atenção, na verdade eles estão gritando por dentro para que parem e os ajude infelizmente o que ganham é castigo que na maioria das vezes agrava ainda mais a situação.

Quando essas crianças vão à escola com uma base familiar desestruturada é normal terem momentos de rebeldia, eles são o espelho da casa, vão reproduzir o que aprendeu ali e por isso muitos professores se vêem perdidos e estressados quanto aos alunos indisciplinados por que também optam por rebater as más respostas quando deveria ter um olhar mais amplo e ajudar essa criança.

Para o autor Vasconcellos (1994) Os pais têm responsabilidade em acompanhar o andamento escolar de seus filhos, ajudá-los com a tarefa de casa, incentivar a gostar de estudar, ter um tempo para a criança para brincadeiras e conversas, sempre participar das reuniões pedagógicas da escola, ir a escola para ver como está o rendimento do seu filho e se preocupar com a qualidade de ensino que é ofertado. Esses são passos que contribuem para o crescimento do aluno, quando se tem pais preocupados têm-se alunos engajados e confiantes.

Outra etapa importante é sempre que aparecer alguma dúvida sobre como os profissionais estão trabalhando determinados assuntos é de suma importância ir à escola e conversar. O autor Vasconcellos (1994, p.105) ressalta

 

No caso de dúvida ou conflito em relação a atitudes da escola, procurar primeiro esclarecer com quem de direito na própria escola, antes de fazer comentários depreciativos com os filhos. A participação ativa e consciente dos pais ajuda a escola a cumprir melhor seu papel; no entanto, a intromissão apressada, irrefletida pode causar sérios danos. Quantas vezes não ficamos indignados com algo que o filho relata, e, quando vamos verificar, foi apenas um mal-entendido.

 

É comum ver pais alterados na porta da secretária por motivos toscos que poderiam ser resolvidos com uma boa conversa, um erro muito normal dos pais é ouvir algo de seus filhos e ir com sete pedras atacar os professores, sendo que muitas das vezes, seus filhos contam apenas a versão que lhe convém, gerando um grande desconforto e uma relação conflituosa entre a família e a escola, nesse caso quem perde, sem dúvidas nenhuma é o aluno.

 

 

3. Metodologia

 

A escola está localizada na Rua dos Oitis, s/n, Bairro Setor Industrial, no município de Guarantã do Norte – MT, seu publico alvo é as crianças do Ensino Infantil e Fundamental da Comunidade Aliança, Linha Morada do Sol, Bairro Industrial, Palmeiras e Maranata.

Foi realizada uma visita a escola para realizar uma entrevista com as gestoras e professora com o intuito de compreender quais as maiores dificuldades por elas encontradas para trabalhar com os alunos matriculados na escola. Tendo uma queixa sobre a indisciplina no 5º ano fez se necessário aplicar um questionário com cinco perguntas abertas com os alunos do 5º ano, para analisar o porquê desses alunos serem tão indisciplinados como foi citado.

Com os dados coletados foi efetuada uma análise através da abordagem quanti-qualitativa com o intuito de relatar a visão dos alunos sobre essa falta de limites gerada por eles na sala de aula, finalizando está analise com um estudo de caso para debater os dados obtidos entre os alunos e os profissionais pesquisados para que assim compreenda-se de fato esse fenômeno.

 

 

4. Resultados e Discussões

 

4.1 Análise da entrevista com os gestores e professora da sala

A partir da pesquisa com os gestores pode-se perceber que um dos fatores agravantes que dificulta o andamento das atividades escolares da Escola Sueli Olmira é a indisciplina dos alunos principalmente os do 5º ano. Na entrevista a diretora, coordenadora e secretária responderam que os fatores que dificultam o trabalho é a indisciplina e a ausência dos pais na vida escolar das crianças, para elas esta ausência causa a rebeldia das crianças.

As três desabafaram quando perguntadas em qual situação a ausência era maior e logo responderam que eram em reuniões e conselhos de classes, geralmente essas reuniões atingem menos de 30% dos pais. Nesta conversa foram contingentes em dizer que a equipe Sueli Olmira tem uma boa relação de diálogo e parceira e buscam resolver os conflitos em grupos, principalmente ao maior problema que vem enfrentando nos últimos anos que é essa ausência e a indisciplina. Relataram que já buscaram vários métodos, mas até agora nenhum eficaz para diminuir esses agravantes.

Conforme cita os profissionais entrevistados antigamente as mães dos alunos desta instituição eram mais presentes e com o aumento das vagas no mercado de trabalho essas mães se evadiram das portas das salas, e desde então o índice de indisciplina vem aumentando.

A professora do 5º ano defende a teoria dos gestores ressaltando que a falta dos pais na vida escolar dos alunos é a causa da indisciplina dos mesmos, para ela isto pode ocorrer com o intuito dos filhos chamarem a atenção dos pais. Este agravante muitas vezes acontece pelo fato dos pais estarem sempre atarefados com a sua vida profissional, deixando de lado a vida familiar.

Quando perguntada sobre o que a indisciplina estava afetando na sua sala de aula, ela foi categórica em dizer que o resultado era o baixo aproveitamento do aluno em relação ao conhecimento e a agressividade para com os colegas e professores, para ela os alunos estão levando para a sala sentimentos e problemas acumulados no seu lar, refletindo de forma negativa em seu comportamento escolar, e isso vêm da transformação social, de valores que se vivem hoje.

Segundo a professora já foram realizadas reuniões juntos com os pais, alunos, onde se buscava o diálogo, com o intuito de melhorar a relação entre a família, aluno e professor, infelizmente os casos de indisciplinas em sua sala não diminuíram.

 

4.2 Relato dos alunos no 5º ano

Com os dados da queixa fez -se necessário aprofundar uma pesquisa com o intuito de compreender qual o motivo da ausência dos pais e porquê do aumento da indisciplina na Escola Sueli Olmira, para isto foi fundamental montar um questionário com o intuito de analisar o que está contribuindo para a falta de interesse dos alunos. A sala conta com 28 alunos matriculados sendo que apenas 23 deles responderam o questionário.

Na pergunta 1: O que mais te chama a atenção na escola Sueli Olmira?

Foram obtidas “algumas respostas bem inusitadas dentre elas “o ar-condicionado”, “as bicicletas amontoadas”, “as salas dos professores”, “o recreio”, “o campo da escola”, “os meninos que olham para mim”.

Sendo que 16 alunos responderam que vão para a escola com o intuito de aprender, já demonstrando que as respostas dadas acima são daqueles alunos que não tem interesse em aprender e usam a escola apenas para passar tempo e criar momentos de rebeldia com a professora.

Na pergunta 2: O que menos te chama a atenção na sua escola?

Nessa pergunta foram obtidos diferentes tipos de respostas que demonstram a insatisfação deles com alguns detalhes da escola, dentre elas: 5 deles responderam que o intervalo é o que menos chama a atenção, 9 citaram o mau comportamento dos alunos dentro e fora da sala e 9 reclamaram da infraestrutura.

Nesta pergunta fica explicito que a indisciplina existe sim nesta escola e que alguns dos alunos repudiam o mau comportamento dos colegas.

Na pergunta 3: Os conteúdos e as disciplinas são interessantes?

Todos foram categóricos em responder que sim, para eles as disciplinas contribuem para que eles sejam alguém no futuro, o que pode estar ocorrendo é aulas poucas chamativas e sempre monótonas que faz com que crie focos de indisciplinas na sala

Na pergunta 4: Você tem acompanhamento de seus pais nas tarefas escolares? Quais?

Dos entrevistados, 17 responderam que tem acompanhamento dos pais nas diferentes disciplinas, sendo que 5 deles disseram que tem acompanhamento dos amigos ou irmão ou simplesmente fazem sozinho, apenas uma resposta não foi possível compreender o que ele escreveu.

Neste ponto é importante o professor que está com esses alunos desde o início do ano analisar os que não têm acompanhamento e promover reforço para que sane essa falta dos pais na vida deles, fica claro que está sala tem apenas alguns alunos desinteressados e por isso, se a professora mudar sua perspectiva ao olhar esses alunos, é possível que este foco diminua rapidamente.

Percebe-se que quando está numa sala todos os dias com os mesmos alunos e eles desafiam a paciência da professora, a mesma precisa sim de ajuda para buscar recursos mediadores que contribuam para conquistar esses alunos e mudar suas ações, porque ela vai perdendo a perspectiva de mudanças e o desanimo e estresse passa a ser constantes em suas aulas.

 

4.3 Análise dos dados obtidos

Com as respostas dos alunos fica explicito que apenas alguns têm falta de interesse e que por serem constantes nas aulas acabam se tornando verdadeiros monstros na falta de limites, prejudicando drasticamente o processo de ensino aprendizagem.

Os alunos indisciplinados nesta sala são aqueles que vão outros objetivos para a escola, o exemplo disso foi mostrado pela resposta de umas alunas que disse ir para observar os meninos de outras salas e que para elas é mais interessante o intervalo que estar na sala de aula, visto isto também nos meninos que gostam do intervalo para jogar bola.

Logo se ver uma diferença entre meninos e meninas: os meninos ainda estão na fase de brincar e seu objeto de desejo é a bola, nesta fase são explosivos e querem que tudo aconteça no seu momento, já as meninas estão mais avançadas em sua adolescência indo para a escola para chamar a atenção dos meninos mais velhos, nesse momento cuidam mais da sua aparência física e vivem em rodinhas de amigas.

Segundo a revista Brasil Escola

 

Essas etapas ocorrem em tempos diferentes em meninas e meninos. Sendo que nos meninos inicia-se mais tarde que nas garotas, porém é mais longa. Essas fases são mais evidentes nos meninos que nas meninas. Mais o que marca essa fase é a primeira menarca nas garotas e a mudança de voz nos rapazes. Contundo essas mudanças fazem com que eles se sintam irritados, respondões, feios. CARMO

 

A adolescência é predominada por fatores biológicos em constantes mudanças tanto para as meninas quanto para os meninos, nesta fase a voz dos meninos se altera, os pelos pubianos crescem, o corpo começa a se transformar sendo visível principalmente para as meninas. O que até o momento chamava a atenção para eles vão se tornando “bregas”, “cafona” e as gírias começam a fazer parte da linguagem, preferem muitas vezes os grupinhos e começam se afastar da família, nesta idade se enturmar e ter uma “galera” para chamar de sua é tudo o que precisam.

É predominante nesta fase o desempenho escolar cair e terem novos interesses, por mais que saibam que o estudo é de suma importância para o ser humano e isto fica claro nas respostas de todos, tudo irá chamar mais a atenção que ir para a escola para prestar a atenção da professora. Nesse caso a professora sofre por tentar de várias metodologias buscarem a atenção deles e logo ter a maior bagunça na sala, atualmente os professores desta faixa etária encontram-se de mãos atadas e por mais que planejam utilizando metodologias diferenciadas está cada vez mais difícil prender a atenção da garotada.

É claro que com os pais cada vez mais atarefados e presos em suas vidas profissional facilitam para que a indisciplina seja ainda mais agravante, lembrando que tanto para os gestores quanto para a professora este é o fator relevante para que tenha indisciplina na escola, principalmente com o 5º ano, quanto questionada a professora responde que a falta da família na vida escolar está refletindo no mau comportamento da sala de aula.

Essa ausência dos pais será cada vez maior isto vem ocorrendo graças a nova concepção de família que surgiu a partir desse mundo globalizado, atualmente é normal encontrar casas com pais separados, onde a criança reside com padrasto ou madrasta e em algumas situações essa convivência é extremamente difícil, gerando uma revolta na criança, principalmente na adolescência.

Nesse caso a relação família/ escola fica totalmente agravada, os pais ou responsáveis ficam omissos e cobram da escola responsabilidades que partem também deles, a escola por sua vez sofre com as conseqüências no mau comportamento dos filhos, e quando fazem conselhos de classe para relatar o que está ocorrendo alguns pais ficam do lado do filho e culpam os professores dificultando ainda mais essa parceria. É comum encontrar pais que não conhecem seus filhos ou simplesmente omitem muitas vezes por sentirem culpados pela ausência ou pela falta do membro da família: pai/mãe.

A escola reclama da ausência dos pais e os pais culpam a escola pela falta de interesse da criança pelos conteúdos e essa “bola de neve” só aumenta conforme os anos passam, sendo que o que precisaria é de dialogo e uma parceria entre os dois, para a Revista Brasil Escola é fundamental que os pais tenham uma convivência maior na vida escolar e que os professores dêem toda a atenção para dúvidas que os pais podem ter, ajudando e auxiliando-os.

Quando perguntados se tem ajuda dos pais em casa nas atividades escolares 98% dos alunos responderam que sim, contradizendo essa ausência citada pelos professores, que são categóricos em afirmar que os pais dos alunos da Escola Sueli Olmira não participam da vida escolar dos alunos, percebem que existe uma lacuna nesse parecer já que os professores e gestores tiram essa conclusão através da omissão dos pais nas reuniões escolares, que sem dúvida é de extrema importância, mas isso não quer dizer que muito dos pais também são omissos ao cobrar do seu filho um esforço para ir bem à sala de aula.

Essa contradição entre o que os gestores e professores citaram e o que os alunos relataram reafirma que não está tendo dialogo entre pais e professores e que está relação não existe nesta escola e partindo disso o aluno da Escola Sueli Olmira aproveita para atos de rebeldias. Se os pais de fato não vão à escola perguntar como seu filho está se desenvolvendo para que o aluno irá se preocupar em seu comportamento, até por que muitas das vezes o aluno indisciplinado, que conversa a aula inteira é aquele que pega o conteúdo em um estalo e se ele tem notas boas e está aprendendo, fica difícil apenas para o professor lidar com ele, nesse caso quem está em desvantagem é o professor.

Os alunos têm consciência do quanto é importante estar numa sala de aula aprendendo os conteúdos lecionados pela professora, mas nessa fase eles querem ser donos da verdade e precisam se afirmarem dentro da sala para que assim sejam aceitos em grupos e se tornem populares na escola, por isso enfrentar a professora facilita esse processo, não é que não gostam de estudar e sim pelo fato de chamar a atenção, esse período é predominado pelo egocentrismo “eu sei de tudo” “eu sou o cara”. Nessa fase seguem as modinhas dos adolescentes e a tecnologia “o celular” onde em jogos e a redes sociais são de fato o foco deles, por isso muitas vezes as aulas monótonas de utilizar apenas o livro com recurso acaba sendo cansativo e desinteressante.

O professor acaba sendo o alvo certeiro dos alunos, isto ocorre por eles passarem um período longo com ele, e acabam atingindo para se autoafirmarem, por isso que ultimamente estão lutando para que os professores adotem novas metodologias para a sala de aula.

É claro que a responsabilidade sobre aluno indisciplinado não deve cair apenas ao professor, nesse caso a família tem sua parcela de culpa e a escola num todo também, cabem a eles buscarem métodos que amenizem o mau comportamento dos alunos, e isso só será possível se todos trabalharem juntos.

 

 

5- Considerações Finais

 

Analisando os dados obtidos conclui-se que as causas diagnosticadas na Escola Sueli Olmira estão relacionadas aos obstáculos na ordem do conhecimento, isto porque a indisciplina presente na sala de aula é decorrente da falta de diálogos entre os funcionários da escola e os pais. Antunes (2002, p.20) ressalta que

 

O estabelecimento de canais límpidos de comunicação entre os alunos, diretores, pais, orientadores e professores. Esses canais não poderiam ser anarquicamente instituídos, mas normatizados, mostrando a todos como e em quais momentos o diálogo é necessário e a crítica é imprescindível;

 

O diálogo é necessário para criar regras estabelecidas por todos os envolvidos na formação do aluno, a falta dele produz uma desorganização e muitas dificuldades que podem ser difíceis de ser resolvido, um exemplo disso são os alunos do 5º ano que estão dificultando todo o trabalho dos profissionais por causa da falta de comunicação entre a professora e a família, com toda certeza se os pais e a professora tivessem falando a mesma língua não teria queixa sobre a falta de limites de alguns alunos.

Esse mau comportamento dos alunos dificulta o trabalho do professor e o rendimento escolar dos envolvidos. Nesse caso a intervenção deve ocorrer em dois momentos: primeiro com a família e em segundo momento com a criança e o professor.

A partir da pesquisa conclui-se que os pais estão mais ausentes das reuniões escolares devido à sua carreira de trabalho, dificultando a relação entre a escola e os pais, percebe-se que os alunos estão numa fase difícil da puberdade e aproveitam o afastamento dos pais para gerar certos conflitos dentro e fora da sala de aula, dificultando o convívio entre eles e a professora.

É fundamental os gestores juntamente com os profissionais da educação realizar uma reunião para avaliar as principais dificuldades encontradas por eles no ano letivo e o que fazer para mudar isto, geralmente a indisciplina é um dos itens mais citados pelos professores, é o mais agravante também, sendo necessário criar métodos que possa amenizar, ou melhor, sanar a falta de limite instaladas nas salas de aulas.

Conclui-se que a fase da adolescência é a mais complicada para se estabelecer limites dentro da sala de aula prejudicando drasticamente o processo de aprendizagem desses alunos sendo fundamental a relação entre escola e família como mediadores de disciplina para que a queixa de indisciplina nesta faixa etária vem ser apenas história sobre o que é certo ou errado.

 

 

REFERÊNCIAS

 

ANTUNES, Celso. Professor bonzinho = aluno difícil: a questão da indisciplina em sala de aula. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

 

CARMO, Francielly Gomes dos Santos. Prováveis causas em que a família influencia na indisciplina escolar. Disponível em: http://monografias.brasilescola.uol.com.br/educacao/provaveis-causas-que-familia-influencia-na-indisciplina-escolar.htm. Acessado em 29/06/2018.

 

SOUZA, Maria Ester do Prado. Família/escola: a importância dessa relação no desempenho escolar. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1764-8.pdf. Acessado em: 05/07/2018.

 

VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula e na escola. São Paulo: Libertad, 1994.

VERGÉS, Maritza Rolim de Moura; SANA, Marli Aparecida. Limites e indisciplina na educação infantil. 3º Ed. Campinas, SP: Editora Alínea, 2012.