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A ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NOS ANOS INICIAIS

Noraneuza Rodrigues Lima

Luzilene Ramos

Fernanda de Oliveira Costa Ferareze

Lourdes Antunes de Souza Silva

 

 

RESUMO

O presente trabalho teve por finalidade de desenvolver as necessidades de estudar sobre a alfabetização e Letramento nos anos iniciais no decorrer do meu curso e no transcorrer desse processo de desenvolvimento, o incentivo a leitura nos anos iniciais. Para fundamentar esse contexto estudamos autores como: Soares (1988), Freire (2006), entre tantos outros que nos deram o norte para as nossas pesquisas. O presente artigo buscou analisar como acontece nos dias atuais, o processo de alfabetização e letramento nos ambientes escolares. Procuramos enfocar na capacidade que o indivíduo letrado de interpretar a sua realidade a partir do momento que o mesmo aprende a se apropriar da escrita e da leitura a partir do cotidiano.

 

Palavras Chaves: Alfabetização. Letramento. interpretar.

 

 

1. INTRODUÇÃO

 

Nessa pesquisa procuramos compreender o contexto da alfabetização e do letramento, na educação infantil, nos anos iniciais e qual a importância de saber ler e escrever na sociedade de cultura escrita. Desenvolvem nesse estudo um passeio dentro do entendimento das propostas de melhoria no entendimento dos alunos.

Quando esse documento for lido, deverá encontrar propostas que evidenciem a importância da alfabetização e do letramento ser realizado em sala de aula, e os possíveis caminhos que o alfabetizador deverá percorrer para que seus alunos se saiam bem nessa aventura, da alfabetização de ler e escrever.

Compreendemos que a linguagem e a escrita é a essência da ação humana, assim como declara Bakhtin (2010), somos seres sociais cujo desenvolvimento de aprendizagem ocorre por meio da interação com o outro e com a forma utilizada por ele para que o mesmo possa desenvolver a sua aprendizagem.

Para que o aluno, no decorrer de seus estudos possa desenvolver uma aprendizagem na leitura para a fruição do texto, o mesmo deve ter sido iniciado no período dos anos iniciais, o desenvolvimento do ato de compreensão de seus estudos é uma condição prévia para o pleno desenvolvimento da cidadania autónoma.

Com esse fato o indivíduo alfabetizado deve se tornar um sujeito letrado capaz de envolver-se nas práticas concretas de leitura e de escrita porque “Letrar” é mais que alfabetizar.

 

 

2. Da alfabetização e Letramento nos anos inicias

 

 

A Alfabetização e o letramento devem ter a importância da presença na educação Infantil e nos anos iniciais. A alfabetização é um processo de interação e especificamente o estudo de saberes e conhecimento de leitura e escrita. se especificamente a aprendizagem é uma forma de englobar a visão de todos os sentidos. Ou seja, ao desenvolvimento das competências básicas que levam uma pessoa a decodificar a língua escrita e ser capaz de entender como ler e escrever palavras, montar frases etc.

A primeira vista do letramento tem uma visão de respeito a um contexto mais amplo. Ele não se limita à aprendizagem das letras e símbolos escritos, mas à função social que a linguagem escrita ocupa em uma sociedade. É o que leva o estudante a saber compreender e interpretar os usos dessa linguagem. Ou seja, são processos distintos porém indissociáveis que deve caminhar, lado a alado, sendo que alfabetizado é aquele aluno que conhece o código escrito, sabe ler e escrever. Letrar, no entanto é mais que alfabetizar e sim ensinar a ler escrever dentro de um contexto de leitura e escrita que tenha sentido e que faça parte da vida do aluno. Nesse sentido, o mesmo possa adquirir o gosto e hábito pelo sistema da escrita e da leitura.

 

O letramento, é o uso que se faz da língua escrita com toda sua complexidade, em práticas sociais de leitura e escrita, é aquele indivíduo que sabe ler e escrever, e que usa socialmente a leitura e a escrita, que pratica e responde adequadamente às demandas sociais. (SOARES, 2001, p 39-40)

Krammer (1986) nos afirma que mais que um processo de alfabetização o saber ler implica no desenvolvimento da comunicação e expressão com ênfase no processo de produção e utilização de textos. Para o autor:

 

... com especificidade e autonomia em relação à língua oral, e ainda, os determinantes sociais das funções e fins da aprendizagem da língua escrita. Cabe ao professor apresentar ao aluno práticas significativas no seu cotidiano escolar, apresentando situações diferenciadas, como carta; receita, um anúncio de jornal, uma bula, um texto informativo entre outros.

 

De acordo Soares, afirma que diferentes tipos de gêneros textuais levam ao aluno a desenvolver habilidades de produção de texto escritos, além de aperfeiçoar as habilidades já adquiridas e também a produção de texto oral.

Na realidade Soares aqui já está falando do processo de letramento e procurando demonstrar que só o ato de alfabetizar, não torna o indivíduo capaz de se comunicar socialmente. Propiciar momentos como esse significa ensinar de fato a leitura escrita, para isso é fundamental que os professores alfabetizem letrando, desde as series iniciais.

No contexto atual a alfabetização deverá proporcionar mecanismos para inserir a criança no mundo cultural, bem como a inserção da mesma na sociedade, a partir de sua capacidade de ler e escrever. A criança deverá ter ao se alfabetizar a capacidade de interagir com outras pessoas, ter contato com muitos textos, muitas formas de escrever e a partir desse fato conseguir escrever o seu próprio texto.

A medida que a alfabetização se aproxima do letramento, recebe novos entendimentos e novas dimensões, principalmente quando dá a possibilidade desse conhecimento, tornar-se importante para a sociedade a qual a mesma pertence. Nesse contexto cada educador sabe a parcela de sua responsabilidade no processo de letramento, pois sabem que o conhecimento, está associado a novos horizontes e ele deverá possibilitar ao estudante a ampla capacidade de compreensão.

Soares (2010) já deixa claro que no processo de alfabetização e letramento o educador deverá desenvolver várias habilidades, pois esse conhecimento:

 

[...] implica habilidades várias, tais como: capacidade de ler ou escrever para atingir diferentes objetivos para informar ou informar-se, para interagir com os outros, para imergir no imaginário, no estético, para ampliar conhecimentos, para seduzir ou induzir, para divertir-se, para orientar-se, para apoio á memória, para catarse...: habilidades de interpretar e produzir diferentes tipos e gêneros de textos, habilidades de orientar-se pelos protocolos de leitura que marcam o texto ou de lançar mão desses protocolos, ao escrever: atitudes de inserção efetiva no mundo da escrita, tendo interesse e informações e conhecimentos, escrevendo ou lendo de forma diferenciada, segundo as circunstancias, os objetivos, o interlocutor [...]. (SOARES, 2001, p. 92)

 

Nesse contexto, associando a alfabetização e o letramento, na aprendizagem humana, poderemos citar também Paulo Freire, que os educadores deveriam ajudar seus alunos a compreender o mundo e suas relações políticas, suas relações econômicas e sociais, pois para o autor aprendemos a ler para poder participar ativamente da sociedade a que pertencemos.

Observando a alfabetização sob a ótica do letramento, verificamos que ela não é só de responsabilidade do professor, mas sim da escola inteira, bem como da sociedade em que a mesma está inserida.

Todo o profissional da área da educação deverá ter conhecimento que nos dias atuais todo o processo de alfabetização deverá estar centrado na capacidade que a criança tem de compreender os fatos e de através disso poder se comunicar, sem esquecer que cada criança tem a sua forma de aprender e tem o seu tempo para isso. Explicando-nos esse fato Demo (2007), já nos instrui que “A questão fundamental é de aprendizagem a partir das crianças. Assim a leitura não pode ser ensinada para as crianças. A responsabilidade do professor não é a de ensinar as crianças a ler, mas a de tornar a aprendizagem possível.”.

Tonucci (1985) já nos fala que ensinar a ler e a escrever não significa fornecer uma técnica, mas um modo de comportar culturalmente sabe ler a pessoa que gosta de ler e lê qualquer coisa.

Aqui entra segundo Soares (1999), a função do letramento, pois sob essa ótica o indivíduo apodera-se da escrita e da leitura para o seu uso na sociedade. Esse processo traz muitas consequências a ele, são elas são políticas, econômicas, sociais e culturais.

Observando esse fato poderemos afirmar lendo os autores que um sujeito letrado é aquele que se apropriou da leitura e da escrita com sucesso de forma que possa utilizar esses fatores com desenvoltura, procurando perceber todas as situações sociais e profissionais. Nessa sociedade capitalista, o ato de mecânico de escrever e ler já não são satisfatórios, pois é preciso que os alunos sejam inseridos na sociedade, então o letramento passa a se tornar um caminho para que esses alunos adquiram o conhecimento que é extremamente importante para que o mesmo aça parte da sociedade a que pertence.

Sabemo-nos que para formar um leitor e um escritor, é preciso que o mesmo seja formado desde os anos iniciais, ou seja, no momento em que a leitura e a escrita são o centro de sua aprendizagem, mas sempre citando Soares (1999) não é a capacidade de ler e escrever que torna um indivíduo letrado, mas sim a sua capacidade de inserir esse fator em atividades múltiplas.

A leitora ainda afirma que o processo de letramento desenvolve o intelecto, pois a escrita afeta a maneira de pensar nos processos de leitura, na interpretação, na discussão e na produção de textos. Esse debate, do letramento e da alfabetização, surgiu porque em pesquisas pode-se perceber que apesar das crianças frequentarem a escola e aprenderem a ler e a escrever, não estava inserido na sociedade.

Segundo Soares apud Carvalho (2005), infelizmente em nosso país o letramento e a alfabetização se confundem e isso não é bom, pois os processos de alfabetizar e letra são específicos. Alfabetizar é ensinar o código alfabético, letrar é familiarizar o aprendiz com os diversos usos sociais da leitura e da escrita.

A mesma autora nos escreve sobre o significado da palavra letramento, significa muito mais do que saber ler e escrever, mas sim fazer esses mesmos processos sem esquecer-se de entender do significado deles dentro da sociedade a que pertence.

Para Kleimam (2007), o letramento é uma reflexão do ensino e da aprendizagem, sem esquecer-se dos aspectos sociais do saber ler e escrever. Quando um ambiente escolar assume o letramento, segundo a autora, é quebrar paradigmas, adotando uma alfabetização como processo social da escrita, ou seja, desenvolver as habilidades individuais de criar um texto. No que se refere às atividades, dentro do processo de letramento, não há distinção das atividades sociais das demais atividades.

A autora ainda nos afirma que alfabetização não é letramento, mas sim um trabalho onde são feitas relações entre o que se aprende na escola, em casa e na sociedade, em exercícios de aprendizagem para o aluno. Para Que ocorra o letramento é preciso que o aluno aprenda a realizar leituras de diversos gêneros, buscando informações, para que o mesmo possa escrever e a partir dessas ações poder se orientar no mundo.

Soares (1999) ainda afirma que letramento é um estado ou uma condição, onde não se destaca somente a capacidade de ler e escrever, mas de usar essas informações para viver em sociedade. Mas para Demo (2007) citando Paulo Freire não existe distinção entre os dois processos, pois se entendermos a alfabetização como um processo de ler o mundo, o que exige o domínio do código, mas na condição simples de instrumento formal. Segundo o autor citado o que importa é a habilidade de dar conta a realidade circundante pela via da interpretação e intervenção questionadora.

Uma das críticas à educação brasileira é o fato de se preocuparem mais com os índices de reprovação/aprovação do que com os índices de analfabetismo, esse fato acaba mascarando as informações e deturpando a realidade. Como podem existir indivíduos letrados em um país que existe um alto índice de analfabetismo.

Ao invés de preocupar com índices a sociedade, segundo Soares (1999), a sociedade deverá se preocupar em ensinar a ler e a escrever, para que as pessoas possam através desses saberes possam apropriar-se das práticas sociais do seu cotidiano. Assim o letramento torna-se importante, pois além de ensinar a ler e a escrever dá condições para que os alunos possam viver em sociedade.

Segundo Bakhtin (2010), somos seres sociais cujo desenvolvimento da aprendizagem ocorre por meio da interação com o outro, e o letramento é resultante dessa interação social, ou seja, um indivíduo sozinho é incapaz de estabelecer um símbolo imbuído de valores sem consenso geral. É necessário que outros indivíduos compactuem das mesmas idéias representadas pelos mesmos signos, caso contrário, sua comunicação será sem valor.

Freire (2006) se referindo a aprendizagem, mas não ao letramento, “a leitura do mundo precede a leitura da palavra, ficando clara na concepção de leitura do autor a superação da decodificação da escrita, devendo existir a partir dessa leitura, uma relação direta com a vivência de cada um, na qual se interligam signos e significados para uma execução em conjunto.

Devemos lembrar que quando usamos o letramento o aluno deverá conseguir desenvolver a capacidade de compreensão e produção textual necessária para transitar pelos diferentes setores sociais e exercer com propriedade a sua posição de cidadão. Para que isso aconteça é preciso que o mesmo saiba ler e escrever, mas deverá estar capacitado para reconhecer vários gêneros contextuais, com capacidade de fazer análise e criar um texto próprio.

Kleiman (2000) cita três níveis de conhecimento essenciais para que a compreensão possa ocorrer. O conhecimento linguístico, o conhecimento textual e o conhecimento do mundo. Esse conhecimento refere-se ao conhecimento da linguagem utilizada pelo autor do texto, o conhecimento textual é adquirido ao longo da aprendizagem de leitura, quando se entra em contato com diferentes gêneros textuais e o conhecimento do mundo é o que permite fazer a interferência, é nossa percepção ativada por meio de nossas memórias.

Esse processo corre no início da alfabetização e não pode ter fim, pois um indivíduo é considerado letrado, quando consegue evoluir junto com a sociedade, para Mortimer e Van Doren (2010) relatam que praticamente todos os homens são capazes de reconhecer as palavras, as frases e seus significados e pronunciá-las oralmente, mas poucas pessoas segundo os autores conseguem escrevê-las corretamente e uma parte menor conseguem realmente associar a sua realidade.

Segundo Brasil (1998), “a leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação e interpretação do texto, a partir dos seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor de tudo o que se sabe sobre a linguagem.” Para que o processo de letramento ocorra, é necessário que haja um conhecimento que servirá de subsídio para a escrita, ou seja, a produção textual é resultado dos conteúdos absorvidos em leituras diversas.

No que se refere ao aprendizado é permeado de fatores políticos, sociais, econômicos e culturais, mas se torna mais visível através da capacidade de produzir um texto, pois segundo Sautchuk (2011), a comunicação verbal, oral e escrita, sempre por meio de textos. De acordo com esse autor “toda a unidade de comunicação é elaborada por alguém e enviada a outro e isso afeta a vida dos dois comunicantes”. Isso nos dá a intensidade do letramento na inserção social do homem.

Para Soares (2010) o letramento se refere aos processos e a capacidade de cada indivíduo, no que se diz respeito da leitura e da escrita. A autora inda nos fala que o indivíduo ao apropriar-se da escrita, torna-o diferente de quem só aprendeu a ler e escrever. Aprender a ler e escrever significa adquirir uma tecnologia, a de codificar em língua escrita.

Soares (2010) fala que quando alguém se apropria da escrita é fazer com que se torne de sua propriedade. Outra dimensão em que observamos esse aprendizado é no meio social, ou seja, como as pessoas utilizam esses aprendizados em uma determinada situação social.

 

O uso de habilidades de leitura e escrita para o funcionamento e a participação adequados na sociedade, e para o sucesso pessoal, o letramento é considerado como um responsável por produzir resultados importantes: desenvolvimento cognitivo e econômico mobilidade social progresso profissional e cidadania.

 

Soares (2010) nos falando ainda do processo, afirma ser um processo que cria condições para a aquisição de uma consciência crítica das contradições da sociedade em que os homens vivem e de seus objetivos, também estimula a iniciativa para que eles desenvolvam a capacidade de desenvolverem projetos capazes de atuar sobre o mundo.

A autora desconsidera o aprendizado fora do ambiente escolar, pois ela considera que o letramento é um processo que deverá ser controlado, embora nem sempre seja coerente com as habilidades de leitura e escrita e as práticas sociais, fora do ambiente escolar.

Para Oliveira (2008) é inegável a importância da apropriação do sistema alfabético de escrita, mas a inserção social do leitor no mundo da escrita deve ser pautada em uma bibliografia, que possam torná-lo um leitor crítico. Soares (2003) defende que o letramento dá adaptação adequada ao ato de ler e escrever, mas segundo a autora “é preciso compreender, inserir, avaliar, apreciar a leitura e a escrita”.

Segundo a autora o letramento tanto dá a capacidade de assimilar técnicas de alfabetização, quanto à capacidade de utilizar essa técnica para algo que envolva a sociedade. A autora ainda afirma que se uma criança sabe ler, mas não lê um livro, uma revista ou um jornal, se sabe escrever, mas não consegue escrever uma carta, é alfabetizada, mas não é letrada.

Ferreiro (2001) nos afirma que a escrita é importante na escola, porque é importante fora dela e não ao contrário, nesse contexto observamos que para uma criança ser alfabetizada plenamente é preciso que a mesma tenha acesso há outros contextos, que interliguem a sua realidade e a sala de aula, afim que ele utilize os saberes da sala de aula, em seu contexto social. (FREIRE, 1991)

Freire (1991) nos afirma que a escrita é uma prática discursiva que na medida em que possibilita uma leitura crítica da realidade, se constitui como um importante instrumento de resgate da cidadania e reforça o engajamento do cidadão nos movimentos sociais que lutam pela transformação social.

Enquanto o processo de alfabetização preocupa-se com a conquista da escrita de um indivíduo ou um grupo, o processo de letramento preocupa-se com um sistema escrito por uma sociedade. A partir desse contexto e de tudo que lemos até agora para podermos escrever esse artigo, verificamos que o letramento e alfabetização são dois processos que devem andar em conjunto na formação do indivíduo social.

Para que a criança saia do processo de alfabetização para o processo de letramento será preciso que o seu professor traga vários textos, que devem ser utilizados em muitos contextos, de preferência com vários enfoques. Segundo Solé (1998) “a leitura pode ser considerada um processo constante de elaboração e verificação de previsões que levam à construção de uma interpretação”, sempre enfocando que um aluno poderá trabalhar com um texto, mas com diversos enfoques, sempre levando para a sua realidade.

Weisz (1988) já nos ensina que o conhecimento não é “algo externo, que devemos introduzir no aluno, mas sim algo interno, que deverá ser construído, então o aluno não é participante dessa realidade, mas sim o sujeito dela”. Então considerando Vygotsky (1988) sempre que compreendemos a língua escrita, já aprendemos compreender a falada.

Nesse processo de letramento o aluno deverá ser capaz de ler o texto escrito, interpretá-lo e depois ser capaz de criar um texto que tenha como base o texto anterior. Segundo Smith (1989) “o aprendizado pode ser considerado como a modificação do que já sabemos como uma consequência de nossas interações com o mundo que nos rodeia”.

Na realidade isso nos diz que o aluno deverá ser capaz de inserir o texto lido naqueles conhecimentos que ele está construindo, os seus saberes e a sua curiosidade do mundo que o cerca, é isso que o torna um indivíduo letrado.

Para que o aluno possa entender o que ele está lendo é preciso que ele aprenda a construir esse processo diariamente, mas sempre levando em consideração seus conhecimentos adquiridos nas leituras realizadas no mundo. Isso significa que a leitura e a escrita deverão poder inserir esses indivíduos no mundo que o cerca.

Para Freire (2005) isso se torna claro quando se “existe saber na invenção e reinvenção, na busca inquieta, impaciente, permanente, que os homens fazem no mundo, com o mundo e com os outros”

Quando o aluno assume o controle da sua leitura, ele poderá criar objetivos, gerar hipóteses, isto é, criar uma releitura do que está pré-estabelecido pela leitura anterior e a partir disso criar uma nova realidade, isso é letramento.

 

 

Considerações finais

 

Esse artigo procurou discutir os processos de alfabetização e letramento, sob a ótica dos pensadores descritos no texto acima. Procuramos com a leitura dos textos verificarem a possibilidade do aluno desenvolver e participar de interpretar através da leitura todo o contexto social em que vive.

Durante a leitura dos autores concluímos que para o aluno possa aprender a ser letrado, ele deverá ser incentivado à ler todos os tipos de textos, onde o mesmo aprenderá, através da releitura a criar o seu próprio texto e assim interferir e mudar a sua realidade.

Percebemos no decorrer de nosso texto, que alfabetização e letramento são processos diferentes e que ao saber ler e escrever, o aluno poderá ou não ser considerado letrado. Ser um indivíduo letrado, não significa só saber ler e escrever significa interpretar o texto lido e ter a habilidades concretas de escrever o seu próprio texto, coerente e crítico, tendo como base aquele que foi lido por ele.

Um indivíduo letrado poderá mudar a sua realidade, através da interpretação, das realidades de outros, pois um texto criado por um autor e mostra a realidade dele e o aluno deverá ser capaz de criar um texto que demonstre a sua realidade.

 

 

REFERÊNCIAS

 

BRASIL. Ministério da Educação. Ampliação do Ensino Fundamental para Nove Anos. Brasília, DF. 2004. Relatório.

 

DEMO. Pedro. Leitores para Sempre. Porto Alegre 2º Ed. Porto Alegre: Mediação, 2007.

FREIRE. Paulo & MACEDO, Donaldo, Alfabetização: leitura do mundo, leitura da palavra. São Paulo: Paz e Terra, 1990.

 

FREIRE. Paulo. Pedagogia do Oprimido. 44º Ed. São Paulo: Paz e Terra, 2005.

 

KLEIMAN. Ângela. Texto e Leitor, aspectos cognitivos da leitura. 7 ed. Campinas: Pontes, 2000.

 

Preciso Ensinar o letramento? Não basta ensinar a ler e escrever? Cefiel/EIL/ Unicamp, 205-2010.

 

SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2004b.

 

SOARES, Magda. Alfabetização e letramento. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2001.