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O PROFESSOR COMO MEDIADOR NA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Andreza Maria Teixeira Faro

Vilany Angela da Silva

 

 

RESUMO

O presente artigo tem como objetivos enaltecer o Professor como Mediador na Contação de História e o Processo de Aprendizagem da Criança na Educação Infantil, discutir suas contribuições para a formação do futuro leitor e para o desenvolvimento da oralidade,  compreendendo que esta prática nesta modalidade de ensino é uma forma de ampliar os conhecimentos em busca de melhores ações educativas com as crianças, visto que a contação de história na infância poderá proporcionar a criança oportunidades de desenvolver outras habilidades contextualizadas com a história ouvida. Entretanto vale ressaltar que o ato de contar histórias nas escolas não é atual, contudo, nos dias de hoje esta prática foi ressignificada e passou a ser utilizada por professores como estratégia de ensino. Pois a leitura estimula a criatividade e a imaginação, e, quando contada ludicamente, estimula também o interesse dos pequenos em ler.  Sendo assim, para o desenvolvimento deste trabalho utilizou-se de pesquisa exploratória bibliográfica, analisando textos que abordam a temática da contação de histórias na Educação Infantil, a fim de compreender sua contribuição para o desenvolvimento das crianças. Diante disto, a contação de histórias pode ser uma rica estratégia de ensino, uma vez que pode contribuir na construção de novos leitores, trabalhar com diversas temáticas em sala de aula de maneira lúdica e ajudar no desenvolvimento da comunicação oral entre as crianças. Por fim, pode-se concluir que o professor/contador de histórias deve buscar recursos que sejam de interesse dos ouvintes, ter conhecimento acerca da história a ser narrada e compreender que contar história não é uma tarefa simples, mas uma arte que requer conhecimento e estudo para efetuá-la. Com essas ferramentas a criança poderá; criar, se expressar, dramatizar, vivenciar de forma imaginária as ações dos personagens das histórias contadas e relacionar as ações dos personagens com os fatos reais do seu cotidiano, como forma de expressar, construir e aprender novos conhecimentos de forma coletiva.

 

Palavras - Chaves: Professor. Contação de História. Aprendizagem. Educação Infantil.

 

 

INTRODUÇÃO

 

Diante do contexto atual pode-se ressaltar que vivemos em uma sociedade globalizada a qual tem contribuído para que a educação seja valorizada e se torne prioridade desde a educação infantil. Pois, esta vem se transformando a cada dia, levando-nos a repensar e criar formas de valorização das crianças como seres que possuem direitos e deveres. Diante disso diversas atitudes são tomadas em relação à forma de cuidar e educar nossas crianças.

Portanto a contação de história na educação infantil tem grande utilidade no desenvolvimento das crianças. Sendo assim, é muito importante que os educadores busquem utilizar a contação de história em sala de aula, criando momentos agradáveis e confortáveis para o bom desenvolvimento de todos na educação infantil.

Nesse contexto Silva ressalta que:

 

A contação de histórias é vista como uma atividade pedagógica que trás encantamento, prazer e imaginação, não podendo ser dissociado do trabalho com os conteúdos curriculares. As diversas atividades escolares, ao serem integradas á contação de histórias podem vir a resultar em processos potencializadores, resultando em conhecimentos sociais, científicos e pessoais (2017, p. 19)

 

Pensando nessa prática do professor como mediador o referido trabalho foi desenvolvido, mostrando propostas para enriquecer a prática docente em sala de aula. Uma história contada na forma adequada ao momento levará uma criança a um mundo imaginário que lhe levará a sentir prazer em sair de sua casa e ir à escola, pois muitas das vezes as crianças da educação infantil sentem certo receio por estar longe de casa.

Nessa perspectiva muitas unidades infelizmente  acabam não investindo em espaços específicos para a contação de história, nem se preocupando na especialização dos educadores para desenvolver a contação. Pois sabe-se que  as instituições de ensino têm o papel fundamental para contribuir e estimular a contação de história na educação infantil.

Toda via a Contação de História pode contribuir de forma significativa no processo de aprendizagem das crianças da Educação Infantil. Pois o prazer que a criança tem de ouvir e contar histórias é um claro indicador de que a fantasia e a imaginação são muito importantes para ela conhecer e compreender”. Sendo assim a contação de história deve ser exposta ás crianças em uma linguagem que as mesmas entendam e que seja bem clara e de forma dinâmica para uma compreensão satisfatória.

Por fim, de nada adianta contar uma história utilizando uma linguagem fora da faixa etária das crianças da educação infantil.  A contação de história é importante e os educadores devem utilizar nos momentos certos e terá grande efeito no processo da aprendizagem.

 

 

BREVE CONCEITO DE HISTÓRIA INFANTIL

 

Os primeiros livros para crianças surgem no final do século XVII escritos por professores e pedagogos, e no Brasil no final do século XIX, com objetivo de ensinar valores, ajudar a enfrentar a realidade social e propiciar adoção de hábitos. Desta forma a história infantil não resulta de trabalho elaborado por crianças, mas fruto da inteligência já amadurecida de quem conhece por estudo, ou intuição as qualidades ou requisitos que devemos encontrar numa narrativa destinada a crianças. Os pais, os mestres, os educadores, todos quantos tenham qualquer parcela na formação intelectual e moral dos pequeninos de hoje, serão os homens do futuro, estão convencidos de que essas narrações, que tanto revelam, divertem, instruem e edificam o mundo da criançada, constituem em nossos dias objeto de acurados estudos, observações, e pesquisas, cujo fim essencial consiste em tirar todo o partido possível de tão atraente atividade, separando-se o joio do trigo, aprimorando o quer for bom e suprindo as toxinas da ignorância ou o que a malícia humana haja enxertado.

Para Freire (1989, p.37), no momento em que a criança começa a se comunicar, ela representa suas ações e, para isso, “penetra num mundo extremamente diferente do mundo dos adultos, que é o mundo da fantasia, do faz de conta.”.

Assim pode-se dizer que a literatura infantil, são os livros que promovem a emoção, o prazer, o entretenimento, a fantasia, identificação e o interesse da criançada (Leo Cunha, 1998), já para Coelho (1995), a literatura infantil tem papel de agente formador, capaz de transformar seus leitores, seja no diálogo estimulado pela escola, que tem importante papel de incentivar a leitura, oral ou escrita.

A história infantil é um capítulo da literatura infantil, que é parte da literatura geral, ou seja, a história infantil é a narrativa de um ou mais episódios verídicos ou não, com enredo simples ou complexo, que possa ser apresentado ao público infantil, juvenil e ou adolescente. Os estudiosos da leitura em voz alta defendem que para que o leitor consiga uma boa leitura é preciso que haja a interação do leitor com o texto, devido a isso a leitura deve ser parte do cotidiano do mesmo, deve ser sua paixão, pois só desta forma conseguirá levar aos ouvintes a magia e o prazer que a história proporciona, perfazendo uma atividade formativa. Assim a literatura para si e para os outros passa a se distinguir, sendo a segunda “um encontro entre as pessoas envolvidas na comunicação... uma pessoa que dá voz a um texto e outra que ao escutá-lo, a enxerga.”.

Através da história o ouvinte pode sentir emoções como raiva, tristeza, irritação, medo, bem estar, segurança, poder, dentre outros, aprendendo a ver o mundo com olhos de tolerância, e cria hipóteses para a resolução de sues problemas e, ao representar diferentes personagens, toma atitudes além de comportamento habitual de sua idade, pois busca alternativas para transformar a realidade. Na sua visualização ou recriação, realiza desejos e cria situações que satisfaça alguma necessidade interior, usando capacidades como observação, imitação e o principal, a imaginação.

Viajando pelo mundo da Fantasia, o ouvinte vive num mundo de faz de conta repleto de seres imaginários. Nele, habitam fadas, bruxas, super-heróis e terríveis monstros. Essas representações darão início a um faz de conta que além de ajudá-la a compreender situações conflitantes, ajuda a entender e assimilar os papéis sociais que fazem parte de nossa cultura (o que é ser pai, mãe, filho, professor, médico, etc.), desse modo que as crianças aprendem a viver: esbanjam criatividade, desenvolvendo o intelecto; realizam desejos e sensações, trabalhando o emocional; e ao criarem historinhas que se passam na escola, nos hospitais, nos supermercados, na rua ou mesmo em casa, familiarizam-se com a vida, aprendendo a lidar com regras e normas sociais.

 

 

A CONTAÇÃO DE  HISTÓRIA E A EDUCAÇÃO INFANTIL

 

Diante do contexto em estudo, vale ressaltar que a contação de história na educação infantil oferece as crianças estruturas para encarar os problemas de modo proveitoso e criativo, conduzindo a um mundo magnífico onde os métodos vivenciados pelos personagens e suas aventuras são cheias de significados. Entretanto, a criança sente isso, ela embarca no mundo do conto, um mundo de expectativa, escolhas e possibilidades: alternativas sobre o que fazer diante de uma ampla limitação, possibilidades e recursos criativos para a superação dos problemas e como lidar com os sentimentos

Sendo assim, a história infantil proporciona na criança uma alegria inexplicável, um prazer que exala por suas atitudes diárias. A história na educação infantil, traz ensinamentos positivos para e que nem sempre são percebidos no ato que a criança escuta a história.

Nesse contexto,  Abramovich (2003, p. 24)  reforça que:

 

Ouvir histórias é um momento de gostosura, de prazer de divertimento dos melhores... É encantamento, maravilhamento, sedução [...]. E ela é (ou pode ser) ampliadora de referenciais, postura colocada, inquietude  provocada, emoção deflagrada, suspense a serem resolvido, torcida desenfreada, saudades sentidas, lembranças ressuscitadas, caminhos novos apontados, sorriso gargalhado, belezuras desfrutadas e as mil maravilhas mais que uma boa história provoca [...] (desde que seja uma boa história)

 

Toda via, estas histórias, tão deliciosas, estimulam processos mentais que levarão à organização de ideias adequadas ao direcionamento e ampliação de valores éticos, adequado para construção da autoestima e da cooperação social. Dessa maneira a criança que escuta histórias infantis tem mais facilidade de sociabilização, e torna-se um jovem mais conscientes, da cooperatividade com o próximo, pois quando a senta em uma roda para escutar a história, comenta, interpreta, reconta,

opina, aprende a esperar sua vez de participar, a dar vez ao colega que faz parte da roda de história. Aprende a ouvir, a falar e expressar-se melhor. Nessa perspectiva percebe-se que o desenvolvimento do psico das crianças que escutam histórias infantis é mais aguçado do que o de criança que não tem esse hábito diário.

Com isso pode-se concluir que a contação de história na educação infantil é usada como auxílio para que a aprendizagem se tornasse mais interessante, já que a oralidade é bastante enfatizada e o imaginário estimulado. Contudo, compreende-se que para formar leitores precisamos como docentes, elaborar as estratégias a serem tomadas para alcançarmos os objetivos com sucesso. Pois, a linguagem brota como instrumento mediador durante os movimentos interativos com as crianças e com seus colegas; o entanto, a linguagem oral não é a único modo da criança se expressar; em seu universo, percebe-se o gesto, risos, expressões faciais, movimentos corporais que se constituem como as múltiplas linguagens dela.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

O artigo em evidência tem como  finalidade  analisar a contação de história como instrumento que estimula a criança à leitura. Sendo assim compreende-se que a relação entre adulto, história e criança, contribui no desenvolvimento intelectual, crítico, social e cultural, além de ampliar a sua imaginação. Desse modo, inferimos que a contação de histórias é um instrumento que implica diretamente no desenvolvimento infantil, promovendo desdobramentos que afetam o desenvolvimento criativo e de imaginação da criança.

Desse modo conclui-se que a contação de história possibilita a interação social que se consolida na relação da criança com os outros sujeitos e com o mundo, propiciando a apropriação e construção de novos significados, ao ouvir narrativas infantis. Pois a partir dessa inserção literária, as crianças tendem a querer conhecer outras histórias através dos livros, ampliando gradativamente seu universo de leitura e, consequentemente, seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e sócio-cultural.

 

 

REFERÊNCIAS

 

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