Buscar artigo ou registro:

 

 

A EDUCAÇÃO INFANTIL E OS DESAFIOS DO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DA CRIANÇA AUTISTA

Adevania Jenuaria Ramos

Adriana da Silva Duarte Gonçalves

Delânia Rebouças Neris

Leonam Carlos Ferreira de Sousa

Marina Lúcia da Silva

 

 

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo compreender a educação infantil e os desafios do processo de ensino aprendizagem da criança autista. Diante disso pode-se ressaltar que o autismo é classificado como um dos “Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD)”, é descrito como um espectro, pois as características podem variar do leve ao mais severo, comprometendo o desenvolvimento normal do indivíduo, afetando a interação social, a comunicação e o comportamento, essa dificuldade faz com que as crianças com autismo, sejam bastante limitadas em todo o processo de ensino aprendizagem. Diante desse contexto a legislação brasileira garante a toda criança, o direito à educação e está prevista sua inclusão de ser matriculado e permanência na rede regular de ensino, há um aumento expressivo de alunos com o Transtorno de Espectro Autista (TEA) nas escolas. Portanto a inclusão é um processo complexo e demorado, não basta que a escola se organize apenas em sua estrutura física, faz-se necessário fazer adaptações na metodologia específica, na didática, na pedagógica, no currículo, além de formar e capacitar os docentes e os profissionais de apoio na educação especial. Sabemos que tem sido um grande desafio tanto para o profissional da educação quanto para o educando com autismo no seu processo de escolarização, pois a falta de conhecimento da síndrome e de metodologias adequadas para o ensino deste aluno tem feito com que a aprendizagem seja comprometida. Sendo assim, verifica-se uma grande lacuna no processo de ensino aprendizagem da criança com autismo na educação pela falta de conhecimento de métodos específicos que o professor poderia colocar em sua prática, mediando e apoiando a aprendizagem desse aluno autista. A família tem sido parte fundamental nesse processo, pois a participação dos familiares na vida escolar da criança contribui para que o ensino aprendizagem aconteça de forma expressiva.

 

Palavras-chave: Autismo. Desafios. Aprendizagem. Educação Infantil.

 

 

INTRODUÇÃO

 

Diante do contexto atual o autismo ou Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode ser definido como um distúrbio de desenvolvimento. Com isso o autismo é descrito como um espectro, pois as características podem variar do leve ao mais severo, compromete o desenvolvimento normal e se manifesta antes da idade de 03 anos afetando nos indivíduos a interação social a comunicação e o comportamento, essas dificuldades faz com que as crianças com o TEA, sejam bastante limitadas em todo o processo de ensino aprendizagem.

Entretanto pode-se ressaltar que educar uma criança diagnosticada com autismo tem sido um grande desafio para todos os profissionais da educação, a falta de conhecimento sobre a síndrome faz com que surgem muitas dúvidas sobre qual a melhor forma de promover a educação para essas crianças e como poderá ser feito as devidas intervenções no seu processo educativo.

De acordo com a LDB/9.394/96 Art. 5º o acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão ter acesso. E a criança autista é também um sujeito histórico e de direitos devem ter ao acesso a educação como qualquer outro cidadão. Entretanto diante de todos os desafios é necessária a busca de conhecimento sobre o espectro do autismo, informações que possibilitem a escolarização do aluno com autismo e que lhes sejam ofertadas oportunidades para que o processo de ensino aprendizagem ocorra de forma eficiente. Sendo assim é preciso que os profissionais da educação sejam capacitados com conhecimento sobre os aspectos do autismo para tornar possível a sua escolarização.

Para esse trabalho foi usada pesquisa bibliográfica como base de revisões de narrativas de trabalhos já antes descritos, pois dessa forma houve uma maior possibilidade de acesso às experiências de autores que já pesquisaram sobre o tema “autismo”. A vantagem desse tipo de pesquisa é de colocar o pesquisador em contato com materiais já publicados permitindo um enriquecimento do tema da pesquisa.

Diante disso Fonseca (2002, p. 32) ressalta que:

 

A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem, porém pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta (FONSECA, 2002, p. 32).

 

Entretanto pode-se concluir que essa pesquisa, discorre sobre as estratégias de ensino para alunos com autismo da educação infantil. Objetivou-se investigar as estratégias de ensino dos professores para alunos com TEA na educação infantil. Como desdobramento deste objetivo, foram definidos os seguintes objetivos específicos: Identificar as estratégias de ensino de professores para o desenvolvimento das aulas; conhecer os desafios encontrados por professores e responsáveis diante do contexto de ensino na educação infantil.

 

 

CONCEITO DE AUTISMO

 

O autismo ou Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado como uma síndrome comportamental que compromete o desenvolvimento ao longo da vida. As principais alterações identificadas são o déficit nas áreas de comunicação e socialização, padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. Pois pode-se ressaltar que com tratamento adequado, a pessoa autista pode ter uma vida normal, dependendo do nível de gravidade do distúrbio. Por norma, os sinais de autismo podem ser identificados antes dos 36 meses de idade. Durante a infância, esse distúrbio costuma ser chamado de autismo infantil, uma síndrome de comportamento que predomina em meninos e faz com que as crianças tenham reações comportamentais diferentes. O principal sintoma do autismo infantil é o isolamento. As causas do autismo ainda são desconhecidas, mas diversos estudos sugerem que a causa pode variar entre fatores genéticos ou algo de natureza externa, como complicações durante a gravidez ou a sequela de uma infecção provocada por um vírus.

O Autismo foi descrito pela primeira vez pelo psiquiatra infantil Leo Kanner em 1943 nos EUA, é definido como síndrome, por possuir sintomas e características comportamentais específicas em sujeitos afetados por ela. O autismo é também denominado como Transtorno do Espectro Autista (TEA), podendo variar do leve ao mais severo. Suas características principais são o isolamento social do sujeito, sua incapacidade de comunicação verbal, ou seja, atraso na fala e comportamentos estereotipados. Segundo Brito, (2015, p.82)

 

O autismo é uma síndrome complexa que afeta três importantes áreas do desenvolvimento humano que é a comunicação, a socialização e o comportamento.

 

Dessa maneira, vale ressaltar que existe a necessidade de descobrir os desafios do ensino aprendizagem do Autista na educação infantil, tendo a carência de transmissão de conhecimentos e informações a respeito do autismo, para a interação social e comportamental na escola.

 

 

A EDUCAÇÃO INFANTIL E O AUTISTA

 

O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista é feito por profissionais especializados, geralmente por uma equipe multidisciplinar com médicos, psicólogos, terapeutas comportamentais, entre outros. Pois quando o diagnóstico é precoce, o aprendizado das crianças é favorecido, pois é possível adotar estratégias específicas para o desenvolvimento de suas habilidades. De acordo com Cunha, (2016, p.23).

 

O diagnóstico precoce é o primeiro grande instrumento da educação. O que torna o papel docente fundamental, pois é na idade escolar, quando se intensifica a interação social das crianças, que é possível perceber com maior clareza singularidades comportamentais. Será sempre pertinente o professor ou a professora observar atentamente seu aluno, quando este apresentar algumas das seguintes características comportamentais: retrai-se e isolar-se das outras pessoas; não manter o contato visual; desligar-se do ambiente externo; resistir ao contato físico; inadequação a metodologias de ensino; não demonstrar medo diante de perigos; não responder quando for chamado; birras; não aceitar mudança de rotina; usar as pessoas para pegar objetos; hiperatividade física; agitação desordenada; calma excessiva; apego e manuseio não apropriado de objetos; movimentos circulares no corpo; sensibilidade a barulhos; estereotipias; ecolalias; ter dificuldades para simbolizar ou para compreender a linguagem simbólica; e ser excessivamente literal, com dificuldades para compreender sentimentos e aspectos subjetivos de uma conversa. (CUNHA, 2016, p. 24-25).

 

Dessa maneira os professores da educação infantil têm um papel ativo nesse processo, utilizando práticas pedagógicas inclusivas para ajudar seus alunos com autismo a desenvolver habilidades de comunicação, sociais e comportamentais. Dessa forma a educação infantil é a porta de entrada da escola, portanto, a base do processo de aprendizagem. Com isso, é muito importante conhecer as características e necessidades dos alunos com autismo, para entender quais as melhores estratégias para usar em sala de aula.

Entretanto, a escola de educação infantil contemporânea, considerada um espaço e tempo de aprendizagem, desenvolvimento motor, de trocas interpessoais e promoção da diversidade entre os pares consiste em uma etapa importante para as crianças. Pensar sobre os processos inclusivo neste período de desenvolvimento é refletir sobre as possibilidades e práticas que consigam envolver e despertar o interessa das crianças, em especial a criança com Transtorno do Espectro Autista.

Nessa perspectiva, a inclusão entendida e narrada como um modo de abordar a diversidade sem cair no dualismo de superioridade e inferioridade, que entende as limitações como características presentes em todos os seres humanos aposta no conhecimento e em práticas pedagógicas que respeitam a diferentes formas de aprender. Onde toda via, a criança com TEA, como as demais, possui estilos de percepção e aprendizagem peculiares, com processos diferenciados para se expressar e assimilar informações e demonstrar afeto. Pois suas ações representam tentativas de lidar com um mundo que muitas vezes lhe parece confuso e difícil. Enquanto professora de educação infantil e de crianças com diagnóstico de TEA, compartilho da concepção de que os processos inclusivos devem ser cuidadosamente articulados nesta etapa, pois ser este um período em a que a criança aprenda a conhecer não somente a si próprio, mas também o mundo que a cerca.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

O presente artigo sobre a educação infantil e os desafios do processo de ensino aprendizagem da criança autista, possibilitou um melhor entendimento desde sua história até as características do comportamento do indivíduo autista, visto que, é um transtorno que abrange complexidade em todos os âmbitos sociais, principalmente no âmbito escolar.

Sendo assim, a análise dos artigos, realizada a partir do levantamento bibliográfico, possibilitaram identificar que as estratégias de ensino para a criança com autismo devem considerar suas especificidades. Pois a inclusão das crianças que apresentam “Transtorno do Espectro Autista” nas escolas de ensino regular é uma conquista assegurada por lei, posto que, de acordo com a literatura o convívio social contribuiu para o desenvolvimento do autista. E ainda se essa inclusão possa ser realizada de forma gratuita por meio da escola pública, melhor para as famílias que não possuem situação financeira elevada.

Diante desse contexto o trabalho escolar inclusivo não deve focar-se apenas nas dificuldades apresentadas pelo indivíduo autista, mas em suas potencialidades, visto que estas proporcionam maior impacto para o trabalho de seu desenvolvimento.

Entretanto, apesar da criança autista apresentar algumas dificuldades, leves, médias ou severas, para seu desenvolvimento cognitivo, comportamental, social, ao tentar interagir com a sociedade em geral, principalmente em sala de aula com crianças “ditas normais” é, preciso incluí-las dentro do contexto geral da escola respeitando as suas especificidades para que a mesma possa aprender e participar, estando incluída e não somente integrada.

Diante do contexto em estudo pode-se concluir que de acordo com as pesquisas a criança autista não está incluída e sim integrada, pois falta a escola de um modo geral, professores, pedagogos, gestores, coordenadores, funcionários, abraçarem a causa da criança autista, assim como toda criança com alguma especificidade, dando-lhe oportunidades como um sujeito de direitos.

 

 

REFERÊNCIAS

 

FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002.

 

ALVES, L. Educação remota: entre a ilusão e a realidade. Interfaces Científicas - Educação, [S. l.], v. 8, n. 3, p. 348–365, 2020. Disponível em:https://periodicos.set.edu.br/educacao/article/view/9251. Acesso em: 15 jun. 2021.

 

BRITO, Elaine Rodrigues. A inclusão do autista a partir da educação infantil: Um estudo de caso em uma pré-escola e em uma escola pública no Município de Sinop - Mato Grosso, Revista Eventos Pedagógicos Articulação universidade e escola nas ações do ensino de matemática e ciências v.6, n.2 (15. ed.), número regular, p. 82-91, jun./jul. 2015.

 

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM 5. Porto Alegre: Artmed, 2013.

 

ARAÚJO, L. Neuropediatra tira dúvidas sobre Autismo e destaca importância do diagnóstico precoce. Sociedade Brasileira de Pediatria. 2019. Disponível em https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/neuropediatra-tira-duvidas-sobre autismo-e-destaca-importancia-do-diagnostico-precoce/. Acesso em: 22 abr. 2021.

 

BARDIN, L. (2016). Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70.

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Resposta nacional e internacional de enfrentamento ao novo corona vírus. Brasília-DF: Ministério da Saúde, 2020.12

 

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília - DF: Presidência da República, 1988.

 

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº 12.764 de 27 de dezembro de 2012. Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; e altera o § 3º do art. 98 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Brasília - DF: Presidência da República, 2012.

 

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação da Educação. Brasília - DF: Presidência da República, 1996.

 

BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília - DF: Ministério da Educação, 2008.

 

BRASIL. Ministério da Educação. Portaria nº 343, de 17 de março de 2020. Dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do Novo Coronavírus - COVID-19. Brasília - DF: Ministério da Educação 2020.

 

CAMARGO, S. P. H. et al. Desafios no processo de escolarização de crianças com autismo no contexto inclusivo: diretrizes para formação continuada na perspectiva dos professores. Educação em Revista, v. 36, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102-4698214220. Acesso em: 01 jul. 2021.

 

CARVALHO, A. B. G. P.; ALVES, T. P. Narrativas dos professores nas redes: o percurso dos professores da Educação. Educar em Revista, v. 36, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0104-4060.76253. Acesso em 02 jun. 2021.

 

COLL, C.; MARTÍ, E. A educação escolar diante das novas tecnologias de informação e comunicação. In: COLL; César et al (org.) Desenvolvimento psicológico e educação. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.

 

CUNHA, Eugênio. Autismo na escola: um jeito diferente de aprender, um jeito diferente de ensinar- ideias e práticas pedagógicas. 4 ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2016.

 

DELIBERATO, D.; ADURENS, F. D. L.; ROCHA, A. N. D. C. Brincar e contar histórias com Crianças com Transtorno do Espectro Autista: Mediação do Adulto.

 

Revista Brasileira de Educação Especial, v. 27, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-54702021v27e0128. Acesso em: 01 jul. 2021.

 

ESCOLA, J. J. J. Comunicação Educativa: perspectivas e desafios com a COVID-19. Educação & Realidade, v. 45, n. 4, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2175-6236109345. Acesso em: 02 jul. 2021.