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JOGOS E BRINCADEIRAS NO PROCESSO DA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Andréa Calixto de Holanda Barros1

 

 

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo refletir a importância dos jogos e brincadeiras na prática pedagógica como facilitador do ensino/aprendizagem do aluno na Educação Infantil. Segundo Vygotsky o brinquedo tem um grande papel no desenvolvimento da identidade e da autonomia. Kishimoto (1998) os brinquedos e as brincadeiras são importantes espaços para a construção do gênero na educação infantil e anos iniciais, em suas pesquisas, procura discutir o lúdico como recurso pedagógico na formação plena da criança. Para Piaget, aprender brincando, com toda certeza, fará o aluno aprender mais rápido e com mais facilidade e é muito importante que o educador tenha objetivos para que pretenda atingir com este brincar.

 

Palavras-chave: Brincadeiras. Jogos. Criança. Brinquedos.

 

 

Introdução

 

A brincadeira faz parte da vida da criança e incluir o jogo e a brincadeira no campo educacional tem como pressuposto o duplo aspecto de servir ao desenvolvimento da criança, enquanto indivíduo à construção do conhecimento por meio desse processo está fortemente interligado. O jogo, o brincar e o brinquedo desempenham um papel muito importante na aprendizagem, assim o não incluir na dinâmica da escola é talvez renegar a nossa própria história de aprendizagem.

A escolha do referido tema “Jogos e brincadeiras no processo da aprendizagem na Educação Infantil” ocorreu da necessidade de compreender o processo de desenvolvimento e a aprendizagem da criança no âmbito escolar, como recursos didáticos propiciando situações de aprendizagem e desenvolvimento da criança. Contudo, o lúdico é um grande leque de possibilidades que merece toda atenção dos pais e educadores, pois é através dele que ocorrem experiências inteligentes e reflexivas, praticadas em emoção, prazer e seriedade.

O processo da pesquisa consiste em uma etapa essencial e enriquecedora na construção do artigo, oportunizando ao autor a possibilidade de aprofundar o conhecimento sobre o tema abordado e transmitir seu aprendizado no decorrer de sua pesquisa, visando auxiliar na resolução de dúvidas e questionamentos inerentes a sua atuação. Abordaremos nesta pesquisa os conceitos dos jogos e brincadeiras, como objeto de estudo, e como acontece o desenvolvimento e a aprendizagem da criança. Diante de todos os desafios surgiu a questão norteadora do estudo: Quais os conhecimentos necessários que o professor precisa ter para atuar com jogos e brincadeiras no processo da aprendizagem? De que maneira as atividades lúdicas contribuem para o aprendizado significativo da criança? São questões dessa natureza que vem contribuir para uma análise mais aprofundada da importância da formação desse profissional para a sua prática pedagógica.

Para responder ao questionamento acima, o objetivo geral desse estudo é identificar a contribuição dos jogos e brincadeiras na prática pedagógica para aprendizagem da criança na educação infantil.

A pesquisa é qualitativa e seus instrumentos são a revisão bibliográfica de livros, artigos científicos, documental embasada no Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (1998), que estabelece o direito das crianças a brincar, como forma de expressão, comunicação infantil, pensamento e interação, além da observação não estrutural, visto que acontece em espaço escolar. O autor esclarece:

 

A observação não-estruturada consiste na possibilidade de o observador integrar a cultura dos sujeitos observados e ver o “mundo” por intermédio da perspectiva dos sujeitos da observação e eliminando a sua própria visão, na medida em que isso é possível, segundo ressalta Bailey (1994). A questão inicial que se coloca é: O que observar? E nem sempre é fácil dar uma resposta plenamente satisfatória nos momentos iniciais do trabalho. (VIANNA, 2003, p. 26).

 

 

2. JOGOS

 

2.1 Conceitos e Origem e o Desenvolvimento da Criança

 

O termo lúdico vem da palavra latina “ludo”, que significa jogo, divertimento. Uma teoria quanto à sua função é de um treinamento para o desenvolvimento da inteligência, adquirida de forma prazerosa e descontraída.

Tentar definir o jogo não é tarefa fácil. Quando se pronúncia a palavra jogo cada um pode entendê-la de modo diferente. Pode-se estar falando de jogos políticos, de adultos, crianças, animais ou amarelinha, xadrez, adivinhas, contar estórias, brincar de mamãe e filhinha, futebol, dominó, quebra-cabeça, construir barquinho, brincar na areia e uma infinidade de outros.

Para Piaget (1998), a origem do jogo está na imitação que surge da preparação reflexa. Imitar consiste em reproduzir um objeto na presença deste. É um processo de assimilação funcional, quando exercício ocorre pelo simples prazer. A essa modalidade especial de jogo, Piaget denominou de jogo de exercício. Em suas pesquisas ele mostra que a imitação passa por várias etapas e com o passar do tempo, a criança é capaz de representar um objeto na ausência deste. Quando isso acontece, significa que há uma evocação simbólica de realidades ausentes. É uma ligação entre a imagem (significante) e o conceito (significado), capaz de originar o jogo símbolo, também chamado de faz de conta.

Para Piaget (2003), o símbolo nada mais é do que um meio de agregar o real aos desejos e interesses da criança. Aos poucos, o jogo simbólico vai cedendo lugar ao jogo de regras, porque a criança passa da execução simples para as combinações sem objetivo e depois com objetivo. Esse exercício vai se tronando coletivo, assim tendo a evoluir para o aparecimento de regras que constituem a base do contrato moral.

As regras pressupõem relações sociais e interpessoais, elas substituem o símbolo, enquadrando o exercício nas relações sociais, para Piaget, estas são a prova concreta do desenvolvimento da criança.

Piaget enfatizou a importância e a necessidade da interação social entre as crianças, pois, sem ela, a criança não pode construir nem sua lógica, nem seus valores sociais e morais. Por consistir numa atividade natural e prazerosa para a criança, os jogos em grupo acabam estimulando a interação social, a ação construtiva e o confronto de diferentes pontos de vista, também promovem o desenvolvimento da inteligência e estimulam o crescimento da capacidade de cooperação entre as crianças.

De acordo com Carvalho (2020), conforme se desenvolve emocional e cognitivamente, a criança começa a compartilhar a brincadeira com outras pessoas. Ela começa a brincar com o outro e não somente ao lado do outro. É percebendo a presença do outro que começa a serem criadas e respeitadas às regras. Conviver com outra pessoa exige que respeite limites que são impostos pelo próprio outro, o que promove, portanto, jogos envolvendo regras. Os jogos com regras exigem a capacidade de raciocínio, estratégia, a previsão de um resultado. Segundo a autora ainda, quando a criança se mostra capaz de respeitar as regras dos jogos, sua relação com outras crianças e mesmo com adultos melhora. Muitas vezes percebemos que quando a criança que tem algum problema de relacionamento com os colegas, pais e professores, também demonstram dificuldades em respeitar regras imposta pelos jogos. Quando a criança não respeita regras, é porque não vê o outro como algo importante em sua relação. Se ela não vê o outro, como pode aprender? A pessoa que aprende, é porque já conseguiu valorizar aquele que ensina para poder aprender o que se quer ensinar. Se a pessoa tem dificuldade em respeitar o direito do outro, legitimado através da regra de um jogo, em que todos estão em igualdade de condições, pois a regra sim o permite como ela vai admitir ser “ensinada” por outrem?

Quanto mais a criança se mostra flexível às frustrações quando esta perde um jogo, percebendo o direito do outro, e a sua capacidade de vencer, mais ela será capaz de respeitar as regras – pois, se expande seu interesse em apreender, sua coragem de perceber que não sabe, mas pode aprender. A criança entende que, para vencer, precisa usar técnicas, precisa pensar, pois seu adversário está ali. Quando antecipa os resultados e raciocina sobre as razões de sua vitória ou fracasso, ela vai formulando hipóteses e essas hipóteses podem contribuir no seu processo de aprendizagem escolar.

Para Kishimoto (2005), fazer a definição de jogo denota uma árdua tarefa, pois, devido à similaridade de suas ações, o jogo camufla de certa as especificidades que compõem. Tantos os jogos, embora recebam a mesma denominação, tem suas características. Exemplo, no faz-de-conta, há permissão da movimentação das peças. Brincar na areia, a sentir a satisfação de fazê-la escorrer pelas mãos, encher e esvaziar copinhos com areia requer a satisfação da manipulação do objeto. Já a construção de um barquinho exige não só a reprodução mental do objeto a ser construído, mas também a habilidade manual para prepara lo.

Kishimoto (1999) observa a importância do jogo na educação infantil e em suas pesquisas, procura discutir o significado atual do jogo na educação, lúdica e pedagógica.

Kishimoto (2005) valoriza os jogos na educação como formas privilegiadas de desenvolvimento e apropriação do conhecimento pela criança, portanto instrumentos indispensáveis da prática pedagógica e componentes relevantes da proposta curricular. Partindo dessa concepção de educação, propõem-se atividades que possibilitem uma sala de aula mais dinâmica e significativa, permitindo ao aluno interagir de forma desafiadora e prazerosa, em busca de aquisição de um novo saber.

Assim, os jogos devem responder os anseios imediatos da criança, caso o contrário, o professor entenderá que a criança é um adulto em miniatura, impedindo que a criança seja criança e que vive a sua infância. O jogo leva a criança para além do discurso e proporciona ocasiões para a criança experienciar atitudes éticas e morais ao mesmo tempo que joga.

O jogo deve ser realizado obedecendo às fases do desenvolvimento da criança e suas especificidades segundo Piaget diz que a criança de um ano, ele é solitário e de manipulação de objeto, sua ampliação social se deve pela mediação de um adulto que irá estimulá-lo.

Segundo Piaget (1998), focado no que os pequenos pensam sobre tempo, espaço e movimento, estudou como diferem as características do brincar de acordo com os períodos e as faixas etárias, considera quatro períodos no processo evolutivo da espécie humana que são caracterizados por aquilo que o indivíduo consegue fazer melhor no decorrer das diversas faixas etárias ao longo do seu processo de desenvolvimento.

Assim são divididos em quatro grandes períodos: sensório-motor; pré-operatório; período das operações concretas e período das operações abstratas.

Ao que cabe a Educação Infantil temos os primeiros dois períodos:

1. Período = Sensório-motor (0 a 2 anos). Antecede a linguagem, caracteriza-se pela ação do sujeito sobre o meio, usando de recursos as sensações e os movimentos, ou seja, conhece o mundo através dos órgãos dos sentidos e das ações físicas sobre os objetos.

2. Período = Pré-operatório (2 a 7 anos). Configura pelo aparecimento das primeiras representações/imagens mentais, também se tem inicio o processo de socialização da criança e a linguagem. Tem início a atividade simbólica, ou seja, a capacidade da criança tornar presente pessoas/objetos ausentes através da brincadeira do faz de conta ou da imitação.

Cada uma desses períodos é caracterizada pelas formas diferentes de organizações mentais que possibilitam as diferentes maneiras do indivíduo SE relacionar com a realidade que o rodeia.

 

2.2 O Brincar e as Brincadeiras no Processo da Aprendizagem.

 

Kishimoto (1999) apresenta que as concepções de educação, homem e sociedade estão intimamente vinculadas ao brincar.

 

{...} a brincadeira é uma atividade espiritual mais pura do homem neste estágio e, ao mesmo tempo, típico da vida humana enquanto todo – da vida natural/ interna do homem e de todas as coisas. Ela dá alegria, liberdade, contentamento, descanso externo e interno, e paz com o mundo [...] a criança que brinca sempre, com determinação auto ativa, perseverando, esquecendo sua fadiga física, pode certamente tornar-se um homem determinado, capaz de auto sacrifício para de seu bem e dos outros [...] O brincar, em qualquer tempo, não é trivial, é altamente sério e de profunda significação (FROEBEL apud, KISHIMOTO,1999, p.23).

 

O ato de brincar desenvolve e proporciona nas crianças diversas aprendizagens, bem como favorece a autoestima, auxilia a criança a superar suas aquisições de forma criativa, estimula a curiosidade, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração e da atenção.

De acordo com este pensamento Paschoal (2007, p. 46) diz:

 

No faz de conta, enfim, são contemplados objetivos como: formação e desenvolvimento da linguagem oral; do pensamento; da memória; da atenção; da imaginação; controle da própria conduta; formação de identidade; criação de uma autoestima positiva; aprendizado do relacionamento com os colegas; esperar a sua vez; trabalho em grupo; noção de tempo e espaço; planejar e avaliar o momento em que vive. [...] ao brincar a criança está firmando valores e sentimentos morais e éticos, percebendo o que é certo e errado. Em outras palavras está criando as bases de sua personalidade.

 

Na Educação Infantil, o desenvolvimento da criança se dá por meio das brincadeiras e do relacionamento com outras crianças, com os adultos e consigo mesma. Esse desenvolvimento também ocorre junto da família e a função da escola é diversificar e ampliar as aprendizagens das crianças, direcionando de maneira intencional as atividades, brincadeiras, experiências e as práticas que são propostas na escola.

Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC),

 

a Educação Infantil precisa promover experiências nas quais as crianças possam fazer observações, manipular objetos, investigar e explorar seu entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de informação para buscar respostas às suas curiosidades e indagações. Assim, a instituição escolar está criando oportunidades para que as crianças ampliem seus conhecimentos do mundo físico e sociocultural e possam utilizá-los em seu cotidiano.” (BRASIL, 2017, p.41)

 

Para Vygotsky (1994), o brinquedo tem um importante papel no desenvolvimento da identidade e da autonomia. A criança, a começar muito cedo, se comunica por meio de gestos, sons e de simbolizar determinado papel na brincadeira, desenvolvendo sua imaginação. A imaginação é um processo psicológico, que, para a criança, significa uma forma de atividade consciente. Durante as brincadeiras, as crianças podem produzir algumas habilidades importantes tais como, imitação, memoria, atenção e imaginação. Maturam também algumas capacidades de socialização, através experimentação de regras e papeis e da interação. Pois se o brinquedo fosse organizado de tal maneira que não houvesse acontecimentos imaginários, restariam apenas regras.

Vygotsky (1994), em seus estudos não só observou, mas interagiu com as crianças para reconhecer e pesquisar as suas potencialidades. Para ele existe dois componentes importantes nas brincadeiras infantis: a situação imaginária e as regras. A brincadeira atende uma necessidade da criança, a motiva ter uma ação sobre o mundo, mas nem toda a necessidade gera uma brincadeira, essa necessidade aparece a partir de algo que não pode ser realizado pela criança a não ser no mundo da imaginação. Ao imagina a criança tenta encontrar respostas para suas necessidades, faz isto a partir do próprio conhecimento do mundo que já possui. Desse modo toda imaginação que dá origem a brincadeira vem enviesada pela própria cultura gerando assim as regras da brincadeira.

É no brinquedo que a criança manifesta a ação na esfera imaginativa, ou seja, numa situação imaginaria, cria intenções voluntarias e forma planos para a vida real e tem motivações que abrange os desejos.

Na teoria de Vygotsky (1994) é importante mencionar à relação que estabelece entre o desenvolvimento das brincadeiras simbólicas e aquisição da linguagem escrita. De acordo com ele, este se integra em um sistema simbólico que retrata a realidade. Desta forma, considera as brincadeiras das crianças como estágio precedente para o desenvolvimento da língua escrita.

Vygotsky (1994) faz uma análise a brincadeira dentro de uma perspectiva biológica, considerando-a como um elemento constituído sócio historicamente pelo indivíduo e que se modifica, em parte do meio cultural e da época em que o indivíduo está inserido. Considera-se ser necessária uma breve discussão sobre o desenvolvimento humano dentro dessa concepção teórica para se compreender o papel da brincadeira nesta linha de pensamento. Partindo do conceito de Vygotsky de zona de desenvolvimento proximal, buscaram-se maiores esclarecimentos sobre o processo de desenvolvimento humano. Este conceito refere-se a distância entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial, ou seja, o espaço entre aquilo que o individuo consegue realizar sozinho e o que ele consegue realizar com ajuda de outro.

Segundo Vygotsky, a brincadeira tem um papel muito importante no desenvolvimento das estruturas psicológicas, ao entrar mundo de faz de conta das brincadeiras a criança tem a capacidade de simbolizar, ou seja, torna algo, objeto ou situações presente por meio da imaginação. No começo o objeto tem uma força determinante sobre a criança, mas a partir de um certo momento do desenvolvimento da criança, esta passa a criar ações imaginarias não dependo mais de algo concreto ou objeto.

Segundo Winnicott, a brincadeira é universal e própria para a saúde: o brincar facilita o crescimento e, portanto, a saúde. O brincar dirige aos relacionamentos em grupos, podendo ser uma forma de comunicação na psicoterapia. Portanto, a brincadeira traz a chance para o exercício da simbolização e é também uma particularidade humana.

As brincadeiras podem desenvolver nas crianças processos construtivos, expressivos e lúdicos.

 

 

3 A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NA PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

Reconhecendo a importância dos jogos e brincadeiras em sala de aula e em ambientes externos, os educadores das diversas disciplinas poderão ajudar os seus alunos a desenvolver a difícil arte de expressar ideias, pensamentos, anseios e desejos. As brincadeiras tem a capacidade de transforma conteúdos por vezes maçantes em atividades interessantes, expondo certas facilidades através do lúdico, assim podemos perceber que quando há interesse pelo que está sendo ensinado, a criança concentra suas energias para aquilo que está sendo apresentado e faz com que instintivamente a disciplina aconteça (ROSA, DINISIO, 2002, p. 42).

Diante do exposto, percebe-se que a brincadeira e a situações de jogos são fundamentais para vida saudável da criança, assim como o afeto e alimento, o brincar e as brincadeiras devem fazer parte desde muito cedo da vida da criança.

No papel de mediador, o professor, conforme os documentos legais, deve proporcionar por meio do planejar diário situações que envolvam os jogos e as brincadeiras, pensando no pleno desenvolvimento da criança da educação infantil, entende-se que é neste momento que ela se torna capaz de criar situações imaginarias, construir relações com o outro, vivenciar situações que possibilitem a expressar suas emoções, ao brincar a criança tem uma forma privilegiada de conhecer, compreender e se expressar no mundo. O lugar de mediador, deixa espaço para que as crianças se apropriem do brinquedo e da brincadeira a partir do seu próprio ponto de vista.

Para Antunes:

 

Brincando, as crianças constroem seus próprios mundos e dos mesmos fazem o vínculo essencial para compreender o mundo do adulto, ressignificam e reelaboram acontecimentos que estruturam seus esquemas de vivências, sua diversidade de pensamentos e a gama diversificada de sentimentos”. (ANTUNES, apud MACEDO, 2004, p.12)

 

Entendendo a importância da brincadeira, as oportunidades de trazer elementos da cultura para a rotina da educação infantil, através do brinquedo e da brincadeira, deve ser o pensar constante do professor. Utilizar as brincadeiras no dia a dia é preciso que o educador seja criativo. A utilização de brinquedos caros que, por muitas vezes, não tem muita utilidade pedagógica não se faz necessário no dia a dia da criança na educação infantil, as vezes com recurso limitados, reaproveitamento de materiais e muita criatividade do professor está contribuindo de forma significativa no processo de ensino e aprendizagem.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação afirma que:

 

Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia da criança, desde muito cedo, pode se comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde ter determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação... A fantasia e a imaginação são elementos fundamentais para que a criança aprenda mais sobre a relação entre pessoas. (REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇAO INFANTIL, vol. 2,1998, p. 22).

 

Brougère, filosofo (2010) traz “sob o olhar de um educador atencioso, as brincadeiras infantis revelam um conteúdo riquíssimo, que pode ser usado para estimular o aprendizado”. Segundo ele "ninguém nasce sabendo brincar. É preciso aprender", assim o papel do professor se destaca, pois ele será o adulto significativo no processo de interação da criança com a realidade, sendo alguém que irá fazer a ponte, mediar, ajudar a criança a expressar seus sentimentos e conquistas a partir da relação que ela constrói com o brinquedo e a brincadeira.

Conforme Freire (1996) "ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção." Por meio da ludicidade o professor pode proporcionar a produção e a construção do conhecimento pelas crianças.

É na instituição de educação infantil que a criança tem a chance de vivenciar jogos a sua escolha com os jogos combinados para que possa ter a possibilidade de assimilação de conteúdos programados. Por isso, o professor na questão do lúdico é de suma importância, pois ele não será somente alguém que transmite conhecimento, mas quem diretamente influencie a personalidade da criança.

A escola como instituição deve ser um lugar onde o aluno possa investigar, construir seu próprio pensamento e dominar suas ações e é através da atividade lúdica que se produz aprendizado espontâneo. É nesse sentido que o educador insira o brincar em um projeto educativo, que supõe intencionalidade, ou seja, ter objetivos e consciência da importância de sua ação em relação ao desenvolvimento e aprendizagem infantil.

 

 

4- CONCLUSÃO

 

A partir do estudo, foi possível concluir que as atividades lúdicas oferecem amplas possibilidades para o constante desenvolvimento dos aspectos cognitivos e psicomotores da criança e os efeitos de sua utilização podem ser observados a médio e longo prazo, visto que a socialização e interação dela com os outros se revela como fator importante do desenvolvimento.

Percebe-se que os professores proporcionem meios para que nossas crianças tenham autonomia ao refletirem sobre sua ação, que criem, partilhem, produzam, reproduzam e transformem. Porém, não se pode garantir que apenas a utilização do jogo na escola possa mudar os rumos da Educação. Por isso, o professor na questão do lúdico é de suma importância, pois ele não será somente alguém que transmite conhecimento, mas quem diretamente influencia a personalidade da criança. A escola como instituição deve ser um lugar onde o aluno possa investigar e construir seu próprio pensamento e dominar suas ações e é através da atividade lúdica que se produz aprendizado espontâneo.

Cabe o professor compreender que o lúdico, o jogo, o brincar e as brincadeiras são significativos para as crianças poder conhecer, compreender e construir seus conhecimentos e tornar cidadãos autônomos.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ANTUNES, Celso. Jogos para estimulação das múltiplas inteligências. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.

BRASIL, MEC – SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF/SEESP, 1998.

BROUGÈRE, Gilles. Ninguém nasce sabendo brincar. É preciso aprender. Revista Nova Escola. São Paulo: ano XXV n. 230, p. 32-35, Março 2010.

 

CARVALHO, Terezinha Véspoli de: Artigo – ARTIGOS: PSICOPEDAGOGIA. Disponível em: http://www.cvdee.org.br/evangelize/pdf/1_0062.pdf. Acesso em 07/05/2020.

 

KISHIMOTO, M. Tizuko, ONO, Andréia Tiem. Brinquedo, Gênero e Educação na Brinquedoteca. Pro-Posições, v. 19, n. 3 (57) - set./dez. 2008.

 

KISHIMOTO, M. Tizuko. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 8. ed.São Paulo:Cortez, 2005.

 

KISHIMOTO, M. Tizuko. O Brincar e suas Teorias. São Paulo: Pioneira,1998.

 

KISHIMOTO, M. Tizuko. O Jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira,1994.

 

PASCHOAL, Jaqueline Delgado (Org). Trabalho pedagógico na educação infantil. Londrina: Humanidades, 2007. p. 19 – 46.

 

PIAGET, Jean. A psicologia da criança. Ed Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.

 

PIAGET, Jean. Experiências básicas para utilização pelo professor. Petrópolis: Vozes, 2003.

 

VIANNA, Heraldo Marelim. Pesquisa em educação: a observação. Brasília: Plano, 2003.

 

VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente. 5 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

1 Graduado em Licenciatura plena em Pedagogia pela UFMT. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.