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A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL: PERCORRENDO A IDENTIDADE DOCENTE E A FORMAÇÃO CONTINUADA

Claudineia Borges de Jesus

 

 

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo definir a identidade dos professores da Educação Infantil e trazer um perfil que possa contribuir para a formação continuada deste profissional. Considerando a formação pedagógica, pôde-se perceber que a construção identitária do professor está relacionada à uma série de saberes presentes no âmbito escolar, nos quais ele se desenvolve como sujeito ativo que integra a comunidade de alunos, o planejamento da ação docente a partir de seus objetivos e o compromisso com à Educação. Para isto, realizou-se uma pesquisa bibliográfica e uma palestra na escola com as informações necessárias para a elaboração deste trabalho. Enfatiza-se a importância da formação docente e a qualificação do professor, por sua vez, já que cumpre papel fundamental no processo de ensino e aprendizagem na Educação Infantil.

 

Palavras-chave: Formação. Identidade docente. Qualificação. Processo de Ensino e Aprendizagem.

 

 

INTRODUÇÃO

 

A Educação Infantil está ligada a alguns anos mais importantes na vida de uma criança. É nesta fase que a criança começa a se desenvolver e a interagir com outras pessoas, criando conexões físicas e psicológicas que muitas vezes podem perdurar por muito mais tempo e marcá-las. É nesta trajetória que os educadores infantis são apresentados como profissionais responsáveis que cumprem seu papel no processo de ensino e aprendizagem, além de contribuírem com as primeiras descobertas de uma criança, acompanhando cada passo ao longo dessa fase. Por essa razão, destaca-se a importância da formação do profissional na área e a qualificação do educador que demanda tempo e exigências para atender às necessidades da criança.

Dessa forma, a criança precisa ter um atendimento qualificado a partir de um trabalho profissional coletivo a partir de suas necessidades básicas, como: brincar, aprender, sorrir e descansar. É importante ressaltar que no ambiente da Educação Infantil, é necessário a construção da autonomia a partir da fomentação da curiosidade sobre as pessoas e os objetos para melhor conhecê-los e poder se familiarizar com o ambiente. Os professores precisam utilizar de recursos metodológicos e teóricos para cumprirem os objetivos no que diz respeito às especificidades exigidas.

Pode-se afirmar que na educação infantil é a possibilidade de transformar e de realizar uma mudança na Educação como um todo, pois é neste período que se dá o início do processo de descoberta e de formação do aluno. Por isso, é preciso então garantir uma educação com profissionais qualificados para ter-se uma sociedade mais justa e também inclusiva que abarque os diferentes perfis de alunos e suas respectivas dificuldades.

Para que este processo se efetue e obtenha resultados, não basta apenas ter leis e documentos que apresentem as informações no âmbito teórico nem materiais e autores que abordam a respeito do desenvolvimento da criança. Os professores da Educação Infantil precisam estar inseridos no ambiente e trabalhar diretamente na sua prática docente, refletindo sobre os aspectos teóricos e práticos para que cumpram sua função de maneira efetiva e contribuam para o desenvolvimento da criança.

Conhecer as habilidades e ter as informações contribui para a autoconfiança do profissional torna-se fundamental, pois permite com que ele desenvolva suas atividades com prazer, além de enriquecer as ações desenvolvidas no seu trabalho. Acredita-se que esse fator seja importante, pois apesar de o educador ser um profissional bem informado e bem posicionado, é preciso considerar a função da pré-escola e o seu papel social no que diz respeito ao convívio com outros profissionais da área bem como a relação com a criança e com o seu desenvolvimento.

Considerando estes critérios, percebe-se que é possível identificar perfis e parâmetros que possam contribuir na construção de possibilidades e caminhos para a formação do profissional da área infantil permitindo com que objetivos possam ser alcançados e competências básicas sejam trabalhadas para atender às demandas dos alunos da Educação Infantil e realizar um bom trabalho procurando adaptar-se à realidade na qual está inserido.

Os professores da Educação Infantil são pedagogos em formação e também responsáveis pelo desenvolvimento integral de seus alunos buscando articulá-lo aos diferentes perfis dos alunos e ao planejamento da ação didática na intenção de atingir os seus objetivos. Dessa forma, o professor desempenha papel de articulador fundamental entre a escola e a comunidade que abarca a família, os alunos e os gestores procurando acolher as diferenças e considerá-las no processo de ensino-aprendizagem respeitando cada aluno e sua forma de aprender a partir de seus contextos sociais, culturais e familiares. Reconhece-o, então, como indivíduo e têm como objetivo apoiar os alunos a refletirem coletivamente sobre os conhecimentos compartilhados.

 

 

METODOLOGIA

 

Este trabalho tem por objetivo definir a identidade e traçar um perfil do professor que sirva de parâmetro para contribuir na formação docente, bem como um sujeito ativo no processo contínuo na busca por uma educação de qualidade e a necessidade de investir em políticas públicas e sociais para a melhoria do atendimento às crianças e na Educação Infantil. Direcionou-se a pesquisa a partir da fundamentação teórica e das informações obtidas a partir de um olhar crítico e do que se apresenta na realidade da educação brasileira.

As Leis de Diretrizes e Bases da Educação são importantes para o estabelecimento de regras e critérios para a Educação Infantil. Por essa razão, a Lei nº 9.394/1996 considera a Educação Infantil a primeira etapa da Educação Básica e estabelece seus princípios para a sua organização e o seu respectivo funcionamento. Esta, por sua vez, tem como principal objetivo o desenvolvimento da criança considerando seus diversos aspectos que abarcam os aspectos físicos, psicológicos, intelectuais e sociais no que diz respeito ao estímulo da socialização e à brincadeira como maneira de desenvolver seu aprendizado, bem como, no atendimento às crianças em período parcial ou integral.

Diante dessa realidade, o atendimento à criança e a reflexão da prática pedagógica servem como importante alicerce para definir as proposições levantadas acerca da formação do profissional da área da educação infantil, buscando direcionar a perspectiva para a relação entre a teoria e a prática refletindo sobre os impactos que as leis e os documentos têm sobre o dia a dia e a realidade concreta.

 

 

EDUCAÇÃO INFANTIL E IDENTIDADE DOCENTE

 

É de suma importância a formação do educador infantil e, por isso, busca criar condições para que este saiba atuar no âmbito escolar e integre as experiências vividas na sala de aula, tendo consciência de seus conhecimentos como professor e também como posicionar-se em diferentes contextos que se apresentam para atender as demandas e as necessidades do aluno. Nesse sentido, o processo formativo abarca a profissionalização e qualificação desse profissional de maneira contínua e está relacionado às mudanças que ocorrem na sociedade. Ressalta-se que as experiências, os aprendizados e as interações sociais que são construídas no dia a dia entre os alunos e o professor contribui para o reconhecimento da pessoa e da sua subjetividade como indivíduo podendo transformar-se a partir de cada interação.

Nesse sentido, a profissionalização do educador pode ser considerada um processo dinâmico que está aberto à diversas possibilidades, pois o educador vai construindo diferentes perfis a partir das experiências vividas em cada etapa e define-se ao longo de toda a sua história. Todas essas questões são fundamentais para as mudanças bem como para as trocas efetuadas no âmbito da docência. Com isso, o profissional da Educação Infantil precisa:

 

Organizar situações de aprendizagem adequadas à criança [...] a partir da compreensão de que vivem um processo de ampliação de experiências com relação à construção das linguagens e dos objetos de conhecimento, considerando o desenvolvimento, em seus aspectos afetivo, físico, psico-social, cognitivo e linguístico (BRASIL, 2000, p. 73).

 

Tendo isso em vista, a Educação Infantil é uma importante etapa na vida do aluno, apresentando situações corriqueiras a partir do processo de ensino-aprendizagem, bem como objetivos que não estão centrados apenas no professor como também no âmbito da criança. Além de proporcionar as condições necessárias para seu desenvolvimento físico, psicológico e intelectual, é preciso saber como guiar e deixar a criança à vontade para aprender a partir dos laços criados que envolvem o respeito, o carinho e o cuidado para promover seu bem-estar e sua disposição nas atividades que serão propostas.

A proposta curricular desempenha um importante papel neste processo pois é a partir dela que são apresentadas estratégias e princípios para estar de acordo com as características e necessidades específicas da criança. Oportuniza-se, então, o processo de construção e de troca entre as crianças através de uma experiência dialógica na relação com as pessoas que estão dentro e fora da escola. E a partir desse contato mais direto a criança começa a se desenvolver e a descobrir-se cada vez, tendo este meio como lugar de referência, sentindo-se assim pertencente e acolhida e então construindo sua própria identidade, consolidada pelas relações e pelas características de outras crianças com as quais se relacionam.

Entretanto, percebe-se que, existem ainda, determinadas problemáticas no que diz respeito ao atendimento às crianças no âmbito escolar e isso se dá principalmente porque o professor coloca em prática diversos conhecimentos que são importantes na construção dos saberes infantis e mobilizam estratégias para que as crianças conheçam e compreendam a própria realidade e as pessoas que as rodeia e possam se sentir seguras para se relacionar com as outras. Dessa maneira, é preciso valorizar a construção de sua autonomia e de sua identidade no que concerne o interpessoal, o pessoal e o social, tendo em vista que elas agirão de diferentes maneiras, a depender do contexto que estão inseridas.

Nesse sentido, é preciso profissionais que estejam dispostos a refletir sobre a sua prática pedagógica e a atender às necessidades das crianças, principalmente no que diz respeito às quatro já mencionadas. Para mobilizar esse processo, os profissionais precisam traçar um perfil identitário diante da realidade e da profissão que estão inseridos. Conforme, com o RCNEI (1998, p. 41):

 

‘’Ser polivalente significa que ao professor sabe trabalhar com conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde cuidados básicos essenciais até conhecimento específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento.’’

 

O profissional da área da Educação Infantil precisa ser polivalente e criativo para desenvolver atividades que estimulem o aluno a partir de brincadeiras, já que a criança se identifica com aquilo que mais gosta de fazer e pode transformar seus saberes ao compartilhá-los com outras crianças através do estímulo e da assimilação das informações que são passadas pelo professor de forma didática e simples, procurando relacioná-las com a realidade que a criança já conhece, Desprende-se assim, de conceitos e teorias pré-estabelecidas para desenvolver suas habilidades bem como sua curiosidade de perguntar, de falar, de brincar, de sorrir e de se divertir pois aprende-se brincando.

Em meio às características apresentadas pelo Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, a ação pedagógica deve estar direcionada para o desenvolvimento da criança com base nos princípios que respeitem as diferenças e a realidade particular de cada criança que envolve questões do seu próprio tempo de aprendizagem bem como também familiares e dos pais responsáveis pelo processo que sempre está em contínua transformação. Dessa forma, para trabalhar os diferentes saberes da criança bem como sua construção identitária e contemplar o desenvolvimento da criança nos aspectos culturais.

 

‘’Conhecimento veiculado em sua formação que leve em conta a ‘vulnerabilidade’ social das crianças e, por outro lado, reconheça as suas ‘’competências sociopsicológicas que se manifestam desde a mais tenra idade.’’ (OLIVEIRA-FORMOSINHO, 2002, p. 46)

 

Nesse sentido, observa-se que em uma prática educativa é necessário considerar o lado mais sensitivo das crianças que estão relacionados às suas características particulares e como cada uma delas se manifesta. O cuidar-educar-socializar torna-se assim agente do processo, sendo papel do professor o de se atualizar em relação aos estudos no que concerne à área da educação infantil, da cultura, da sociedade e da técnica para se posicionar como educador diante de cada uma dessas situações e estar preparado para o inesperado.

 

 

RELATOS DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL: UNINDO SABERES ENTRE TEORIA E PRÁTICA

 

Nos últimos tempos, a Educação Infantil vem sofrendo diversas transformações no âmbito social, sobretudo no processo de configuração de novos profissionais e maneiras de utilizar as estratégias para o ensino desse nível de escolaridade. Nesse sentido, a concepção de infância e de ensino passa a ser reconfigurada e a se distanciar da visão tradicional que considera a criança como adulta como alguém que já possui um raciocínio formado.

Sob essa perspectiva que se propõe a investigar o perfil identitário e a prática docente com o objetivo de discutir sobre a atuação dos professores na Educação Infantil tendo a coleta de dados, de uma observação e de um ciclo de palestras realizados com professores que também lecionam nos primeiros anos da Educação Básica. Nesse sentido, no mês de setembro de 2023, reuniram-se profissionais da educação para realizar o terceiro encontro de ‘’Estudo Coletivo na Escola Emei Galileia referente ao terceiro ciclo pedagógico de estudos do Projeto sala de formação, tendo como mediadoras diversos profissionais da área.

Durante o encontro, deu-se continuidade ao estudo do texto: ‘’A Inclusão na Educação Infantil: Desafios e Possibilidades por meio das Práticas Pedagógicas’’, utilizando o aporte teórico o texto: Práticas pedagógicas inclusivas na Educação Infantil: Atividades lúdicas envolvendo crianças com transtornos do Espectro Autista de autoria de Fernanda Aparecida de Souza Corrêa Costa.

Dessa maneira, foi realizada a discussão sobre o processo formativo do projeto e a coordenadora da escola explicou como funcionaria, a carga horária, objetivos, princípios, diretrizes, formação teórica, especificidades no processo de formação da educação infantil e de ensino e o papel do professor como formador. Também foi discutido sobre os ciclos pedagógicos de Estudos e sobre os decretos nº 13.979 de 6 de fevereiro de 2020 e o outro nº 1938 de 4 de julho de 2020.

Após isso, discutiu-se sobre os diagnósticos e as escolhas das temáticas presentes no projeto. A coordenadora e a diretora explicaram como funcionaram os ciclos e a elaboração do projeto, a formação da SME, grupos de estudos, período de implementação, certificação e o webinário da formação continuada. No final, foi realizado um sorteio para ver quem seriam os mediadores e seus componentes acerca de cada tema escolhido.

Sob essa perspectiva, para trabalhar com crianças é importante que o professor esteja apto e familiarizado com o ambiente escolar e, principalmente, ter consciência sobre a realidade de cada criança para conhecer suas maiores dificuldades, bem como suas habilidades. Só se pode propor ações educativas a partir do momento que se tem os conhecimentos não só sobre a instituição mas também da criança e suas particularidades, seu contexto familiar, seus hábitos e seu olhar sobre as coisas.

 

A educação da criança de zero a seis anos tem o papel de valorizar os conhecimentos que a criança possui e garantir a aquisição de novos conhecimentos, mas para tanto, requer um profissional que reconheça as características da infância (KRAMER, 2000, apud MACHADO, 2011, P. 129)

 

A prática docente requer habilidades para reconhecer as particularidades da criança garantindo os seus direitos e o respeito aos aspectos concernentes à diversidade social, cultural e psicológica. Considera-se então que através da ação de educar e de cuidar constrói-se um olhar afetivo e principalmente de troca entre o educador e o aluno ao longo das atividades realizadas em sala de aula, gerando assim bem-estar, conforto e disposição em estar nesse processo.

Esse discurso vai de encontro com as condições que o professor propicia à criança para aprender de maneira significativa e lúdica, considerando seu contexto e o seu desenvolvimento como seres humanos individuais que estão inseridos em diferentes contextos sociais. Por essa razão, é preciso ter um conhecimento teórico sobre a infância e suas características e sobre as diferentes maneiras como a criança percebe as coisas ao seu redor e acompanhá-la nas suas fases, ajudando-a no processo de descobertas e no reconhecimento de obstáculos. Além disso, ele também precisa ter um olhar atento para que possa inseri-la na programação das atividades que foram planejadas e aprender a respeitar seu próprio tempo para realizar as tarefas.

 

Trata-se, portanto, de utilizar no âmbito da complexa tarefa de aprendizagem profissional dos educadores uma perspectiva teórica que acentua o desenvolvimento do ser humano tem a ver direta e indiretamente com os seus contextos vivenciais. (FORMOSINHO, 2001 apud MACHADO 2011. pg 141)

 

Nesse sentido, compreende-se que a ação de educar-cuidar-socializar é importante e precisa de um educador comprometido com este trabalho, focado na ação pedagógica em que o trinômio é entendido como um ato coletivo e inseparável para estabelecer uma visão sobre a criança que leve em consideração suas competências, saberes e as percebam como seres capazes de se posicionar diante das situações que se apresentarem.

 

 

RESULTADOS E DISCUSSÕES

 

Por essa razão, a partir das reflexões realizadas até aqui, percebe-se que a profissão de educador na área infantil ultrapassa o sistema educacional e as teorias então pré-concebidas, daquelas que são adquiridas ao longo da formação em Pedagogia ou em cursos relacionados à área. O que coloca à prova é o seu contato com a sala de aula e com as crianças e a maneira de agir desse profissional que virá a influenciar no processo de ensino-aprendizagem dos alunos. Percebe-se, além disso, que a formação do professor se constrói por um processo gradativo que se dá ao longo do tempo e está relacionado à prática reflexiva a partir da reconstrução da sua própria identidade pessoal e social.

Dessa maneira, a construção identitária do professor também pode relacionar-se com a escolha profissional e o tipo de perfil pessoal pois a identidade se constrói com a participação dos alunos que os permite de compartilhar, de se posicionar, de criar e de atribuir significados aos objetos e ao ambiente com os quais estão inseridos. Por isso, a identidade pode ser considerada um processo dinâmico no qual o educador precisa atualizar-se constantemente, saber conviver e utilizar as diferentes estratégias de linguagens para se adaptar às diferentes situações contextuais impostas pela profissão e para construir a sua própria maneira de ensinar e de aprender.

O professor é um profissional qualificado para realizar um tipo de trabalho que demanda tempo, dedicação, paciência e outros conhecimentos que estão além da sala de aula. Cabe a ele procurar aperfeiçoar-se, conhecer a criança de maneira profunda, como se dá o seu desenvolvimento e como a construção do conhecimento pode ser um alicerce para encorajá-la a falar e a se posicionar ativamente em todas as situações da vida real, não restringindo-se ao âmbito da sala de aula. Considera-o, também, o mediador da aprendizagem do aluno através da problematização e do amparo que traz à criança que pode se sentir insegura e com receio daquilo que não conhece e, em muitos casos, de se relacionar com os próprios colegas de classe.

 

Um educador que, enquanto profissional de ensino (...) tem a docência como base na sua identidade profissional, domina o conhecimento específico de sua área, articulado ao conhecimento pedagógico, em uma perspectiva de totalidade do conhecimento socialmente produzido que lhe permita perceber as relações existentes entre as atividades educacionais e a totalidade das relações sociais, econômicas, políticas e culturais em que o processo educacional ocorre, sendo capaz de atuar como agente de transformação da realidade em que se insere. (CONARCFE, 1989, p. 3)

 

Por outro lado, a formação de professores da Educação Infantil se dá num processo contínuo, não só inicial, isto é, o professor precisa sempre estar estudando. Para isso, pensar a formação é preciso significá-la a todo o momento, já que os professores interagem com os seus alunos e elaboram o passo a passo dos saberes iniciais a cada dia após as experiências já vivenciadas no âmbito escolar e precisam de tempo para investir no seu próprio processo de formação com o intento de realizar um trabalho mais dinâmico e criativo.

 

O professor educa e cuida quando acolhe a criança em situações difíceis, quando a orienta nos momentos necessários e apresenta-lhe pontos que considera significativos do mundo da cultura, da natureza, das artes das relações sociais, conforme a leva para passear, brincar, observar a natureza, ouvir e ler história, ouvir música, conforme ajuda a comer e dormir, sentir-se limpa, confortável e segura (OLIVEIRA, 2003, p.8).

 

A sala de aula deve ser vista como um ambiente leve e descontraído, livre das imposições do poder adulto sobre a criança, colocando-a em ação, ou seja, para que possa agir e obter resultados. Estar apto para educar e para também receber é trabalhar dentro das condições de realização, para que as crianças também possam descobrir o seu mundo, os seus anseios e as coisas que lhe despertam curiosidade, podendo trazer um novo significado às suas necessidades e aos seus desejos.

 

A confiança do aluno no professor garantirá àquele à base para buscar neste os recursos, orientações, direções para as suas atividades para o seu crescimento. Ser professor é antes de tudo ter confiança no potencial infantil, acreditando que em ambiente preparado e adequado, com instrumentos, materiais pedagógicos específicos à etapa de desenvolvimento em que a criança se encontra, seu potencial aflorará através das atividades espontâneas, o indivíduo caminhará no sentido de tornar-se senhor de si, e se auto-educará, autogoverna-se, buscando sempre o aperfeiçoamento do seu ser. (MONTESSORI, 2003).

 

Por isso, os professores desempenham um papel importante na sala de aula e buscam conhecer o aluno para construir um relacionamento saudável, fazendo com que crie um olhar positivo baseado no respeito mútuo e na individualidade de modo a ser conquistado aos poucos. Por outro lado, sua autoridade também passa a ser respeitada, sendo reconhecida como uma característica necessária no momento da sala de aula. É preciso ter coerência nas ações e no acordo entre educador e aluno, entre o que se fala, é proposto e o que é realizado.

 

 

CONCLUSÃO

 

Ao lidar com a formação de professores e com a construção de sua identidade, percebe-se que é algo bastante desafiador em diversos aspectos sociais, culturais e intelectuais. Os profissionais da área de Educação Infantil passam por diversas situações que os exige tempo, conhecimento e paciência, além de estarem sempre atentos ao desenvolvimento cognitivo e social da criança. É preciso investir na formação continuada e em cursos além da graduação com melhores condições para oferecer aperfeiçoamento ao professor, já que este precisa sempre estar se atualizando.

Lecionar na Educação Infantil é uma tarefa desafiadora, pois se trata de um período bastante decisivo na vida de uma criança e de todos os conhecimentos que são adquiridos nessa fase, contribuindo para o desenvolvimento dos alunos. Por essa razão, as aulas devem ser planejadas com muita reflexão e com um olhar atento para criar um ambiente que seja acolhedor, inclusivo e a criança esteja à vontade para aprender.

Diante dessa realidade, a construção identitária do professor da Educação Infantil se dá através de uma formação inicial e continuada consolidada por meio dos conhecimentos teóricos e práticos que são significativos no processo formativo, oferecendo suporte e uma diversidade de conhecimentos a serem ampliados em sala de aula. Entre os quais estão: o saber conviver, compreender o aluno na sua particularidade e utilizar as diferentes estratégias para mobilizar o processo de ensino-aprendizagem e o compromisso com a Educação.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

BRASIL. MEC/SEMTEC. Proposta de Diretrizes para a Formação inicial de Professores da Educação Básica em Nível Superior. Brasília, 2000.

CONARCFE. Documento Final. III Encontro Nacional da Comissão Nacional de Reformulação dos Cursos de Formação dos Educadores. Brasília, 1988 (Coletânea de Documentos).

KRAMER, S. (Org.). Profissionais de educação infantil: gestão e formação. São Paulo: Ática, 2008. KUHLMANN JR., M. Infância e educação infantil: uma abordagem histórica. Porto Alegre. Mediação 2010.

_________. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, vol.1, 1998.

MONTESSORI, M. Pedagogia científica. São Paulo: Livraria e Editora Flamboyant, 2003.

OLIVEIRA-FORMOSINHO, J. O desenvolvimento Profissional das Educadoras de Infância: entre os saberes e os afetos, entre a sala e o mundo. In: ____; KISHIMOTO, T. M. (Orgs.) Formação em Contexto: uma estratégia de integração. São Paulo: Pioneira, 2003.