A IMPORTÂNCIA DOS MATERIAIS NÃO ESTRUTURADOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Maristela das Dores Silva de Amorim
Karina Fabiana de Moraes Viana
Zilma de Oliveira Pereira
Rosana santos
RESUMO
O presente artigo relata sobre a importância dos materiais não estruturados na educação infantil, o mesmo pode ser encontrado no nosso dia a dia ou na própria natureza, para muitos podem ser considerado simples, mas para as crianças é fundamental no desenvolvimento intelectual, potencializa a sua imaginação, a criatividade, aumenta a interação entre as crianças, permite também que diversas funções cognitivas sejam estimuladas, além de ser um momento muito prazeroso. O interesse pelo tema, surgiu desde o momento que tivemos a oportunidade de trabalhar com esses materiais, aonde observamos uma simples brincadeira das crianças com uma caixa de papelão, percebemos que houve curiosidades entre elas no momento da exploração, e que cada uma teve a oportunidade de brincar do seu modo, pois o material possibilita que a criança crie inúmeras possibilidades.
Palavras-chave:.Materiais não estruturados. Brincadeiras. Educação Infantil.
ABSTRACT
This article reports on the importance of unstructured materials in early childhood education, they can be found in our daily lives or in nature itself, for many they can be considered simple, but for children it is fundamental in intellectual development, it enhances their imagination, creativity, increases interaction between children, also allows various cognitive functions to be stimulated, in addition to being a very pleasurable moment. The interest in the topic arose from the moment we had the opportunity to work with these materials, where we observed a simple game of children with a cardboard box, we realized that there were curiosities among them during the exploration, and that each one had the opportunity to play in their own way, as the material allows the child to create countless possibilities.
Key words:. Unstructured materials. Pranks. Child Education.
INTRODUÇÃO
O tema deste artigo aborda sobre a importância dos momentos de brincadeiras utilizando materiais não estruturados têm para o desenvolvimento e para as aprendizagens das crianças pequenas, sendo esta a questão problema deste estudo.
Conforme mencionado no resumo, a ideia surgiu após a observação das crianças no momento de exploração de caixas de papelão, e tivemos a conclusão que os materiais não estruturados quando estão incluídos na rotina da criança podem, de alguma forma, contribuir para o desenvolvimento global das crianças e também para as aprendizagens das mesmas.
Sabemos que na infância, as crianças criam as suas vivências a partir das suas brincadeiras, o brincar é algo natural da criança, e a maioria delas é de forma livre e espontânea, por isso a absorção dos conhecimentos se torna mais simples, e torna a aprendizagem mais significativa para a criança.
Portanto, através deste estudo queremos abordar os benefícios dos materiais não estruturados que é as diversas maneiras de brincar que o mesmo oferece, totalmente diferentes dos brinquedos que já vem de fábrica prontos, aonde a criança não consegue construir novas possibilidades de acordo com a sua imaginação e criatividade.
Sendo assim, esperamos que através dessa pesquisa, possamos estimular o profissional docente a refletir e compreender que a utilização desses materiais não estruturados podem se transformar em grandes invenções de brincadeiras nas mãos das crianças e também possibilitar o desenvolvimento da criatividade da criança, tanto artística quanto psicomotora.
DESENVOLVIMENTO
Sabemos que a educação infantil é um ambiente de desenvolvimento infantil e podemos enxergar o valor do brincar na vida das crianças e utilizar essas experiências como base para seu aprendizado. tal como Ferland (2006) defende “ao brincar, a criança progride nas diferentes esferas do seu desenvolvimento” (p.6).
Quando introduzimos material não estruturado na rotina das crianças, potencializamos ainda mais seu aprendizado, são objetos simples e fáceis de encontrar como: pedaços de madeira, panos, pedras, rolos de papel higiênico, tampas, caixas de papelão, latas, caixas de ovos, etc. Uma de suas principais características é que não possuem tamanho e formato totalmente definidos, por isso as crianças os amam tanto, é um convite para usar a imaginação e criatividade.
A utilização de brinquedos não estruturados permite que a criança brinque livremente, sem sistematizar regras, pois não possui uma lógica fechada a seguir na hora de brincar. Isso levar a enteder que a brincadeira não é fixa, mas muda de acordo com a imaginação da criança. A oportunidade de construir e desconstruir está sempre presente em seu subconsciente, fortalecendo suas habilidades cognitivas. Esses materiais forjam habilidades motoras, promovem o desenvolvimento da destreza e da coordenação olho-mão e enriquecem as experiências sensoriais.
Segundo a Professora Doutora Tizuko Morchida Kishimoto, quando a criança brinca com “sucata”, ou materiais de desperdício, desenvolve o sentido estético e a criatividade, na medida em que esta lhe dá o formato que pretende e lhe atribui, ainda, os significados que deseja, expressando a sua visão sobre o mundo.Os próprios materiais não estruturados oferecem novas perspectivas, pois têm o mesmo ou mais potencial que os brinquedos vendidos, são elementos eficazes que trazem mais possibilidades de desenvolvimento para a criança e são muito flexíveis.
Podemos perceber que gradativamnete as instituições estão aderindo este tipo de materiais para serem utilizados, pois perceberam que é um recurso extremamente significante para os pequenos e sem custos, pois cada pessoa pode contribuir e doar objetos e materiais que seriam jogados fora. Para as crianças, o brinquedo necessário não é o mais caro, mas sim algo que as crianças adoram brincar, explorar e usar a criatividade para diversas descobertas.
Spodek e Saracho (1998) enunciam que muitos materiais pedagógicos úteis não têm que ser comprados. Os/As educadores/as podem recolher materiais que seriam deitados fora ou até mesmo envolver as crianças e as famílias neste processo, o que proporciona um maior envolvimento dos mesmos nos projetos que estão a ser desenvolvidos na sala ou no jardim de infância.
Segundo Silva e Sarmento que “para uma boa brincadeira não é exigido nada de muito dispendioso ou sofisticado. É importante compreender que o conteúdo do brinquedo não determina a brincadeira da criança, o ato de brincar, jogar e participar é que revela conteúdo do brinquedo” (2017: 43). Este quanto mais atraente ou sofisticado for, mais distante estará do seu valor como instrumento de brincar (Almeida, 2000 in Silva & Sarmento, 2017: 43) e menos possibilidades de exploração terá.
Qualquer coisa pode ser um brinquedo. Não é preciso que seja comprado em lojas. Na verdade, muitos dos brinquedos que se vendem em lojas não são brinquedos precisamente por não oferecerem desafio algum. Que desafio existe numa boneca que fala quando se aperta a sua barriga? Que desafio existe num carrinho que anda ao se apertar um botão? (ALVES, “É brincando que se aprende ”, 1994).
Como mencionado acima, temos plena consciência de que as crianças podem criar, explorar e extrair significado de suas experiências cotidianas com um objeto simples que lhes é dado. Diante disso, defendemos a participação ativa da criança na tomada de decisões em seu processo de aprendizagem, assumindo que elas são capazes.
Um um ambiente devidamente pensado e planeado promove o progresso das crianças em termos de desenvolvimento físico, comunicacional, competências cognitivas e interações sociais (Post & Hohmann, 2011: 101). Assim, o ambiente físico e material deverá “refletir a crença na competência participativa da criança e criar múltiplas oportunidades ao nível dos seus processos de aprendizagem e desenvolvimento” (Oliveira-Formosinho & Araújo, 2013: 30).
O papel do professor em materiais não estruturados abre possibilidades ao demonstrar como o uso desses materiais pode levar à descoberta, estimular a imaginação e a criatividade e aprimorar o desenvolvimento motor e cognitivo. Também é uma ótima oportunidade de ensinar as crianças desde pequenas sobre a sustentabilidade e consumo consciente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ficou evidente que a brincadeira desempenha um papel importante no desenvolvimento infantil. Brincar permite que as crianças explorem, adquiram conhecimento, expressem emoções, entendam o mundo ao seu redor e aprendam a se relacionar e ter empatia com os outros. Da mesma forma, incorporar materiais não estruturados durante a brincadeira contribui para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, sociais e emocionais.
Foi através da utilização destes materiais, que percebemos o quanto as crianças descobrem, reinventam e experimentam coisas novas, dando asas à sua imaginação e criatividade através de suas vivências com esses materiais. Sendo assim, como educadores precisamos aproximar ainda mais as crianças desses materiais que estão presente no dia a dia, incentivar as famílias a ter também esse olhar, pois, muitas vezes acabam descartando e não dando oportunidade para que a criança possa brincar.
REFERÊNCIAS
FERLAND, F. (2006). Vamos brincar? Na infância e ao longo de toda a vida. Lisboa: Climepsi Editores.
KISHIMOTO, T. M. (Org.) Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. São Paulo: Cortez, 2001.
SPODEK, B. & SARACHO, O. N. (1998). Ensinando crianças de três a oito anos. Porto Alegre: Artmed Editora.
SILVA, M. C. & SARMENTO, T. (2017). O brincar na infância é um assunto sério… In T. Sarmento, F. I. Ferreira & R. Madeira (Orgs), Brincar e Aprender na Infância (pp. 40-48). Porto: Porto Editora.
ALVES, R. É brincando que se aprende. Páginas Abertas. v. 27, n. 10, p. 20-21, 2001.
OLIVEIRA-FORMOSINHO, J. E ARAÚJO, S. (2013). Educação em Creche: Participação e Diversidade. Porto: Porto Editora.
POST, J. & MARY, H. (2011). Educação de Bebés em Infantários. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
STROOBANTS, H. (2020). Primeiros Anos.PT – Um blog sobre educação de infância baseado em investigação. Brincar com peças solta e práticas adequadas ao desenvolvimento. Disponível em: http://primeirosanos.iscte-iul.pt/2020/01/22/brincar-com-pecas-soltas-e-praticas-adequadas-ao-desenvolvimento/. Acesso em 20 de agosto de 2023.