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ORIENTAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE COM CRIANÇAS DE ZERO A CINCO ANOS

Katia Regina de Paula leite

Marina Conceição de Arruda Monteiro

Vanessa de Lima santos

 

 

RESUMO

O presente artigo propôs discutir sobre a organização de práticas educativas que promovam efetivamente a aprendizagem e o desenvolvimento da criança de zero a cinco anos tem sido um dos desafios postos à educação brasileira. Durante as reflexões e discussões construídas ao longo deste texto, pode-se afirmar que tivemos a oportunidade de rever concepções e práticas sobre a organização do trabalho do professor na educação infantil. Como também foi levado a refletir quais eram as suas concepções sobre a educação na infância, bem como de que maneira ensinar seus alunos. Vale ressaltar que ressignificar práticas educativas na Educação Infantil não deve ser um movimento solitário ou uma caminhada isolada, ao contrário, deve ser uma ação coletiva e sonhada por todos, portanto, planejada e executada pela equipe escolar. Vale dizer que todo o processo de mudança gera conflitos e contradições, mas só podemos colher frutos de um trabalho futuro se iniciarmos a plantação no presente.

 

Palavras-chave: Aprendizagem. Autoconhecimento. Educar. Cuidar.

 

 

Introdução

 

A presente pesquisa propõe fazer uma reflexão sobre a organização do trabalho pedagógico na educação infantil.

Ressignificar concepções e práticas historicamente construídas sobre a organização do trabalho pedagógico na educação infantil pressupõe rever paradigmas enraizados por uma classe profissional que, durante muito tempo acreditou e ainda acredita que a criança de zero a cinco anos precisa somente de cuidados essenciais de higiene e saúde, ou, ainda, compreende que as crianças que frequentam as creches ou centros de educação infantil devem ser estimuladas apenas para aquisição mecânica e reprodutora de meras habilidades motoras, desconsiderando a importância da aquisição de conhecimentos que com certeza colaborará com as suas aprendizagens e consequentemente com o seu desenvolvimento.

Infelizmente, ainda hoje, encontramos inúmeros centros de educação infantil que conservam em seu agir educacional ranços de práticas assistencialistas, quando privilegiam em sua ação pedagógica o cuidar, desconsiderando a indissociabilidade do cuidar e do educar.

Em contrapartida, existem centros de educação infantil que, na tentativa de cumprirem com o seu papel educacional, organizam seu trabalho pedagógico com base em tendências pedagógicas tradicionais, quando desconsideram os conhecimentos prévios de suas crianças. Assim, não as reconhecem como sujeito sócio-históricos e postulam a favor da estimulação de habilidades mecânicas e repetitivas.

Nesta concepção educativa, o educador é um mero direcionador e a criança um executor de atividade mecânica, perpetuando, desta forma, as visões não críticas e crítico-reprodutivistas da educação, causa da marginalidade e da ignorância do saber do educando, uma vez que a escola nessa visão tem o papel de difundir a instrução e de transmitir os conhecimentos acumulados e sistematizados pela humanidade.

Mediante este contexto indagações surgem e suscitam respostas para as seguintes perguntas:

Que concepção o educador infantil tem acerca de cuidar e de educar na educação infantil?

Quais são as suas expectativas quanto às aprendizagens das crianças?

Como normalmente ele organiza o seu trabalho pedagógico contemplando o cuidar e o educar quanto à aquisição de autocuidados pelas crianças permeadas pela autonomia e não pelo abandono?

 

 

Desenvolvimento

 

É sabido que superar o discurso e a internalizarão de práticas sócios- históricas construídas pelos educadores infantis não constitui tarefa fácil, todavia, formar para o exercício da cidadania e promover autonomia na criança desde a mais tenra idade exige a consecução do processo de ensino aprendizagem fundamentada em princípios epistemológicos e pedagógicos claros, que subsidiem decisões e ações no encaminhamento das mediações oportunas e necessárias à prática pedagógica desenvolvida com a criança de zero a cinco anos.

Do mesmo modo que não é fácil mudar paradigmas nem é simples, resignificar práticas pedagógicas, principalmente quando estas mudanças envolvem reeducar o olhar para contemplar mais detidamente os processos e não os produtos, para fitar mais atentamente os erros na perspectiva de indicadores de hipóteses de acerto para resolução de problema, enfim, para focar a criança-concreta-sujeito- sócio histórico que vive em um contexto real e em um tempo atual, desprendido da expectativa do “vir a ser” para viver hoje, no contexto da infância.

No entanto acredita-se que todas essas impossibilidades, muitas vezes presentes no discurso e na prática do professor que atua no centro de educação infantil, precisam ser superadas, mas, para que isso aconteça, é urgente que o professor de educação infantil adquira a base teórica que o leve a compreender como se desenvolve os conceitos da mente da criança apropriando-se para isso do pensamento de Vygotsky quando afirma que:

 

[...] um conceito é mais do que a soma de certos vínculos associativos formados pela memória, é mais do que um simples hábito mental é um ato real e complexo do pensamento que não pode ser aprendido por meio da simples memorização, só pode ser realizado quando o próprio desenvolvimento mental da criança já houver atingido o seu nível mais elevado (VYGOTSKI, 1991, p. 246).

 

Desse modo é possível inferir que a criança aprende de modo ativo e participativo, partindo do que já sabe e por meio da interação professor-criança e criança-criança. Assim o ensino deve ocorrer, numa atitude parceira e corresponsável tanto da criança como do professor, frente ao processo de aprendizagem. Vale destacar que, para que a concretude dessa ação, é imprescindível que o professor faça a mediação pedagógica, reconhecendo o seu papel de mediador entre o aluno e o objeto de conhecimento.

Portanto defende-se, a relevância de ressignificar o trabalho pedagógico realizado nos centros de educação infantil a fim de promover a aprendizagem das crianças desde a mais tenra idade. Tornar este fato uma realidade pressupõe a reestruturação teórica e prática da organização do trabalho pedagógico. Este é o nosso desafio: organizar uma Educação Infantil que respeite as necessidades da criança, oferecendo-lhe um espaço adequado e seguro, num tempo planejado que permita a construção de novos saberes, levando-a a desvendar o mundo ao seu entorno, possibilitado por uma mediação docente, onde a criança possa brincando e aprendendo perceber que é feliz, pois o seu direito de ser criança é respeitado. Diante deste novo enfoque, necessidades emergem neste campo educacional, suscitado respostas para as seguintes indagações:

  • Quais são as necessidades da criança no século XXI?

  • Que educação atende as necessidades da criança?

 

Responder a essas questões não é uma tarefa fácil principalmente quando requer do educador infantil uma profunda análise sobre as suas concepções de infância, bem como a análise das formas existentes de organizar o trabalho pedagógico direcionado para as crianças de zero a cinco anos pertencentes ao programa de educação infantil.

Este fato se justifica, infelizmente por encontrarmos ainda hoje presente no discurso popular a crença de que as crianças precisam somente de cuidados, uma vez que elas não entendem e não aprendem nada nesta fase.

No entanto, a criança, na perspectiva de hoje, traz a expectativa da criança que deve viver o tempo presente como criança e não como um adulto; deve ser autônoma nas suas aprendizagens, estar sempre pronta a aprender a aprender; a crescer; a construir novos conhecimentos, tendo assim, na figura do adulto, apenas seu mediador e não seu instrutor.

Portanto é essa criança ativa, participativa, construtora e autônoma que se define a clientela educacional da Educação Infantil do século XXI.

Grandes modificações conceituais e práticas começam a acontecer no século XX, principalmente no final da década de 1970 e início da década de 1980.

Essas mudanças ocorrem devido à preocupação de pesquisadores, teóricos e estudiosos da educação para a primeira infância, quando direcionou o seu olhar e seu foco de pesquisa para o desenvolvimento infantil, e consequentemente, para o bem-estar das crianças desde a mais tenra idade.

Toda esta preocupação e consequentes mudanças ocorrem devido à compreensão de que as crianças desde a mais tenra idade necessitam ser cuidadas, mas também educadas, uma vez que, comprovadamente não são tabulas rasas, mas sim construtoras ativas de suas aprendizagens, além de concluírem que o ambiente também é um dos fatores favoráveis à sua aprendizagem e ao seu desenvolvimento.

Deste modo, em 1988, com a nova Constituição federal, o Brasil, na figura do estado, passa a reconhecer a responsabilidade com a educação da criança da primeira infância e busca efetivar sua responsabilidade educacional garantindo legislativamente o direito a todas as crianças brasileiras de 0 a 6 anos de idade, de serem cuidadas e educadas em centros de educação infantil.

No entanto, somente em 1996 através das Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB 9.394/96 - que a educação infantil se integra ao sistema de ensino, caracterizando a “creche” como sendo um atendimento dado às crianças de 0 a 3 anos e a pré-escola como um atendimento dado às crianças de 4 a 6 anos (BRASIL, 1996b).

Deste modo, não se admite mais que a criança do berçário da pré-escola receba apenas cuidados do seu educador, mas é direito da criança e responsabilidade do educador infantil, que atua no berçário e na pré-escola, organizar o seu trabalho pedagógico contemplando objetivos e conteúdos que envolvam o cuidar e o educar.

Portanto é um fato consumado que o ato de cuidar e educar presentes na prática pedagógica mediadora do educador infantil auxilia a aprendizagem das capacidades das crianças, e consequentemente o seu desenvolvimento global, assim, são imprescindíveis e necessários na organização do trabalho pedagógico.

Refletindo sobre todos esses aspectos, podemos inferir que construir e a identidade pedagógica da Educação Infantil torna-se mais difícil quando o foco é a organização do trabalho pedagógico. Para minimizar esta tarefa é necessário que haja a quebra de paradigmas históricos e culturalmente construídos, tanto pelos pais como pela sociedade, como também por muitos educadores infantis desinformados, quando ainda caracterizam a organização do trabalho pedagógico como sinônimo do simples ato de cuidar (trocar fraldas, alimentar os bebês, dar banho e prevenir acidentes), ficando, portanto a função de educar apenas para as turmas de 4 a 5 anos.

Desmistificar essa cultura de cunho popular e social vai muito além das crenças e “achismos”, é necessário certamente, construir uma base teórica que embase adequadamente as concepções e práticas do educador infantil quanto a organização de seu trabalho. Assim na sua lida do dia a dia, promoverá a aprendizagem e o desenvolvimento global de suas crianças.

Transformar essa realidade suscita ressignificar concepções e práticas, para isso é necessário que o educador infantilidade, compreenda como a criança aprende desde a mais tenra idade, portanto deve propor atividades em seu planejamento em que ele cuide educando e eduque cuidando, reconhecendo, para isso, a importância do seu papel mediador durante este processo.

A seguir serão apresentados momentos da rotina educacional em que o educador infantil cuida-educando as crianças.

 

Banho: Deve ser um momento muito agradável, em um ambiente estruturado com banheiras, trocadores, chuveiros e materiais de higiene pessoal de cada criança. É importante que antes de começar o banho, o educador organize-o, pegando toalhas, as roupas, as fraldas e os objetos pessoais da criança, para melhor segurança e conforto.

Vale lembrar que não podemos solicitar da criança, algo que ela ainda não é capaz de fazer, para tanto, não podemos nos esquecer da idade das nossas crianças.

Segundo o Referencial Curricular Nacional Para a Educação infantil (2008, p. 57), a hora do banho, ao ser incluída na rotina,

 

[...] precisa ser planejada, preparada e realizada como um procedimento que tanto promove o bem-estar quanto um momento no qual a criança experimenta sensações, entra em contato com a água e objetos e interage com o adulto e outras crianças (BRASIL, 1998ª, p. 57).

 

É importante lembrar que o banho faz parte tanto do ensinar como do aprender na infância, portanto é imprescindível que o educador inclua em seu plano de aula objetivos voltados para a aquisição destas aprendizagens, pois só assim, poderá avaliar se a criança já é autônoma em seus hábitos de higiene.

 

Alimentação: Toda alimentação oferecida pela creche deve ser de qualidade, tanto no que diz respeito à variedade quanto na quantidade, deve ser organizada e orientada por um profissional especializado, para que o educador possa se preocupara apenas com a formação de hábitos alimentares, bem como com a construção dos autocuidados pela criança.

Com relação aos bebês menores ao chegarem na creche normalmente já foram desmamados recomenda-se que os bebês nessa fase sejam amamentados no colo a fim de que o vínculo com o seu educador seja estabelecido, porém recomenda-se também que as mamadas no polo sejam feitas em períodos alternados para que o bebê se acostume se acostumar a outros espaços.

Com relação aos bebês mais velhos, percebe-se que já demonstrou interesse em segurar a sua própria mamadeira, no entanto isso não tira a responsabilidade do educador e vigiar a sua alimentação desse modo é necessário que o bebê mame em um local que ele possa ficar inclinado a fim de evitar os engasgos e as otites para o referencial curricular nacional para a educação infantil (BRASIL, 2008, p. 53), alimentação deve ser um momento de múltiplas experiências, assim diz:

 

Aos poucos, a criança que recebia papa com ajuda do adulto começa a mostrar interesse em segurar a colher, em pegar alimentos com os dedos e pôr na boca. É muito importante que os educadores permitam que a criança experimente os alimentos com a própria mão, pois a construção da Independência é tão importante quanto os nutrientes que ela precisa ingerir (BRASIL, 2008, p.53).

 

As crianças com um ano de idade já ampliam as suas possibilidades de ingerir uma variedade maior de alimentos, além de ampliarem também o seu repertório de competências à mesa tais como: o uso da colher, o uso da canequinha com tampa e com alça, a diminuição das mamadas, além de compartilharem com crianças e adulto um espaço à mesa.

Vale ressaltar que por volta de um ano e oito meses a criança já é capaz de levar um pedaço de fruta, de pão ou de bolacha até a boca sem ajuda do adulto, portanto o educador deve oferecer a criança uma colher pequena para que ela possa colaborar na sua autoalimentação afinando, desta forma sua destreza motora.

Ainda aos dois anos a criança já é capaz de se alimentar utilizando uma colher com bastante competência pode também segurar, levar e beber o suco em uma caneca sem derramar. Aos Três anos ela já é capaz de se servir de leite, porém a jarra deve conter pouco leite, já é capaz também de manifestar suas preferências alimentares por meio da fala pedindo o que gosta. Aos quatro anos já é capaz de usar adequadamente o garfo e manusear a faca sem ponta.

Com relação às crianças de três a cinco anos a alimentação constitui-se em um momento de prazer, diversão e aprendizagem, assim, a presença e as orientações do educador são indispensáveis. Deste modo o prazer virá se a criança puder sentar ao lado de quem desejar para poder comer e conversar com os seus colegas, a diversão está na possibilidade de utilizar a colher quando consegue e as mãos quando achar necessário. As aprendizagens na hora da refeição ocorrem pela mediação do educador ao compreender que o refeitório é uma extensão da sala de aula, onde existem inúmeras aprendizagens a serem adquiridas tais como autonomia na alimentação bons hábitos à mesa, manutenção com a higiene e a limpeza do refeitório, bem como a degustação de diferentes sabores e tipos de alimentos.

 

Controle dos esfíncteres: Os primeiros passos para levar a criança adquirir o controle dos esfíncteres de forma tranquila, inicia-se ainda mesmo quando a criança é apenas um bebê. Essa ação é materializada quando os adultos procuram deixar o bebê com fralda limpa e seca isto é; sem fazer xixi nem cocô, na maior parte do tempo. Dessa forma, a criança fica acostumada a permanecer sempre seca e, consequentemente, sente-se incomodada quando está com a fralda suja ou molhada.

É importante destacar que, enquanto educador realiza a troca de fraldas, ele perceba a criança que está à sua frente, assim, trocando sorrisos com ela, fazendo gracinhas, carinhos, cantando, fazendo gestos, etc., ele conceba que estes simples procedimentos evitam a mecanização da troca de fralda, fazendo desse momento um ato de interação entre o educador e a criança.

Com o passar do tempo, o educador perceberá que a criança próxima de dois anos começa a manifestar interesse em fazer xixi e cocô no penico ou no vaso sanitário pequeno. Este momento é muito importante e delicado para a criança, requer muita paciência e dedicação do educador, que deverá ser um companheiro e incentivador de seus fracassos.

Algumas crianças manifestam a necessidade de observar o seu xixi ou o seu cocô no penico ou no vaso sanitário principalmente quando damos descarga este fato se justifica uma vez que a criança não consegue compreender o desaparecimento de suas produções algumas estratégias são bem aceitas como dar tchauzinho para o xixi e para o cocô enquanto se dá descarga.

Outro fator colaborador do sucesso no processo de educação do controle dos esfíncteres é o educador sempre lembrar a criança de ir ao banheiro fazer xixi e ir percebendo de quanto em quanto tempo a criança consegue segurar, pois este tempo tende a ampliar progressivamente.

 

Soninho: É sabido a todos que cada fase do desenvolvimento infantil possui características muito próprias, o que as diferenciam umas das outras, sendo primordial que o educador as conheça para entender melhor as suas crianças.

Deste modo, as necessidades voltadas para o sono são diferenciadas tanto em tempo quanto em quantidade de vezes, dependendo da idade da criança. No caso dos bebês, eles precisam dormir mais vezes durante o dia. Muitas vezes já chegam dormindo na creche, ou dormem logo em seguida a sua chegada, dormem antes do almoço, depois do banho, à tarde, etc.

Estudos têm demonstrado que por volta um bebê chega a dormir 18 horas por dia, um pré-adolescente dorme por volta de 10 horas, um adulto de 7 a 8 horas e um idoso de 60 anos pode reduzir seu tempo de sono para 5 a 6 horas por noite. O sono faz parte do desenvolvimento natural do ser humano, e sua redução faz parte do envelhecimento.

No caso das crianças com idade próxima aos dois anos, esta necessidade diminui para uma ou duas vezes ao dia, precisando ser respeitada pelo educador, uma vez que o sono para criança é uma necessidade básica.

Para Gomes e Carvalho (apud ROSSETTI-FERREIRA, 2006, p.143),todo processo que envolve o dormir e acordar da criança é “[...] caracterizado por uma série de rituais importantes. E para que ele seja bom, precisa ser pensado e planejado desde o momento em que a criança se prepara para ir à sala de sono até o momento de acordar”.

A organização do ambiente favorece o sono da criança na creche, para isto a sala deve ser aconchegante, envolvida por uma música suave de ninar, por afagos carinhos com as luzes na penumbra e no silêncio, fazendo com que tanto os bebês como as crianças tenho um sono agradável.

 

Higiene pessoal: lavar as mãos é uma habilidade pessoal que a criança tem muito prazer em participar, desde um ano e dez meses; assim, ao ir para as refeições o educador pode solicitar a participação da criança na higiene de suas mãos. Inicialmente a água que sai da torneira lhe dá muito prazer, é pura alegria, com o tempo ela começa a esfregar uma na outra para a posteriormente fazer uso efetivo do sabonete.

Aos dois anos dois anos e meio, a sua participação pode ser efetivada ao lavar o rosto, como também a escovar os dentes. Nessa fase é muito importante orientar a criança para que não engula pasta, e feche a torneira para não gastar muita água.

É importante lembrar que como foi destacado anteriormente, a autonomia nos autocuidados infantis é um processo em que os desafios a serem vencidos pelas crianças vão se graduando.

Quanto à higiene das mãos, considera-se uma atividade autônoma, pois a criança aos cinco anos é capaz de sozinha abrir a torneira, pegar o sabonete, esfregar as mãos, enxaguar, fechar a torneira e secar as mãos.

A escovação já é uma habilidade mais complexa, uma vez que envolve várias habilidades. Primeiramente a criança tem que ser capaz de abrir a pasta de dente e passar a pasta na escova adequadamente, sem ajuda do adulto, fechar a pasta, abrir a torneira, molhar a escova, escovar os dentes fazendo movimentos corretos, fazer bochecho para não engolir a pasta, cuspir, fechar a torneira, enxugar a escova e a boca, além de guardar a escova de dentes.

 

 

Conclusão

 

Com base na pesquisa apresentada, evidencia-se que é fundamental desmitificarmos a compreensão inadequada de autonomia que infelizmente ainda hoje encontramos presente em muitos centros de educação infantil. Autonomia não é sinônimo de abandono, de solidão.

Em nome de uma falsa autonomia, grande parte dos educadores acredita que a criança a partir dos três anos, não precisa mais ser cuidada e educada em seus autocuidados, e acabam justificando a falta de orientação e aprimoramento de habilidade por Independência.

É preciso saber que não basta a criança controlar o xixi ou cocô, é necessário para o seu autocuidado saber fazer uso do papel higiênico, dar descarga lavar as mãos após o uso do banheiro, etc... Tudo isso denota mediação docente a ser feita até os cinco anos.

O educador infantil deve refletir quais são suas reais possibilidades de mudança diante da organização de práticas educativas que atendam realmente às necessidades de suas crianças. Identificar qual é a sua real contribuição para o centro de educação infantil em que trabalha ou possa vira a trabalhar, a fim de efetivar uma prática educativa onde o cuidar e educar sejam princípios do educar.

Sendo assim, trabalhar para que sua prática docente construa autonomia e a identidade da criança, respeitando sempre as especificidades da infância. Cultivar em sua prática a motivação, ou seja, a necessidade de mudança, principalmente quando o objetivo é melhorar casa vez mais a educação.

 

 

Referências

 

VYGOTSKI, L. S. A formação da mente. 4. Ed. São Paulo; Martins, 1991.

 

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996.

 

BRASIL, MEC/SEF. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília, 1998.

 

ROSSETTI-FERREIRA, Maria Clotilde (org). Os fazeres na educação infantil. São Paulo: Cortez, 2006.