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A IMPORTÂNCIA DA PEDAGOGIA DE ALTERNÂNCIA PARA A ESCOLA AGRÍCOLA TERRA NOVA TERRA NOVA DO NORTE – MT

Karine Martins dos Santos

Vinicio de Figueiredo

 

 

RESUMO

A preocupação básica deste estudo é refletir sobre a educação do campo, mais precisamente o ensino da Escola Agrícola Terra Nova, sua origem, lutas e conquistas. O povo do campo ao longo dos anos lutou e reivindicou por seus direitos, por uma educação que atendesse sua população, sua realidade. Este artigo tem como objetivo analisar a Importância da Escola Agrícola Terra Nova e do ensino agrícola para a região Norte do Estado do Mato Grosso, igualmente analisar a escola agrícola e seus objetivos, suas práticas pedagógicas, bem como a seriedade da pedagogia de alternância para uma educação eficaz. Realizou-se uma pesquisa bibliográfica considerando as contribuições de autores como: Caldart e Ianni

 

Palavra-chave: Educação do Campo; Escola Agrícola; Práticas Pedagógicas.

 

 

Introdução

 

O presente trabalho tem como tema A escola agrícola Terra Nova e a importância da pedagogia de alternância, pois vemos ainda em pleno século XXI há grande defasagem de uma educação deste modelo, tal qual é de suma importância, principalmente para a população que vive no campo. Nesta perspectiva construíram-se questões que norteiam este trabalho: As escolas Agrícolas formam cidadãos aptos para desempenhar seu papel como técnico? A pedagogia de alternância trás de fato valorização e difusão entre a escola e família? Quando falamos em ensino técnico, se espera que os jovens ao final do curso alcancem saberes necessários para a prática cotidiana, dai a importância do ensino prático nas escolas técnicas agrícolas, uma vez que, somente assim o educando poderá unir a teoria e prática com a realidade. Outro papel fundamental é a união entre família e escola, pois só assim se alcançará uma educação de qualidade. Neste contexto, o objetivo primordial deste trabalho é analisar a Importância da Escola Agrícola Terra Nova e do sistema de pedagogia de alternância para a região Norte do Estado do Mato Grosso. Para alcançar o objetivo proposto utilizou-se como recurso metodológico a pesquisa bibliográfica, realizada a partir de análise pormenorizada de materiais já publicados na literatura e artigos científicos divulgados no meio eletrônico. O texto final foi fundamentado nas ideias e concepções de autores como: Caldart e Ianni.

 

 

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

Ao longo das décadas no Brasil e no mundo surgem debates acerca de uma política educacional que estivesse alinhada com os conteúdos, finalidades e realidade camponesa, assim após lutas por direitos do povo do campo surge a Educação do Campo, com total finalidade de atender esta população que se via massacrada por uma educação fora de sua realidade (A Educação Urbana). Em consonância, Caldart (2002) apresenta a Educação do Campo como:

 

[...] a luta do povo do campo por políticas públicas que garantam o seu direito à educação, e a uma educação que seja no e do campo. No: o povo tem direito a ser educado no lugar onde vive; Do: o povo tem direito a uma educação pensada desde o seu lugar e com a sua participação, vinculada à sua cultura e às suas necessidades humanas e sociais. (2002, p.26).

 

Na perspectiva de Octavio Ianni:

 

No Brasil, a democracia nunca chegou ao campo, nem como ensaio; apenas como promessa. O pouco que se fez, em favor da democracia, foi e continua a ser o resultado das lutas de camponeses, operários rurais e índios. A burguesia agrária – composta de latifundiários e empresários, nacionais e estrangeiros – sempre impôs o seu mando de forma mais ou menos discricionária às populações camponesas, assalariadas e indígenas. No campo, a ditadura tem sido muito mais persistente, generalizada, congênita, do que na cidade. Os latifundiários e os empresários sempre impuseram os seus interesses de forma mais ou menos brutal. (IANNI, 2004, p.155)

 

O ensino profissional sempre esteve voltado para o mercado de trabalho e seu ritmo de desenvolvimento tecnológico, acompanhando e respaldando as suas fases. O Ensino Agrícola profissional no Brasil, surgiu em 1910, teve sua origem através do Ministério da Agricultura, e somente em 1946 pela Lei 9.613/4, a Lei Orgânica de Ensino Agrícola ficou definitivamente institucionalizado como ensino Agrícola.


A ESCOLA AGRÍCOLA TERRA NOVA

Em 2006 o município de Terra Nova do Norte – MT, na Comunidade São Pedro, em especifico na Escola Municipal São Pedro começa a discussão em fazer uso desta modalidade de ensino, criando o Projeto Viver do Campo, que possui como princípio a pedagogia de alternância, tendo por objetivo levar a escola para junto das famílias nas suas propriedades, dando subsídios teóricos e práticos para que os filhos dos agricultores acreditem que é possível viver no meio rural com dignidade, aproveitando os vários espaços de aprendizagem. Em 2008 no município houve a expansão da Pedagogia de Alternância contaram com 04 (quatro) escolas que possui tipos de alternância distinta, mas com os mesmos princípios metodológicos e ideológicos. No ano de 2009 percebe - se a necessidade de uma formação técnica para dar sustentação às ideologias pregadas pelas escolas de educação do campo para ficção das famílias campesinas, pois o conhecimento técnico proporcionará uma estruturação da propriedade fazendo com que passem a ser produtivas e consequentemente melhorando sua qualidade de vida. Em 2010 projeto agrícola foi transferido para a 10° agrovila, onde teve maior interesse dos pais e comunidade, por ser ponto estratégico, estando localizado em um dos maiores assentamentos da América-Latina o HIJ. Para que as famílias percebam que o conhecimento técnico é importante e necessário perceberam que na pedagogia de alternância o educando fará paralelamente sua formação com a prática do seu cotidiano, pois ao mesmo tempo em que levantam a problemática pode agir para transformar a realidade. Na Escola Agrícola Terra Nova o curso tem a duração de 04 anos, sendo que o primeiro servirá como base de compreensão do trabalho cooperativo e da dinâmica do trabalho temático, funcionará nos três turnos, considerando que é organizado de acordo com os pressupostos da Pedagogia da Alternância, ou seja, mediante a combinação de atividades na escola e na comunidade. Nesse caso os estudantes passarão uma semana na escola em regime de internato e uma semana na comunidade, realizando atividades de intercâmbio, observação, investigação e intervenção em projetos na família e na comunidade, na escola esse processo é conhecido como “tripé de sustentação”: família, escola e estudante. Objetivos da Escola Agrícola Terra Nova

 

Objetivo geral

Proporcionar a formação integral dos jovens em função da promoção do desenvolvimento local sustentável solidário. Objetivos Específicos Valorizar o ser humano, no contexto de sua família e comunidade, respeitando seus valores para promover a formação integral; Criar condições para a participação direta ou indireta das famílias, comunidades, lideranças e instituições no processo educativo; Garantir estímulos para a permanência do jovem no campo, através de projetos sustentáveis a nível social, ambiental e econômico; Despertar no jovem a importância da organização no campo nas mais diversas formas, estimulando as práticas sociais solidárias; Estimular o jovem na perspectiva de um desenvolvimento que visa a sustentabilidade e a solidariedade no campo. Incentivar o pensamento crítico e a tomada de decisões, observando normas e critérios de administração e ética. Dominar conhecimentos para agregar valores qualitativos e quantitativos às propriedades rurais em que atuam. Tornar a propriedade auto-sustentável a partir da administração e gerenciamento dos custos agropecuários. Conhecer a estrutura da propriedade e a produção sustentável econômica, social e ecologicamente correta. Compreender a organização da estrutura administrativa da propriedade rural. Aplicar planejamento na exploração da propriedade compreender o processo de comercialização. Utilizar métodos de controle no processo produtivo. Conhecer os processos de gerência de pessoal. Incentivar a valorização cultural do Meio Rural. Possibilitar o acesso ao conhecimento das formas de produção agropecuária, segundo os princípios da Agroecologia. Capacitar profissionais que atendam, com eficiência, à produção de gêneros alimentícios de qualidade, capazes de suprir as demandas das comunidades e ainda sejam capazes de produzir riquezas, melhorando assim a qualidade de vida das pessoas envolvidas, conservando o meio ambiente e promovendo o desenvolvimento sustentável.

 

A importância da pedagogia de alternância para uma educação de qualidade

Segundo o parecer homologado CNE/CEB Nº: 1/2006, a pedagogia de alternância surgiu na década de 1930 na França, devido à insatisfação das famílias com o êxodo rural, e o ensino de seus filhos nas cidades que não aliavam a teoria e prática com sua realidade, e foi se estendendo para outros países da Europa pela Bélgica e Espanha. Foi implantada no Brasil no ano de 1969, no estado do Espírito Santo, onde estavam organizadas em: Escola Famílias Agrícolas (EFA), Casas Familiares Rurais (CFR), Escolas Comunitárias Rurais (ECOR), Escolas de Assentamentos (EA), Programa de Formação de Jovens Empresários Rurais (PROJOVEM), Centro de Desenvolvimento do Jovem Rural (CDEJOR), entre outros. Existem três tipos de pedagogia de alternância, sendo elas: Justa positiva, associativa e alternância integrativa real ou copulativa. (QUEIROZ 2004) Alternância justa positiva: que se caracteriza pela sucessão dos tempos ou períodos consagrados ao trabalho e ao estudo, sem que haja uma relação entre eles. Alternância associativa: quando ocorre uma associação entre a formação geral e a formação profissional, verificando-se, portanto, a existência da relação entre a atividade escolar e a atividade profissional, mas ainda como uma simples adição. Alternância integrativa real ou copulativa: a alternância supõe estreita conexão entre os dois momentos de atividades em todos os níveis sendo individuais, relacionais, institucionais ou didáticos. A ligação entre eles é dinâmica e se efetua em um movimento de ir e retornar. Na Escola Agrícola Terra Nova é utilizada a pedagogia de alternância integrativa real ou copulativa, a mesma atende duas turmas divididas em turma “A” e “B”, cada uma fica um período alternado de uma semana na escola (Tempo Escola) e uma semana na propriedade (Tempo Comunidade). No período em que os estudantes ficam no tempo comunidade, tem as mesmas funções de aplicar as atividades que foram realizadas no tempo escola, tanto na parte teórica na realização de trabalhos, como também na parte prática aplicando os conhecimentos técnicos do Curso em Agroecologia, envolvendo a família e a comunidade, obtendo assim uma troca de conhecimentos entre os mesmos sobre os diversos assuntos abordados. Sabe-se do grande compromisso que se tem pela frente, mas a certeza do objetivo a se cumprir, mais a satisfação de fazer parte da transformação da realidade dos filhos de pessoas que não tiveram as mesmas oportunidades ou incentivos, e hoje encontram por meio da escola a chance de mudar a realidade de sua comunidade, propriedade e família. A pedagogia de alternância oferecida pela Escola Terra Nova proporciona aos estudantes diversos meios de conhecimentos, pois realiza atividades teóricas e práticas no tempo escola que podem ser aplicadas nas propriedades no tempo comunidade, proporcionando assim melhor aprendizado. Conclusão O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise da importância do ensino agrícola em nossa região, mais precisamente da seriedade da Escola Agrícola Terra Nova na região Norte do Mato Grosso, E de como as escolas Agrícolas formam cidadãos aptos para desempenhar sua formação técnica e humana, pois através de estudos teóricos e práticos os mesmos se tornam capazes de desenvolver seus aprendizados. Também de como a seriedade da pedagogia de alternância é desempenhada, esta que de fato concluiu-se que traz a valorização e difusão entre a escola, família e estudante o tripé de sustentação, pois a mesma possibilita maior interação entre ambas as partes devido realização feita pelos estudantes em atividades de intercâmbio, observação, investigação e intervenção em projetos na família e na comunidade, transformando a sua realidade, da família e do mundo.

 

 

REFERÊNCIAS

 

CALDART, Roseli Salete. Ser Educador do povo do Campo. In: KOLLING, Edgar Jorge; CERIOLI, Paulo Ricardo; CALDART, Roseli Salete. Por uma educação do campo. Brasília, DF: Articulação Nacional Por Uma Educação do Campo, 2002. Coleção Por Uma educação do Campo, n°4. P.129-133.

 

IANNI, Octavio. Origens Agrárias do Estado Brasileiro. São Paulo: Editora Brasiliense, 2004.

 

PARECER.CNE/CEB Nº: 1/2006, dias letivos para a aplicação da Pedagogia de Alternância nos Centros Familiares de Fiormação por Alternância (CEFFA). 01/02/2006.