OS DESAFIOS DO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO NAS ESCOLAS DO CAMPO DO MUNICÍPIO DE COLÍDER/MT EM TEMPOS DE PANDEMIA
Jokassia Pelegrini Bognar
Mônica Pegoraro
Sandra Pegoraro dos Santos
RESUMO:
O presente artigo aborda sobre os desafios de alfabetização de duas escolas do campo no município de Colider, em Mato Grosso, em tempos de pandemia, estabelecendo sua problemática educacional. A educação está vivendo um momento muito delicado em razão da pandemia do Covid -19 que se alastrou pelo mundo todo. No campo educacional foram necessários muitas reinvenções e mudanças para que o ensino continuasse a acontecer, no entanto, nas escolas do campo esses desafios foram ainda maiores e que precisam ser superados. Assim, essa pesquisa tem como objetivo refletir sobre como está sendo superado os desafios encontrados na prática de alfabetização em tempos de pandemia diante da perspectiva das professoras na EM Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e EM Sol Nascente, ambas pertencentes a rede municipal, localizadas a aproximadamente 60 km do município de Colider/MT.
Palavra-chave: Alfabetização. Escola do Campo. Pandemia
Introdução
Esse artigo trata-se dos desafios enfrentados pelo professor alfabetizador em tempos de pandemia da Covid-19 que desde o ano passado trouxe uma mudança muito grande em virtude do enfrentamento desta nova doença surgida no mundo. Ela surgiu de maneira muita agressiva se espalhando por todos os países, levando várias pessoas a serem hospitalizadas e muitas vindo a óbito. Dessa maneira, houve as suspensões das aulas presenciais, que teve o intuito de preservar a vida das crianças, pelo motivo de ser algo novo, sem muito conhecimento e acompanhado de muito medo.
Diante desse cenário exposto e vivenciado no mundo todo, os professores necessitaram adotar novas medidas de ensino, sendo uma delas o ensino a distância, garantido assim um novo modelo de aprendizagem. Houve muitas dúvidas e incertezas sobre esse novo método, por ambas as partes. Porém, mesmo diante desse cenário, a escola do campo continuou em busca de novos modelos de ensino para dar continuidade e assim garantir aos alunos seus direitos de aprendizagem.
O processo de alfabetização é desafiador tanto para o educador quanto para o educando, ainda mais nesse período de pandemia, quando é muito importante que haja um olhar reflexivo e otimista, zelando pela aprendizagem das crianças. É necessário que o professor alfabetizador encontre motivação para também motivar seus alunos, nesse novo desafio vivenciado por todos em todo o mundo.
Dessa maneira, este trabalho tem como objetivo refletir sobre como está sendo superado os desafios encontrados na prática de alfabetização em tempos de pandemia diante da perspectiva do professor na EM Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e EM Sol Nascente, ambas localizadas a aproximadamente 60 km do município de Colider/MT.
O estudo realizado é uma reflexão a partir da realidade vivenciada pelas professoras das duas escolas citadas acima, pertencente a rede municipal, localizadas nas comunidades rurais denominadas Novo México e Sol Nascente. E tem como fundamentação teórica autores como (SANTOS; MENDONÇA, 2007); (PIAGET,2007); (ROSA; CAETANO, 2008); (PEDROSO; SOUSA; VIEIRA; CUNHA; FURLAN; MENDES; BARBOSA, 2021).
Desenvolvimento
O foco principal deste estudo é mostrar como os professores e estudantes dessas unidades escolares veem enfrentado os desafios postos pela pandemia do novo corona vírus no contexto do Ensino Remoto Emergencial, uma vez que por residirem na zona rural em sítios e fazendas distantes da escola, muitas famílias não possuírem internet e meios para acessar as aulas, muitas contam com dificuldades relacionadas a transporte, onde muitas vezes acabam retardando a retirada das atividades impressas que muitas vezes são transportadas por trabalhadores que são funcionários de fazendas próxima da casa do estudante, com isso há demora do retorno das atividades. As professoras também entregam atividades nas porteiras dos sítios afim de facilitar à família e se valem de recados e depoimentos dos familiares quando possível. Um outro desafio enfrentado é o trabalho com turmas multi, pois nessas unidades escolares os alunos do pré l, pré ll, 1°, 2°, 3°, 4° e 5º ano estudam todos em uma única sala e nesse momento trabalhar com sete turmas diferentes exige muito mais tempo e dedicação do professor. De acordo com MENDES, SILVA E BARBOSA:
A pandemia de Covid-19 exigiu de professores e alunos novas maneiras de ensinar e aprender. Assim, o ensino remoto foi a solução emergencial adotada para os desafios postos à educação nesse contexto pandêmico. P. 17
Na perspectiva de promover um ensino de qualidade nas aulas remotas, foram necessárias muitas readaptações metodológicas, muitos desafios a serem superados. Visando uma educação de qualidade para as crianças do campo, as professoras alfabetizadoras buscaram medidas de ensino - aprendizagem, umas delas que tem sido usada nesse processo foi o uso de recursos tecnológicos, sendo mais utilizado o aplicativo WhatsApp e também o material impresso. O ato de planejar tornou se ainda mais necessário e reflexivo, onde o professor busca comtemplar as necessidades educacionais, emocionais em meio as fragilidades enfrentadas pelas famílias.
De acordo com a citação abaixo nota-se a importância do planejamento na ação docente:
Assim, acreditamos que, através da atividade de planejar, podemos refletir sobre nossas decisões, considerando as habilidades e os conhecimentos prévios dos alunos, e podemos conduzir melhor a aula, prevendo dificuldades dos alunos, organizando o tempo de forma mais sistemática e avaliando os resultados obtidos. (SANTOS; MENDONÇA, 2007, p. 76).
É muito importante a parceria de educadores e comunidade escolar mantendo boa comunicação e interação, havendo diálogo, aproximação e troca de experiências, sendo assim mantém-se o vínculo necessário entre professor e aluno, pois o ensino remoto por sua vez distanciou a proximidade da forma presencial. As aulas remotas estão fazendo com que o aluno permaneça mais tempo com sua família, havendo assim maior interação entre os membros nesse momento. Considera-se que o vínculo entre educador e família está sendo primordial nesse tempo pandêmico. Conforme destaca Piaget:
Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais leva pois muita coisa mais que a uma informação mútua: este intercâmbio acaba resultando em ajuda recíproca e, frequentemente, em aperfeiçoamento real dos métodos. Ao aproximar a escola da vida ou das preocupações profissionais dos pais, e ao proporcionar, reciprocamente, aos pais um interesse pelas coisas da escola, chega-se a uma divisão de responsabilidades [...] (PIAGET,2007, p.50)
Acredita-se que ainda há muitos desafios a serem enfrentados. É necessária inovação nas práticas pedagógicas para alfabetizar e garantir que a alfabetização de cada educando aconteça no tempo certo, que os mesmos não sofram prejuízos que venham intervir em suas vidas futuramente. O professor é o principal ator neste processo, porém, nesse momento que nos encontramos, a família tem sido aliada do professor, sem a participação delas seria impossível isso tudo acontecer, tendo em vista que são crianças pequenas e precisam do auxílio da família. Vale ressaltar ainda que os profissionais que atuam na educação do campo têm se esforçado o máximo, para buscar garantir que o processo de aprendizagem aconteça da melhor maneira possível.
Considerações Finais
Diante do exposto, conclui - se que a educação do campo vai muito além do que imaginamos, pois é uma realidade oposta de outras modalidades de ensino, que apresenta sua especificidade, sem deixar de garantir aos seus educandos todos os direitos e deveres. Este cenário na educação do campo tem mostrado muita preocupação com a situação vivenciada, em razão do Covid-19, porém em nenhum momento deixou-se de buscar conhecimentos que fortalecesse o ensino aprendizagem.
Com base nos materiais estudados foi possível verificar que os professores de uma forma geral, nesse momento passam por instabilidade e buscam superar os desafios encontrados no dia a dia na prática de alfabetização, nesse tempo de incertezas e medos, buscando alternativas que vá de encontro com as necessidades/realidades dos alunos. Sabemos que esse momento não está sendo fácil para ninguém e que as famílias/alunos e professores estão precisando adequar tempo, espaço e se dedicarem muito mais à família e a educação dos filhos. A metodologia também é tida como fator fundamental para que a criança e a família não desanimem, para isso estamos sempre buscando inovar trabalhando de acordo com recursos que a família possui, utilizando aulas práticas, material impresso, livros, recursos tecnológicos como: áudios, vídeos e WhatsApp, jogos e recursos naturais disponíveis na propriedade em que residem e isso vem surtindo resultados positivos. Sabemos que não podemos parar e que há muito ainda a ser feito, especialmente em relação a igualdade educacional relacionada ao acesso a internet e ao meio de acesso, os quais dependem de outras instâncias governamentais, mas que precisam ser reivindicados e fomentada pela instituição escolar e as famílias dessas comunidades. Com base em Pedroso e Sousa: A pandemia de Covid- 19 escancarou as desigualdades sociais existentes no Brasil. Tanto nas rotinas sociais quanto nas profissionais. No entanto cabe a todos nesse momento darmos as mãos para que todos possamos ser tratados com igualdade e dignidade.
Ressaltamos que a família tem sido primordial nessa etapa de ensino, que sem a participação da mesma seria impossível tudo isso acontecer, sendo esta uma parceria que precisa ser mantida entre família e escola, uma união que juntas somam forças para vencer qualquer obstáculo no campo da aprendizagem.
Referências
ROSA, Daniela Souza da; CAETANO, Maria Raquel. Da educação rural à educação do campo: uma trajetória...seus desafios e suas perspectivas. Disponível em:http://www.portaltrilhas.org.br/download/biblioteca/da-educacao-rural-a-educacao-docampo.pdf. Acesso em: 02 março. 2021.
PIAGET, Jean. Para onde vai à educação. Rio de Janeiro. José Olímpio, 2007. _______ Jean. Seis estudos de Psicologia. Rio de Janeiro. Forense.
MENDONÇA, M. Gêneros: por onde anda o letramento? In: SANTOS, C. F.; MENDONÇA, M. (orgs.) Alfabetização e Letramento: conceitos e relações. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
LEÃO, Marcelo Franco; ALVES, Ana Claudia Tasinaffo; MAIA, Gislane Aparecida Moreira; SOUZA, Kellen Cristhina Inácio; (Organizadores) A ESCRITA CIENTÍFICA NA EDUCAÇÃO ESCOLAR: DA COLETA DE DADOS AO ARTIGO 1ª ed / Uberlândia–MG: Edibrás, 2021.
IMPLANTAÇÃO DO ENSINO REMOTO NA ESCOLA ESTADUAL ANTONIO GRÖHS EM ÁGUA BOA/MT Jallys Martins Mendes, Márcia Juliana da Silva e Maxsuel Pereira Barbosa in- A ESCRITA CIENTÍFICA NA EDUCAÇÃO ESCOLAR: DA COLETA DE DADOS AO ARTIGO 1ª ed / Uberlândia–MG: Edibrás, 2021.
IMAGINÁRIO E PANDEMIA: A TRANSIÇÃO DO INFANTIL PARA O ENSINO FUNDAMENTAL Nilson Furlan. In- A ESCRITA CIENTÍFICA NA EDUCAÇÃO ESCOLAR: DA COLETA DE DADOS AO ARTIGO 1ª ed / Uberlândia–MG: Edibrás, 2021.
GAMIFICAÇÕES NO ENSINO REMOTO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Lilia Delfino Soares da Cunha. in- A ESCRITA CIENTÍFICA NA EDUCAÇÃO ESCOLAR: DA COLETA DE DADOS AO ARTIGO 1ª ed / Uberlândia–MG: Edibrás, 2021.
PERCEPÇÃO DE ESTUDANTES DE 5º DO ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE AULAS REMOTAS NO PERÍODO DA PANDEMIA DA COVID-19 Elma Aires Vieira. in- A ESCRITA CIENTÍFICA NA EDUCAÇÃO ESCOLAR: DA COLETA DE DADOS AO ARTIGO 1ª ed / Uberlândia–MG: Edibrás, 2021.
IMPACTO DA COVID-19 NA EDUCAÇÃO E NA SOCIEDADE Tania Pedroso e Kellen Cristhina Inácio Sousa. in- A ESCRITA CIENTÍFICA NA EDUCAÇÃO ESCOLAR: DA COLETA DE DADOS AO ARTIGO 1ª ed / Uberlândia–MG: Edibrás, 2021.