EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA NO CONTEXTO EDUCATIVO DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO EM CUIABÁ-MT: UMA REFLEXÃO
Cristiane lemes de arruda1
Eliane Bartolina da Silva2
Heliene Francisca Mendes3
Marizeth Rodrigues de Morais4
Onoice Benedita da Silva Pereira Barbosa5
RESUMO
Tendo em vista o contexto perpassado pela realidade pandêmica pelo qual o Brasil e o mundo vêm passando desde o ano de 2020, o artigo em tela tem por objetivo refletir sobre o desenvolvimento da educação em articulação com a tecnologia. Metodologicamente trata-se de uma produção qualitativa bibliográfica e documental via relato de experiência vivenciada por professoras de escolas e creches da rede Municipal de Ensino de Cuiabá-MT. A realidade evidencia que os processos educativos tiveram que ser ressignificados, tendo em vista a necessidade de desenvolvimento da perspectiva híbrida de ensino, combinado aspectos do ensino presencial com o ensino à distância, via ensino remoto. Trata-se do fim da hegemonia da didática comeniana e da inauguração de novas possibilidades no campo educativo que possibilita a reinvenção das práticas pedagógicas.
Palavras Chave: Educação. Tecnologia. Reinvenção de Práticas Pedagógicas. Ensino Remoto.
INTRODUÇÃO
É inegável que a educação se apresenta como mecanismo de transformação de vidas. Neste sentido ela possui mecanismos legais que a referenda côo um direito social. (CARVALHO, 2009). A Constituição Brasileira, assim como a Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional, Lei Nº 9394/96 evidenciam as premissas legais que perpassam a educação em todo o Brasil.
A Rede Municipal de Educação - SME em Cuiabá – MT, pensando no perfil de sociedade que queremos para um futuro próximo elaborou e desenvolveu as Políticas Públicas em Educação para as escolas e creches em nosso município com foco na cultura, tempos de vida, direitos de aprendizagem e inclusão.
Trata-se de uma Política Educacional marcada pelo movimento teórico prático instaurado na história social, na cultura, na reflexão e no diálogo, assim como no enfrentamento às adversidades que ainda persistem no campo da Educação Básica evidenciadas nas avaliações internas e externas e nos indicadores apresentados no Plano Municipal de Educação. (SME, 2020).
O ano de 2020 em função da Pandemia do Covid 19 exigiu dos profissionais da educação a ressignificação de suas práticas, tendo em vista a necessidade de distanciamento social. Tal perspectiva requereu um novo olhar para o contexto educativo e ao mesmo tempo para o uso e articulação da tecnologia no contexto educativo.
No Brasil, em se tratando do contexto educacional, a internet tem contribuído no desenvolvimento das ações educativas nos diferentes níveis e contextos de ensino de modo a influenciar cada vez mais todos os aspectos da nossa sociedade, trazendo repercussões importantes para quem acessa e produz conhecimento mediante a disponibilização de praticidades através das Tecnologias de Comunicação e Informação – TIC.
Na prática, a tecnologia se apresenta como um recurso magnífico a disposição da humanidade que tem introduzido mudanças significativas na sociedade e forçado mudanças na escola, podendo ser definido como:
Sedutor, complexo e novo na realidade escolar, colocou por terra, juntamente com o processo de globalização, a noção de fronteira, tempo e lugar. Com os meios de comunicação, ideias, informações e produtos circulam com rapidez nunca antes observada e, especialmente no que se refere à internet com um caráter extremamente democrático, já que qualquer pessoa pode acessá-la para qualquer fim e a qualquer momento (MARTINS, 2004, p. 4).
Os desafios resultantes da introdução das TIC no contexto escolar e de creche, ao mesmo tempo em que abrem novas perspectivas para a prática pedagógica, acabam por forçar as mudanças de paradigma (KAMPFF, 2006), exigindo dos professores, não apenas o uso pedagógico de certas possibilidades tecnológicas, mas também, o domínio dos recursos e o desenvolvimento da fluência tecnológica para poder atender às necessidades dos estudantes, ‘nativos tecnológicos’ da sociedade do conhecimento.
Para tal mudança de paradigma, Perrenoud, (1999, p.62) menciona que:
Supõe-se do professor: A competência de produzir situações-problema 'sob medida', trabalhar com o que está à mão, sem temer o desvio de ferramentas ou de objetos concebidos para outros fins. Para trabalhar com situações-problema, utiliza-se, por exemplo, de preferência softwares didáticos, aplicativos (editores de texto, programas de desenho ou de gestão de arquivos, planilhas e calculadoras) que são os auxiliares diários das mais diversas tarefas intelectuais.
Não é de hoje que a educação escolar vem sendo questionada e pressionada a modificar suas práticas, não apenas por inserir recursos tecnológicos na prática pedagógica, mas por transformar seu paradigma de atuação. Paulo Freire (1996) ainda na década de 80 criticava o modelo positivista conservador e tradicional de ensinar das escolas, identificando-o como prática inadequada de educar, uma prática de ensino que produz uma ‘educação bancária’. Afirmava ele:
A educação autêntica, repitamos, não se faz de A para B ou de A sobre B, mas de A com B, mediatizados pelo mundo. Mundo que impressiona e desafia a uns e a outros, originando visões ou pontos de vista sobre ele. Visões impregnadas de anseios, de dúvidas, de esperanças ou desesperanças [...] (FREIRE, 1979, p. 98).
Diante do exposto, tendo em vista as possibilidades dos recursos tecnológicos é imprescindível que se faça uma reflexão sobre o atual paradigma de educação/ensino, a fim de determinar quais aspectos podem ser mantidos e quais precisam ser reelaborados, reinventados, reaprendidos.
Compreendendo o Fenômeno
A Secretaria Municipal de Educação de Cuiabá-MT – SME, a fim de organizar as ações via ensino remoto organizou um projeto piloto mediante um conjunto de orientações e sugestões de atividades amparadas nos aportes do Ensino a Distância, denominado @Portal da Escola Cuiabana. O mesmo foi desenvolvido de 23 de março a 05 de abril de 2020, em todas as unidades educacionais.
Para que tal intento se tornasse realidade, foram realizadas pesquisas de campo para avaliar o resultado desse projeto piloto e diagnosticar a situação das famílias e dos estudantes em termos do acesso à internet e equipamentos tecnológicos e midiáticos.
Os pressupostos do Portal da Escola cuiabana que inclui as creches e Centros de educação Infantil, encontra-se respaldada nos resultados de pesquisas, nos aportes teóricos contemporâneos e nos marcos legais, e ainda, considerando as discussões das instituições nacionais e internacionais, como Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação), Undime (União dos Dirigentes Municipais de Educação), CNE (Conselho Nacional de Educação) e MEC (Ministério da Educação), propõe caminhos viáveis para oferecer Ensino a Distância.
O portal da Escola Cuiabana tem por objetivo geral implantar um sistema de ensino composto por aulas e atividades a distância (EaD), para o acesso dos estudantes e crianças que frequentam a creche e os Centros de Educação Infantis - CMEIS ao currículo escolar durante o período de isolamento e ou distanciamento social, validadas como carga horária letiva, constituindo-se como novas possibilidades de mediação, interação pedagógica e de formação de professores.
Na perspectiva dos objetivos específicos, buscou-se; Desenvolver atividades pedagógicas dos componentes do currículo escolar com aulas programadas com recursos das redes digitais, mídias sociais, recursos midiáticos, tecnológicos, impressos, iconográficos, cinematográficos, entre outros, respeitando as condições de acesso do estudante;
Garantir que o desenvolvimento das atividades pedagógicas em EaD estejam de acordo com a Política Educacional da Escola Cuiabana, com a sua Matriz Estruturante e a Matriz do Referencial Curricular Competências, habilidades e Direito de aprendizagens.
Assegurar que o investimento e o capital intelectual conquistado sirvam para a continuidade do programa, após avaliação pela SME, com suas possibilidades de mediação e interação pedagógica no ensino e na formação de professores.
Com base no Decreto nº 7.846 de 18/03/2020 da Prefeitura de Cuiabá, amparado nas orientações da Organização Mundial de Saúde, determinou o período de isolamento domiciliar de 23 de março a 5 de abril, mas este dispositivo não pegou as comunidades educacionais e locais, as orientações contidas no @Portal da Escola Cuiabana indicaram que cada unidade educacional planejasse para o período de 23 de março a 03 de abril, as aulas com o suporte do EaD.
Nesta direção, cada professor de escola e creche deveria enviar semanalmente, as atividades distribuídas para cada dia, no grupo de WhatsApp de sua turma e também por meio de SMS, orientando aos responsáveis e os estudantes sobre a forma de organização das aulas em casa. A opção pela interação por meio da rede social a partir da organização de grupos com o suporte do aplicativo de WhatsApp foi a mais acessível para atender a demanda vigente.
Neste sentido,
A proposta didático-pedagógica do @Portal da Escola Cuiabana sugeriu um cronograma para as aulas em casa contendo atividades, indicação de leituras, vídeos e orientações para os pais de acordo com a faixa etária dos estudantes, como também, sugeriu a distribuição e utilização dos livros didáticos, livros de literatura e outros materiais. Cada professor sendo o responsável pela organização e acompanhamento das atividades planejadas para a sua turma no grupo de WhatsApp.
Importante se faz destacar que na Rede Municipal de Ensino de Cuiabá-MT existe a percepção de que a EaD não desmerece a importância do ensino presencial. Trata-se de mais uma forma de educar que não se opõe à educação presencial, é uma abertura à tradicional relação ensino/aprendizagem. No Brasil, desde os anos 80, que os processos educativos, em especial no ensino superior já utilizavam a EaD conjugada com educação presencial (ARMENGOL; POMERHANZ, 1999).
A Metodologia Organizacional do Portal da Escola cuiabana, o Uso das tecnologias de Comunicação e Informação e Sua Dimensão Legal
Em se tratando do desenvolvimento de práticas pedagógicas mediatizadas pelas Tecnologias de Comunicação e da Informação, a percepção de Kenski é a de que:
Os novos processos de interação e comunicação no ensino mediado pelas tecnologias visam ir além da relação entre ensinar e aprender. Orientam-se para a formação de um novo homem, autônomo, crítico, consciente da sua responsabilidade individual e social, enfim, um novo cidadão para uma nova sociedade (KENSKI, 2003, p. 129).
Nossa compreensão é a de que o uso dos recursos tecnológicos no desenvolvimento do trabalho pedagógico irá forçar uma mudança necessária na educação presencial no sentido de possibilitar o repensar das práticas pedagógicas, na medida em que oferece potencialidades de comunicação, colaboração e interação que antes não existiam, a promover um processo que consiste tanto na aquisição do conhecimento, quanto em sua relativização, análise crítica e transformadora (ZABALA, 2002, p. 55; MORAN, MASSETTO, BEHRENS, 2013, p. 65,66).
Partindo do pressuposto de que todo ato educativo é intencional, portanto em uma perspectiva curricular planejada para atender aos objetivos propostos, a organização curricular foi conduzida da seguinte forma:
a) Planejamento das atividades e socialização, estabelecendo trocas e possibilidade de replicação em várias turmas do mesmo ano letivo.
b) A avaliação das atividades de forma contínua socializando a correção com os estudantes e familiares, prevalecendo o bom senso, no sentido de analisar a melhor forma de fornecer as devolutivas: de modo coletivo no grupo ou individual, no WhatsApp privado do estudante ou familiar.
c) A relação entre professores e estudantes mantida diariamente, seja com o docente cumprimentando os estudantes, postando as atividades do dia ou colocando à disposição para tirar dúvidas;
d) A ludicidade como elemento fundamental efetivada com a produção e postagens de vídeos nos quais o professor realiza a Leitura Deleite para os estudantes. (CUIABÁ, 2020, p. 6).
A SME mediante suas equipes de trabalho via assessores pedagógicos, realizou o acompanhamento e o monitoramento de todo o trabalho de planejamento e execução das ações pedagógicas nas escolas e creches. Na mesma perspectiva, realizou intervenções e forneceu suporte pedagógico encaminhando sugestões de aulas nos diferentes componentes curriculares, como também, livros de Literatura Infantil digitalizados para as atividades de Leitura Deleite e outras, gibis em pdf, entre outros materiais.
Os resultados relativos ao trabalho desenvolvido evidenciam que nas 83 unidades educacionais que atendem Educação Infantil (pré-escola), Ensino Fundamental (1º ao 9 º ano) e Educação de Jovens e Adultos, foram organizados 2.000 grupos de WhatsApp com o professor e seus alunos (turma). As formas de interação entre professores e estudantes estão acontecendo das mais variadas formas.
Tal resultado serviu para orientar a elaboração do Programa @Portal da Escola Cuiabana, tendo em vista que indicou que as formas de interação mais utilizadas foram por meio do WhatsApp; e-mail; e faceboock. De maneira menos expressiva utilizaram o google classroom; google forms; google drive; blog; e agenda Edu.
Em termos da interação por meio de recurso físico foram, em sua maioria, utilizadas cópias de atividades, bem como atividades marcadas nos livros didáticos e outros livros. Importante frisar que houve, na maioria das unidades educacionais, a combinação de pelo menos duas formas de interação com os estudantes e familiares.
Para ter clareza do cenário que envolvia alunos e professores da Rede Municipal de Ensino de Cuiabá – SME, foi realizada uma pesquisa de campo no período de 06 a 09/04/2020 direcionada aos familiares dos estudantes do Ensino Fundamental e das creches, por meio de SMS contendo um link com os questionamentos para que os pais e responsáveis/familiares respondessem.
A pesquisa teve por objetivo além de diagnosticar a situação das famílias e dos estudantes no acesso à internet e aos equipamentos necessários para aulas na modalidade a distância; também buscar sugestões sobre qual a melhor forma que o estudante pode receber o conteúdo para a educação a distância, ter acesso e participar das atividades com mais facilidade.
Ao todo foram enviados 41.948 SMS e, conforme o relatório do resultado da pesquisa, 54,9% dos familiares ou responsáveis confirmou o recebimento do SMS e o percentual de daqueles que participaram respondendo o questionário, foi de 16,8%.
Foi possível constatar pelos dados apresentados pela pesquisa que a televisão consiste no recurso que as famílias e estudantes têm mais acesso, seguido pelo celular; e que o acesso à internet ainda não está equalizado para todas as famílias e estudantes. Estes aspectos demonstram a necessidade da SME utilizar um conjunto variado de recursos para o trabalho no EaD.
Quando perguntados qual a melhor forma do estudante ter acesso e participar das atividades mais facilmente nesse período de isolamento social, apenas 2,0% dos familiares afirmaram não ter a possibilidade acesso às atividades de EaD. Ou seja, a constatação indicou que inexiste um recurso tecnológico ou midiático que consiga atingir todos os estudantes, portanto indica a necessidade de adotar a abordagem híbrida e dos multimeios nos projeto didáticos-pedagógicos para as aulas e atividade EaD.
Na perspectiva de uma questão positiva está o fato de que mais de 90% dos familiares terem afirmado que acompanhariam os estudantes nas atividades EaD. Esta e outras análises apresentadas, conforme descrito neste texto, levaram a Secretaria Municipal de Educação de Cuiabá a propor Programa @Portal da Escola Cuiabana, com uma abordagem inclusiva e de multimeios didáticos, tendo como ponto de partida a realidade das famílias dos seus estudantes.
Em conformidade com o pensamento de Perrenoud (2000), formar para as novas tecnologias consiste em formar o julgamento, o senso crítico, o pensamento hipotético e dedutivo, para a leitura e a análise de textos e de imagens, representação em redes, procedimentos e estratégias de comunicação e ao mesmo tempo, para o desenvolvimento das faculdades de observação e de pesquisa, imaginação, capacidade de memorizar e classificar. Nessa direção, o ensino híbrido pode ser uma alternativa para a Educação Básica, incluindo a educação infantil, de forma especial as creches e CMEIS.
O ensino híbrido é um programa de educação formal no qual um aluno aprende, pelo menos em parte, por meio do ensino on-line, com algum elemento de controle do estudante sobre o tempo, lugar, modo e/ou ritmo do estudo, e pelo menos em parte em uma localidade física supervisionada [...]. (CHRISTENSEN; HORN; STAKER, 2013).
Os programas educacionais que buscam a formação utilizando das novas tecnologias com base na concepção do ensino híbrido, não se caracterizam pela substituição das práticas pedagógicas tradicionais por uma versão digital, mas por uma prática ousada onde é necessário despir-se de práticas já incorporadas e partir para uma ruptura trazendo a educação para o século XXI. E, nessa perspectiva as legislações vierem, ao logo do tempo, trazendo o amparo legal para o uso das tecnologias articuladas com o avanço da Educação à Distância.
Legalmente, o Decreto-Lei nº 1.044, de 21/10/1969, possibilita de acordo com a disponibilidade e normas estabelecidas pelos sistemas de educação, aos estudantes, que direta ou indiretamente corram riscos de contaminação, serem atendidos em seus domicílios.
A LDBN, lei nº 9396/96, em seus Art. 23, 24, 31 e no Art. 32, em seu § 4º, estabelece que “O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais”, para que sejam explorados mediante autorização, concessão ou permissão do poder público.
O Decreto nº 9.057, de 25/05/2017, publicado pela Presidência da República - Regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394/96, especificamente no que tange a Educação Básica em seus artigos 8º e 9º acrescentando que “a oferta de Ensino Fundamental na modalidade conforme previsto no § 4º do Art. 32 da Lei nº 9.394/96, se refere a pessoas que: estejam impedidas, por motivo de saúde, de acompanhar o ensino presencial.
Em 2020, o contexto das medidas de prevenção à disseminação do Coronavírus (COVID-19), trouxe um conjunto de orientações e novos marcos regulatórios para o EaD, favorecendo a inserção de parâmetros contemporâneos para as atividades de ensino e aprendizagem mediados pela tecnologia e sedimentados na concepção da Educação não presencial.
A Portaria nº 002/2020 do CME/Cuiabá dispõe sobre medidas de caráter temporário para mitigação de riscos causado pelo Coronavírus no Sistema Municipal de Ensino de Cuiabá. Nessa direção, o Decreto nº 7849 de 20/03/2020 dispõe sobre a instituição de situação de emergência e estabelece medidas temporárias, emergenciais e adicionais aos Decretos nº 7.839, de 16/03/2020, nº 7.846, de 18/03/2020 e nº 7.847, de 18/03/2020, no âmbito do município de Cuiabá, suspende as aulas no período de 23 de março a 05 de abril e ainda, determina a distribuição de materiais de ensino e utilização do ambiente virtual, para alunos matriculados no Ensino Fundamental e na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Por conseguinte, o Decreto nº 7868 de 03/04/2020, suspende as aulas até a data de 10/05/2020.
A Medida Provisória nº 934, de 01/04/2020 estabelece normas excepcionais sobre o ano letivo da Educação Básica e do Ensino Superior, decorrentes das medidas para enfrentamento da situação de emergência de saúde pública de que trata a Lei nº 13.979, de 06/02/2020.
Em conformidade com o Decreto nº 2.494/98, que regulamenta o Art. 80 da LDB lei nº 9.394/96:
Art. 1º Educação a distância é uma forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação. (BRASIL, 1998)
Essas normativas trazem a revisão de um modelo de ensino que foi evoluindo ao longo da história até os dias de hoje, sendo que, as competências exigidas para o futuro são diferentes das do tempo atual e nesse aspecto entra em cena a compreensão de que as atividades escolares não se resumem ao espaço de uma sala de aula.
Nessa direção, o Decreto nº 9.057 de 25 de maio de 2017 considera o Ensino a Distância uma a modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorra com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação.
Considerações Finais
Ao alisarmos o contexto pelo qual o cenário educativo na Rede Municipal de Ensino em Cuiabá - MT tem trilhado desde o mês de março do ano de 2020, podemos inferir que, diferente do que muitas vezes se pensa a crise nem sempre se constitui em aspectos somente negativos.
A crise ocasionada pela pandemia, no contexto da Secretaria Municipal de Educação de Cuiabá-MT, possibilitou a avaliação e consequentemente a ressignificação de valores, pontos de vista e ações. Oportunizou também uma reflexão para os atores sociais envolvidos quanto ao sentido dos processos educativos desenvolvidos até então no interior da escola.
Nem tudo foi ruim. A pandemia oportunizou reflexão e planejamento até então jamais pensados. Podemos afirmar que a crise implicou em transição e passagem. Se partirmos da ideia de que toda passagem envolve ações ousadas e oportunidades; independentemente dos riscos e das oportunidades, toda transição possui uma dimensão de continuidade e outra de novidade.
A Secretaria Municipal de Educação de Cuiabá-MT realizou um elo com o aspecto de novidade do momento perpassado pela pandemia do Covid 19 para ressignificar suas ações e alçar voo, instituindo uma nova forma de ação em relação ao desenvolvimento da ação educativa e consequentemente de práticas pedagógicas.
A pandemia oportunizou a expansão da educação via aulas remotas não só na rede Municipal de Ensino em Cuiabá-MT. A utilização do ensino híbrido e do ensino remoto tornou-se uma realidade nacional. Trata-se de uma experiência diferente, que requereu certas adaptações no cotidiano da educação, das Professoras e Professores que passou a lecionar em “home office”.
Entre webnários, lives e livros, a formação das professoras e professores se oficializa. Importante notar que as adaptações foram mais aos adultos, pois os estudantes já nasceram em meio à tecnologia. Foi sem dúvidas, um tempo de aprendizagem para todos em especial em se tratando da realidade das creches.
Neste contexto, a utilização pedagógica das TIC suportadas pelo AVA/Moodle surge como contribuição ao disponibilizar recursos que podem ser colocados a serviço da informação, do ensino, da aprendizagem, da pesquisa, da discussão e elaboração de conceitos, da resolução de problemas, da formação continuada, enfim, da realização de atividades pedagógicas em apoio aos processos de ensino e aprendizagem, especialmente os relacionados à recuperação da aprendizagem.
O ensino híbrido se apresenta como adequado para o desenvolvimento de uma educação comprometida com as transformações do mundo moderno e em constante processo de transformação para estudantes em qualquer idade ou etapa de ensino, o que inclui as creches e CMEIS, uma vez que possibilita a realização de um trabalho semiestruturado para o atendimento das questões gerais previsíveis no planejamento e, um atendimento personalizado e profundo nas questões individuais que permite a personalização do ensino para atender às necessidades específicas dos alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem.
REFERENCIAS
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BRASIL. Decreto nº 2.494. Regulamenta o Art. 80 da LDB. 1998.
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CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2009, 12ª edição.
CHRISTENSEN, C. M.; HORN, M. B.; STAKER, H. Ensino híbrido: uma inovação disruptiva? Uma introdução à teoria dos híbridos. [S. l: s. n], 2013.
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PERRENOUD, P. Construir competências é virar as costas aos saberes? In: Revista Pátio, Porto Alegre: ARTMED, ano 03, nº 11, jan. 2000.
1 Graduada em Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Docência na educação Infantil. Técnica em Desenvolvimento Infantil. Atua também na Creche Municipal Manoelino de Jesus. Professora na EMEB Onofre de Oliveira. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
2 Graduada em Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Educação Infantil e Educação Especial. Professora na EMEB Prof°Onofre de Oliveira e Creche Manoelino de Jesus. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
3 Graduada em Pedagogia. Professora na EMEB São Sebastião e no CMEI Governador José Garcia Neto. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
4 Graduada em Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Educação Infantil. Professora na EMEB Prof Líbia da Costa Rondon pela Prefeitura da Várzea Grande e Técnica de Desenvolvimento Infantil na CMEI Engenheiro Oscar Amelito pela Secretaria Municipal de Educação de Cuiabá – MT. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
5 Graduada em Pedagogia. Especialista em Educação Infantil e Coordenação Pedagógica. Professora na Emeb Maria Ambrósio e CMEI Manoel de Barros. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.