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EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) NA ESCOLA ESTADUAL PROFESSORA IDALINA DE FARIAS – NORTELÂNDIA/MT: A INTERFACE COM O MERCADO DE TRABALHO

Dayane Félix de Souza1

Eslaine Cristina dos Santos Cardoso de Lima2

Karoline Shaedler3

Adriana Romão4

Marta Santana de Pinho Scardua5

 

 

RESUMO

Este artigo buscou como objetivo mapear o cenário da escola e os motivos para o retorno aos estudos de dois estudantes do ensino médio na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) na Escola Estadual Professora Idalina de Farias no município de Nortelândia, Mato Grosso, Brasil. A pesquisa constitui-se de uma pesquisa qualitativa, propondo a integração dos dados obtidos pela pesquisa bibliográfica, documental e de campo, que visa refletir sobre o que pensam os estudantes dessa modalidade. O embasamento teórico corresponde aos estudos de diversos autores que diferem e contemplam o tema da pesquisa. Conclui-se mediante a pesquisa, que a qualificação mesmo ocorrendo fora da idade certa, faz-se necessária para que ocorra uma melhor inserção profissional.

 

PALAVRAS-CHAVE: Educação Profissional e Tecnológica (EPT); Modalidade de ensino; Mercado de trabalho.

 

 

ABSTRACT

This article aimed to map the school scenario and the reasons for the return to studies of two high school students in the Youth and Adult Education modality (EJA) at the State School Professora Idalina de Farias in the municipality of Nortelândia, Mato Grosso, Brazil. The research consists of a qualitative research, proposing the integration of data obtained by bibliographical, documentary and field research, which aims to reflect on what students of this modality think. The theoretical basis corresponds to the studies of several authors who differ and contemplate the research theme. It is concluded through the research that the qualification, even occurring outside the right age, is necessary for a better professional insertion to occur.

 

KEYWORDS: Professional and Technological Education (EPT); Teaching modality; Job market.

 

 

INTRODUÇÃO

 

Este artigo buscou como objetivo mapear o cenário do ensino médio na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) na Escola Estadual Professora Idalina de Farias no município de Nortelândia, Mato Grosso, Brasil, os motivos para o retorno aos estudos de estudantes dessa modalidade de ensino. Partindo do pressuposto que a educação é um direito social garantido pela Constituição Federal e deve ser articulada entre todas as esferas governamentais conforme disposto no caput do artigo 6º, da CF/886.

Para tanto, no decorrer da pesquisa discutiremos sobre a trajetória histórica do município o qual está inserido a Escola Estadual Professora Idalina de Farias além de seus patronos e legislação que autoriza e credencia a unidade escolar, versando sobre a motivação que fizeram dois estudantes dessa unidade escolar na modalidade da EJA retornarem aos estudos, em que apresentaremos e discutiremos os resultados obtidos por meio de coleta de dados via questionários aplicados aos respectivos estudantes.

A pesquisa justifica-se pela relevância do tema Educação de Jovens e Adultos (EJA) na sociedade contemporânea, uma vez que o mesmo vem ganhando espaço no debate na melhoria na qualidade da educação no país, o que não deve limitar-se apenas na garantia da oferta de vagas, direito constitucional, mas na efetivação de uma formação efetiva no âmbito interdisciplinar e multidisciplinar dos conteúdos por parte do atendimento ao perfil dos educandos na modalidade EJA.

A trajetória metodológica do estudo baseia-se em uma estratégia de investigação empírica qualitativa, propondo a integração dos dados obtidos pela pesquisa bibliográfica, documental e de campo, sendo este o método mais adequado para o tipo de estudo que se prende realizar.

 

 

Identificação do município

 

O município de Nortelândia, está localizada no centro-sul mato- grossense, Estado do Mato Grosso, mantendo uma distância aproximada de 230 km da capital Cuiabá, com área da unidade territorial: 1.336,754 km², com população estimada: 5.923 pessoas, densidade demográfica: 4,77 hab/km². Faz delimitação aos municípios de Arenápolis, Nova Marilândia e Alto Paraguai. Nortelândia se situa a 40 km a Sul-Oeste de Diamantino a maior cidade nos arredores, dados do IBGE no ano de 2020.

O território e ambiente apresenta 14.1% de domicílios com esgotamento sanitário adequado, 10.9% de domicílios urbanos em vias públicas com arborização e 1% de domicílios urbanos em vias públicas com urbanização adequada (presença de bueiro, calçada, pavimentação e meio-fio).

A origem de Nortelândia vem das atividades garimpeiras da região. Em 1815, consta a abertura do garimpo de São Joaquim, nas imediações do centro da atual cidade de Nortelândia. A atividade garimpeira declinou, sendo substituída pela borracha, que também se exauriu.

Por volta de 1937, começou efetivamente a formação do município. O primeiro nome do lugar foi Santana dos Garimpeiros, devido ao orago e ao rio Santana, que banha a cidade. A antiga Santana dos Garimpeiros atraiu muita gente para seus garimpos, especialmente do norte e nordeste do Brasil, derivando daí o nome da cidade, em homenagem aos nordestinos e nortistas que contribuíram, de forma decisiva, à terra que escolheram para morar.

Caso único na história de Mato Grosso, o município foi criado duas vezes, a primeira em 11 de dezembro de 1953, com o nome de Santana dos Garimpeiros, e a segunda a 16 de dezembro do mesmo ano, com o nome de Nortelândia, com leis completamente diferentes, sem que a segunda fizesse menção à primeira, consolidou-se a segunda denominação: Nortelândia.

Segundo o censo de IBGE, em 2018, ao que refere-se trabalho e rendimento; o salário médio mensal era de 2.9 salários mínimos. A proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era de 10.4%. Considerando domicílios com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa, tinha 37.4% da população nessas condições, o que o colocava na posição 63º de 141 dentre as cidades do estado e na posição 3.102º de 5570 dentre as cidades do Brasil.

Na saúde a taxa de mortalidade infantil média na cidade é de 10.64 para 1.000 nascidos vivos. As internações devido a diarreias são de 3.5 para cada 1.000 habitantes.

 

 

Caracterização da unidade escolar

 

Identificação

Quadro 1 Identificação da unidade escolar

UNIDADE ESCOLAR

ESCOLA ESTADUAL PROFESSORA IDALINA DE FARIAS

CÓDIGO DA UNIDADE

51033534

CNPJ

03.245.426/0001-01

LOGRADOURO

AVENIDA PREFEITO JOÃO MACAÚBA, 1.270, CENTRO

NORTELÂNDIA – MATO GROSSO. CEP: 78.430-000

CONTATO

+55 065 3346-1514

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Fonte: Elaborado pelas autoras com base em Mato Grosso (2021).

 

Equipe gestora

Quadro 2 – Equipe gestora

FUNÇÃO

QUANTIDADE

DIRETOR(A) ESCOLAR

01

COORDENADOR PEDAGÓGICO

01

SECRETÁRIO ESCOLAR

01

Fonte: Elaborado pelas autoras com base em Mato Grosso (2021).

 

Número de alunos

Quadro 3 – Números de alunos ano de 2021

MODALIDADE

TOT. TURMAS

DE ALUNOS

MAT.

VESP.

NOT.

TOTAL

SALA DE AULA DA SEDE EE. PROFESSOERA IDALINA DE FARIAS

ENSINO MÉDIO > REGULAR

05

135

00

0

135

ENSINO MÉDIO > REGULAR

03

00

64

00

64

ENSINO MÉDIO > REGULAR

02

00

00

47

47

SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS

01

07

06

00

13

ENSINO MÉDIO > EDUC. JOVENS E ADULTOS (I

e II SEGUIMENTO)

01

00

00

93

93

SALA DE AULA ANEXA CADEIA PÚBLICA FEMININA DE NORTELÂNDIA

ENSINO FUNDAMENTAL > EDUC. JOVENS E ADULTOS (ANOS INICIAIS [I SEGUIMENTO];

MULTISSERIADAS)

 

02

 

21

 

23

 

00

 

44

ENSINO FUNDAMENTAL > EDUC. JOVENS E ADULTOS (ANOS FINAIS [II SEGUIMENTO];

MULTISSERIADAS)

 

01

 

00

 

17

 

00

 

17

ENSINO MÉDIO > EDUC. JOVENS E ADULTOS (I

e II SEGUIMENTO; MULTISSERIADAS)

01

00

00

16

16

Fonte: Elaborado pelas autoras com base em Mato Grosso (2021).

 

 

Contextualização histórica e econômica da unidade escolar

Histórico da unidade educacional, patrono e período de fundação

 

A Escola Estadual “Professora Idalina de Farias”, apresenta aos educandos, profissionais da educação, pais e comunidade em geral o projeto político pedagógico desta instituição de ensino. O presente projeto é fruto da participação de todos os segmentos que buscam de modo consciente e responsável repensar as ações pedagógicas no intuito de torná-las mais significativas a comunidade escolar.

A escola, passou a fazer parte da história dos munícipes nortelandenses, a partir do ano de 1960, através do Decreto de criação sob. n.º 903, de 02/07/1960 – DOE/MT, 09/07/1960, o qual elevou as escolas reunidas do município de Nortelândia, Mato Grosso à categoria de “grupo escolar” com a denominação de “Professora Idalina de Farias”; e, por meio do Decreto sob. nº 201, de 03/10/1975 – DOE/MT, 03/10/1975, cria a Escola Estadual de Iº Grau “Idalina de Farias”, em 1976 integra a Escola Estadual de Iº e IIº Graus “21 de março”, passando a denominar-se Escola Estadual de e IIº Graus “Professora Idalina de Farias”, posteriormente denominada Escola Estadual “Professora Idalina de Farias”, situada na Avenida Prefeito João Macaúba, nº 1.270, Centro, CEP: 78.430-000 – Nortelândia – Mato Grosso, desde então, tem como meta, ser um espaço que proporcione aos educadores e alunos, a construção interativa do conhecimento sem perder de vista valores que precisam ser fortalecidos para construção de uma sociedade mais justa e participativa possibilitando ao educando ser sujeito de sua história.

A escola é mantida pela rede oficial do Estado de Mato Grosso, através da Secretaria de Estado de Educação, atendo em torno de 494 (quatrocentos e noventa e quatro) alunos nos níveis e modalidades de ensino: (i) Ensino Médio Regular; e, (ii) Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Ensino Fundamental (Anos Iniciais e Finais [I e II seguimento]; Multisseriadas) e Ensino Médio (I e II seguimento; Multisseriadas), nos três turnos (matutino, vespertino e noturno) de funcionamento, e a partir 2021 passou a atender salas de aulas anexa no prédio da Cadeia Pública Feminina de Nortelândia/MT, situada na Rua Domingos Bezerra de Brito, 70, Centro, CEP: 78.430–000 Nortelândia - MT.

No ano de 2021, teve o reordenamento das escolas estaduais por meio da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (SEDUC/MT), dada a municipalização da Escola Estadual “Dr. Emmanuel Pinheiro da Silva Primo”, Nortelândia/MT (UNIDADE EXTINTA), houve a redistribuição dos profissionais efetivos da rede estadual de educação nas demais unidades escolares, na forma da lei, ampliando o quadro de servidores efetivo da escola. Outro evento externo, foi o fechamento e/ou cancelamento do projeto da Escola Estadual “Nova Chance”, Cuiabá/MT (UNIDADE EXTINTA) em extensão no município que passou a atender os reeducandos do sistema prisional. Desta forma a escola teve a ampliação por meio de salas de aulas anexas na cadeia pública feminina de Nortelândia/MT, para atender a demanda social/educacional dos reeducandos também na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) no município.

Atualmente a escola, é credenciada pela Portaria sob. nº 115, de 08/05/2009, CEE/MT – DOE/MT, 12/05/2009, p. 29; e autorizada pela Resolução sob. nº 019/2020, CEE/MT – DOE/MT, 18/02/2020, p. 27.

 

 

MATERIAL E MÉTODO

 

A proposta do presente trabalho conjectura a caracterização das causas para o rtorno aos estudos de dois perfis de estudante da Educação de Jovens e Adultos (EJA) como apreciação da epistemologia, sob o prisma da andragogia7.

A pesquisa foi realizada com dois estudantes da modalidade EJA na Escola Estadual “Professora Idalina de Farias” no município de Nortelândia, Mato Grosso, Brasil.

A técnica empregada, para viabilizar o questionário utilizou-se o WhatsApp®, onde os estudantes responderam o questionário trazendo suas concepções sobre o ensino de Jovens e Adultos.

Os entrevistados dessa pesquisa diz respeito a dois perfis que concerne a modalidade EJA: jovem (19 anos) e adulto (52 anos).

A coleta da percepção dos estudantes, foi feita por observação direta extensiva, realizada através de um questionário composto por 14 perguntas abertas, enviado por WhatsApp®. A organização do método de coleta segue o apresentado por Lakatos e Marconi (2011), que diz:

 

Questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. Em geral, o pesquisador envia o questionário ao informante, pelo correio ou por um portador; depois de preenchido, o pesquisado devolve-o do mesmo modo. Junto com o questionário deve-se enviar uma nota ou carta explicando a natureza da pesquisa, sua importância e a necessidade de obter respostas, tentando despertar o interesse do recebedor, no sentido de que ele preencha e devolva o questionário dentro de um prazo razoável. (LAKATOS e MARCONI, 2011, p. 201)

 

Ainda conforme Lakatos e Marconi (2011), a escolha do vocabulário tem uma grande relevância na coleta de informações, uma vez que “perguntas ambíguas, que impliquem ou insinuem respostas, ou que induzam a inferências ou generalizações, não podem constar”. Assim, procuramos formular as perguntas de maneira clara, objetiva, precisa e de linguagem acessível e usual.

 

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Oferecer a modalidade EJA nos dias de hoje requer um novo pensar acerca das políticas educacionais e das propostas de inserção desses educandos nas redes de educação pública do nosso país (DI PIERRO, 2005). diante do exposto, o objetivo da pesquisa foi mapear o cenário do ensino médio na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) na Escola Estadual Professora Idalina de Farias no município de Nortelândia, Mato Grosso, Brasil, bem como as perspectivas de estudantes dessa modalidade de ensino.

A educação de jovens e adultos deve além de exercer a função de educar, transformar o cidadão e em especial na EJA, inseri-lo na sociedade possibilitando progresso no seu aprendizado perpassando o mínimo de conhecimento necessário para interpretar e conhecer os fenômenos do mundo que o cerca.

Considerando que o jovem e o adulto do EJA, são estudantes que não oportunizaram os estudos na idade certa, estes sentem-se excluídos. Como pontua Ferrari e Amaral (2005) estes indivíduos, são pertencentes ao mundo trabalhista, ou estão em situação de desemprego, como é mais comum, e buscam o curso do EJA, na intenção de qualificação para galgar melhores oportunidades no mercado de trabalho.

Vários fatores contribuem para que o jovem abandone os estudos na idade certa. Para Andrade (2018);

 

Ocorre que o aluno da EJA, geralmente, possui condições socioeconômicas baixas, e os sujeitos que se encontram na condição de alunos/as também são responsáveis por toda ou grande parte das despesas familiares, o que fazem muitos desistirem por não conseguirem conciliar o trabalho, os filhos, os problemas familiares e a escola. (ANDRADE, 2018, p. 10).

 

Assim sendo, nota-se que estas situações citadas, coloca o jovem em uma situação de difícil escolha, corroborando para sua desistência nos estudos. É o que observamos ao entrevistar um jovem que é aluno do EJA. Este aluno nos mostrou através de suas respostas que atualmente, está cursando esta modalidade pelo fato de desde muito cedo ter que trabalhar para ajudar a sua mãe nas despesas do lar. Desta forma é relevante perceber as diversas maneiras de como o aluno teve que lidar com o mundo do trabalho, a sociedade capitalista, a chamada acumulação flexível que exclui uma parcela considerável de trabalhadores da possibilidade de um trabalho assalariado fixo e com garantia de direitos sociais.

Ao analisar, entende-se a educação como instrumento de mudança. Por intermédio da educação a vida dos indivíduos que dela se valem, pode passar por um processo de transformação, tanto cognitivamente quanto psicossocialmente. Com os alunos do EJA não é diferente. Depara-se com problemáticas sociais gigantescas, que podem ser mudadas ou compreendidas com mais leveza, segundo Fasheh, “aprender a ler e a escrever pode ajudar uma pessoa a ser livre” (2004).

Nota-se nas entrevistas, que atualmente ainda é muito comum o meio social intervir na vida escolar do aluno EJA, todo contexto familiar em que vive o aluno ampara ou desampara sua vida escolar. Essa situação, renda/trabalho, como afirma Salata (2019), é uma das responsáveis pela situação de fracasso escolar desses estudantes, que ainda inclui, incapacidade (por motivo de doenças, falta de documentação), motivação e oferta (falta de escola, falta de transporte). Percebe-se ainda através da entrevista que o “estudar” foi subjugado pela necessidade de trabalhar e auxiliar o círculo familiar financeiramente. Segundo Souza (2004) os jovens querem suprir sentimentos e expectativas quando saem do ambiente escolar e quando retornam trazem consigo o valor da sua presença na escola fortalecido.

Neste sentido, trabalho e educação são assuntos convergentes abrigando vários pontos de intersecção, ainda mais quando estamos nos referindo à EJA: emprego, mercado profissional e qualificação são os tópicos comumente associados à EJA e presentes em seu currículo. Com o aumento da precarização do trabalho nas últimas décadas, os estudantes e trabalhadores dessa modalidade de ensino passaram a viver em condições sociais e econômicas cada vez mais instáveis, trabalhando em condições parciais ou temporárias, sendo alvo do desemprego no país.

Não obstante aos vários problemas sociais, como é o caso do entrevistado, é um dos raros em que o estudante voltou a frequentar ou contínua frequentando a escola através da EJA para buscar qualificação e ter mais sucesso em sua vida profissional. Portanto, com um mercado mais competitivo, instituições envolvidas como a EJA carecem suprir essas necessidades, visto que o trabalho é o contexto mais importante da experiência curricular.

Ao que concerne um outro perfil de estudante da EJA – adulto -, observamos no seu discurso que para o mesmo, a EJA é uma oportunidade única para concluir o estudo básico e realizar seus objetivos profissionais, fazer cursos e ter uma profissão, pela exigência do mercado de trabalho. O motivo que levou a abandonar os estudos concerne a oferta, pois morava quando criança em fazenda e a escola fica localizada distante, não havia transporte escolar. E o retorno aaos estudos deu-se pela necessidade de adequar-se ao mercado de trabalho, pois sem estudos´, afirma o entrevista, é muito mais dificil conseguir um trabalho com remuneração mais significativa. Diante das respostas obtidas é possível afirmar que a realidade dos estudantes da EJA é arduoso e, por isso, é fundamental um tratamento respeitoso oferecendo a qualidade de educação e a aquisição de conhecimentos de que todos têm direito. A falta de tempo no processo de ensino aprendizagem também é outro impasse na vida dos estudantes da EJA, pois precisam intercalar e gerenciar tempo para o trabalho, tempo para o estudo e para a família.

 

 

CONCLUSÃO

 

A pesquisa objetivou mapear o cenário e a perspectiva de dois estudantes do ensino médio na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) na Escola Estadual Professora Idalina de Farias no município de Nortelândia, Mato Grosso, Brasil.

Deste modo, pudemos concluir que estes estudantes, (que são perfis distintos), condiz com o perfil apresentado em diversas bibliografias: normalmente são indivíduos que tiveram que abandonar os estudos para se dedicarem às atividades laborais. Outro aspecto interessante que observamos é o motivo desses estudante regressar ao ensino: aprender o que não teve oportunidade quando mais jovem afim de qualificar-se para estar adequado as exigências do mercado de trabalho. É importante salientar que, segundo a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a EJA é um direito social e humano, e não uma prática de caráter assistencialista. As evasões do ensino regular são, na verdade, um problema político e social, que acontecem em razão das falhas presentes em todas as etapas educacionais.

Assim, a formação que a escola deve perseguir nessa sociedade é da consciência política, da educação integral na qual os sujeitos da EJA possam interferir em um espaço e tempo rumo ao outro tempo na qual a educação e o trabalho sejam espaços que contribuam para o desenvolvimento humano e não para sua alienação.

 

 

REFERÊNCIAS

 

ANDRADE, J.da C. Fatores emocionais que contribuem para a evasão escolar na Educação de Jovens e Adultos. Monografia de graduação. UFPB/ CE. João Pessoa, 2018.

 

BELLAN, Zezina. Andragogia em ação: com ensinar adultos sem se tornar maçante. São Paulo: Z3 Editor e Livrarias, 2005.

 

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LDB. 9394/1996.

 

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E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA]. Censo Escolar: Inep divulga indicadores da Taxa de Rendimento e Taxa de Não Resposta. Brasília: MEC/INEP, 2018. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/artigo/-

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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm/>. Acesso em: 7 jun. 2023.

 

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BRASIL. [MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO; INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS

E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA]. Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Brasília: MEC/INEP, 2021b. Disponível em:

<https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/avaliacao-e-exames- educacionais/saeb/>. Acesso em: 7 jun. 2023.

 

DI PIERRO, M. C. Notas sobre a redefinição da identidade e das políticas públicas de educação de jovens e adultos no Brasil. Educação & Sociedade, Campinas, v. 26, n. 92, p. 1115-1139, 2005.

 

FASHEH, Munir. Como erradicar o analfabetismo sem erradicar os analfabetos?. Rev. Bras. Educ. [online]. 2004, n.26, pp.157-169. ISSN 1413-2478

 

FERRARI, S. C.; AMARAL, S. O aluno de EJA: jovem ou adolescente? Revista da Alfabetização Solidária. v.5, n. 5, 2005. São Paulo: Unimarco, 2005.

 

GOOGLE, Inc. Sobre Google Forms. 2021. Disponível em: https://workspace.google.com/signup/businessstarter/welcome?hl=pt-BR/. Acesso em: 8 jun. 2021.

 

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Metodologia cientifica: ciência e conhecimento cientifico, métodos científicos, teoria, hipóteses e variáveis. 6º ed. São Paulo: Atlas, 2011.

 

MATO GROSSO. [SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO. SECRETARIA ADJUNTA DE GESTÃO EDUCACIONAL. SUPERINDENTENCIA DE

RELACIONAMENTO ESCOLAR]. Projeto Político Pedagógico (PPP): Escola Estadual Professora Idalina de Farias. Conselho Deliberativo da Comunidade Escolar (CDCE). Conselho Deliberativo Fiscal (CDF). Diretorias Regionais de Ensino (DRE) polo de Diamantino/MT. Assessoria Pedagógica de Nortelândia/MT. 4. ed. rev. atual. Nortelândia/MT: SEDUC/SAGE/SRE/MT, 2021.

 

MATO GROSSO. [SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO. SECRETARIA ADJUNTA DE GESTÃO EDUCACIONAL. SUPERINDENTENCIA DE RELACIONAMENTO ESCOLAR]. Plano de Trabalho Gestão Escolar biênio de 2021-2022 com base no Edital 005/2020/GS/SEDUC/MT: Iolanda dos Santos Rocha Prates. Escola Estadual Professora Idalina de Farias. Conselho Deliberativo da Comunidade Escolar (CDCE). Conselho Deliberativo Fiscal (CDF). Diretorias Regionais de Ensino (DRE) polo de Diamantino/MT. Assessoria Pedagógica de Nortelândia/MT. Nortelândia/MT: SEDUC/SAGE/SRE/MT, 2021.

 

SALATA, André. Razões da evasão: abandono escolar entre jovens no Brasil. Interseções: Revista de Estudos Interdisciplinares, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 99-128, 30 abr. 2019. Quadrimestral. Universidade de Estado do Rio de Janeiro. Disponível em: https://journals.openedition.org/intersecoes/310. Acesso em: 05 ago. 2021.

 

SOUZA, A. B. A escola representada por alunos de cursos de alfabetização e pós-alfabetização de jovens e adultos que passaram anteriormente pelo ensino regular: Contribuição à compreensão do cotidiano escolar. Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo-SP, 2004.

 

1 Especialista em Docência para a Educação Profissional e Tecnológica, Diamantino - MT. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

2 Especialista em Docência para a Educação Profissional e Tecnológica, Diamantino - MT. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

3 Professora da Educação Básica da rede municipal, Diamantino - MT. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

4 Professora da Educação Básica da rede municipal, Diamantino - MT. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

5 Professora da Educação Básica da rede municipal, Diamantino - MT. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

6 Sigla usada para designar: Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1988 (BRASIL, 2020).

7 Teoria, método e prática, para ensinar adultos. (BELLAN, 2005).