LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS) NA ALFABETIZAÇÃO DO ALUNO SURDO
Eliane Bartolina da Silva[1]
Suzane Hellen Nascimento Silva
RESUMO
Trata se de uma pesquisa qualitativa de cunho bibliográfico, com o objetivo de conhecer as metodologias e estratégias no processo de alfabetização da criança com surdez, identificando aspectos positivos das diferentes metodologias do ensino de segunda língua (língua portuguesa L2) por meio da primeira língua LIBRAS, (língua Brasileira de sinais L1), para que possamos compreender o que implica o letramento bilíngue para surdos. A pesquisa nos leva a uma reflexão sobre a importância da LIBRAS para o surdo assim como a fala para ouvintes. Destaca se a importância do uso de Libras de forma simultânea ao português dessa forma faz se necessário um estudo sistematizado da importância da inserção do letramento bilíngue no espaço escolar de forma que facilite o desenvolvimento cognitivo do aluno surdo. No processo de desenvolvimento da autonomia, no reconhecimento de sua própria cultura e na relação interpessoal no meio em que vive. O texto está organizado em três tópicos: Metodologias e estratégias na alfabetização da criança surda; O letramento bilíngue para surdo; e as diferentes metodologias no ensino da língua portuguesa por meio da língua de sinais. Ao final apresentamos algumas considerações perspectivas em torno dos desafios e possibilidades para a construção das condições legais, institucionais e práticas do ensino bilíngue no Brasil.
Palavras-chave: Inclusão. Alfabetização de surdo. Libras.
Introdução
Esta pesquisa trata da educação da pessoa surda, do acesso, da permanência, do direito ao bilinguismo e da qualidade e equidade de condições e direitos para que não permaneça em um âmbito do pontual e limitado às necessidades das famílias que convivem com esta realidade. A questão da inclusão social de pessoas com algum tipo de necessidade especial é ainda um assunto muito complexo, e falar do acesso e das dificuldades das pessoas surdas em se sentirem representadas em uma sociedade ouvinte é um problema social que todas as pessoas carecem de assumir.
Tratar da questão da alfabetização da pessoa com surdez, hoje requer problematizar a dimensão da inclusão social, cultural, profissional, econômica, ética, estética e política. Questionar o conjunto de princípios, normas e regras que norteiam a sociedade capitalista não é um processo simples, mas fundamental para transformações sociais estruturais. Porém, neste artigo refletimos de modo sucinto sobre a inclusão da pessoa com necessidades especiais no contexto de âmbito teórico, pois o tema inclusão é um dos mais conhecidos e discutidos no espaço escolar, entretanto circula mais nos discursos que de fato na prática.
Todavia, inclusão se dá em incluir, dar meios, autonomia, liberdade de expressão, de compreender e fazer ser compreendido, condições de permanência, do aluno com algum tipo de necessidades especiais, ou seja, acessibilidade, Inclusão é fazer valer os direitos com metodologias adequadas e permanência do aluno de forma igualitária (Souza, 2014)
Dessa forma entende-se que inserir o aluno com algum tipo de deficiência dentro do espaço escolar e que acontece na maioria das vezes por força da lei e, sendo assim, não dar-se-á em um processo de inclusão. Cabe ao processo de inclusão, o envolvimento e comprometimento de forma ética e empático, de todos os profissionais ligado diretamente no processo de ensino aprendizagem, desta forma a escola tornara-se inclusiva, quanto a isso Souza pontua.
A escola só se torna inclusiva quando reconhece as diferenças dos alunos diante do processo educativo e busca a participação e o progresso de todos, adotando novas práticas pedagógicas. Assim, para atender a todos e da melhor forma possível, a escola, na atualidade, deve se adaptar às mudanças em todos os aspectos, inclusive no atendimento aos alunos com deficiência (SOUZA, 2014 p.19).
Entretanto, dentro da sala de aula cabe ao professor o compromisso em desenvolve metodologia e estratégia que estimule e desperte no aluno a curiosidade e o prazer em aprender e a se sentir parte como um todo, no processo de ensino aprendizagem, o professor que se compromete com o aprendizado do aluno vislumbra na pratica a teoria que ”a educação e uma via de mão dupla, que aprende-se muito ao ensinar” e assim o professor, promove de fato a inclusão do aluno com necessidades especiais respeitando cada especificidade, juntamente com os demais alunos, desta forma proporciona meios de permanência de modo a contribuir com a redução da evasão escolar, tanto ao aluno especial quanto aos demais alunos. Quanto a isso Fernandes pontua.
Enquanto não estabelecermos critérios precisos e rígidos em relação ao perfil exigido dos professores contratados para atuar nas escolas, seguiremos discutindo as consequências e não as causas do fracasso escolar dos alunos surdos. Obviamente que, resolvido o problema linguístico, permanecerão outros desafios de ordem teórico-metodológica e político-ideológica a serem superados. Não queremos reduzir a complexa problemática da educação de surdos na atualidade à mera situação linguística da comunidade escolar. Afinal, nas escolas das crianças não-surdas se fala o português e ainda assim há evasão, repetência, fracasso. (FERNANDES, 2003, p.119-120. Apud, SOUZA, 2014 p. 92)
A reflexão de Fernandes (2003), valorizada por Sousa (2014), dialoga com a importância da formação inicial e continuada dos profissionais que irão atuar diretamente ou indiretamente com as crianças com necessidades linguísticas específicas. Com certeza a questão da linguagem, de modo desarticulado do contexto, não é a única variável que precisa ser contemplada no processo de qualificar a oferta, a permanência e a aprendizagem destes alunos. Contudo, é um primeiro passo para repensar as possibilidades da inclusão efetiva, enfrentando a lógica abstrata do termo.
Em outra abordagem Bakhtin (2010), afirma que o processo de inclusão é um conjunto de ações atitudinais e empático, pois o indivíduo se constitui através do outro. Neste sentido, nossa reflexão vem ao encontro desta necessidade humana de sentir-se parte de uma totalidade que é muito diversa. No Brasil ainda hoje há muitas barreiras culturais, físicas, jurídicas de trato objetivo e subjetivo que as pessoas que possuem alguma necessidade especial precisam enfrentar.
É dentro deste campo que se insere a presente discussão: dos direitos inalienáveis e da importância da inserção do aluno surdo no processo de alfabetização com uma metodologia que garanta seu aprendizado. Um processo que carece de ser construído em diálogo com a sociedade como um todo, onde todos possam sentir-se co-responsáveis, pois “Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades” (Salamanca, 1994).
1 Metodologias e estratégias na alfabetização da criança surda
Ao iniciar sua vida escolar é primordial que o aluno surdo frequente além de uma sala normal, também precisa do auxílio de uma sala multifuncional ou até mesmo uma escola especializada, para que ele se reconheça como surdo, se identifique em sua cultura, aprenda, conheça e domine a LIBRAS (língua brasileira de sinais) como sua primeira língua, L1, para garantir que o surdo seja valorizado e entendido, faz-se necessário a aquisição da LIBRAS para que facilite o conhecimento e a aprendizagem. Nesta perspectiva, Slomski (2010, p.11) ressalta que: “a proposta educacional bilíngue pressupõe que a criança surda deva adquirir a língua de sinais da comunidade surda como sua primeira língua, ponto central para o desenvolvimento dos processos identificatório pessoais sociais e culturais”.
Dessa forma faz se necessário, o estudo sistemático acerca de como ocorre a aquisição da língua materna do surdo para que esta seja adquirida o mais precocemente possível pelos que nascem com surdez. Comentando a importância disso, SLMSKI (2010, p.106), ainda argumenta:
O bilinguismo reconhece o surdo na sua diferença considerando-o como membro de um grupo social que tem uma cultura que lhe é própria, propondo tanto a aprendizagem da língua de sinais quanto a portuguesa, cada uma na sua especificidade. Ou seja, é uma postura educacional onde o bilinguismo – duas línguas, atua como modo de garantir uma melhor possibilidade de acesso desse indivíduo à educação.
Entende-se assim, que é primordial que acriança com surdez, aprenda a LIBRAS e o português de forma simultânea, ou seja, a LIBRA como a primeira língua (L 1), na modalidade oral e o português como segunda língua (L 2), na modalidade escrita. A criança com surdez que aprende a LIBRAS de forma precoce e a utiliza como primeira língua, reconhecendo-a como uma língua mãe, desenvolve autonomia reconhece sua cultura, se reconhece como um indivíduo que utiliza de uma língua especifica, que ele é privado da audição e não desprovido de inteligência, facilitando assim o desenvolvimento cognitivo, de forma que, fica notória a aquisição de outa língua, como o português na modalidade escrita.
Amparada na lei N° 10.436, de 24 de abril de 2002, dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e das outras providências. Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela associados.
De acordo com o decreto 5.626, de 5 de dezembro de 2005, as pessoas com surdez têm o direito a uma educação que garanta a sua formação, em que a língua brasileira de sinais L1 e a língua portuguesa L2, preferencial na modalidade escrita, constituem línguas de instrução, e que o acesso ás duas línguas ocorra de forma simultânea no ambiente escolar, colaborando para o desenvolvimento de todo o processo educativo.
Diferente do ouvinte, a pessoa com surdez não possui memória auditiva que leva da imagem acústica ao objetivo de estudo, a pessoa surda é totalmente viso espacial, ela necessita do contato direto com o concreto, ou seja, com o objeto de estudo somente depois de manusear este objeto e adquirir o máximo de intimidade possível, pode-se partir para o abstrato e a partir daí a escrita e a codificação dos códigos e signos, neste sentido a alfabetização precisa ser significativa. Segundo Slomski (2010):
Em relação ao processo de aprendizagem a perspectiva oralista fundamenta-se numa concepção empirista, pois parte do princípio de que a aprendizagem é um acúmulo de respostas condicionadas, estabelecendo, assim, uma compreensão mecanicista da relação cognitiva entre o sujeito e o objeto do conhecimento. O centro do processo de ensino-aprendizagem são os métodos e as técnicas em detrimento do sujeito. O professor é o técnico que seleciona, organiza e aplica um conjunto de meios que garante a eficácia do ensino. (SLOMSKI, 2010, p.35)
Neste sentido o ensino da língua escrita não pode se desvincular do uso da linguagem no processo de alfabetização do aluno surdo. A linguagem não é vista apenas como uma manifestação do pensamento, pois perpassa as normas da língua portuguesa ofertada tradicionalmente, perpassa os conhecimentos prévios do aluno, as vivencias e seus conceitos.
Para que a alfabetização do aluno surdo ocorra de forma favorável é primordial o reconhecimento do potencial e das capacidades da pessoa com surdez, vislumbrando o seu pleno desenvolvimento e aprendizagem. O professor precisa se comprometer, ou seja, se dedicar e se preparar para receber este aluno com surdez em sala, proporcionando metodologias e estratégias e tendo um cuidado maior no planejamento de aula, esta precisa ser expositivas e visuais, utilizando a ludicidade. Além disso é de suma importância que os envolvidos no processo de alfabetização promovam a inclusão deste aluno e que haja interação entre aluno e professor. Utilizando-se de um relato de uma profissional do AEE, como exemplo, Souza (2014, p. 88), enfatiza que:
A primeira coisa a se fazer para que haja a interação entre professor e aluno é manter o contato com o aluno surdo da mesma maneira como se faz com o aluno ouvinte, pois quando o aluno tem intérprete a pergunta geralmente é direcionada ao intérprete e não ao surdo, quem tem que ter contato com o aluno é o professor, e quando isso acontece há a interação e aprendizagem, a dificuldade está aí, pois se tivesse o contato o professor iria aprender a língua e assim conseguiria saber quais são as verdadeiras dificuldades do aluno. Desse modo, o professor iria entender o processo cognitivo do aluno e como deveria ser ensinado a LP e como o aluno a compreende.
Este relato faz parte da pesquisa de Almeida, onde observa em seus dados, uma situação semelhante em que a professora da sala nunca se comunica com os alunos surdos, apenas com a intérprete. Na sala de aula comum as atividades são igualitárias tanto para o aluno ouvinte como para o aluno surdo, o que vai diferenciar de fato são as metodologias no sentido de o aluno ter acessibilidade quanto a sua primeira língua, (LIBRAS L1) e a segunda língua, (portuguesa L2), na escrita, nesse encontro de duas línguas é proposto ao aluno o bilinguismo. Quanto a isso o AEE propõe:
O AEE promove o acesso dos alunos com surdez ao conhecimento escolar em duas línguas: em libras e em língua portuguesa, a participação ativa nas aulas e no desenvolvimento do seu potencial cognitivo, afetivo, social e linguístico. O professor do AEE entra em contato com o plano de trabalho do professor da sala comum para desenvolver as atividades complementares com os alunos com surdez. O AEE em libras ocorre em horário oposto ao da escolarização articulando conteúdo curriculares estudado no ensino comum, tratasse de um trabalho complementar ao que já está sendo estudado na sala de aula, para que os alunos construam o conhecimento, as aulas devem ser planejadas pelos professores das diferentes áreas. [...] Na abordagem bilíngue, a libra e a língua portuguesa, em suas variantes de uso padrão, quando ensinado no âmbito escolar, são deslocadas de seus lugares especificamente linguístico e devem ser tomadas em seus componentes histórico-cultural, textual e pragmático, além de seus aspectos formais, envolvendo a fonologia, morfologia, sintaxe, léxico e semântico. Para que isso ocorra, não se discute o bilinguismo com o olhar fronteiriço ou territorial, pois a pessoa com surdez não é estrangeira em seu próprio país, embora possa ser usuária da LIBRAS, um sistema linguístico com característica status próprios (ALVEZ, FERREIRA, DAMÁZIO,2010 p.10).
O AEE (atendimento educacional especializado), ocorre no horário inverso da aula da sala comum, uma parceria dos professores que visa um melhor desenvolvimento do aluno especial, no atendimento ao surdo é promovido o uso das duas línguas LIBRAS, e português, o professor do AEE, desenvolve atividades de modo que auxiliam na melhor compreensão das atividades que são propostos em sala de aula comum.
E as estratégias, na hora de ensinar? No como ensinar, este aluno? Neste processo é essencial a presença do profissional interprete, entretanto, cabe a este profissional o compromisso de interpretar, deixando ao professor a responsabilidade e o papel de mediador no processo de construção do conhecimento, o primeiro passo do professor é considerar os conhecimentos prévios do aluno surdo, pois ao ingressar-se na escola o aluno surdo traz com sigo um amplo conhecimento, pois os surdos não é desprovido de inteligência e sim privado da audição.
2- O letramento bilíngue para surdo.
Para o aluno ouvinte que, mesmo conhecendo o significado das palavras em uma leitura pode não compreender o texto. E o aluno surdo, o que esperar da leitura de um texto? Imagine-se, lendo um texto complexo em inglês não tendo muito domínio da língua, neste sentido seria uma leitura instrumental, pescando uma palavra aqui e outra ali, o que não resulta em uma boa compreensão do texto. Quanto a isso, a autora ressalta.
A leitura é como uma espécie de diálogo, uma troca, uma interação entre o leitor e o autor. Nesse processo, o leitor constrói significados do texto e os compreende. O leitor tem o papel ativo, não é apenas receptor. Para que essa interação leitor-autor ocorra, no entanto é preciso que o leitor disponha de conhecimento que nem sempre consegue obter nas situações escolares (CARVALHO, 2010, p. 10)
Neste sentido o letramento está diretamente ligado nas práticas sociais, e por ser tratar de um ser pensante e inteligente apesar de ser privado da audição o aluno surdo como qualquer outro aluno traz com sigo as vivencias das práticas sociais, desenvolvendo outras habilidades e capacidades, quando existe esta compreensão por parte do professor e até mesmo do aluno com surdez, ambas as partes não permitem que a surdez seja obstáculo no processo de ensino aprendizagem.
De acordo com SLOMSKI, (2010). Mesmo que hoje o bilinguismo não seja uma realidade no brasil, é possível afirmar que a educação bilíngue é a metodologia mais eficaz no processo de alfabetização do aluno com surdez, pois possibilita o pleno desenvolvimento cognitivo, afetivo e social, entretanto a inúmeras dificuldades a serem vencidas, para que o bilinguismo se torne uma realidade, e ocorra de fato a real integração social da pessoa com surdez. Sobre esta metodologia, GOLDFELD, também pontua.
O bilinguismo é a melhor opção educacional para a criança surda, pois a expõe a uma língua natural de fácil acesso, a língua de sinais, que pode evitar o atraso de linguagem e possibilitar um pleno desenvolvimento cognitivo, além de expor a criança à linguagem oral, que é necessário para o seu convívio com a comunidade ouvinte e com sua própria família. A educação baseada no bilinguismo parte do diálogo, da conversação, assim ocorre com as crianças ouvintes possibilitando a internalização da linguagem e o desenvolvimento das funções mentas superiores. (GOLDFELD, 1997, p.160, apud SLOMSKI, 2010, p.42).
O bilinguismo é o encontro das duas línguas a LIBRAS L1, como primeira língua da pessoa com surdez e o português L2, como a segunda língua, por ser a língua utilizada no Brasil.
É uma proposta que vem ao encontro no processo de alfabetização da pessoa com surdez, devendo ser adotado ainda na educação básica. É de suma importância que se inicie de forma precoce no processo de alfabetização do aluno com surdez, ou seja no primeiro ano de ensino fundamental, devendo ser de forma simultânea, entretanto deve se trabalhas a LIBRAS como base na linguagem oral por se tratar da língua mãe para as pessoas com surdez, e a portuguesa na modalidade escrita, podemos concluir que, o aluno com surdez, escreve em um língua e fala em outra língua, tornando-se um indivíduo bilíngue uma vez que domina as luas línguas, todavia o bilinguismo ainda não é uma realidade em todo território brasileiro.
- As diferentes metodologias no ensino da língua portuguesa por meio da língua de sinais
No ensino da língua portuguesa, a primeira estratégia que o professor deve adotar nesse processo é fazer com que o aluno surdo entenda que a língua tanto a LIBRAS como qualquer outra língua e principalmente a língua portuguesa tem suas formalidades sendo assim uma língua formal, tendo as variações no sentido, ou seja uma língua polissêmica.
Quando o aluno chega na escola comum nessa fase do primeiro ano do ensino fundamental, e já tenha frequenta escola especializada ele traz consigo o aprendizado da LIRAS de forma informal, com sinais, que na realidade são palavra, até então isolado, precisando assim ganhar forma, assim o professor precisa usar de estrangias para ensinar as formalidades da língua os múltiplos sentidos que a língua tem principalmente a língua portuguesa, fazendo com que a palavra ganha vida, mas que aprender as frases, o aluno precisa aprender o enunciado.
Quanto a isso BAKHTIN, (2010, p.297), afirma que:
Cada Enunciado é pleno de ecos e ressonância de outros enunciados com os quais está ligado pela identidade da esfera de comunicação discursiva. Cada enunciado deve ser visto antes de tudo como uma resposta aos enunciados precedentes de um determinado campo (aqui concebemos a palavra “resposta” no sentido mais amplo): ela rejeita, confirma, completa, baseia-se neles, subentende-os como conhecidos de certo modo os leva em conta.
No momento que o professor propõe como estratégia uma produção de texto ou um exercício até mesmo de formação de frase, nesse processo de ensino da língua portuguesa, ele proporciona ao aluno neste momento um processo de produção e significação, o que vai proporcionar ao indivíduo um fenômeno social de interação.
É importante ressaltar que o professor deve se atentar aos cuidados com as copias no processo de alfabetização, pois o aluno surdo consegue fazer uma cópia perfeitamente, por se tratar de uma pessoa Visio espacial, e sua especificidade não afetar sua coordenação motora. O professor atento a isso vai observar se seu aluno está realmente compreendendo o que foi proposto, ou está apenas reproduzindo uma sequência de frases isoladas, deste modo desrespeitando as unidades linguísticas e suas propriedades estruturais especifica que o texto propõe,
Para Souza, (2014, p 110). No que se refere ao ensino-aprendizagem do surdo, quanto à efetivação da escrita, exige-se muita abstração, entendida como linguagem do pensamento, o que estabelece uma relação com a linguagem interior construída no processo de apropriação da primeira língua.
Neste sentido a criança surda precisa correlacionar o sinal da palavra em LIBRAS, com a palavra escrita dando assim uma significação a palavra, para compreender o enunciado.
Souza ainda pontua que:
Desse modo, no caso das crianças surdas, cujo aprendizado pressupõe aprender uma segunda língua, deve ser oportunizado a elas o contínuo diálogo com sua primeira língua. Essa questão deve ser tratada com muito cuidado pelo professor, pois, para o surdo, a Língua Portuguesa é uma língua estrangeira, a língua do outro, com sua estrutura, portanto, necessita de metodologia diferenciada, além disso, é preciso pensar que o aluno é surdo, que tem como primeira língua a LIBRAS e que devem ser propiciadas, inicialmente, atividades de alfabetização que desenvolvam a parte cognitiva no sentido de interpretação e apreensão dos significados da palavra. (SOUZA, 2014, p. 111).
Cabe sim, ao professor ensinar as regras porque faz parte da linguística do texto, porém é preciso ensinar o sentido para que o texto não se torne mecânico, e se dê em uma discursividade, se tornando assim polissêmica, assim o aluno surdo consegue fazer valer todo o seu conhecimento, em uma produção do sentido do eu, para que o aluno se torne autor do seu próprio texto.
Com base em Bakhtin, Souza (2014, p.78), afirma que: “De fato, há tantas significações possíveis quantos contextos possíveis”. Pensando na língua e sua estrutura, que a língua, enquanto prática viva, está ligada à consciência linguística do locutor e do receptor, a autora ainda enfatiza que; ao se apropriar de linguagem como pratica viva, a palavra deixa de ser um item dicionarizado, tornando assim em enunciações com significações de uma pratica linguística. Dessa forma o ouvinte utiliza da palavra e o surdo dos sinais em um ambiente de interação e diálogo.
Dessa forma entende-se que o aluno com surdez, precisa compreender a significação do enunciado em LIBRAS, e a partir daí ele entende a significado da palavra escrita na língua portuguesa, no entanto vale ressaltar que diferente do ouvinte o surdo não possui memoria auditiva, requerendo assim um contato direto com o objeto de estudo para entender assim o significado da palavra e suas variações na escrita em português.
Dessa forma o aluno com surdez utiliza da LIBRAS (L1), língua brasileira de sinais, como forma de comunicação, sendo sua primeira língua e o português (L 2), como a segunda língua por se tratar da língua oficial do Brasil, porém, tão somente na modalidade escrita, tornando assim um indivíduo bilíngue.
Considerações Finais
Através desta pesquisa é possível concluir que inclusão se dá em incluir, dar meios, autonomia, liberdade de expressão, de compreender e fazer ser compreendido, condições de permanência, do aluno com algum tipo de necessidades especiais, porém é um processo e como todo processo já passou por várias etapas, e por ser um conjunto de ações atitudinais está sempre em movimento, e falar da inclusão da pessoa com surdez é falar de um processo que já teve grandes avanços, pois se fizermos uma retrospectiva na história da pessoa surda desde a idade antiga eram eliminadas e não poderiam existir. A igreja defendia que as pessoas privadas de audição tinham recebido um castigo de Deus. No entanto a pessoa com surdez ganha apoio e visão sobre os seus direitos. Após a declaração de Salamanca os surdos começaram a buscar os direitos de estudar em uma escola regular.
Nessa perspectiva a escola passa a adotar metodologias e estratégias voltada para a educação de surdos reconhecendo assim sua cultura, seu desenvolvimento cognitivo e aprimorando os conhecimentos já obtidos pelo aluno. O professor voltado para o processo de inclusão vislumbra o aprendizado do aluno de forma singular entendendo a capacidade de cada um.
Para que o processo de inclusão da pessoa com surdez ocorra de maneira mais significativa, faz se necessária a inserção da LIBRAS com primeira língua de forma simultânea ao português promovendo assim o letramento bilíngue. Todavia o bilinguismo ainda não é uma realidade, contudo nos leva a acreditar que faz se necessário um olhar mais empático por parte do poder público e das pessoas ligadas diretamente no processo de ensino aprendizagem.
Ao decorrer desta pesquisa conseguimos perceber e entender as necessidades de as pessoas surdas serem reconhecidos e representados na comunidade ouvinte, pois são pessoas totalmente capazes de aprender, por se tratar de pessoas privadas de audição e não desprovida de inteligência, sendo um ser único e irrepitivel, fazendo valer seus direitos inalienáveis, mostrando que toda luta, força e movimento, tornar-se-á inclusão.
Referências
ALVEZ, Carla Barbosa; DAMÁZIO, Mirlene Macedo; FERREIRA, Josimário de Paula. A educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar. Ceará. UFC. 2010.
BAKHTIN, Mikhail. Estetica da criaçao verbal. São Paulo. ENF Martins Fontes. 2010.
BRASIL, LEI, Nº. 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais–Libras e dá outras providências. Disponível em: <http://portal. Mec. gov. br/seesp/arquivos/pdf/lei10436. Pdf, > 2015. Acesso em 21 de MAR de 2018
CARVALHO, Marlene. Guia prático do alfabetizador. São Paulo. Ática. 2010.
DECLARAÇÃO, D. E. SALAMANCA: sobre princípios, política e prática em educação especial. Espanha:[Sn], 1994. <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf.> Acesso em 22 de MAR de 2018.
IENH. Manual de normas de ABNT. Disponível em <www.normaseregras.com/normas-abnt/,> acesso em, 25 de jun de 2018.
SLOMSKI, Vilma Geni. Educação bilíngue para surdo. Curitiba. Juruá. 2010.
SOUZA, Sebastiana Almeida. A metodologia da sala de recursos multifuncionais para a educação linguística dos recursos: um estudo bakhtiniano. Dissertação, ( apesentada ao programa de pós-graduaçao ). Instituto de linguagem universidade federal de mato grosso, cuiabá. 2014. Disponivel em < http://ri.ufmt.br/handle/1/363.>
[1] Acadêmicas do 6º semestre de Pedagogia da Faculdade Invest de Ciências e Tecnologia