O LIMITE SOCIOLÓGICO DA PEQUENA INFÂNCIA
Adriana da Silva Duarte Gonçalves
Andréa da Guia Silva Tavares
Marina Lúcia da Silva
Norma Maria Galindo De Sousa
Rosália das Dores Silva Carvalho
RESUMO
O artigo destaca as contribuições e aponta alguns limites da sociologia da pequena infância é analisada como uma sociologia da socialização. A noção de socialização é descrita, primeiro, segundo dois modelos principais: o modelo vertical de imposição de normas, valores e práticas (o modelo durkheimiano), e o modelo interativo da construção de si por meio de “negociações” entre a criança e o seu meio. A seguir, as pesquisas sobre a definição dominante da pequena infância e sua difusão entre as classes sociais são examinadas e criticadas. Os trabalhos recentes apontam para uma aproximação da sociologia com a antropologia e com a etnologia, assim como para o uso do conceito de “cultura”.
Palavras-chave: Pequena infância. Socialização. Currículo, Pratica docente
INTRODUÇÃO
A criança é um Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura. A partir dos anos 1970, o trabalho de participação das famílias na gestão das escolas é intensificado e favorecido pelo cenário político da época, permitindo que se consolidasse o protagonismo da criança e uma pedagogia da escuta, das relações e das diferenças.
A Pedagogia da Infância é um movimento surgido na Europa e em alguns países de língua inglesa a partir da década de 1980 e busca compreender o mundo da perspectiva da criança. Forças políticas sociais e econômicas influenciam as vidas das crianças ao mesmo tempo em que estas influenciam os cenários social, político e cultural. A criança é construtora de sua inserção na sociedade e na cultura e não como receptora passiva. A Sociologia da Infância ainda é recente, deve-se sua chegada ao Brasil ao português Manuel Jacinto Sarmento, professor titular do Instituto de Estudos da Criança (IEC) e da Universidade do Minho em Portugal. Seus estudos comprovam que as crianças são produtoras de saberes e conhecimentos sobre suas experiências cotidianas. Experiências estas que estão muitas vezes ligadas ao uso que fazem das tecnologias, foco das atuais pesquisas de Allan Prout, professor de Sociologia.
O presente em forma de ensaio teórico visa discutir os desafios postos à Sociologia da Infância como uma área emergente na atualidade, para refletir sobre a prática docente na educação infantil a partir da necessidade de um olhar diferente por meio da Sociologia da Infância. Com base no que foi exposto, surgem algumas indagações consideradas importantes para discorrer a respeito dos estudos da Sociologia da Infância: que tipo de escola seria interessante para as crianças? Quais atividades são importantes para o seu desenvolvimento? Qual o currículo significativo para a infância? Em síntese, este artigo propõe trazer aspectos para uma reflexão a respeito de quais elementos são relevantes na prática docente da Infância.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
PROCESSOS SOCIALIZADORES DA INFÂNCIA
Diante do novo entendimento dos processos socializadores contemporâneos que estamos vivendo na atualidade onde diferentemente dos paradigmas abordados pela sociologia clássica, vista por Durkheim - estudos sobre socialização - e Weber (1982) - estudos sobre as lógicas de ação. Muitos autores vêm questionando a centralidade de agências tradicionais socializadoras como a família, a escola e o trabalho e as lógicas de ação ou de conduta que as orientam, estas estariam passando por crises e ganhando novos significados (Colbari, 1995; Dayrell,2003; Dubet & Martuccelli, 1999; Pais, 1993; Sposito, 1997; Zaluar, 1985).Sugere-se, assim, um olhar atento para a heterogeneidade das experiências sociais e das expressões culturais que introduzem novas lógicas de ação no cerne das transformações em curso nas sociedades contemporâneas.
Como explicita Pais (1993), a maneira como os jovens, bem como as crianças vêm sendo socializadas, quer pela família, quer pela escola, pelo trabalho, pelas diversas experiências alimentadas por suas expectativas futuras, resultantes muitas vezes de processos de socialização, não sinaliza mais uma correspondência unívoca com a realidade que eles esperam Dubet (1994, citado por Charlot, 2000) aponta ideias para estas reflexões quando constrói o conceito de “experiência social escolar”, considerando a questão da subjetividade. Este autor afirma que a noção de “ação” central na sociologia clássica não é mais relevante para entender uma vida social que sofre cada vez mais um amplo processo de fragmentação, mostrando a impossibilidade de reduzir a sociologia ao estudo das posições sociais.
Neste sentido, critica a sociologia clássica em sua visão de sociedade como unidade funcional – o ator seria o sistema. Sendo assim, apenas interioriza as normas e os valores sociais em posições definidas no seu interior. Essa sociologia não mais satisfaz, uma vez que apenas explica os indivíduos a partir de determinados lugares específicos no sistema, deixando de lado a subjetividade que os engendra. Os atores e as instituições não estariam mais reduzidos a uma única lógica
SOBRE A EMERGÊNCIA DE UMA SOCIOLOGIA DA INFÂNCIA
Desde esta vir a ser um lugar da infância nos nossos tempos. Isto posto,é possível reafirmar que não só na Sociologia, mas no campo das Ciências Humanas e Sociais os estudos sobre a criança e a infância não têm merecido, por parte dos pesquisadores, ao longo de todo o século XX e início do XXI, uma atenção mais regular e sistemática. De qualquer modo, no Brasil, os saberes constituídos sobre a infância que estão ao nosso alcance até o momento nos permitem conhecer objetivamente as precárias condições sociais das crianças, sua história e sua condição profundamente adversa de “adulto em miniatura”, e precariamente a infância como construção cultural, sobre seus próprios saberes, suas memórias e lembranças, suas práticas e possibilidades de criar e recriar a realidade social na qual se encontram inseridas.
Afinal, o que sabemos sobre as culturas infantis? O que conhecemos sobre os modos de vida das crianças indígenas, negras e brancas? O que sabemos sobre as crianças que freqüentam a escola pública? Como aprendem? O que aprendem? O que sentem? O que pensam? Ressalta-se, ainda, que as relações de poder entre o adulto e a criança, caracterizadas pela condição de subalternidade desta em relação àquele, constituem-se tema elementar para a compreensão das culturas infantis, porém tais estudos ainda estão por serem realizados, tanto local quanto internacionalmente. Isto posto, e independentemente das implicações que envolvem as questões sobre se “estamos ou não diante de mais uma especialidade da Sociologia”, cabe indagar: quais as características principais de uma Sociologia da Infância brasileira? Como a produção existente vem tratando este “pequeno sujeito” emergente? Quais são os seus temas, tendências e referências teórico-metodológicas? Quais crianças vêm sendo investigadas pelas Ciências Sociais? O que se sabe sobre as culturas infantis participação infantil e sobre as suas representações sociais? O objetivo deste texto é apresentar alguns elementos e questões que resultam da emergência de uma Sociologia da Infância, particularmente sobre a evolução do objeto e do olhar a partir da análise da produção mediante uma breve retrospectiva histórica das disciplinas e dos principais trabalhos sobre a infância nas Ciência Sociais.
Dentre as questões levantadas destacam-se aquelas referentes ao processo de socialização da criança e à institucionalização da infância no interior da escola pública. Considerando tais objetivos e ainda os limites deste artigo, apresento uma leitura sobre como as disciplinas que compõem o campo das
Ciências Sociais e Humanas foram se apropriando e elaborando sociologicamente o conceito de infância, pois tais estudos “mesclam-se de imediato fatores ligados tanto à história das ciências sociais, à sociologia geral e sua divisões de campo, quanto a evolução específica da sociologia da educação, os quais refletem diretamente a evolução do objeto social e os debates públicos particularmente intensos que o envolvem”
A PRÁTICA DOCENTE COM AS CRIANÇAS
Parece ser consenso em nossa sociedade atual que a infância deve ser um período de vida para viveras brincadeiras e não pode ser ocupada no trabalho adulto. É um período exclusivo para freqüentar a escola. Dessa forma, a escola e as práticas educativas com crianças são de evidente importância. Segundo Sarmento (2005, p. 367): a sociologia da infância propõe-se a constituir a infância como objeto sociológico, resgatando-a das perspectivas biologistas, que a reduzem a um estado intermédio de maturação e desenvolvimento humano, e psicologizantes, que tendem a interpretar as crianças como indivíduos que se desenvolvem independentemente da construção social das suas condições de existência e das representações e imagens historicamente construídas para eles.
A Psicologia do Desenvolvimento, numa perspectiva histórico-cultural, concebe a infância como um período fundamental no desenvolvimento humano. Portanto, a escola assume um papel de destaque, principalmente como agência promotora de interações sociais. Nesta perspectiva, o processo de escolarização é positivo para o desenvolvimento humano. Para Ferreira (2002), as crianças não deixam de se constituir em seres inteligentes, socialmente competentes e com capacidades para realizarem suas ações, ademais, possuem emoções e sentimentos à luz das suas próprias evidências. Isto tudo requer do educador ou da escola outra atenção para além da mera observação.
A escuta deve ser uma dinâmica diária, além do papel de um intérprete e tradutor competente e coerente das crianças, partindo de seus pontos de vista, como também dos significados que atribuem às situações que estão envolvidas. Por isso mesmo, a prática permanente deve ser a disposição em aceitar o inesperado, o improviso que as crianças trazem, os adultos e educadores precisam estar abertos no sentido de se surpreender com elas, com suas experiências e novidades. Porém, isto só será possível se os papéis tradicionais se inverterem e as lógicas de ação 79 Psicologia & Sociedade; 21 (1): 75-80, 2009 também, o que implica uma reflexão acerca das relações desiguais de poder entre adultos e crianças.Pensar na educação da infância é um ponto de pouco consenso. Há os que defendem que, no período de educação infantil, o lugar das crianças não deve ser chamado de escola.
Esta pesquisa investigou quais seriam estas características e conhecimentos na opinião das professoras de educação infantil. As principais características que foram verificadas são afetividade, compromisso, formação e senso de humor. A característica afetividade, segundo as professoras entrevistadas, está relacionada a ter paciência, ser carinhosa e gostar de criança. Estas características podem ou não estar associadas à concepção de maternagem.
Souza infere que a categoria afetividade está “relacionada às abordagens teóricas que propõem que as demonstrações de sentimentos consolidam vínculos entre criança e adulto e oportuniza à criança as suas descobertas, a capacidade de se desenvolver e de estabelecer interações com outras crianças” (Souza, 2005, p.42). Já a categoria formação originou-se das palavras que compõem a ideia das características referentes às questões de formação acadêmica e habilidades. A categoria senso de humor está vinculada à alegria, diversão e extroversão. Percebe-se que há uma comparação com as características comuns impostas às crianças. Já a categoria compromisso implica ser criativa, responsável e habilidosa. Na questão a respeito dos os conhecimentos necessários para a docência com crianças pequenas, foram identificadas quatro categorias: conhecimentos acadêmicos, conhecimentos sobre a criança, conhecimentos gerais, conhecimentos sobre o cuidar.
Na categoria “conhecimentos acadêmicos”, destacou-se a área de Psicologia, sobretudo as questões do desenvolvimento infantil, juntamente com teorias da infância, sem precisar as áreas dessas teorias. Conhecimentos sobre higiene, segurança, cuidados básicos foram itens que fizeram parte da categoria cuidar. Os conhecimentos gerais foram relacionados a conhecimentos de histórias infantis, seguidas por música, atualidades. Em outro trabalho relativo à mesma problemática, porém especificando mais a docência com a idade de 0 a 3 anos, Fischer (2007) investigou a concepção dessas professoras, sobre os saberes necessários para uma “boa professora” nesta faixa etária. Neste estudo, foram identificados dois tipos de saberes: pessoais e profissionais.
Os saberes pessoais são aqueles constituídos pelas experiências dos sujeitos e formados de vários outros saberes (Tardif, 2002). As palavras e expressões desta categoria foram: paciência, carinho,criatividade, entre outras. A categoria saberes da formação profissional, que segundo Tardif (2002) são os saberes transmitidos pelas instituições de formação de professores, são eruditos e construídos pelos grupos sociais produtores de saberes. O saber profissional mais citado foi: conhecimento sobre desenvolvimento infantil. Percebe-se, nestes dois trabalhos, uma imprecisão nas respostas, o que denota uma dificuldade das professoras pensarem sobre o seu próprio trabalho.
Talvez isto esteja relacionado à complexidade da formação da identidade da professora de crianças, principalmente daquelas que trabalham com crianças em idade de 0 a 6 anos. Ser professora da infância tem em comum vários aspectos de qualquer docente: saber ouvir, cultivar hábitos de leitura e produção de textos, gostar de se informar, ter habilidade para falar, conhecer profundamente seus conteúdos etc. Consideramos pertinente ainda a busca pelas especificidades do docente da educação infantil, levando em conta que as investigações neste campo ainda são incipientes, sobretudo na faixa etária de 0 a 3 anos.
O CURRÍCULO COMO ESPAÇO DE SIGNIFICAÇÃO
As práticas, as experiências, as relações sociais e culturais que correm nas instituições educativas, dentre elas as de Educação Infantil, processam-se num espaço conflitivo e ativo chamado currículo. O currículo, como espaço de significação, tal como analisa Silva(2003a), constitui-se como local privilegiado para priorizar a temática da diferença, da identidade e das múltiplas possibilidades de ser família nas instituições escolares/educativas. Currículo, nessa perspectiva, ultrapassa a ideia de lista de conceitos e conteúdos formais a serem trabalhados em determinadas disciplinas ou áreas de conhecimento.” O currículo, está centrado naquilo que somos, naquilo que nos tornamos,naquilo que nos tornaremos.
O currículo produz, o currículo nos produz” (SILVA,2003a, p.27). Entender o currículo além de uma listagem de conteúdo é fundamental para optarmos por determinada atividade, conceito, prática cotidiana ou atividade sistematizada, entre outras, estamos selecionando, legitimando determinado saber, priorizando algo em detrimento de outro. Devemos nos perguntar como currículo de educação infantil atua e produz conhecimentos e sujeitos com a temática família e, conseqüentemente, das múltiplas diferenças entre as crianças. A prática pedagógica não é neutra.
No cotidiano escolar, estamos educando o tempo todo, sem mesmo nos apercebemos. Nossas representações, na maioria das vezes, são consolidadas nessas práticas. Esta é a razão pela qual devemos constantemente questionar nossos discursos e o que eles representam para as nossas práticas docentes. Tudo isso nos permite dizer que o currículo pode se tornar um território contestado (SILVA,2003b). Ele pode ser espaço de contestação, de produção de novas significações nas constituições das diferenças, de novas práticas. O debate sobre o currículo na Educação Infantil tem gerado muitas controvérsias entre os professores de creches e pré-escolas e outros educadores e profissionais afins.
Além de tal debate incluir diferentes visões de criança, de família, e de funções da creche e da pré-escola, para muitos educadores e especialistas que trabalham na área, a Educação Infantil não deveria envolver-se com a questão de currículo, termo em geral associadas à escolarização tal como vivida no ensino fundamental e médio e associado à ideia de disciplinas, de matérias escolares. Receosos de importar para a Educação Infantil uma estrutura e uma organização que têm sido hoje muito criticada, preferem usar a expressão ‘projeto pedagógico’ para se referir à orientação dada ao trabalho com as crianças em creches ou pré-escolas. Ocorre que hoje todos os níveis da Escola Básica estão repensando sua forma de trabalhar o processo de ensino-aprendizagem e rediscutindo suas concepções de currículo.A definição de currículo defendida nas Diretrizes põe o foco na ação mediadora da instituição de Educação infantil como articuladora das experiências e saberes das crianças e os conhecimentos que circulam na cultura mais ampla e que despertam o interesse das crianças.
Tal definição inaugura então um importante período na área, que pode de modo inovador avaliar e aperfeiçoar as práticas vividas pelas crianças nas unidades de Educação Infantil.O cotidiano dessas unidades, como contextos de vivência, aprendizagem e desenvolvimento, requer a organização de diversos aspectos: os tempos de realização das atividades(ocasião, freqüência,duração), os espaços em que essas atividades transcorrem(o que inclui a estruturação dos espaços internos, externos, de modo a favorecer as interações infantis na exploração que fazem do mundo), os materiais disponíveis e, em especial, as maneiras de o professor exercer seu papel (organizando o ambiente, ouvindo as crianças, respondendo-lhes de determinada maneira, oferecendo-lhes materiais, sugestões, apoio emocional, ou promovendo condições para a ocorrência de valiosas interações e brincadeiras criadas pelas crianças etc.).
Tal organização necessita seguir alguns princípios e condições apresentados pelas Diretrizes. Novas práticas pedagógicas podem ser pensadas e produzidas nos currículos das instituições de educação à medida que os significados expressos nas representações não são fixos e estáveis, mais flutuantes e indeterminadas;nessa linha, “o currículo pode transformar numa luta de representação, na qual [os significados] podem ser redefinidos,questionados,disputados.(...) É por meio desse processo de contestação que as identidades hegemônicas constituídas pelos regimes atuais de representações podem ser desestabilizados e implodidas”.(SILVA,2003b,p201). As novas DCNEIs consideram que a função sociopolítica e pedagógica das unidades de Educação Infantil inclui (Resolução CNE/CEB nº 05/09 artigo 7º): a.
Oferecer condições e recursos para que as crianças usufruam seus direitos civis, humanos e sociais; b. Assumir a responsabilidade de compartilhar e complementar a educação e cuidado das crianças com as famílias; c. Possibilitar tanto a convivência entre crianças e entre adultos e crianças quanto à ampliação de saberes e conhecimentos de diferentes naturezas; d. Promover a igualdade de oportunidades educacionais entre as crianças de diferentes classes sociais no que se refere ao acesso a bens culturais e às possibilidades de vivência da infância; e. Construir novas formas de sociabilidade e de subjetividade comprometidas com a ludicidade, a democracia, a sustentabilidade do planeta e com o rompimento de relações de dominação etária, socioeconômica, étnico-racial, de gênero, regional, lingüística e religiosa.
Tal definição inaugura então um importante período na área, que pode de modo inovador avaliar e aperfeiçoar as práticas vividas pelas crianças nas unidades de Educação Infantil.Finalmente, considerar as crianças concretas no planejamento curricular das instituições de Educação infantil significa também compreender seus grupos culturais, em particular suas famílias.
METODOLOGIA
O foco do trabalho institucional vai em direção à ampliação de conhecimentos e saberes de modo a promover igualdade de oportunidades educacionais às crianças de diferentes classes sociais e ao compromisso de que a sociabilidade cotidianamente proporcionada às crianças lhes possibilite perceber-se como sujeitos marcados pelas ideias de democracia e de justiça social, e apropriar-se de atitudes de respeito às demais pessoas, lutando contra qualquer forma de exclusão social. A definição de currículo defendida nas Diretrizes põe o foco na ação mediadora da instituição de Educação infantil como articuladora das experiências e saberes das crianças e os conhecimentos que circulam na cultura mais ampla e que despertam o interesse das crianças.
O conjunto de metodologias utilizado tem como objetivo trabalhar e expor o limite sociológico da pequena infância.
ANÁLISE DA PESQUISA
Concluída a definição e a exposição do processo de pesquisa, especifico que os resultados foram abordados no âmbito das três experiências: Resultados de pesquisa qualitativa os resultados dessa pesquisa expõem a análise de conceitos e ideias, resultados de pesquisa quantitativa são expressos em números de estatísticas com a utilização de gráficos e tabelas, resultados de pesquisa quali-quanti é uma combinação da abordagem qualitativa com a abordagem quantitativa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste artigo, tentamos reunir certo número de informações sobre a pequena infância, principalmente no campo da escolarização precoce. Surgiram alguns conceitos centralizadores: socializar, contanto que esta não seja limitada à interiorização das normas sociais, mas sim compreendida como integrando a socialização horizontal entre pares; o de currículo, que não é exatamente o programa institucional, mas, antes, o conjunto das experiências da criança (o que se abre para uma questão pouco trabalhada: “Qual o ofício de aluno na escola de educação infantil”); o de cultura em suas diferentes dimensões, quer específicas da infância (a “cultura infantil”), quer orientadas para as diversidades nacionais e profissionais.
Demonstrando uma preocupação da abertura da sociologia para além das suas referências e de seus modelos tradicionais ao permitir diálogos interdisciplinares, por exemplo, com a história, com a etnologia e com a antropologia cultural, ao se enriquecer com suas contribuições e até ao realizar mestiçagem em busca de novas fertilidades.
REFERÊNCIAS
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