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COMO LIDAR COM ALUNOS COM TDAH NA ESCOLA

Andréa Bezerra Ferreira¹

Dayane Ferreira Amaral Côrtes ²

Maria José Nunes Mota Gomes³

Rebeca Sara Serra Costa Nascimento 4

Taysa Delarcos de Oliveira

 

 

RESUMO:

O presente artigo tem objetivo de apresentar o transtorno de aprendizagem TDAH (Transtorno de déficit de atenção e Hiperatividade) fazendo alguns apontamentos a respeito da educação especial no Brasil e seu histórico, bem como esclarecer questões recorrentes a respeito do mesmo e mostrar como deve ser a atuação do profissional de pedagogia para saber lidar com crianças que possuam tal transtorno.

 

PALAVRAS-CHAVE: Educação. Transtorno. Pedagogo.  

 

 

1 - INTRODUÇÃO

 

Na escola, muitos são os motivos que tem deixado professores e gestores preocupados e entre eles pode-se destacar principalmente a dificuldade de aprendizagem dos alunos ocasionada por diversos fatores externos ou internos. Os transtornos de aprendizagem têm lançado um grande desafio aos educadores de uma forma geral, o de saber lidar com os alunos portadores de transtornos e ainda cuidar e ensina toda a turma para que a aprendizagem possa ser significativa para todos de maneira geral e sem distinções, visto que todos os alunos tem o direito de estar incluídos em turmas regulares de ensino nos horários normais de aula. Embora todos os alunos devam estar na mesma sala de aula, o pedagogo precisa preparar uma aula diferenciada com atividades diferenciadas, para que o aluno que possua algum transtorno de aprendizagem aprenda o conteúdo, mas na sua forma de aprender, em seu próprio ritmo. O desafio colocado em questão é: Será que os pedagogos estão preparados para lidar com todos os transtornos e dificuldades de aprendizagem que aparecem na sala de aula? Será que a graduação preparou o pedagogo para isso? pois é sabido que existe uma diversidade muito grande de transtornos, cada um tem sua peculiaridade distinta e os alunos também possuem diversas maneiras de aprender, mesmo possuindo o mesmo transtorno deve-se levar em conta diversos fatores como: O grupo social em que o aluno está inserido, a condição financeira, a personalidade do aluno, entre outros.

 

 

2 – Breve histórico da educação especial

 

Para compreender melhor o conceito de educação especial é necessário fazer um estudo sobre sua historicidade. Na antiguidade logo após o nascimento de uma criança, se fosse constatado nela algum tipo de anormalidade a mesma era excluída da comunidade, às vezes era sacrificada em rituais de comunidades indígenas, outras vezes abandonada à própria sorte em florestas e montanhas, ou jogadas de penhascos em civilizações como Grécia e Esparta, pois eles tinham um padrão de beleza muito rigoroso e tudo aquilo que não se encaixasse em seu padrão era excluído de uma forma ou de outra. No Egito, por exemplo, as crianças que nasciam com algum tipo de deficiência eram mortas e enterradas, pois eles acreditavam que futuramente elas reencarnariam com aspectos de perfeição, para eles aquelas crianças eram sinal de maldição e caso não fossem sacrificadas a comunidade sofreria uma peste ou castigo dos deuses.

Comunidades religiosas como o protestantismo afirmava, que pessoas com deficiência, estavam penando pelos pecados dos seus pais ou até mesmo pagando por pecados cometidos em vidas passadas, por isso eram vistos como seres possuídos pelo mal e tentavam por inúmeras vezes exorcizá-los.

Ao longo do tempo a educação especial passou por muitas transformações visto que até ela ser reconhecida e instituída dentro das escolas regulares foi necessário um longo período e muitas lutas de educadores, pais, teóricos, entre outros.

O primeiro registro de alguém tentando ensinar uma pessoa com necessidades especiais foi o médico francês Jean Itard com a criança Victor de Aveyron, conhecido como menino selvagem ou garoto lobo que foi achado na França em 1800 quando ainda era criança, o menino tinha uma idade aproximada de 10 a 12 anos. Jean Marques Gaspard Itard se tornou o tutor de Victor, ele foi um garoto aparentemente abandonado na floresta ou sofreu tentativa de homicídio quando era muito novo, pois foram encontradas cicatrizes profundas em seu pescoço, sendo ele criado pelos animais e apesar de andar ereto tinha muitos hábitos selvagens.  Certo dia Victor se aproximou da cidade e os moradores o capturaram e o conduziram à delegacia e em seguida ao orfanato, Itard  então resolveu adota-lo e criá-lo para colocar em prática sua teoria de que com estímulo qualquer pessoa tinha capacidade de aprender, Vitor aprendeu muitas coisas sim, começou a fazer suas necessidades no lugar certo, aprendeu a vestir roupas e a se comunicar, ao longo de sua vida Victor aprendeu algumas palavras porém ele tinha um vocabulário bem reduzido ele não aprendeu a falar todas as palavras normalmente o que fez com que o seu tutor acreditasse que ele fosse surdo portanto ele não teria a capacidade de aprender uma vez que ele não ouvira. A primeira palavra que Victor falou foi "leite" visto que ele gostava muito da bebida então logo ele aprendeu a pedir por ela e a ganhava como incentivo toda vez que passasse por sessões de estudo como uma recompensa.  Victor morreu quando tinha por volta de 40 anos de idade e acredita-se também que, pelo fato dos estímulos começarem depois que Victor já tinha mais de 10 anos ele não tenha aprendido mais coisas, pois ao longo do tempo outras crianças selvagens também foram encontradas, mas todas tiveram suas capacidades de aprendizagem reduzidas por causa da idade, por isso médicos e profissionais de outras áreas sempre falam da importância do estímulo quanto mais cedo melhor.

No Brasil até o século XIX crianças com deficiência eram abandonadas na porta de centros religiosos, praças e ruas, o que provocou a criação de instituições assistencialistas para acolher essas crianças. O pioneiro em atendimento especial no Brasil foi o hospital Juliano Moreira localizado em Salvador - BA em 1874 e em 1903 foi criado o pavilhão Bourneville para crianças especiais.

Devido a um longo tempo de exclusão de crianças com necessidades especiais do meio social, assim que foi garantido o direito de todos estudarem os profissionais de educação levaram algum tempo para saber lidar com todas essas mudanças, um aluno que não conseguia aprender o conteúdo ensinado pelo professor era taxado de burro ou incapaz, ficava reprovado ao final do ano, e assim sucessivas vezes, pois nada mudava na metodologia do professor e nem na forma do aluno ser tratado, isso acabava ocasionando desistência do aluno, pois ele percebia que seria reprovado ou os próprios pais o tiravam da escola, pois argumentavam que a escola não estava servindo de nada para o aluno, essas crianças eram colocadas pra fazer trabalho braçal e assim ficavam por toda sua vida, eles mesmos passavam a acreditar que seriam incapazes de aprender.

A constituição de 1988 em seu artigo 205 garante que a educação é direito de todos.

 

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

 

A constituição ainda garante o direito aos educandos com necessidades especiais nas redes regulares de ensino.

 

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:   III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;

 

A lei de diretrizes e bases da educação (LDB 9394/96) também garante este direito em seu artigo 58.

 

Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)

1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.

2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.

3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.

(Revogado)

3º A oferta de educação especial, nos termos do caput deste artigo, tem início na educação infantil e estende-se ao longo da vida, observados o inciso III do art. 4º e o parágrafo único do art. 60 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.632, de 2018)

 

Existem diversos tipos de dificuldades de aprendizagem, cada uma com sua especificidade o professor deve estar muito atento a cada um de seus alunos em sala de aula.

 

Sei que o modo usual é ver as dificuldades com sentido de queixa, de defasagem ou de lacunas que se não forem superadas, implicarão prejuízos para a criança que tem tais dificuldades. Dificuldade de aprendizagem, às vezes, significa tristeza, desesperança dos pais que gostariam que seus filhos tivessem um ritmo comparável ao da média da classe ou à suas próprias referências. Ou seja, dificuldade remete-nos a um critério externo, conhecido um desejável para um outro. (MACEDO. P 94)

 

Em seguida será abordada uma dificuldade de aprendizagem específica e que tem acometido uma grande parcela de estudantes em todo mundo, na verdade o termo mais correto de se utilizar é, que essa DA está sendo descoberta e tratada, pois ela já existe desde tempos remotos, mas somente nos dias atuais e em pouco tempo atrás é que vendo sendo estudada e tratada com veracidade.

 

 

3 – O TDAH

 

Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade pode vir COMBINADO ou não, isso significa que a pessoa que recebe o laudo pode tem somente déficit de atenção, sem ser hiperativa, ou pode ter déficit de atenção e hiperatividade juntos, daí vem termo muito utilizado em laudos médicos “Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – COMBINADO. Se caracteriza como um transtorno que faz com que a criança fique agitada, seja impulsiva, seja desorganizada e tenha dificuldade pra finalizar ou iniciar uma tarefa, seja simples ou complicada, pois facilmente se distraem. O que faz muitas pessoas acreditarem que isso seja falta de educação ou má criação dos pais, outras pessoas afirmam que a causa do transtorno pode ser cultural, social ou psicológica o que acaba fazendo com que a criança receba muitas críticas e acabe criando um bloqueio para aprender e lidar com relações sociais, porém existem diversas pesquisas em âmbito internacional que desmitificam a causa do TDAH como externa.

Através de mapeamentos cerebrais pode-se notar que pessoas com o transtorno em questão possuem um certo comprometimento na região frontal do cérebro, região onde os comandos do comportamento são emitidos. O lobo frontal tem grande importância na concepção do pensamento abstrato, na criatividade, na prática do desenvolvimento em relações sociais e também no controle das emoções, diante desta afirmativa é fácil perceber o motivo do comportamento das pessoas com o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. A causa do transtorno ainda é incerta, mas existem estudos que supõem que seja genética, ou seja, um dos pais provavelmente possui também, porém não foi descoberto quando criança, o que dá para perceber facilmente em uma conversa com os pais qual deles possui TDAH.

Na escola a criança não consegue compreender corretamente os conteúdos o que faz com que o professor seja de suma importância na intermediação desse conhecimento e muitas vezes isso gera uma sobrecarga ao profissional de educação, pois muitos trabalham em condições difíceis, com turmas superlotadas, pouca remuneração e sem formação acadêmica para lidar com tal situação, sendo necessário um técnico de apoio educacional em sala de aula para auxiliar o professor.

 

... vamos ter que estudar o que antes estávamos dispensados de estudar, vamos ter que aprender técnicas nas quais antes não precisávamos pensar, vamos ter de aprender a ver mais devagar quando estávamos acostumados a ver em uma certa velocidade, vamos ter de aprender a ouvir sem audição, a acompanhar em um ritmo mais rápido quando estávamos acostumados a um ritmo mais lento. Vamos ter de rever nossas expectativas como professores, as nossas formas de avaliar, de aprovar, de reprovar. Vamos ter de melhorar a nossa condição de trabalho. (MACEDO, 2005, p.28)

 

Deste modo, essa nova situação exige que o professor saia da sua zona de conforto e se confronte com o estudante que tem direito de estudar como todos os demais, direito esse garantido pela constituição federal do Brasil.

O trabalho com uma criança que possui TDAH deve ser feito por vários profissionais dentre eles profissional de psicopedagogia, pedagogo, psicólogo, entre outros.  Para que a criança não seja privada de se desenvolver corretamente. O transtorno não tem cura porem tem tratamento o que é recomendável que seja feito desde muito cedo assim quando o diagnóstico for feito para que a criança não venha a ter dificuldades na sua vida como adolescente ou até mesmo como adulto, sendo visto que o TDAH quando não é tratado durante a infância acarreta em muitas dificuldades na vida adulta entre elas: Falta de atenção no trabalho, falta de organização com os compromissos, dependência de drogas entre outros.

Nas séries iniciais do ensino fundamental ou até mesmo na educação infantil, é possível um professor identificar algumas das dificuldades de aprendizagem que os alunos possuem. É   na escola que o professor em convívio com seus alunos consegue observar no que ele precisa melhorar e em que está tendo dificuldades. Os pais ou responsáveis legais são muito importantes também nesse processo, pois devem observar seus filhos com cuidado e atenção.

Uma das principais causas de dificuldade de aprendizagem que os pais e os professores podem identificar é o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).

 

Sintomas:

-Falta de concentração;

-Comportamento agressivo;

-Apesar de não apresentarem dificuldades específicas com leitura,

escrita e matemática, a falta de atenção atrapalha a aprendizagem.

-Ficam se movimentando o tempo inteiro, não conseguem ficar muito

tempo atentas a alguma coisa e nem conseguem ficar sentadas.

-Muitas vezes agem impulsivamente, sem pensar.

 

O professor ao observar que o aluno tem esses sintomas deve orientar a família a procurar profissionais que o avaliarão melhor e possam fazer o diagnóstico clínico, diagnóstico esse que é feito por uma equipe multiprofissional formada por: Psicopedagogos, neuropediatras, neurologistas, fonoaudiólogos e psicólogos. Essa equipe multidisciplinar vai procurar formas para trabalhar com esses alunos que atendam à sua dificuldade, buscando assim, fazer com que o aluno possa aprender o conteúdo escolar.

Um professor bem preparado, que se preocupa com o aprendizado do aluno, deve estar sempre aberto a adaptar-se às necessidades do mesmo, a criar formas de fazer com que ele se aproprie do conhecimento e crie gosto por ele, fazer com que o aluno queira buscar cada vez mais uma forma de sanar suas dúvidas. Para LUCKESI (2006) o aprendizado deve se sobrepor às notas, ou seja, mesmo que o aluno não tenha absorvido todo o conteúdo, o professor deve analisar se ele conseguiu absorver alguma parte dele.

 

 

4 - CONCLUSÃO

 

Atualmente muita coisa tem mudado, existem várias causas para as dificuldades de aprendizagem, que vão desde a metodologia do professor até problemas psicológicos, familiares e patológicos, hoje o aluno tem vez e voz, os professores estão se capacitando e se conscientizando cada vez mais, a escola está deixando de ser um ambiente de rótulos e exclusões e está passando a ser um ambiente acolhedor e inclusivo.

 

 

5 – REFERÊNCIAS

 

Civita. Victor fundação. Ofício de professor: Aprender mais para ensinar melhor / Fundação Victor Civita. – São Paulo: abril, 2002. 82p.

 

Freire. Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa / Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1997. 147p.

 

BRASIL. Lei 10.793, de 1 de dezembro de 2003. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. A educação e a sociedade civil. Brasília – DF

 

MACEDO. Lino. Ensaios pedagógicos: Como construir uma escola para todos? / Porto Alegre: Artmed editora. 2005. 167p.

 

PASCOAL, Raissa. Trabalho com projeto para criar atividades significativas para os alunos. Nova Escola. 31 de julho de 2017. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/4938/trabalho-com-projeto-uma-alternativa-para-criar-atividades-significativas-para-os-alunos Acesso em: 26 de Abril de 2019