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O LÚDICO COMO MÉTODO DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Rosa Cristina Marinelli1

Artigo científico apresentado à Universidade Candido Mendes – UCAM, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Psicopedagogia Clínica.


RESUMO


A utilização do lúdico como método de aprendizagem na educação infantil tem se revelado muito importante, além da obtenção de resultados significativos, na busca de um aprendizado de qualidade para a criança. Utilizando-se de métodos que desenvolvem as mais variadas habilidades humanas, sendo elas físicas ou cognitivas, o lúdico traz à baila ao processo educativo, a importância da utilização de brincadeiras e jogos pedagógicos que favorecem a aprendizagem e as percepções da criança quanto à realidade a sua volta de forma mais interativa e divertida. Para tal abordagem, utilizou-se para este estudo, pesquisa de natureza bibliográfica, rebuscando a aplicação do lúdico no processo de aprendizagem na educação infantil. Valeu-se para tanto, de estudos de autores como CORDAZZO (2008), KAUFMANN (2011), LOPES (2009), OLIVEIRA (2010), entre outros. A partir desta leitura, foi possível compreender que o grande diferencial do lúdico no que tange a educação infantil, é justamente a diversão e o mundo de possibilidades que ela traz consigo. A criança que percebe que aprender pode ser divertido, abre seus olhos e seu coração para um mundo de descobertas, conhecimento e interação social, aprendendo também o que é ser humano e o que isso significa fronte ao contexto em que se encontra inserida. 

 

Palavras-chave: Lúdico. Educação Infantil. Brincar. Aprender. Jogos pedagógicos. 

 

Introdução 

 

Brincar é uma das características mais inerentes à infância humana e também se trata de atividade de suma importância para o desenvolvimento infantil seja fisicamente, cognitivamente, emocionalmente, afetivamente ou socialmente. 

É brincando que a criança desenvolve a consciência à seu respeito, bem como do que diz respeito às relações sociais e culturais que vai desempenhar no meio onde se encontrar inserida.  

Por esse motivo, a visão que se tem no que tange ao ato de brincar não deve remeter somente a diversão, mas também como ferramenta indispensável de aprendizado e desenvolvimento na educação infantil. 

O presente estudo tem por intuito estudar e refletir sobre a importância de brincar e utilizar-se do lúdico no ambiente pedagógico, haja vista que situações lúdicas proporcionam à criança a formação de uma personalidade completa, íntegra e socialmente desenvolvida. 

 

Situações lúdicas auxiliam a criança a lidar com sentimentos, contribuindo com o amadurecimento e colaborando para as decisões que tomará posteriormente na vida adulta. Desse modo, a atividade lúdica tem importância fundamental na educação escolar, na formação do ser humano e permite ao educador perceber traços da personalidade e do comportamento do educando, o que facilita o planejamento de estratégias pedagógicas no ambiente lúdico, promovendo a motivação para melhor aprendizagem (LOPES apud KAUFMANN-SACCHETO et. al., 2011, p.29). 

 

 

A metodologia utilizada se fundou na pesquisa bibliográfica e exploratória, com o objetivo de trazer à baila uma breve abordagem dos principais fatores no que tange à utilização do lúdico como método de aprendizagem, especialmente na educação infantil, buscando contribuir com o referencial de educadores e alfabetizadores hodiernamente. Para tanto, valeu-se de pesquisas em obras de autores como CORDAZZO (2008), KAUFMANN (2011), LOPES (2009), OLIVEIRA (2010), entre outros. 

 

Desenvolvimento 

 

A importância do brincar na educação infantil 

 

Em todas as fases da vida, o ser humano descobre e aprende através do contato com seus semelhantes na sociedade em que vive.  

É nesse aprendizado que acontece por meio de trocas, interações, experiências táteis, visuais, olfativas, gustativas e auditivas, bem como por vezes introspectivas e imaginárias, que a maior parte do desenvolvimento indispensável para a vida humana se constrói e edifica, formando personalidades críticas e criativas. A esse processo, dá-se o nome de educação. (DALLABONA, p. 1, s.a.). 

 

Os objetivos da aprendizagem são classificados em: domínio cognitivo (ligados a conhecimentos, informações ou capacidades intelectuais); domínio afetivo, (relacionados a sentimentos, emoções, gostos ou atitudes); domínio psicomotor (que ressaltam o uso e a coordenação dos músculos). No domínio cognitivo temos as habilidades de memorização, compreensão, aplicação, análise, síntese e a avaliação. No domínio afetivo temos habilidades de receptividade, resposta, valorização, organização e caracterização. No domínio psicomotor apresentamos habilidades relacionadas a movimentos básicos fundamentais, movimentos reflexos, habilidades perceptivas e físicas e a comunicação não discursiva. (OLIVEIRA, 2010, p.12) 

 

 

Brincar, por sua vez, trata-se do início desse processo de aprendizagem, no qual a criança passa a desbravar o universo ao seu redor e a se conhecer e reconhecer. 

 

A brincadeira é uma atividade que acompanha o homem desde o inicio da humanidade, daí a sua importância para pensarmos os seus atravessamentos na constituição do ser infantil. Desse modo, o brincar e o lúdico assumem, desde sempre, muita centralidade na vida das crianças, estejam elas ainda nos seus primeiros anos de vida, sejam elas mais velhas e/ou ingressando na adolescência. Contudo, o que parece mudar é a forma como cada uma delas vai se relacionar com os brinquedos e as brincadeiras, típicas do período de desenvolvimento na qual cada uma se encontra. A brincadeira parece, então, assumir apenas o status de lazer e diversão, uma vez que este momento é marcado por gargalhadas, correria e muita “gritalhada”. No entanto, é preciso que se considere que esta é uma atividade complexa e atravessada por diversas questões, uma vez que envolve a combinação e a interação de aspectos físicos, socioafetivos e cognitivos. (SILVA, 2016, p.8) 

 

 

A inserção de momentos de descontração de brincadeira no ambiente escolar é de suma importância a esse processo de evolução humana nos anos iniciais da vida. Rebuscando o mais amplo embasamento, encontramos nas palavras de Kaufmann-Sacchetto et. al. (2011, p.30), a ressalva do melhor entendimento: 

 

Desse modo, o ambiente lúdico possibilita às crianças o enriquecimento de suas próprias capacidades mediante o estímulo, a iniciativa, a melhoria nos processos de comunicação e criatividade que são, certamente, características fundamentais da atividade lúdica, que pode ser vivenciada nas diferentes faixas etárias adequando-se às metodologias e procedimentos em cada etapa do desenvolvimento. (KAUFMANN-SACHETTO et. al., 2011, p.30). 

 

 

Ainda na obra de Kaufmann-Sacchetto et. al. (2011, p.30), há de se citar as rebuscadas lições de Cordazzo e Vieira (2008, p.365-373): 

 

O brincar é um comportamento que leva ao prazer, possui um fim em si mesmo, é uma oportunidade para a criança expressar suas fantasias internas e, dependendo da idade e do contexto da criança, possui regras que o conduzem, está ligado aos aspectos do desenvolvimento físico e à atividade simbólica. Justifica-se, assim, a importância da inserção da brincadeira no ambiente escolar, devido à sua colaboração no desenvolvimento humano e a grande motivação que as crianças revelam para brincar (CORDAZZO e VIEIRA, 2008, p.365-373 apud KAUFMANN-SACCHETTO et. al. (2011, p.31). 

 

 

É por meio do brincar que as crianças aprendem e desenvolvem as habilidades necessárias para buscar alternativas e soluções para os problemas cotidianos (SILVA, 2016, p.18). Por esse motivo, o lúdico inserido no ambiente escolar acarreta uma série de benefícios ao processo de desenvolvimento das mais diversas áreas de conhecimento e formação moral e intelectual do ser humano.  

 

Pensar o ato de brincar no cenário escolar, especificamente na educação infantil, é compreender que o brincar, enquanto promotor da aprendizagem, da capacidade e das potencialidades da criança, deve ser fundamental na prática da educação pedagógica, tendo como espaço privilegiado a sala de aula e as atividades de caráter lúdico. Portanto, a brincadeira consiste numa das necessidades principais da criança, na medida em que o desenvolvimento dessa prática permite que ela construa uma consciência de si, do outro e da relação entre ambos; conheça o mundo, estabeleça relações, apreenda conceitos e, consequentemente, se desenvolva. (SILVA, 2016, p.5) 

 

 

Nesse contexto, explorar o lúdico na educação infantil é valer-se de um recurso que irá valorizar as peculiaridades de cada faixa etária, incentivar o desejo pelo conhecimento, descobrir, criar e inventar. Dessa forma, “é fundamental que a prática educativa desenvolvida na Educação Infantil possibilite o espaço para a vivência da brincadeira, uma vez que ela se mostra significativa para o processo de ensino aprendizagem (SILVA, 2016, p.6). 

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (BRASIL, 2013), trata-se da etapa inicial da educação básica, tendo como objetivo o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos de idade, considerando aspectos físicos, psicológicos, intelectuais e sociais, completando a ação da família e da comunidade. 

No âmbito da educação infantil, o professor assume papel indispensável, pois trata-se do responsável por disponibilizar materiais didáticos, jogos e brincadeiras. É o professor, o responsável por criar um universo de possibilidades a fim de que essa criança possa construir capacidades de raciocínio, criatividade, interpretação, habilidades psicomotoras e intelectuais; processo este gradual, no qual o professor deve estar preparado para respeitar os limites de cada faixa etária. 

 

Para Mora (2011) a criança, mesmo que ainda jovem, aos dois anos de idade, já adquire uma capacidade de representar, podendo imitar algo que viu ou que fez, desenhar e brincar de faz-de-conta. A fim de estimular o desenvolvimento da coordenação motora, deve-se introduzir, nessa idade, os jogos de modelar, por meio de massinhas ou mesmo de argila; além de quebra-cabeças simples, tabuleiros de encaixe, blocos ou jogos de montar, entre outros. Ainda segundo a autora, durante a brincadeira, a criança desenvolve capacidades intelectuais de atribuir a um objeto um significado diferente daquele que ele possui. Nesse sentido, um pedaço de madeira pode assumir a função de um boneco e um cabo de vassoura pode representar um cavalo, por exemplo (VIGOTSKI, 1998).  Aos três anos de idade, a criança demonstra mais interesse por brincar com outras crianças, porém, pode se mostrar pouco cooperativa, preferindo, muitas vezes, realizar atividades individualmente. Nesse período, é comum que as crianças se envolvam em disputas por brinquedos, na busca da autoafirmação, aspecto fundamental para o processo de constituição do eu. Assim, ela se opõe a outras crianças e a adultos, o que pode ser erroneamente avaliado como agressividade ou indisciplina. Além disso, é atraída pelos jogos dramáticos, assumindo diversos papeis durante a brincadeira, com base na sua curiosidade, interesse e imaginação. Aos quatro anos a criança possui a coordenação motora mais desenvolvida e uma construção mais elaborada de seu eu. Assim, aos poucos, ela vai abandonando os jogos solitários que lhe interessavam aos três anos, dando mais atenção aos amigos e colaborando com os companheiros. Nesse momento, as disputas vão, pouco a pouco, dando abertura a relações de cooperação na criação e distribuição de papeis nas brincadeiras; como também, ao compartilhamento de brinquedos. Os papéis e lápis, livros de figuras, jogos de encaixe e as construções com cubos chamam a atenção nessa faixa etária. Aos cinco anos, o interesse por brincar coletivamente é fortalecido e as brincadeiras com bonecos e os jogos dramáticos adquirem grande importância, permitindo que as crianças representem, principalmente, cenas de seu cotidiano. Nessas brincadeiras, a imaginação tem papel fundamental, sendo crucial e ultrapassando, inclusive, a necessidade de brinquedos e objetos físicos. Logo, um grupo de cadeiras pode se transformar em um trem, ou uma mesa pode facilmente ser vista como uma fortaleza, por exemplo (MORA, 2011 apud SILVA, 2016, p. 10-11). 

 

 

Além do professor, é necessário salientar a figura do psicopedagogo, profissional que assume a abordagem e solução de problemas de aprendizagem, que conta em sua formação com a contribuição de diversas áreas de conhecimento, tais como a Psicologia, a Sociologia e a Antropologia. 

É valendo-se da união dessas áreas de conhecimento que o psicopedagogo utiliza métodos de ensino diferentes das didáticas ainda encravadas em sala de aula, modificando a abordagem com o aluno que apresenta problemas com a aprendizagem a partir dos métodos tradicionais e pouco dinâmicos, e avaliando a situação de forma mais eficiente e benéfica a criança. 

 

Em sua avaliação, no encontro inicial com o aprendente e seus familiares, que é um recurso importantíssimo, utiliza a “escuta psicopedagógica”, que o auxiliará a captar através do jogo, do silêncio, dos que possam explicar a causa de não aprender. (OLIVEIRA, 2010, p.14) 

 

 

As atividade lúdicas aliadas ao processo de aprendizagem na educação infantil, são, portanto, muito benéficas e auxiliam as crianças a desenvolverem hábitos que os auxiliam em todas as outras áreas da vida cotidiana. 

 

Fica, portanto, evidenciado a essencialidade do lúdico no trabalho psicopedagógico, tanto no aspecto clínico quanto no institucional. No próprio diagnóstico, este pode ser encarado como uma possibilidade de compreender o funcionamento dos processos cognitivos e afetivo-sociais. (FANTACHOLI, 2011, s.p.) 

 

 

A exemplo das atividades lúdicas que podem ser utilizadas como método eficaz de ensino, podemos citar os jogos, uma vez que despertam muito interesse das crianças e se tratam de um recurso indispensável na educação; sendo este  o assunto que será desenvolvido a seguir. 

 

Os jogos como método didático de ensino 

 

Ao volvermos os olhos para as necessidades de uma criança em pleno desenvolvimento, pensamos no alimento, na vestimenta, na instrução, na proteção... e na diversão. Criança precisa brincar. 

Nesse prisma, a maneira mais saudável de aliar diversão e conhecimento é através dos jogos. Para a criança na há distinção entre jogar e brincar, porque para ela ambos permitem se divertir, interagir, criar e imaginar. Entretanto, o jogo é extremamente eficaz como meio de ensino, haja vista que é através dele desenvolvem-se a espontaneidade, a inteligência, a linguagem, a coordenação, o autocontrole, o prazer de realizar algo, a autoconfiança” (OLIVEIRA, 2010, p.15). 

 

O jogo para criança é, antes de tudo, uma brincadeira. Mas é, também, uma atividade séria onde o faz-de-conta, as estruturas ilusórias, o geometrismo infantil e a alegria têm uma importância considerável. O surgimento do verdadeiro comportamento lúdico está ligado ao despertar da personalidade. A busca da autoafirmação manifesta-se nos jogos sob duas formas: o apelo do mais velho, considerado como motor essencial da infância, e o amor à ordem, à regra, levado até ao formalismo. Durante os jogos, a criança experimenta um sentimento de grande prazer ante o descobrimento do novo e suas possibilidades de invenção. Os jogos passam a ter significados positivos e de grande utilidade quando o professor proporciona um trabalho coletivo, de cooperação, de comunicação e socialização. Os jogos em grupo são uma forma de atividade muito indicada para estimular a atividade construtivista da criança e a sua vida social. (OLIVEIRA, 2010, p.15) 

 

 

Importante aliado para o desenvolvimento físico, intelectual e social, o jogo pode ser considerado como “uma ponte entre a infância e a vida adulta” (FANTACHOLI, 2011, s.p). 

Vygotsky (1998) apud Fantacholi (2011, s.p), diz que: 

 

O jogo infantil transforma a criança, graças à imaginação, os objetivos produzidos socialmente. Assim, seu uso é favorecido pelo contexto lúdico, oferecendo à criança a oportunidade de utilizar a criatividade, o domínio de si, à firmação da personalidade, e o imprevisível. (VYGOTSKY, 1998, apud FANTACHOLI, 2011, s.p). 

 

No mesmo sentido, de acordo com Kishimoto (2002) citado por Fantacholi (2011, s.p.):  

 

O jogo é considerado uma atividade lúdica que tem valor educacional, a utilização do mesmo no ambiente escolar traz muitas vantagens para o processo de ensino aprendizagem, o jogo é um impulso natural da criança funcionando, como um grande motivador, é através do jogo obtém prazer e realiza um esforço espontâneo e voluntário para atingir o objetivo, o jogo mobiliza esquemas mentais, e estimula o pensamento, a ordenação de tempo e espaço, integra várias dimensões da personalidade, afetiva, social, motora e cognitiva. (KISHIMOTO, 2002 apud FANTACHOLI, 2011, s.p.) 

 

 

Ao passo em que assume uma função lúdica e voltada para a educação, as brincadeiras e jogos propiciam prazer e incentivam a imaginação da criança, as habilidades criativas, exploratórias, críticas, sociais e intelectuais. Brincar é fundamental para todas as faixas etárias, mas na educação infantil pode ser um fator decisivo para todo o desempenho que uma pessoa vai vir a ter na vida no que tange ao conhecimento e suas diversas ramificações. 

Nesse contexto, aponta Fantacholi: 

 

Dessa forma, a brincadeira já não deve ser mais atividade utilizada pelo professor apenas para recrear as crianças, mas como atividade em si mesma, que faça parte do plano de aula da escola. Portanto, cabe ao educador criar um ambiente que reúna os elementos de motivação para as crianças. Criar atividades que proporcionam conceitos que preparam para a leitura, para os números, conceitos de lógica que envolve classificação, ordenação, dentre outros. Motivar os alunos a trabalhar em equipe na resolução de problemas, aprendendo assim expressar seus próprios pontos de vista em relação ao outro. (FANTACHOLI, 2011, s.p.) 

  

Portanto, trata-se a ludicidade de uma ferramenta necessária à formação do ser humano, que deve ser utilizada e aproveitada principalmente na infância, onde ainda se tem a pureza de se deixar potencializar e conhecer. 

 

A ação de educar não pode restringir-se à simples preocupação com as estruturas mentais, mas também com a expressão do corpo em sua totalidade. Se educar é libertar, então, os processos que regem esta ação educativa devem fornecer subsídios para que tal ideia se concretize. (OLIVEIRA, 2010, p.17) 

Colacionando o entendimento de Fantacholi (2011, s.p.): 

 

O lúdico enquanto recurso pedagógico na aprendizagem deve ser encarado de forma séria, competente e responsável, tanto para educadores em trabalhos escolares, quanto para psicopedagogos nas intervenções de problemas de aprendizagem. Usado de maneira correta, poderá oportunizar ao educador e ao educando, importantes momentos de aprendizagens em múltiplos aspectos. Na visão da psicopedagogia a importância na aprendizagem, o lúdico vem favorecendo de forma eficaz o pleno desenvolvimento das potencias criativas das crianças, cabendo ao profissional intervir de forma adequada, sem atrapalhar a criatividade da criança. Respeitando o desenvolvimento do processo lúdico, o psicopedagogo poderá desenvolver novas habilidades no repertório da aprendizagem e na prevenção e intervenção de futuros problemas de aprendizagem infantil. 

 

Brincar e jogar contribuem significativamente para o desenvolvimento estrutural psicológico e cognitivo da criança, sendo, portando, indispensável durante o processo de aprendizagem basilar. 


Conclusão 

 

É através da brincadeira e do jogo que a criança aprender a lidar com o mundo, vivenciando experiências que remetem a sentimentos como o medo, a coragem, a liberdade, a competitividade a resiliência. 

Por meio deste estudo foi possível observar e trazer à baila alguns fatores que demonstram o quão importante é brincar quando o assunto é a formação do ser humano e seu desenvolvimento cognitivo, social e pessoal.  

O mundo do faz-de-conta é repleto de possibilidades. Conhecer tais as possibilidades dentro de um ambiente descontraído permite que a criança encare os desafios propostos com mais autoconfiança, que aos poucos vai lapidando sua personalidade e tornando-a mais preparada para a realidade. 

Para a criança é apenas uma brincadeira, um jogo divertido. Para os professores e psicopedagogos, bem como para os demais profissionais que se utilizarem dela, é algo que deve ter tratado com seriedade e comprometimento, uma vez que é principalmente no brincar que as crianças revelam suas preferências, suas habilidades, facilidades e dificuldades na aprendizagem. É neste ponto que o profissional responsável deve estar mais atento para realizar quaisquer intervenções necessárias com problemas de aprendizagem e/ou interação social, entre outros. 

O lúdico ao ser utilizado como recurso pedagógico no processo de aprendizagem, deve ser levado à sério por todos os envolvidos. Professores, educadores e psicopedagogos devem estar comprometidos para utilizá-lo da maneira correta, oportunizando aprendizado de qualidade em diversos prismas. 

Isso porque o lúdico vem favorecendo com eficácia o desenvolvimento criativo de crianças, e por esse motivo, o profissional responsável deve respeitar sua criatividade e dar-lhe espaço para desenvolver outras habilidades, evitando assim problemas de aprendizagem e bloqueios.  

É certo que a criança e o brincar são intrinsecamente conectados, porém, por muito tempo, escolas e educandários cercearam suas necessidades naturais de movimento, expressão e construção do seu próprio conhecimento, impondo regras e um clima de seriedade e repressão no ambiente escolar cotidiano. 

Nesse contexto, educar deve ir além da estruturação de conhecimento de intelectual. O ato de ensinar deve fornecer subsídios que libertem, de forma que a criança se sinta à vontade para criar, imaginar, se expressar, usando seu corpo e suas habilidades naturais em totalidade para isso. 

O lúdico utilizado como método de ensino se trata de uma atividade com uma vasta gama de opções, capaz de construir um ambiente muito rico, onde alunos e professores interagem de forma saudável e divertida, incentivando a aprendizagem e o desenvolvimento desse aluno em formação. 

No âmbito da psicopedagogia, essa interação pode ser ainda mais intensa, eis que esta surgiu para auxiliar justamente no processo de aprendizagem humana.  

Desse modo, se torna evidente que o lúdico é essencial e indispensável no trabalho psicopedagógico e educacional, clinicamente e institucionalmente. 

Portanto, ao utilizar-se do lúdico respeitando seu processo, o psicopedagogo estará apto a promover novas habilidades no contexto da aprendizagem infantil, podendo auxiliar a prevenir e intervir se porventura sobrevierem quaisquer problemas. 

Neste diapasão, não restam dúvidas acerca da importância de brincar, jogar e conhecer o mundo lúdico quando nos anos iniciais de aprendizagem, eis que estes possuem caráter basilar e estrutural para suprir as necessidades cognitivas, intelectuais, sociais, entre outras, de toda uma vida. 

Valer-se do que é natural do ser humano, intrínseco e genuíno a ele, para educá-lo e prepará-lo é dar a ele a liberdade de ser e fazer, de criar, imaginar e concretizar. 

 

REFERÊNCIAS 

 

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil.Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998, volume: 1 e 2. 

 

CORDAZZO, S. T. D.; VIEIRA, L. M. Caracterização de Brincadeiras de Crianças em Idade Escolar. Psicologia: Reflexão e Crítica, v.21, n.3, p.365-373, 2008. 

 

DALLABONA, Sandra Regina. O lúdico na educação infantil: Jogar, brincar, uma forma de educar. Instituto Catarinense de Pós-Graduação. Disponível em: <http://www.posuniasselvi.com.br/artigos/rev04-16.pdf> Acesso em outubro de 2017. 

 

FANTACHOLI, Fabiane das Neves. O brincar na Educação Infantil: Jogos, Brinquedos e Brincadeiras – Um olhar Psicopedagógico.  Revista Científica Aprender. Disponível em: <http://revista.fundacaoaprender.org.br/?p=78> Acesso em outubro de 2017. 

 

KAUFMANN-SACCHETO et. al. O Ambiente Lúdico Como Fator Motivacional Na Aprendizagem Escolar. Universidade Presbiteriana Mackenzie CCBS – Programa de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento Cadernos de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, São Paulo, v.11, n.1, p. 28-36, 2011.


KISHIMOTO, Tizuco Morchida. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 2002.


LOPES, A. C. T. Educação infantil e registro de práticas. São Paulo, Cortez, 2009.


OLIVEIRA, Fabiane dos Santos. O lúdico como instrumento facilitador na aprendizagem da educação infantil. Universidade Campos Mendes, Araioses-MA, 2010.


VYGOTSKY, L. S; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone: Editora da Universidade de São Paulo, 1998.