Buscar artigo ou registro:
ENSINO DE MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Maria Marta Marconato 1
Joice Diane Guisoni 2
Ana Paula de Assunção da Silva³
Marcia Scheidt
RESUMO
Procura-se num primeiro momento apresentar neste artigo, uma pesquisa voltada a importância da introdução à musicalidade na primeira etapa da educação básica no Brasil, a Educação Infantil; adentrando brevemente na história da música, nas leis que garantem a introdução a música nas escolas, na importância que a música tem em nossas vidas, benefícios que a música traz para a aprendizagem; o objetivo principal é colaborar com a pesquisa sobre musicalidade na Educação Infantil, contribuindo com esse material que poderá servir de pesquisa para professores e outros profissionais que desejarem aprofundar-se em projetos de musicalização na Educação Infantil.
Palavras chave: Música. Educação Infantil. Crianças.
Introdução
Bem sabemos que a música está presente em toda a nossa história. As pessoas ouvem música ou fazem música desde os primórdios; as primeiras músicas – sons produzidos – datam da pré-história. Estudos recentes mostram que a partir do 3º mês de gestação os bebês já conseguem ouvir sons de dentro da barriga da mãe, podendo essa o deixar calmo ou agitado conforme a melodia. A música nos leva a refletir sobre a vida; algumas músicas nos levam a um passado ressente, ou distante, depende do que ela lhe faz lembrar.
Sabemos da importância que a música tem em nossas vidas; tudo ao nosso redor produz som , seja o vento batendo nas folhas de uma arvore, sejam as ondas no mar, a música/som está ao nosso redor, está em nós; como exemplo de música que está em nós, o grupo Barbatuques3, que produz som/música apenas com o corpo.
A música eleva os sentimentos, amplia as percepções, estimulam as sensações e marcam momentos como nas trilhas sonoras de filmes, por exemplo. Outro exemplo de como a música potencializa as percepções e sensações são os rituais indígenas em que durante os rituais o índio ouve, dança, canta as músicas, tocam os instrumentos buscando a força de um animal para um índio guerreiro, ou a perspicácia para um índio caçador, por exemplo. A música faz parte das nossas vidas em variados momentos.
No filme “E seu Nome é Jonas”4 do ano 1979 um grupo de surdos (deficientes auditivos) costumam se encontrar em um salão; a personagem ouvinte do filme, no caso a mãe de Jonas, vai até o salão para encontrar com amigos surdos; durante o caminho ela dialoga com uma amiga e no diálogo esperam encontrar um ambiente silencioso. É visto que a cena que se segue depois do diálogo causa espanto nas duas personagens ouvintes que adentram em um salão repleto de pessoas surdas, onde o som estava altíssimo, as personagens olham-se perplexas, e um surdo justifica o volume: em linguagem de sinais, com a ajuda de uma interprete, de que os surdos gostam de sentir as vibrações da música. Percebe-se neste trecho do filme a importância da música na vida das pessoas, o simples fato de não poder ouvir não impede que os surdos sintam as sensações, mesmo que de forma diferente dos ouvintes, a música pode lhes proporcionar sensações e percepções únicas.
Atualmente a música está presente em nossas vidas de maneira muito fácil; ouvir música a cerca de 100 anos atrás era um privilégio de poucos, hoje qual quer pessoa pode ter acesso a músicas com apenas um toque dos dedos em uma tela de celular, por exemplo.
Essa acessibilidade que hoje em dia remos no que se refere a música, nos leva a uma vasta possibilidade de melodias, as vezes, de ótima qualidade, as vezes, nem tanto assim, cabe a nós fazermos a “curadoria”5 do que queremos ouvir. A verdade é que nem sempre temos a opção de não ouvir algo que nos agrade ou desagrade; com frequência as Leis6 que garantem nosso “sossego” são descumpridas por pessoas com carros cuja frequência do som é altíssima, ou aparelhos de som com alto-falantes potentes cujo o som perpassam as paredes de nossa casa e nos “obrigam” a ouvir o que o “vizinho gosta”.
A música trás benefícios a saúde, ao bem-estar, nos eleva, trás sensações e percepções, altera nosso estado de espirito. Quem faz música se descobre; a música nos conecta com o mundo, conta uma história, marca fases na vida, a música está em nós e faz parte de nós. Entre outros benefícios, nas crianças, eleva a atenção e a concentração, auxilia na percepção visomanual e auditiva, socializa, colabora com a construção de sentimentos, amplia as percepções do mundo a sua volta, ajuda na construção da criança com relação à linguagem oral e escrita, auxilia na coordenação motora ampla e fina, estimula a imaginação e a criação.
Diante da importância que a música tem em nossas vidas e como ela faz parte da nossa história, como ela trás benefícios para quem a produz, para quem as ouve, para quem as dança, é que se justifica o ensino de música na Educação Infantil, que é primeira fase do ensino básico no Brasil para que desde a primeira infância a criança tenha contato e noções de música, da sua história.
1 - Desenvolvimento - Referencial Teórico
1.1 – Breve História da Música
Não se tem registro da primeira música no mundo, mais cada cultura possui sua história. O que sabemos é que na pré-história os desenhos rupestres já mostravam indícios de música em suas representações através dos desenhos nas paredes das cavernas; na cultura Grega o que se tem da história da música é a partir das 9 musas filhas de Zeus7, criadas para cantar a vitória dos deuses no Olimpo; no Egito imagens também mostram instrumentos e movimentos que indicam música, os egípcios acreditavam que a música tivera sido inventada por Tot8 ou Osíris9, já os hindus acreditavam que a criação da música era de Brahma10; para os judeus a criação da música é do Jubal11. O conceito de música tem milhares de anos, podemos dividi-la superficialmente entre:
Pré-história: as primeiras imitações sonoras do homem da pré-história, foram unicamente através do som dos movimentos corporais acompanhados de sons vocais, durante os rituais eles pretendiam completar a possessão do animal na sua essência, a sua alma. Durante as descobertas na pré-história os sons produzidos também foram evoluindo passando por batidas de bastões, de objetos entrechocados, ruídos corporais, gritos, imitações do som da natureza, desenvolvimento do timbre, altura, sons vocálicos; a evolução pra homo sapiens12 fez surgir à criação dos primeiros instrumentos musicais para imitar os sons da natureza, o desenvolvimento da linguagem falada e do canto; Depois veio a criação de instrumentos feitos de pedra, madeiras, ossos, tronco de árvores.
Música na antiguidade: Predomínio da música religiosa; desenvolvimento de instrumentos e formas musicais como o cravo e o órgão; por volta do ano de 1700, Barroco: desenvolvimento da música instrumental profana, especialmente as danças e suítes de danças. Religiosidade ainda forte, em especial nas obras para órgão e religiosas. As formas musicais ainda são influenciadas pelo período anterior: oratórios, a recém-criada ópera, Concertos para diversos instrumentos. Os compositores são assalariados de príncipes ou da Igreja; de 1740 a 1800 música clássica: os excessos do barroco são cortados em prol de uma volta ao estilo refinado e, porque não dizer, frívolo. São criadas as formas musicais modernas - sonata, sinfonia e concerto solo. Surgem os primeiros compositores livres, dos quais o primeiro representante é Mozart; O Romantismo de 1800 a 1912 vem influenciado pela Revolução Francesa e pelas formas de estado dela decorrente, o Romantismo caracteriza-se pela individualidade e expressão das emoções, sem maiores preocupações com a forma musical. Surge o nacionalismo musical: os compositores tentam expressar a música de sua pátria, mas adaptando-a ao gosto europeu.
Música Contemporânea: que a partir do ano 2000. Embora literalmente música contemporânea seja qualquer música contemporânea àquele que fala, tecnicamente é a música erudita dos séculos XX e XXI, feita após os movimentos impressionista e regionalista. Pode-se dizer ainda que músicas contemporâneas são aquelas cujo compositor encontra-se ainda vivo na época do locutor.
1.2 – Lei que garantem o Ensino de Música nas Escolas
Para iniciamos essa conversa sobre as Leis que garantem o ensino de música nas escolas, temos que entender que o ensino de música até pouco tempo atrás não era obrigatório, a Lei que regulamentou e tornou obrigatório o ensino de música na educação básica é de 2008. Segue a Lei nº 11.769 de 18 de agosto de 2008 que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, LDB de 1996.
LEI Nº 11.769, DE 18 DE AGOSTO DE 2008.
Art. 1o O art. 26 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescido do seguinte § 6o:
“Art. 26.... § 6o A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2o deste artigo. ”
Essa Lei que garante a obrigatoriedade do ensino de música nas escolas foi de certa forma uma grande conquista para todos os envolvidos com música e educação em nosso país. No entanto, ainda temos desafios a ser enfrentados com relação ao ensino de música em nossas escolas, como: qual o profissional que irá ministrar essas aulas? Ele tem que ter a formação em música ou não? A música será uma disciplina separada da arte e da educação física? Diante de tantos questionamentos levantam-se argumentos contra e a favor desta questão. No site da ABEM – Associação Brasileira de Educação Musical, encontram-se depoimentos publicados no Boletim Arte na Escola n. 57, em que especialistas fazem colocações contra e a favor acerca da aprovação da Lei 11.769 e dos possíveis desdobramentos a partir de sua implementação.
PRÓ
O Brasil possui uma riqueza cultural e artística que precisa ser incorporada, de fato, no seu projeto educacional. Isso só acontecerá se escola e espaços que trabalham com educação começarem a valorizar e incorporar, também, conteúdos e formas culturais presentes na diversidade da textura social. Portanto, sou a favor da Lei e, obviamente de seu cumprimento, mesmo reconhecendo que levará tempo para que se possa, de fato, termos o ensino de Música nos Projetos Pedagógicos das Escolas. Não há professores suficientes para essa implementação. O MEC vem investindo em capacitação para professores da Educação Básica, para reverter o quadro geral e sofrível das estatísticas baixas em termo de desempenho, em todas as áreas. Trata-se de um momento importante para se pensar em projetos educacionais inovadores e condizentes com nosso tempo. O ensino das Artes incorporado em projetos dessa natureza vem ao encontro de propostas inovadoras, em que a expressão cultural e artísticas são reconhecidas como dimensões insubstituíveis e, portanto, únicas nos sentidos de promover o desenvolvimento humano. A proposta que preconizamos não fecha em conteúdos pré-estabelecidos, mas antes, reconhece que a diversidade cultural deve ser considerada ao se elaborar os projetos. Isso significa que os valores simbólicos das culturas locais devem estar presentes juntamente com aqueles conhecimentos que fazem parte do patrimônio musical que é um legado da humanidade. Dessa forma, a Lei favorece que se abra esse espaço tanto para uma discussão sobre o que se pode fazer para melhorar a educação brasileira como, também, possibilita que se planeje essa inserção no sistema educacional brasileiro. Isso está ligado ao exercício da cidadania cultural, um direito de todo brasileiro e, a escola é, ainda, o único espaço garantido constitucionalmente de acesso a toda a população. Nesse sentido é que as práticas musicais se mostram como um fator potencialmente favorável para a transformação social dos grupos e indivíduos. Poder contar com seus valores musicais no processo pedagógico-musical pode se tornar um ponto significativo para um trabalho de ampliação do status de “ser músico” ou de participar de um grupo musical.
Prof. Dra. Magali Oliveira Kleber: Doutora em Educação Musical, Professora Adjunta da Universidade Estadual de Londrina e Presidente da Associação Brasileira de Educação Musical- ABEM.
CONTRA
Com a reforma educacional empreendida pelo regime militar nos 1970 (Lei 5.692/71), o ensino de música de 1º e 2º graus, gradativamente deixa de existir. O ensino de arte, sob a denominação de educação artística, passa a ser componente curricular obrigatório e, no caso de São Paulo, será considerada como atividade e não como área de estudo ou disciplina. Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a denominação de educação artística muda para ensino de arte e continua sendo um componente curricular obrigatório em toda a educação básica. Na sequência, o MEC divulga os Parâmetros Curriculares para o Ensino de Arte, contemplando as linguagens de Artes Visuais, Teatro, Música e Dança. Paralelamente inicia-se um processo de encerramento dos cursos de educação artística, criados para formar professores multidisciplinares; e a criação de cursos especializados em uma das linguagens, uma delas educação musical. Como a maior parte dos professores é habilitada em Educação Artística com especialização em Artes Plásticas ou Visuais, na prática as outras linguagens não aparecem no currículo escolar. O quadro começa a mudar a partir de 2008, quando a Lei Federal nº 11.769 inclui um parágrafo 6º que torna conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, o ensino de música no componente curricular ensino de arte, previsto no § 2º do artigo 26 da LDB de 1996. A questão a ser enfrentada, a partir desse momento é a da formação de professores especializados para o ensino de Música. Tarefa que levará algum tempo, muito mais que os três anos estabelecidos pela legislação, tendo em vista serem poucos os cursos de licenciatura em Música no Brasil. Para que se tenha clareza sobre a dimensão do problema, basta mencionar que só na rede pública estadual paulista existem mais de 5.000 escolas, acrescente-se a esse universo as redes municipais e as escolas particulares e a questão da formação de professores especializados em Música torna-se mais complexa ainda. O vice-presidente da República, ao vetar o parágrafo único do art. 62 da LDB, criou uma lacuna, que a meu ver, precisa ser suprida pelos Conselhos Estaduais de Educação. O papel do poder público não é apenas normativo, mas deve criar programas para habilitar professores para o ensino de música na educação básica, como, aliás, está previsto pela legislação educacional.
Prof. Dr. João Cardoso Palma Filho: Doutor em Educação e membro do Conselho Estadual de Educação. Professor Titular no Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista – UNESP.
Sabemos que a música deve estar presente em nossas escolas, mais muitas ainda são as dúvidas dos professores, uma vez que a música está ligada a arte, a dança. O professor de arte deve ministrar as aulas de música, contudo, é o professor de educação física que ministra as aulas de dança, é certo afirmar que a multidisciplinariedade deve estar presente nas escolas, no entanto, a dificuldade em se seguir uma metodologia quanto ao ensino de música ainda permanece vago.
Na educação infantil a música entra como um dos eixos curriculares; nós enquanto professores, devemos em nossas aulas de música ensinar: som, silêncio, ritmo, pausa, agudo, grave, batidas, devemos ainda construir a memoria musical, introduzir a música popular brasileira, as cantigas, sons dos instrumentos, entre outros. E para tal, não é obrigatória que essas aulas sejam ministradas por professores especialistas ou com formação em música, deixando por muitas vezes, o ensino de música pouco agradável às crianças, que por vezes, têm aulas com professores pouco preparados, tornando baixa a qualidade das aulas e consequentemente a aprendizagem e estimulação a cultura a arte.
1.3 – A importância da música na aprendizagem de crianças
Como já mencionado na introdução de nosso artigo a música contribui para o desenvolvimento de vários eixos de nossa aprendizagem como, benefícios a saúde, ao bem-estar, nos eleva, trás sensações e percepções, altera nosso estado de espirito. Quem faz música se descobre; a música nos conecta com o mundo, conta uma história, marca fases na vida, a música está em nós e faz parte de nós. Entre outros benefícios, nas crianças, eleva a atenção e a concentração, auxilia na percepção visomanual e auditiva, socializa, colabora com a construção de sentimentos, amplia as percepções do mundo a sua volta, ajuda na construção da criança com relação à linguagem oral e escrita, auxilia na coordenação motora ampla e fina, estimula a imaginação e a criação.
Daqui a conclusão pedagógica da necessidade de alargamos a experiência da criança se quisermos proporcionar à sua atividade criadora uma base suficiente solida. Quanto mais veja, escute e experimente, quanto mais aprenda e assimile, quanto mais abundantes forem os elementos reais de que disponha na sua experiência, tanto mais importante e produtiva será, mantendo-se idênticas as restantes circunstancias, a atividade da suma imaginação. (VYGOTSKY. 2009.p 18).
Ao realizamos música com as crianças acabamos por melhorar sua sensibilidade, sua atenção trazendo por consequência benefícios no processo de alfabetização e ao raciocínio matemático. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil deixa claro a importância da música para Educação Infantil e trás o seguinte:
A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio. A música está presente em todas as culturas, nas mais diversas situações: festas e comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, políticas etc. Faz parte da educação desde há muito tempo, sendo que, já na Grécia antiga, era considerada como fundamental para a formação dos futuros cidadãos, ao lado da matemática e da filosofia. A integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e cognitivos, assim como a promoção de interação e comunicação social, conferem caráter significativo à linguagem musical. É uma das formas importantes de expressão humana, o que por si só justifica sua presença no contexto da educação, de um modo geral, e na educação infantil, particularmente (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil p.45).
A música estimula áreas do cérebro que as vezes, não são desenvolvidas por outras partes do cérebro; além disso contribui para a socialização comunicação e expressão humana.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil atenta para esse problema na página 46 em que diz o seguinte:
A música no contexto da educação infantil vem, ao longo de sua história, atendendo a vários objetivos, alguns dos quais alheios às questões próprias dessa linguagem. Tem sido, em muitos casos, suporte para atender a vários propósitos, como a formação de hábitos, atitudes e comportamentos: lavar as mãos antes do lanche, escovar os dentes, respeitar o farol etc.; a realização de comemorações relativas ao calendário de eventos do ano letivo simbolizados no dia da árvore, dia do soldado, dia das mães etc.; a memorização de conteúdos relativos a números, letras do alfabeto, cores etc., traduzidos em canções. Essas canções costumam ser acompanhadas por gestos corporais, imitados pelas crianças de forma mecânica e estereotipada. Outra prática corrente tem sido o uso das bandinhas rítmicas para o desenvolvimento motor, da audição, e do domínio rítmico. Essas bandinhas utilizam instrumentos — pandeirinhos, tamborzinhos, pauzinhos etc. — muitas vezes confeccionados com material inadequado e consequentemente com qualidade sonora deficiente. Isso reforça o aspecto mecânico e a imitação, deixando pouco ou nenhum espaço às atividades de criação ou às questões ligadas a percepção e conhecimento das possibilidades e qualidades expressivas dos sons. (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. p.46).
A música é uma linguagem que se constrói; sendo assim é necessário que a criança seja estimulada, é necessário que a criança queira aprender como dizia Rubens Alves:
Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntas as melodias mais gostosas e lhe contaria sobre os instrumentos que fazem a música. Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes. (Rubem Alves. In. Educação Pública. Web).
Criar condições para que a criança possa refletir e entender a música como fonte de prazer e conhecimento. Estimular a criatividade, o movimento, a percepção, a coordenação e o convívio social da criança de forma prazerosa que a música oferece, são fundamentais para o desenvolvimento da criança.
OBJETIVO ESPECÍFICO:
Os objetivos da música são diferentes para cada etapa do desenvolvimento infantil, mas complementam-se ao logo do ensino.
De 0 a 3 anos de idade:
• ouvir, perceber e discriminar eventos sonoros diversos, fontes sonoras e produções musicais;
• brincar com a música, imitar, inventar e reproduzir criações musicais;
• Exploração, expressão e produção do silêncio e de sons com a voz, o corpo, o entorno e materiais sonoros diversos.
• Interpretação de músicas e canções diversas.
• Participação em brincadeiras e jogos cantados e rítmicos.
• Escuta de obras musicais variadas.
• Participação em situações que integrem músicas, canções e movimentos corporais.
De 4 a 5 anos completos de idade:
• explorar e identificar elementos da música para se expressar, interagir com os outros e ampliar seu conhecimento do mundo;
• perceber e expressar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio de improvisações, composições e interpretações musicais.
• Reconhecimento e utilização expressiva, em contextos musicais das diferentes características geradas pelo silêncio e pelos sons: altura (graves ou agudos), duração (curtos ou longos), intensidade (fracos ou fortes) e timbre (característica que distingue e “personaliza” cada som).
• Reconhecimento e utilização das variações de velocidade e densidade 16 na organização e realização de algumas produções musicais.
• Participação em jogos e brincadeiras que envolvam a dança e/ ou a improvisação musical.
• Repertório de canções para desenvolver memória musical.
• Escuta de obras musicais de diversos gêneros, estilos, épocas e culturas, da produção musical brasileira e de outros povos e países.
• Reconhecimento de elementos musicais básicos: frases, partes, elementos que se repetem etc. (a forma).
• Informações sobre as obras ouvidas e sobre seus compositores para iniciar seus conhecimentos sobre a produção musical.
Sensibilizar a criança em questões inerentes à música, respeitando seu tempo e seu espaço, respectivos a idade e aos seus limites próprios, faz parte do desenvolvimento da criança.
O professor ao apresentar uma proposta, deve ter um objetivo, uma razão para que aquilo que ele apresentou faça sentido para si e para as crianças; levar instrumentos diferentes, proporcionar momentos lúdicos dentro das aulas de música causam espancamento, inquietação por parte das crianças é necessário que o professor não se acomode, dá trabalho, causa tumultuo, mais nada que não valha a pena ao ver a criança questionando, ao ver a criança interessada, por isso, não se acomode, planeje, execute.
O Referencial Curricular nacional para a Educação Infantil trás o seguinte sobre a conduta do professor de Educação Infantil que em sua maioria não possui formação ou especialização na área de música:
• sensibilizar-se em relação às questões inerentes à música;
• reconhecer a música como linguagem cujo conhecimento se constrói;
• entender e respeitar como as crianças se expressam musicalmente em cada fase, para, a partir daí, fornecer os meios necessários (vivências, informações, materiais) ao desenvolvimento de sua capacidade expressiva. . (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. p.66).
Dentre esses comportamentos que o professor de Educação Infantil que dá aulas de música sem formação deve ter, é importante também, esse que esse profissional busque através de pesquisas, estudos e trocando informações com quem já faz esse trabalho, ou tem a formação, metodologias que incentivem as crianças, que façam com que elas tomem o gosto por música.
Dentre as constatações que pude perceber ao longo dessa pesquisa destaco:
-
A maioria dos profissionais, professores de Educação Infantil, não tem formação ou especialização para dar aulas de música.
-
A música como conteúdo obrigatório na educação básica ainda é novidade, não estando totalmente definida a formação do profissional que dará aulas de música nas escolas.
-
A maiorias dos professores que não são formados em música, na educação infantil, dá aulas de música como rotina para formar hábitos sadios como: música para lavar as mãos, ou escovar os dentes, por exemplo; acabando por não dar significado a aula.
-
A maioria das crianças se mostra interessada em saber sobre música e instrumentos musicais quando a aula tem um significado para elas, quando a aula desperta curiosidade e sai da rotina.
-
A maioria das professoras não se sentem à vontade em ter de dar aulas de música.
-
As crianças vivenciam música em suas brincadeiras cotidianas e no seu dia a dia.
-
Algumas professoras só trabalham música em ocasiões especiais, como datas comemorativas.
-
O professor deve se planejar e buscar métodos que enriqueçam as aulas de música.
4 – Conclusão
Sabemos que a obrigatoriedade das aulas de música é recente na educação básica; sabemos ainda que está indefinido o seu conteúdo e qual exatamente é o perfil do profissional que deve atender essa demanda, no entanto, não podemos continuar a entender as aulas de música na Educação Infantil como simples rotina, ou seja, aulas de música para ensinar o alfabeto, para entrar na fila, lavar as mãos e etc.; devemos enquanto professores ser profissionais que buscam o conhecimento e a melhoria em nossa metodologia.
É um erro acreditar que simplesmente confeccionando bandinhas musicais de sucata uma vez por ano estamos trabalhando música; é errado pensar que ao colocar um CD com músicas infantis para criança dormir, estamos dando aula de música; é um erro acreditar que trabalhar a letra de uma música estamos dando aula de música; não que isso que citei adora seja ruim, é ruim quando não tem um propósito, são aulas de má qualidade, quando são mal mediadas e com pouco interesse das crianças, sendo dadas só por dar.
Diante do exposto acima, defendo a aula de música na Educação Infantil, e em outras modalidades do ensino, sendo ministradas por um professor com especialização em música ou professor com formação em música, acredito que as aulas devem ser planejadas, mediadas, que o professor deve ser ativo com relação a ser sujeito que pratica música, estuda música.
Referências
ALVES, Rubens in: NUNES, Plamyra Baroni. Educação pública. Música na escola: Bia Bedran. 2012. Disponível em:<http://www.educacaopublica.rj.govacao>. Acesso em: agosto de 2016.
Associação Brasileira de Educação Musical. Música nas escolas: informações acerca da aprovação da Lei nº 11.769, de 18 de agosto de 2008. Disponível em:< abemeducacaomusical.com.br20>Acesso em: outubro de 2020.
Brasil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. 1998. Disponível em: <portal.mec.gov.br>. f Acesso em: setembro de 2020.
ECHEVERRIA, Malu. Revista Crescer. O bebê já ouve desde a barriga? 2015. Disponível em: <http://revistacrescer.globo.coml>. Acesso em: agosto de 2020.
Presidência da República. Casa Civil. LEI 11.769. 2008. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: agosto de 2020.
VYGOTSKY, Lev. A imaginação e a Arte na Infância. Tradução de Miguel Serras Pereira - Relógio D’Água Editores, janeiro de 2009.
1 Possui Licenciatura em Pedagogia pela Faculdade de Alta Floresta/MT e-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
2 Possui Licenciatura em Biologia pela Universidade Estado de Mato Grosso de Alta Floresta/MT e-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
3 Fundado em 1995, o grupo musical paulistano desenvolveu ao longo de sua trajetória uma abordagem única da música corporal através de suas composições, técnicas, exploração de timbres e procedimentos criativos.
A partir de pesquisas e criações de Fernando Barba e também de seu contato com o musico Stênio Mendes, o Barbatuques deu origem a diferentes técnicas de percussão corporal, percussão vocal, sapateado e improvisação musical, desenvolvidas em suas experiências coletivas e somadas à bagagem individual de seus integrantes.
4 Filme: E seu Nome é Jonas, foi lançado em 1979 nos EUA. Ele retrata várias situações de rejeição, entre elas a da sociedade - o preconceito - a falta de informação da família e a da sociedade daquela época, dos médicos que erram no diagnóstico e o principal de tudo, ausência de informação e conhecimento sobre a criança surda e sua adaptação ao meio social.
5 O termo curador pode ter vários significados, queremos ressaltar o curador neste caso, alguém que escolhe, separa, diferencia aquilo, que é de sua preferência ou agrado.
6 Lei de Crimes Ambientais, a Lei nº 9.605/98, como também na Lei das Contravenções Penais, o Decreto Lei 3.681/1941 e infrações administrativas, trazidas pela nº 9.503/1997, que Institui o Código de Trânsito Brasileiro.
7 Zeus: é uma figura que segundo a mitologia grega é o deus dos deuses, soberano do monte Olimpo e pai de todos os homens e deuses. É também o deus do céu e do trovão, e tem como símbolos o raio, o carvalho, a águia e o touro. Na mitologia romana, seu equivalente é Júpiter.
8 Tot. Tot (também Toth, ou Thoth, cujo nome em egípcio é Djehuty) é um deus egípcio, representado com cabeça de íbis; é o deus do conhecimento, da sabedoria, da escrita, da música e da magia. Estatueta de babuíno representando Tot na cidade Hermópolis Magna. O babuíno é o animal que o acompanha ou representa.
9 Osíris era um dos mais importantes deuses egípcios, pois era associado à vida além da morte e também à vegetação.
10 O que é Brahma: Brahma ou Brama é um Deus da religião hindu, considerado o criador do universo, dos deuses e do conhecimento. Brahma é representado com quatro cabeças e quatro braços e aparece sentado em um cisne. Na religião hindu,Brahma é o primeiro Deus da Trimúrti, uma trindade do hinduísmo.
11 Jubal é conhecido como o primeiro músico da Bíblia. A Bíblia cita esse nome como sendo o primeiro a usar um instrumento.
12 Humano (conhecido taxonomicamente como Homo sapiens, do latim "homem sábio", e também chamado de ser humano, pessoa, gente ou homem) é a única espécie animal de primata bípede do gênero Homo ainda viva.
- Acessos: 650
SURDEZ: UM DESAFIO NO MERCADO DE TRABALHO
Maria Marta Marconato 1
Joice Diane Guisoni 2
RESUMO:
Esse artigo visa levantar questionamentos sobre a importância da aprendizagem de LIBRAS nas escolas, para assim, ampliar e melhorar a comunicação entre pessoas com surdez uma vez que essas pessoas acabam por abrir mão dos seus direitos de cidadão para se “encaixarem” em uma sociedade que exige muito e pouco faz para incluir de fato pessoas que demandam de necessidades diferentes do contexto, “dito natural” como falar e ser ouvido.
PALAVRAS-CHAVE: Surdez. Libras. Mercado de Trabalho.
DEAFNESS: A CHALLENGE IN THE LABOR MARKET
ABSTRATC:
This article aims to raise questions about the importance of learning LIBRAS in schools, so as to expand and improve communication between people with deafness since these people end up giving up their rights as a citizen to “fit” in a society that it requires a lot and does little to actually include people who demand different needs in the context, “natural saying” like speaking and being heard.
KEYWORDS: Deafness. Pounds. Labor Market.
1 INTRODUÇÃO
As pessoas com surdez enfrentam inúmeros desafios, seja no âmbito educacional, social ou até mesmo no mercado de trabalho, pois a dificuldade por se fazer entender e ser entendido é grande, apesar da sociedade perceber que no mundo atual aprender mais de uma língua se tornou um tabu, geralmente optamos por línguas como: Inglês, Espanhol, Francês, Italiano entre outras, não percebemos a importância de aprendermos a nos comunicar com a pessoa surda, pois o surdo não é ter uma deficiência é apenas ser diferente. Muitos de nós optamos por fazer “mímica” ao invés de aprender essa língua que é tão importante para mais de 166.400 mil brasileiros, sendo 80 mil mulheres e 86.400 homens. (IBGE 2000).
Muitas vezes o surdo é criticado e até mesmo discriminado por pessoas que desconhecem que eles têm as mesmas condições cognitivas que os ouvintes, podendo fazer parte de uma sociedade atuante.
A primeira língua dos surdos é LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), a segunda é o PORTUGUÊS Brasileiro, que para nós que somos ouvintes torna-se a primeira, o surdo por viver em meio a pessoas ouvintes ficam “forçados” a fazer mímicas, apontar, gritar, desenhar, escrever, ler lábios entre outros, quando na verdade somos nós que devemos nos “forçarmos” a aprender LIBRAS.
Nosso objetivo foi verificar qual a relação dos surdos com o contexto de trabalho através, de entrevista e questionário enviado ao contratante e ao surdo, para que pudéssemos compreender os cargos ocupados pelos surdos dentro da empresa e o seu desempenho, as condições necessárias para relação surdo/ouvinte.
Diante dessas considerações iniciais, fazemos as seguintes perguntas, como foi à contratação a entrevista de emprego dessas pessoas? Teve interprete? Como estão se saindo na empresa? Quem avalia essa pessoa? Ela almeja outros cargos? Como é a comunicação entre surdos e ouvintes?
2 DESENVOLVIMENTO
2.1-Surdez no contexto histórico
A exclusão do surdo existe há séculos, antigamente havia povos que sacrificavam pessoas devido a sua deficiência e os surdos eram grandes alvos. Costumava-se achar que a surdez era acompanhada por algum tipo de déficit de inteligência.
Matam-se cães quando estão com raiva; exterminam-se touros bravios; cortam-se as cabeças das ovelhas enfermas para que as demais não sejam contaminadas; matamos os fetos e os recém-nascidos monstruosos; se nascerem defeituosos e monstruosos, afogamo-los, não devido ao ódio, mas à razão, para distinguirmos as coisas inúteis das saudáveis. (Sêneca, Apud Silva, 1986, p. 129)
Com o passar do tempo, os surdos foram adquirindo alguns direitos, mas ainda eram considerados inferiores e ficavam trancafiados em casa por vergonha da família.
No século XVII surge a língua de sinais e a sua utilização no processo de ensino. O abade L’Epée foi um dos grandes responsáveis por esse avanço. Ele reuniu surdos dos arredores de Paris e criou a primeira escola pública para surdos e também a precursora no uso da língua de sinais. Por ter um bom resultado, essa metodologia que começou na França se espalhou por toda a Europa e depois pelo mundo. Entretanto, o desenvolvimento durou pouco. Essa modalidade de ensino foi abafada pela força da Medicina e da Filosofia, que não acreditavam na capacidade da pessoa surda.
A partir do Congresso de Milão em 1880 adotou-se o oralismo, método que considera a voz como o único meio de comunicação e de educação para os surdos. Desde então, foram excluídas todas as possibilidades de uso das línguas de sinais na educação dos surdos. Em 1960, com o fracasso do oralismo criou-se a metodologia da comunicação total, que durou pouco por ter sua concepção bem parecida com a primeira. Hoje o método de educação mais utilizado é o bilinguismo.
A principal personagem da história dos surdos no Brasil não é um brasileiro e sim um francês. Eduard Huet nasceu em 1822 e aos 12 anos ficou surdo. Huet se formou professor e emigrou para o Brasil em 1855. Apoiado por D. Pedro II, ele fundou, no dia 26 de setembro de 1857, o Imperial Instituto de Surdos-Mudos, hoje chamado de Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). Começou alfabetizando sete crianças com o mesmo método do abade L’Epée. Essa foi à primeira escola a aplicar a língua de sinais na metodologia de ensino
Assim como a educação na França, a língua de sinais no Brasil deixou de se desenvolver com o Congresso de Milão. Embora a influência do oralismo fosse forte, os surdos brasileiros buscaram outras alternativas de se comunicarem através da Língua Brasileira de Sinais (Libras).
Com a inclusão dos surdos no processo educativo, compreendeu-se que eles, em sua maioria, não tinham a possibilidade de desenvolver a inteligencia em virtude dos poucos estímulos que recebiam e que isto era devido à dificuldade de comunicação entre surdos e ouvintes. Porém, o desenvolvimento das diversas linguas de sinais e o trabalho de ensino das linguas orais permitiram aos surdos os meios de desenvolvimento de sua inteligência. Atualmente, a educação inclusiva é uma realidade em muitos países.
2.2 Inclusão do surdo no mercado de trabalho
Trabalhar realiza o indivíduo, e todos nós esperamos pelo momento em que sua força de trabalho se converta em capital.
Segundo Aranha, (2003 p. 7) “A atividade humana tem o papel de transformar a realidade, segundo os desejos e necessidades e desejos do homem que exerce, e ao fazer isso, promove, também, transformações no próprio homem”.
Jovens no seu primeiro emprego, idosos, deficientes e até mesmo mulheres sentem uma dificuldade para serem incluídos no mercado de trabalho. Talvez a falta de experiência, o medo do novo ou até mesmo a incerteza da capacidade do individuo faz com que as empresas não arrisquem vagas importantes ou de grandes responsabilidades.
A inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho faz o surdo adquirir maior independência, faz com que se sinta necessário dentro da família, da comunidade assim como todos nos desejamos.
A primeira dificuldade que a pessoa surda encontra ao tentar entrar no mercado de trabalho é a comunicação.
A segunda é muita das vezes a falta de capacitação.
O apoio da família é importante, mas também é necessário que o surdo busque se aperfeiçoar, estudando, fazendo cursos técnicos ou profissionalizantes. O empregador pode criar alguma resistência na hora de contratar talvez por desconhecer a capacidade profissional que o surdo pode ter, ou até mesmo por preconceito.
A sociedade custa a aceitar que o surdo é um ser social, racional que pode ter o potencial na área de trabalho igual ou maior do que uma pessoa ouvinte.
Atualmente existem leis que ajudam pessoas com deficiência ou limitações físicas a ingressar no mercado de trabalho, tais como:
A lei nº. 8.213, de 24 de julho de 1991, tem a iniciativa de assegurar os direitos da pessoa na área de trabalho, onde no artigo 93 fica claro que a empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5%( cinco por cento) dos seus cargos com benefícios reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas. Essa iniciativa oportuniza todas as pessoas capazes de ter acesso ao mercado de trabalho nas diferentes áreas da sociedade, essa legalidade tem um cunho profissional, sendo uma extensão da educação.
3 A CAPACITAÇÃO E O MERCADO DE TRABALHO PARA O SURDO
É um desafio, tanto para surdos quanto ouvintes, estarem buscando constante qualificação profissional, e no caso dos surdos, as escolas devem repensar suas finalidades para que todos possam ter acesso à qualificação. A importância de uma boa escola para o surdo, reflete em oportunidades no mercado de trabalho.
Segundo Manoel Palhares.
A capacitação profissional da pessoa surda deve ser pensada a partir de uma contextualização do mundo do trabalho, da realidade político-econômico-social em que o País vive. Atualmente, o brasileiro está cercado por palavras como "globalização da economia", "desenvolvimento tecnológico", "automação", "livre iniciativa". Nesse contexto são valorizadas a produtividade, a excelência, a qualidade total e a competitividade. As pessoas, tanto ouvintes quanto as surdas precisam correr atrás disso, ou melhor, correr junto a isso. O desafio é estarem em constante aprendizado a fim de serem profissionais qualificados em condições de acesso a este mundo do trabalho.
Agora que a inclusão se tornou um tabu, cabe às escolas definirem quais são as melhores estratégias de formação dos alunos surdos para que esses possam atuar no mercado de trabalho de forma competitiva.
Não basta somente colocar o aluno dentro da sala de aula sem antes prepará-lo para o ambiente escolar, muitos educadores afirmam ser impossível uma integração entre conteúdo, ambiente físico e social, e o aluno de inclusão. Na pratica a inclusão nas escolas municipais e estaduais está longe de ser a ideal, porém são muitas as tentativas para que haja o maior conforto possível para o aluno de inclusão.
Os educadores que apoiam a inclusão defendem que o aluno de inclusão seja acompanhado em sala de aula por um segundo professor que dará suporte quando necessário, e também que em um período alternativo as aulas essa criança seja acompanhada por profissionais necessários para seu desenvolvimento físico e social.
4 METODOLOGIA
Para Gil [2002] pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos... A pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos.
A pesquisa foi desenvolvida na cidade de Alta Floresta, Brasil com 2 (duas) empresas, as quais possuem funcionários surdos. Num primeiro momento foi realizada uma reunião informal com os funcionários surdos que preencheram questionário e responderam perguntas informais sobre a empresa, serviços prestados, a comunicação entre os colegas de trabalho, entre outras.
A pesquisa também foi realizada num caráter exploratório junto aos responsáveis das empresas que contratam pessoal. Preencheram questionário (Anexo A), e também responderam perguntas informais a respeito de como é ter funcionários surdos, qual seria a maneira ideal para comunicar-se com eles, como eles se saem na função que exercem.
5 DISCUSSÃO DE RESULTADOS
Segundo Nambu (2003 p.5) A inclusão da pessoa portadora de deficiência ao mercado de trabalho é um direito, independente do tipo de deficiência que apresente e de seu grau de comprometimento. No entanto, ainda presenciamos inúmeros casos de discriminação e exclusão, talvez, pela falta de conhecimento da sociedade de que esse cidadão tem direito a convivência não segregada e ao acesso aos recursos disponíveis aos demais cidadãos.
Como vemos são muitos os esforços por parte dos poderes públicos para assegurar a entrada do surdo ao mercado de trabalho, diante disso podemos afirmar que a pessoa surda hoje tem maiores chances de entrar no mercado de trabalho?
Com base em uma entrevista e questionário informal respondido por pessoas surdas que trabalham em empresas desta cidade vemos que de três pessoas entrevistadas, as três sentem-se incluídas no mercado de trabalho, comunicam-se com os colegas e encarregados através de “mímicas” ou gestos que não fazem parte da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), mas apesar de não ser o ideal sentem-se bem ao poder se expressar e se fazer entender, mesmo que não entenda o que é dito a ele. Duas pessoas entraram na empresa que estão hoje através de familiares que souberam da necessidade de preencher vagas para deficientes, um deles, porém entrou através da Agencia do Trabalhado desta cidade. Dois dos entrevistados responderam que não houve entrevista para preencher a vaga, entraram já trabalhando, entretanto um foi entrevistado pela psicóloga da empresa sem intérprete, segundo a empresa não é necessário interprete, pois, os familiares sempre acompanham os surdos e como eles conversam entre si os parentes fazem vez de interprete. Quando perguntamos como é orientado e quem orienta o surdo no trabalho dentro da empresa? A resposta de uma das empresas foi em branco e a outra respondeu: “orientamos os lideres de setores para lidar com estas pessoas”. Dos três entrevistados todos gostam da função que exercem e pretendem se tiver oportunidade, candidatar-se a novas e melhores funções.
Em nossa realidade, os “fracos”, os “lentos”, ou seja, aqueles que não correspondem ao parâmetro de existência / produção, são “naturalmente” desvalorizados, por evidenciarem as contradições do sistema, desvelando suas limitações. (Aranha 2003 p.34)
Quando perguntamos as empresas se uma pessoa surda pode ocupar qual quer vaga desde que seja apto? As empresas responderam em igual, “sim desde que sua deficiência não atrapalhe o desenvolver da função e que a pessoa esteja apta a desenvolver o que a função pede”. A opinião das empresas sobre a Lei 8.213/91 é que: ambas acham correta, “para que as empresas vejam a real necessidade da inserção das pessoas com deficiência no mercado de trabalho, apesar de que na nossa região não existem pessoas com deficiência o suficiente para cobrir o número total desta cota. ”
Segundo Sassaki (2005 p. 63):
Uma empresa inclusiva é, então, aquela que acredita no valor da diversidade humana, contempla as diferenças individuais, efetua mudanças fundamentais nas praticas administrativas, implementa adaptações no ambiente físico, adapta procedimentos e instrumentos[...]
Sabemos que adaptações físicas e sociais, levam tempo, há uma grande expectativa por parte das empresas de se adequarem, mas, como vemos ainda são muitas as mudanças a serem feitas.
6 CONCLUSÃO
Conclui-se que ainda são grandes os desafios que o surdo enfrenta para ser incluído no mercado de trabalho, pois a comunicação, apesar de ter facilitadores como parentes que acabam sempre intervindo nas entrevistas, a maior parte do tempo o surdo acaba por tentar se comunicar através de mímicas, quando o ideal seria proporcionar um ambiente receptivo que se enquadra na realidade do surdo física e socialmente. A falta de qualificação é um dos agravantes que faz com que o surdo tenha dificuldade de almejar uma função melhor ou até mesmo preencher uma simples vaga em aberto. Vemos que a realidade dos nossos surdos está longe de ser a ideal, mas cabe a nós começarmos essa mudança revendo nossos conceitos.
Ao preparamos nossos alunos de maneira geral colocando em nosso currículo LIBRAS como segunda língua a ser ensinada nas escolas, estaremos ampliando a oportunidade de cada vez mais acontecer a verdadeira igualdade e inclusão de todas as pessoas independente de ouvintes ou não. Estaremos preparando, médicos, advogados, lideres de empresa, para tratar todos com igualdade e respeito, sem a necessidade, em nossa da vergonhosa situação de fazer “mímica” ao invés de se comunicar ou passar orientações a um surdo.
Anexo A
-
Questionário Empresa.
Com base neste questionário faremos um artigo com enfoque em surdez.
-
Por que contratar uma pessoa com deficiência auditiva?
-
Como foi a entrevista de emprego? Teve interprete?
-
Por quem e como é orientado (a) o surdo (a) no seu local de trabalho?
-
Essa pessoa foi contratada por que a empresa sente prazer em ajudar pessoas surdas ou por que é necessário?
-
Como foi a abordagem a essa pessoa, foram colocadas vagas disponíveis ou indicação? Explique:
-
Na opinião da empresa uma pessoa surda pode ocupar qual quer vaga dez de que seja apto ao cargo disponível?
-
Qual a opinião da empresa sobre a Lei 8.213/91, que diz respeito a cota de vagas para pessoas com deficiência?
Anexo B
-
Questionário do surdo (a) sobre seu emprego.
Somos alunas do Curso de Pós-Graduação do Instituto São Francisco de Assis, e com base neste questionário faremos o trabalho de conclusão do curso Educação especial/libras com enfoque em surdez, sob a orientação da professora Andréa Henrique Franco Bertan.
-
Você sente-se incluído do seu local de trabalho?
-
Como você soube da vaga? Explique.
-
Como foi sua entrevista para a vaga disponível na empresa? Teve interprete?
-
Como é a comunicação com o encarregado do setor e com os colegas de trabalho?
-
Gosta da função que exerce na empresa? Pretende candidatar-se a novas funções?
-
O que você acha da Lei 8.213/91, que diz respeito a cotas para pessoas com deficiência?
7 REFERENCIAS
ARANHA, M. S. F. Trabalho e emprego: instrumento de construção da identidade pessoal e social. São Paulo: SORRI BRASIL; Brasília: CORDE, 2003.
GIL, A. C. – Aprendendo sobre pesquisas – Tipos de pesquisa – 2000. Disponível em: < www.ead.unicamp.br > outubro de 2020.
IBDD – Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência - Lei n º 8.213. Disponível em: < www.ibdd.org.br > outubro de 2020.
IBGE – Censo Demográfico 2000. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. <www.ibge.gov.br>. - setembro de 2020.
Manoel P. - A capacitação profissional do surdo - Disponível em: < www.ines.gov.br > outubro de 2020.
NAMBU, T.S. Construindo um mercado de trabalho inclusivo: guia pratico para profissionais de recursos humanos. São Paulo: SORRI BRASIL; Brasília: CORDE, 2003.
SASSAKI, R. K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 6ª edição, Rio de Janeiro WVA, 2005.
Wikipédia - História dos Surdos - Sêneca, Apud Silva, 1986, p. 129. Disponivel em: < wikipedia.org > outubro de 2020.
1 Possui Licenciatura em Pedagogia pelo Centro Universitário Faveni Alta Floresta/MT email: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
2 Possui Licenciatura em Biologia pela Universidade Estado de Mato Grosso de Alta Floresta/MT email: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
- Acessos: 630
ENSINAR QUÍMICA: UM DESAFIO QUE EXIGE CRIATIVIDADE
Altair Vieira Marinho1
Rosangela Arlete Siqueria2
RESUMO
Tendo em vista a complexidade que envolve as disciplinas voltadas para as ciências exatas, o ensino de química pela sua imprescindibilidade na vida das pessoas requer criatividade para ser ensinada e consequentemente aprendida. Este artigo tem por objetivo evidenciar possibilidades do ensino de química aliada à formas que chamam a atenção dos estudantes e que permitem que a relação ensino-aprendizagem se concretize. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica com base na experiência docente de dois docentes do município de Poconé - MT que lecionam Química e artes respectivamente nas escolas de ensino público . O artigo se justifica por evidenciar que a criatividade pode permitir a aprendizagem de conteúdos tidos como complexos, mais que são de grande importância na vida estudantil dos discentes. Como resultado temos que a relação ensino e aprendizagem passa necessariamente pela criatividade e pela motivação.
Palavras chave: Ensino- Aprendizagem. Química. Criatividade. Motivação.
ABSTRACT
In view of the complexity that involves disciplines focused on the exact sciences, teaching chemistry for its indispensability in people's lives requires creativity to be taught and consequently learned. This article aims to highlight the possibilities of teaching chemistry combined with ways that attract the attention of students and that allow the teaching-learning relationship to materialize. This is a bibliographic research based on the teaching experience of two teachers from the municipality of Poconé - MT who teach Chemistry and Arts respectively in public schools. The article is justified by showing that creativity can allow the learning of contents considered as complex, more than they are of great importance in the students' student life. As a result, the relationship between teaching and learning necessarily involves creativity and motivation.
Keywords: Teaching-Learning. Chemistry. Creativity. Motivation.
INTRODUÇÃO
Conceito a importância da Química, os conceitos de matéria e suas propriedades, tais como a energia, substâncias e misturas além das unidades e conversão de unidades de massa, volume, temperatura, pressão assim como o estudo dos elementos químicos e suas aplicações.
Também a teoria atômica moderna, radioatividade a estrutura eletrônica e periodicidade química, as ligações químicas e funções químicas inorgânicas. Tudo isso fazem parte do rol de conteúdos ligados à química no Ensino Médio a fim de que o estudante possa:
Compreender as transformações químicas numa visão macroscópica;
Relacionar os fenômenos naturais com o seu meio.
Articular a relação teórica e prática, permitindo a ampliação no cotidiano e na demonstração dos conhecimentos básicos da Química;
Ler, interpretar e analisar os tópicos específicos da Química;
Desenvolver diversos modelos de sistemas químicos relacionados com o seu cotidiano;
Selecionar e organizar ideias sobre a composição da matéria;
Fazer uso dos gráficos e tabelas com dados referentes às leis das combinações químicas e estequiométricas.
Contudo, fazer materializar tais intenções não se caracteriza como uma tarefa fácil ou simples. Daí por que é importante fazer uso da criatividade, a fim de atrair o estudante para a aprendizagem de forma prazerosa. Nesta direção a arte se apresenta como um fator de significativa importância na relação entre ensino e aprendizagem de química.
A Arte é um componente obrigatório no ensino básico, entretanto a oferta da disciplina na grade normal, não contempla toda a extensão e complexidade que envolve essa área do conhecimento. O oferecimento da Arte como uma disciplina optativa, cria a possibilidade de preencher a lacuna existente, principalmente no que concerne a produção artística.
A execução de obras artísticas, nas suas diversas modalidades, exige um comprometimento individual e coletivo por parte dos que estão envolvidos no processo, o que não é possível nas turmas normais: a diversidade de interesses e aptidões é grande em cada turma de alunos.
Além disso, cada modalidade artística requer conhecimento específico de cada área, e atualmente a realidade mostra que são raros os professores que conseguem desempenhar com eficiência pelo menos as três modalidades básicas. Diante dessa realidade é necessário que haja um espaço específico para cada modalidade, a fim de possibilitar a produção, inicialmente nas modalidades: Música, Teatro e Artes Visuais.
O que dizem os Parâmetros Curriculares Nacionais Sobre o Ensino de Química
A química evidencia por sua natureza uma visão de complexidade. Fazemos parte de um mundo complexo, em que as especialidades nos apresentam certas a imprescindibilidade de tratar dos problemas da vida (MORIN, 2006). É neste sentido que a educação se apresenta como possibilidade para criar novas formas de encarar o conhecimento, ou seja, cada disciplina, partindo de suas áreas específicas de estudo, deve comunicar-se com demais, quer tenham uma proximidade imediata conforme espera-se entre química e física, integrante da Área de Ciências Exatas e da Terra ou um distanciamento histórico, como entre as ciências sociais e as naturais.
É neste contexto que se apresenta no cenário brasileiros os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, documento que foi elaborados com o objetivo de orientar o ensino nos diversos níveis e em áreas específicas em todo o país. O documento em tela evidencia as orientações para cada uma das disciplinas obrigatórias na Educação Básica, denominadas Base Nacional Comum. A elaboração deste material consistiu em possibilitar uma opção metodológica e curricular aos técnicos e professores que atuam nos diversos níveis e modalidades da educação brasileira.
O caráter oficial dos PCN`S não é o de imposição, apenas busca possibilitar aos profissionais de educação a oportunidade para desenvolver seu trabalho pedagógico em consonância com os avanços teórico-metodológicos oriundos das novas tendências educacionais, com foco no construtivismo, conforme pode-se observar na figura a seguir.
Figura 1: Teorias e Concepções que fundamentam os PCN´s – Conhecimentos de Química
Fonte: NUNES e NUNES (2007).
Os PCN`s são elaborados em consonância com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira – LDB (BRASIL, 1996) e vem estruturado em áreas do conhecimento para de favorecer a interdisciplinaridade conforme destaca Ricardo (2003). É perceptível no documento certa tendência de continuidade, em que idéias expressas na Lei maior da Educação no país, a LDB, são a posteriores transformadas em documento oficial de orientação para os profissionais da educação.
Nesta direção, os PCN´s são perpassado as capacidade de orientar um professor em seu ofício pedagógico no dia a dia. Tendo em vista seu caráter orientativo, carrega em si a tarefa de se apresentar na perspectiva de um texto de fácil leitura, uma vez que deveria ser lido, debatido e se fosse o caso “aplicado”, mas ao mesmo tempo deveria servir de suporte à prática docente, norteando o fazer pedagógico. Em especial quando diz respeito ao Ensino de Ciências da Natureza e Matemática, uma área com dificuldades mundiais na formação de professores (GIL-PÉREZ e CARVALHO, 2001), somado ao desinteresse dos estudantes que se apresenta cada vez menor, o que faz com que os professores desenvolvam a sensação de que os alunos de nível médio aprendem cada vez menos os seus conteúdos (POZO e GÓMEZ CRESPO, 2004).
Os PCN`s possui uma importância ainda maior que diz respeito ao fato de responder às demandas diversificadas que essa área apresenta como demanda. Nesta direção, por se tratar de uma área das ciências da natureza, o ensino-aprendizagem de química evidencia as mesmas fragilidades presentes em outras disciplinas, como matemática, por exemplo, e instala nos estudantes idéias equivocadas relativas a este campo de conhecimento, como pode ser exemplificado pela não aceitação da descontinuidade da matéria (POZO e GÓMEZ CRESPO, 2004) ou até mesmo a não aceitação do modelo atômico para a explicação de fenômenos macroscópicos.
A seguir o quadro explicativo evidencia algumas possibilidades em que a criatividade via utilização da arte e da música podem desenvolver quando utilizada em sala de aula.
Tabela 2: Análise do PCN – Conhecimentos de Química
Aspectos Analisados |
Aspectos positivos |
Deficiências |
Sugestões |
Fundamentação teórica |
O documento baseia-se em diversas teorias e concepções. |
As teorias que fundamentam o texto não são exploradas adequadamente. |
Aprofundamento da discussão de teorias norteadoras das orientações mostrando limitações e possíveis aplicações. |
Linguagem |
Simples e de fácil acesso. |
Sintética demais. |
Exploração dos conceitos mais complexos, ou de pouco conhecidos. |
Adequação à proposta |
Traz a tona conceitos e discussões relevantes para o Ensino de Ciências. |
|
Reformulação e direcionamento maior do texto aos professores da ativa que possuem formação deficiente. |
Atualidade |
Os temas tratados são atuais e significativos. |
- |
- |
Fonte: NUNES E NUNES (2007).
Fica evidente que a importância atribuída às habilidades e competências aponta para certo direcionamento no sentindo de alterar o foco do ensino, antes de base apenas nos conhecimentos conceituais. Nos tempos autiais, sabemos que a finalidade do Ensino Médio consiste em formar um cidadão crítico e com capacidade para transformar o espaço em que vive. Nesta direção, o ensino de Química deve colaborar com esta tarefa.
Na mesma perspectiva as habilidades que se espera sejam adquiridas neste campo de conhecimento tais como: decodificação da linguagem científica, valorização do conhecimento científico, compreensão dos mecanismos pelos quais a ciência produz conhecimento, nem sempre são conseguidos.
Fica evidente que os PCN´s – relativos aos Conhecimentos de Química nasceram com a tarefa de orientar os educadores químicos na transição da reforma educacional, apontando alternativas viáveis à sua prática docente. Daí a importância de que o ensino deste componente curricular seja desenvolvido da forma mais criativa possível.
Avaliar a capacidade desta secção do documento em fazê-lo é a pretensão deste trabalho, visando contribuir para uma crítica fundamentada às orientações oficiais dadas no campo de educacional.
Metodologia
A pesquisa relativa ao Ensino de Química foi desenvolvida na Escola Estadual Eucáris Nunes da Cunha e Moraes, no município de Poconé - MT. O objetivo da experiênncia consistiu em proporcionar aos estudantes a oportunidade de discussão sobre os problemas de aprendizagem,de forma criantiva e parpassada pela participção.
A fim de que os objetivos do projeto em tela fossem alcançados, organizou-se na escola em tela, um programa de atividades junto aos estudantes do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio, envolvendo também todos os professores dessas turmas.
Poconé situa-se a 100 Km da cidade de Cuiabá, capital do Estado de Mato Grosso. Mantém limítrofe dentro do estado com os municípios de Nossa Senhora do Livramento, Cáceres e Barão de Melgaço, fronteira com o Estado de Mato Grosso do Sul, e também, fronteira com o país vizinho, a Bolívia.
A atual cidade de Poconé é a porta de acesso ao Pantanal mato-grossense, seguindo pela Rodovia Transpantaneira, por isso é conhecida como região pantaneira. Integra a mesorregião 130, da microrregião 535- Alto Pantanal, Centro-sul de Mato Grosso. Ocupa uma área territorial de 17.271,014 km², e uma população de 31.779 habitantes, sendo 72,60% concentram-se na zona urbana e 27,40 % vivem na zona rural. Administrativamente, compõe 14 bairros, 05 vilas, 02 distritos (Distrito de Cangas e Distrito de N. Senhora Aparecida do Chumbo), 72 comunidades (Zona Rural) e 11 Assentamentos3.
O município de Poconé, localizado na macrorregião pantaneira, possui diversidade humana e ambiental exuberante, porém em constante ameaça e degradação. A exploração aurífera ainda se apresenta como sua principal fonte de renda e trabalho, embora tenha se constituído ao longo dos anos como um grande problema socioambiental, haja vista o fato de que a crescente exploração garimpeira vem causando crescentes impactos nocivos à natureza por meio do uso indiscriminado do mercúrio, dos rejeitos e do surgimento de gigantescas crateras que chegam a causar inclusive abalos estruturais em residências, dado a proximidade de alguns desses garimpos à bairros e comunidades, além da exploração de mão de obra daqueles que possuem como única alternativa de trabalho os garimpos.
Sinalizando um explícito contraste, o município, mesmo sendo um grande produtor de riquezas minerais e naturais, possui um dos piores IDHs de MT, segundo a Lista de Municípios de Mato Grosso por IDH-M (dados de 2010), Poconé ocupa a posição 118, entre os 141 municípios analisados, um índice considerado mediano (0.652).
Para a realização da atividade utilizamos a música em sala de aula , a partir da paródia desenvolvida com a melodia da canção “Xibom Bombom” do grupo de axé “As Meninas”, por esta ser divertida e conhecida pelos alunos, elaborada por um grupo de professores de química na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRS4, que construíram a letra mediante conhecimentos da química para explicar as Propriedades da Tabela periódica e em função do fato da música ser animada, criou-se uma coreografia que faz um link com a letra da música, apresentada na tabela 1.
Tabela 1: Letra da música
Bom Xibom da Tabelinha |
|
alisando essa tabela periódica Quero desvendar essa situação metódica[2x] O raio atômico do Frâncio é o mais rico E o raio atômico do Hélio é o mais pobre Mas o motivo todo mundo já conhece Para esquerda sobe e pra baixo cresce[2x] Bom, Xibom, Xibom, Bom, Bom, Tabelinha[4x] Mas eu só quero entender as propriedades Falando nisso temos a densidade De fora para dentro, de cima para baixo A minha densidade só tende a aumentar Mas o motivo todo mundo já conhece De cima para baixo é que cresce[2x] Bom, Xibom, Xibom, Bom, Bom, Tabelinha[4x] |
Analisando essa tabela periódica Quero desvendar essa situação metódica[2x] Onde o Flúor é o mais eletronegativo E o Frâncio é o mais eletropositivo Mas o motivo todo mundo já conhece É que os gases nobres não aparecem[2x] Bom, Xibom, Xibom, Bom, Bom, Tabelinha[4x] Mas eu só quero entender as propriedades Falando nisso temos a densidade De fora para dentro, de cima para baixo A minha densidade só tende a aumentar Mas o motivo todo mundo já conhece De cima para baixo é que cresce[2x] Bom, Xibom, Xibom, Bom, Bom, Tabelinha[4x] |
Fonte: XII Salão de Iniciação Científica – PUCRS. Outubro de 2011
Também foi desenvolvida uma oficina de artes. Nesta atividade contemplamos a mesma essência do convite feito por Canton (2006, p. 8), “Você também pode produzir tintas "pré-históricas", usando plantas espremidas, sementes, frutos e terra. Que tal experimentar?", onde procuramos mostrar possibilidades de trabalhos que podem ser feitos de forma divertida e criativa num espírito de liberdade e aventura. Na perspectiva do universo da Arte, esta atividade buscou articular à arte os conceitos de sustentabilidade de maneira a possibilitar o trabalho de integração entre as áreas da Arte e Química, tendo em vista que muitas matérias primas podem ser transformadas em tintas.
Análise dos Dados
Os docentes de Química e Arte aproveitaram que a escola promoveu uma semana de culminância do terceiro bimestre no ano de 2019 e desenvolveram o “Show de Arte e Química”. As atividades propostas teve início com uma dinâmica para animar a turma.
Os professores tentaram ao máximo motivar a turma, a fim de que todos pudessem se envolver na atividade. Foram distribuídas cópia da música e sugestão de atividades artíticas para os alunos que cantaram e produziram muita tinta.
Cada estrofe da paródia doi analisada e comentada por meio de diálogo com a turma. Para tanto foi indagado sobre: O que quer dizer essa estrofe da canção? Qual o motivo das propriedades serem identificadas dessa forma? (Ex: por que o raio atômico cresce da direita para esquerda e de baixo para cima?).
A experiência foi de grande relevância, uma vez que foi possível visualizar as dificuldades e dúvidas dos alunos e por meio da paródia foi possível resolver, simplificando o conteúdo. A experiência repercutiu na escola e entre os alunos de forma positiva.
Considerações Finais
Com base na experiência em tla, depois do desenvolvimento da culinância, foi possível observar que a dinâmica da produção de tintas, articulada com a paródia despertou a curiosidade e o interesse do aluno, de forma a motivá-los a aprender o conteúdo facilitando o processo de aprendizagem, ultrapassando o obstáculo que geralmente é enfrentado nas aulas de Química.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB Nº 9394/96. De 20 de dezembro de 1996. Brasília.
BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: 1999.
CARVALHO, A. M. P. de. GIL-PÉREZ, D. Formação de professores de ciências: tendências e inovações. 5ª edição. Cortez Editora. São Paulo: 2001. 120p
MORIN, Edgar. A cabeça Bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Bertrand Brasil, Rio de Janeiro: 2006.
NUNES, A. O. O ensino de óptica no nível fundamental: uma proposta de ensino- aprendizagem contextualizada para a oitava série. Dissertação de Mestrado. UFRN. Natal, Brasil, 2006.
POZO, J. I..; GÓMEZ CRESPO, M. Á., Aprender y enseñar ciencia. Ediciones Morata. Madrid: 1998.
RICARDO, E. C., Implementação dos PCN em Sala de Aula, In A Física na Escola, v.04, nº1 p.8-11, 2003.
1 Professor de Química na rede Estadual de Ensino em Poconé- MT.
2 Professora de Artes da Rede Municipal de Ensino de Cuiabá- MT e Estadual de Poconé – MT.
3 Informações disponíveis no site da Prefeitura Municipal de Poconé. http://www.pmpocone.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=42&Itemid=10
4 Natália dos Santos Wermann, Bárbara Renata Garcia Mager, Concetta Schifino Ferraro (Orientador), Fabiana Gonçalves dos Santos, Franciele Longaray Bernard, Jessica Gotardi, Lucas Quadros Antoniazzi.
- Acessos: 681
A ARTE COMO POTENCIALIZADORA DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO
Rosangela Arlete Siqueria1
Altair Vieira Marinho2
RESUMO
No campo da educação, as práticas pedagógicas relativas ao ensino da arte na Educação Básica possui a tarefa de possibilitar o elo entre o corpo docente e discente mediante o desenvolvimento de atividades de artes que envolvam as demais áreas de conhecimentos. Nesta direção, é de fundamental importância estimular a criatividade do aluno, onde a produção artística, leve-o a questionar, desenvolver o espirito crítico, de maneira a permitir que ele desenvolva experiências com diferentes técnicas, discutindo concepção e transformação no ensino de arte, de maneira a explorar o aspecto cultural, histórico, científico em conformidade com a sua realidade local. No dia a dia na relação de ensino e aprendizagem, as expressões artísticas devem ser respeitadas para que o aluno tenha a possibilidade de desenvolver suas potencialidades na observação, percepção, imaginação, sensibilidade, de forma a compreender os conteúdos abordados em sala de aula. A arte em seus muitos aspectos colabora na formação integral do sujeito, tendo em vista que ao experienciar as atividades proporcionadas por ela, os alunos tornam-se pessoas mais sensíveis, com capacidade para perceber a forma de expressar sentimentos de emoções e ternura. As atividades artísticas possuem capacidade para despertar as dimensões cognitivas, afetivas, emocionais, além do fato de que, o amadurecimento e a transformação que a arte proporciona, aliada à capacidade de expansão e reflexão sobre a importância deste componente curricular como instrumento do fazer pedagógico, estimula o senso crítico, criativo e espontâneo. A experiênncia em tela teve como público alvo os professores, estudantes, comunidade em geral, e artistas locais, de Poconé-MT. O intuido do projeto intitulado “Fazendo Arte” foi desenvolver processos da arte na educação básica no município em questão, mais precisamente na Escola Estadual Eucáris Nunes da Cunha Moraes que promove o estudo de práticas pedagógicas inovadoras, reforço escolar, pesquisa, palestras, oficinas e projetos, voltados para o fazer artístico, desennvolvendo a área das artes visuais, teatro, dança, música e as artes integradas. O objetivo do projeto foi possibilitar que os participantes das práticas metodológicos no ensino da arte mediante contato com os conhecimentos das artes por meio de vivencias teóricas e práticas tivesse estimulada a criatividade do aluno, onde a produção artística leve-o a questionar, a fim de que possam desenvolver o espirito critico, criativo, de forma a permitir experimentar diferentes técnicas e fontes de informações, recursos didáticos e o desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem no dia a dia da vida na escola, por meio de debates, análises, de temas de relevância social e cultural em evidencias e que utilizem metodologias e conteúdos interdisciplinares e que integram valores na vivencia pedagógica. Como resultado tem-se a melhoria da qualidade do ensino, mediatizada pela compreensão quanto a importância da arte para a vida do ser humano, uma vez que a aprendizagem não se dá somente mediante a aquisição do conhecimento, conteúdos e informações, mais também via processos de aquisição, assimilação de novos padrões e formas de perceber, ser, pensar e agir, a fim de que a mudança aconteça e possibilite ações que tornem cada vez mais os sujeitos críticos, inovadores criativos de fforma a cumprir com o papel fundamental das práticas pedagógicas de artes em articulação com as demais disciplinas.
Palavra Chave: Ensino – Arte – Práticas Pedagógicas – Educação Básica.
ABSTRACT
In the field of education, the pedagogical practices related to the teaching of art in Basic Education have the task of enabling the link between the teaching staff and students through the development of arts activities that involve the other areas of knowledge. In this direction, it is of fundamental importance to stimulate the student's creativity, where artistic production, leads him to question, develop the critical spirit, in order to allow him to develop experiences with different techniques, discussing conception and transformation in art teaching, in order to explore the cultural, historical, scientific aspect in accordance with its local reality. In the day-to-day relationship in teaching and learning, artistic expressions must be respected so that the student has the possibility to develop their potential in observation, perception, imagination, sensitivity, in order to understand the content covered in the classroom. Art in its many aspects collaborates in the integral formation of the subject, considering that when experiencing the activities provided by it, students become more sensitive people, with the ability to perceive the way of expressing feelings of emotions and tenderness. Artistic activities have the capacity to awaken the cognitive, affective, emotional dimensions, in addition to the fact that the maturation and transformation that art provides, coupled with the ability to expand and reflect on the importance of this curricular component as an instrument of pedagogical practice, stimulates critical, creative and spontaneous sense. The experience on screen was aimed at teachers, students, the community in general, and local artists, from Poconé-MT. The intuition of the project entitled “Fazer Arte” was to develop art processes in basic education in the municipality in question, more precisely at the Eucáris Nunes da Cunha Moraes State School, which promotes the study of innovative pedagogical practices, school reinforcement, research, lectures, workshops and projects, aimed at making art, developing the area of visual arts, theater, dance, music and the integrated arts. The aim of the project was to enable participants in methodological practices in art teaching through contact with the knowledge of the arts through theoretical and practical experiences to have stimulated the creativity of the student, where artistic production leads him to question, in order to that can develop the critical, creative spirit, in order to allow experimenting with different techniques and sources of information, didactic resources and the development of the teaching-learning process in the day-to-day life of the school, through debates, analyzes, themes of social and cultural relevance in evidence and that use interdisciplinary methodologies and contents and that integrate values in the pedagogical experience. As a result, there is an improvement in the quality of teaching, mediated by the understanding of the importance of art for the life of the human being, since learning does not happen only through the acquisition of knowledge, content and information, but also via processes acquisition, assimilation of new patterns and ways of perceiving, being, thinking and acting, so that change happens and enables actions that increasingly make critical subjects, creative innovators in order to fulfill the fundamental role of pedagogical practices of arts in articulation with the other disciplines.
Key Word: Teaching - Art - Pedagogical Practices - Basic Education.
INTRODUÇÃO
A utilização da arte na vida humana não é recente. Ela teve início na antiguidade, oportunidade em que os homens utilizavam a arte rupestre a fim de registrar nas paredes das cavernas os desenhos que representavam pessoas caçando no intuito de garantir sua sobrevivência. A história da arte evidencia manifestação relativas a diferentes períodos e estilos, como forma de estimular o processo de criação e imitação.
Na atualidade, as ações relativas ao fazer artístico do estudante, carece ser experienciadas mediante práticas pedagógicas, a fim de que se possa compreender a imprescindibilidade do desenvolvimento da arte com outras áreas de conhecimento, de froma a viabilizar trocas de experiências relativas ao papel da arte em todo seu processo de ensino, como a construção das metodologias a serem construídas e aplicadas nas escolas públicas de educação básica .
Fischer (1971, p.21) afirma que: “a arte é quase tão antiga quanto o homem. É uma forma de trabalho é uma atividade característica do homem”. È perceptível que a arte está intimamente ligada ao desenvolvimento do trabalho e da necessidade de sobrevivência do homem que foi ao longo do tempo se apropriando do que já foi vivido e da articulação com o conhecimento de si e do mundo.
Fischer (1971, p.13) destaca que:
O desejo do homem de se desenvolver e completar indica que ele é mais do que um individuo. Sente que só pode atingir a plenitude se se apoderar das experiências alheias que potencialmente lhe concernem, que poderiam ser dele. E o que um homem sente como potencialmente seu inclui tudo aquilo de que a humanidade, como um tolo, é capaz. A arte é o meio indispensável para essa união do individuo como o todo; reflete a infinita capacidade humana para a associação, para a circulação de experiências e ideais.
Fica evidente que a arte está necessariamente vinculada à vida e as relações humanas em determinada épocas. Diante do exposto, a arte enquanto área do conhecimento, linguagem e expressão possibilita o desenvolvimento criativo do homem e portanto, carece ser mediada pelas relações sociais no qual possui elo com a história humanidade.
Necessário se faz atentar para o fato de que o conhecimento artístico pode facilitar aos alunos a possibilidade de aperfeiçoar as relações humanas mediante a apreciação significativa, da expressão, da comunicação e da assimilação da cultura universal, uma vez que, ao fazer e conhecer arte como instrumento da prática pedagógica estamos na mesma medida estimulando a criatividade do aluno, de forma em que a produção artística permite-o questionar, desenvolver seu espirito crítico, buscando experiência diferentes via diferentes técnicas e fontes de informações, recursos didáticos e desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem com capacidade para que sejam desenvolvidas suas potencialidades na observação, percepção, imaginação e na sensibilidade, a fim de que possa compreender os conteúdos.
Este projeto buscou desenvolver os conhecimentos intelectuais e emocional mediantizzados pelo ensino da arte em articulação com as demais disciplinas. O ensino da arte se dá mediante exemplos admiráveis de fundamentos e criatividades, uma vez que são frutos da expressão, emoções, cultura e valores estéticos, como beleza, harmonia, equilíbrio.
A arte pode ser representada de diferentes formas, em especial na arte visual, musical, teatral e dança. Se faz imprescindível que a arte integre o processo educativo de forma a contribuir e fortalecer a identidade e a organização social da qual os alunos fazem parte, de forma a superar as diciculdades de relação entre os pares e das muitas formas de alienação. Assim, educar consiste em elevar o nível de conscientização, promover a criatividade e a inovação, fomentar o discurso democrático e a mediação social, auxiliar no enfrentamento quanto aos desafios das diferenças culturais a fim de que o aluno possa tomar parte direta na economia mediante a produção de bens e serviços.
Na atualidade não se separa arte da educação na perspectiva do processo transformador do indivíduo. Neste sentido, foi cunhado o termo arteducação, que parte do princípio de que o processo educativo não se dáseparado por espaço formal de educação. Assim, o arteducador não é necessariamente uma pessoa com formação em licenciatura apenas. Em conformidade com a Base Nacional Comum Curricular - BNCC e os Parâmetros Curriculares - PCN’s.
O conhecimento da arte abre perspectivas para que o aluno tenha uma compreensão do mundo na qual a dimensão poética esteja presente: a arte ensina que nossas experiências geram um movimento de transformação permanente, que é preciso reordenar referências a todo momento, ser flexível. Isso significa que criar e conhecer são indissociáveis e a flexibilidade é condição fundamental para aprender. (BRASIL, 1998 p.20)
A arte pode ser desenvolvida de diferentes maneirasno processo aprendizagem,assim como mediante metodologia e auxilio em outras áreas do conhecimento, presentes como meio para apreensão e vivência de conteúdos abordados no campo da educação, e também como área fim e específica para o aprendizado. Ou seja, a arte educação desenvolve papel integrador na realidade conhecida pela comunidade na qual está inserida. Nesta direção, idealizar uma “educação plena” consiste em pensar em uma “educação com qualidade”. É diante desse contexto que a escola desempena um papel imprescindível, que busca explorar o processo globalizado, ao mesmo tempo, superar novas tendências.
A percepção de Konder (2002, p.219), é a de que:
A forma é o conteúdo da Arte, tendo nesta um papel decisivo, tão importante quanto à razão para a Ciência, pois é na forma que se verifica como cada artista constrói a sua poética.
A Arte na perspectiva de um componente relativo a Área de Linguagem compreende um determinado conteúdo, que auxilia na reflexão e na crítica de objetos artístico-culturais localizados em diferentes tempos históricos e igualmente em diferentes contextos culturais. No texto da BNCC, as Linguagens Artísticas se referem a Artes Visuais, Dança, Música e Teatro e são consideradas como subcomponentes do componente Arte, de forma a valorizar o trabalho interdisciplinar.
Diante do exposto, convém questionar: Como vem sendo desenvolvidas as atividades pedagógicas propostas em sala de aula pelos professores da educação básica? Será que eles possuem a visão interdisciplinar, com capacidade para utilizar as diversas ferramentas, das diferentes áreas do conhecimento, a fim de atingirem os objetivos, de forma a permitir que seus alunos obtenham resultados satisfatórios?
Tendo em vista esses questionamentos, é de fundamental importância a realização de estudo relativos às práticas pedagógicas inovadoras, mediatizadas pelo reforço escolar, pesquisa, palestras, oficinas a fim de auxiliar os alunos, a fim de que possam expressar sua personalidade, evidenciando suas habilidades artísticas, tendo em vista que os alunos nem sempre conseguem prestar atenção as atividades escolares, o que leva os mesmos a terem dificuldades em suas tarefas escolares e em seu comportamento em sala de aula.
É de suma importância desenvolver projetos no ensino fundamental da educação básica no intuito de possibilitar vivências das práticas pedagógicas e Reflexões da Arte nos processos na Educação Básica, articulando os conteúdos de arte com as outras áreas de conhecimento mediante oficinas, formações, atividades práticas, momentos interativos, exposição de trabalhos, produção de material, apresentações culturais; de forma a estimular o corpo docente e discente, nos aspectos relativos àsrelações socioculturais por diversos meios, de forma a aproximar a práticas pedagógicas do convívio social.
Este artio evidencia a necessidade e importância de práticas pedaóicas artíticas articuladas no ensino na educação básica de forma a contribuir com as diferentes áreas do saber, mediante uma visão abrangente da educação.
Objetivos
O objetivo deste artigo é evidenciar o resultado do Projeto “Fazendo Arte”, a fim de contextualizar a vivência desenvolvida na Escola Estadual Eucáris Nunes da Cunha Moraes com os conhecimentos das artes por meio de atividades práticas e reflexões teórico- metodológicas. Nesta direção, foram desenvolvidas ações pedagógicas artísticas perpassadas por jogos e brincadeiras, bem como via discussões das atividades, leituras e reflexões sobre a presença da arte na Educação Básica, como forma de poder valorizar e fomentar as práticas pedagógicas pelos docentes e discentes no ensino básico, visando aprimorar os conhecimentos do processo ensino aprendizagem e dar base sólida para o rendimento do aluno.
Da mesma forma, buscou-se facilitar a integração com os componentes curriculares PCNs, Diretrizes e Bases da Educação, Base Nacional Comum Curricular, entre docentes e discentes da escola em tela para aprimorar as atividades relacionadas as práticas pedagógicas com capacidade para levar o aluno a melhorar seu desempenho escolar via motivação para a participação deste nas diferentes atividades pedagógicas no processo ensino aprendizagem.
O projeto buscou também, desenvolver no ensino da arte técnicas inovadoras como reforço escolar, pesquisa, palestras, oficinas entre outros. Incentivar projetos pedagógicos existentes e buscou o desenvolvimento de iniciativas inovadoras relativas às práticas que oportunizamde ao aluno observar, criar e fazer, a fim de despertar no aluno o interesse não só pela técnica, mas também pelas matérias utilizadas em suas práticas a fim de poder criar espaço de diálogo entre a escola e a família, levando os pais a serem colaboradores nas atividades pedagógicas.
O Contexto Histórico Relativo a Arte
Conceituar arte não é uma tarefa simples ou fácil. Na atualidade a arte possui várias definições. Ou seja, a arte já não é mais visualizada no sentido clássico da arte do belo (SCHOPENHAUER), mas é também considerada em suas funções sociais e educacionais. Seja via necessidade da arte ou, entre os objetivos da arte destacado por Platão (político ideológico) a Stockhausen (espiritual-terapêutico). Existe, portanto, um amplo leque de possibilidades no qual a sociedade faz uso da arte para diferentes finalidades, inclusive os não artísticos. Nesta direção, as artes também se tornam um campo vasto de produções.
Diante do exposto, cabe indadagar: Qual é a finalidade da arte? Que funções se colocam para a arte na sociedade atual? A arte possui uma tarefa que vai além de ela ser ela mesma? Segue ela o mesmo princípio proposto por Gertrude Stein, ou seja, poder-se-ia se dizer: arte é arte é arte e nada mais?
Para Ferraz e Fusari (2009, p. 101), “a arte está intimamente vinculada ao seu tempo, não podemos dizer que ela se esgote em um único sentido ou função. É por isso que, ao buscarmos definições para as artes, podemos esbarrar em conceitos até contraditórios e que foram incorporados pela cultura”. Bohlman, na tentativa de definir o conceito de música, esclarece:
Música pode ser o que pensamos que seja: ou pode não ser. Música pode ser sentimento, sensação, sensualidade, mas também pode não ter nada a ver com emoção ou sensação física. Música pode ser aquilo para o qual alguns dançam ou fazem amor: mas, tal não é necessariamente o caso. Em algumas culturas há categorias complexas para pensar sobre música
A antiga Lei de Diretrizes e Bases nº 5.692/71 destaca o trabalho pedagógico e suas finalidades a fim de tornar o sistema educacional efetivo e produtivo. Mediante tal legislação, foi instituída no currículo a Educação Artística, agregando os diferentes tipos de linguagens do ensino da arte. Até então, nas escolas, a arte cumpria com um papel apenas de lazer, era totalemnte ignorada como área de conhecimento.
A nova LDB, lei nº 9.394/96, extingue a Educação Artística e entra em campo a disciplina Arte, reconhecida oficialmente como área de conhecimento. Não se tratou apenas de uma mudança de nome, mas de toda uma estrutura que envolve o tratamento de uma área de conhecimento. Ou seja, as atividades esporádicas de cunho mais próprio de relaxamento e recreação, foram migrada para o compromisso de construir conhecimentos significativos em arte.
O artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em seu § 2º, determina que: “O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos” .
O ensino de Arte evidencia uma gama de significações, tais como: o senso estético, a sensibilidade e a criatividade. O ensino das artes visuais consiste no desenvolvimento de um conjunto de manifestações artísticas e compreende todo o campo de linguagem e pensamento sobre o olhar e o sentido do ser humano, que em geral utiliza a visão como instrumento fundamental de apreciação , que é denominado de Artes Visuais. Tendo em vista a sua importância, na atualidade algumas ações estão interferindo qualitativamente no processo de melhoria do ensino e aprendizagem de Arte.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte destacam que:
Dentre as várias propostas que estão sendo difundidas no Brasil na transição para o século XXI, destacam-se aquelas que têm se afirmado pela abrangência e por envolver ações que, sem dúvida, estão interferindo na melhoria do ensino e da aprendizagem de arte. Trata-se de estudos sobre a educação estética, a estética do cotidiano, complementando a formação artística dos alunos. Ressalta-se ainda o encaminhamento pedagógico- artístico que tem por premissa básica a integração do fazer artístico, a apreciação da obra de arte e sua contextualização histórica. (BRASIL, 2000, p. 31).
O termo “prática” significafazer, realizar algo ou ação. Pimenta (2010) argumenta que para fazer, realizar se faz necessário conhecer, saber e ter os mecanismos apropriados para construir conhecimentos, consiste em uma das formas de aprender experimentando ou praticando. No que se refere a Arte é de suma importância que educador tenha discernimento das atividades artísticas, além de compreender que as vivencias são imprescindíveis a fim de transmitir não apenas cultura, como também valores.
A Arte desenvolve a criatividade assim como outras habilidades. Na mesma perspectiva o mesmo mecanismo se dá quando o aluno levanta uma hipótese na aula de Ciências ou pensa numa estratégia para um problema em Matemática. O que significa que a criatividade independe da disciplina.
Faz parte do currículo escolar do Ensino Fundamental II o parâmetro curricular denominado Arte, que evidencia de forma específica a importância da arte na formação do jovem. Porém, o espaço que a arte ocupa no currículo da educação básica ainda pode ser considerado tímido,tendo em vista que “como Arte-Educação não é usável em si mesma, seu lugar é considerado periférico no currículo” (BARBOSA, 1995, p. 8).
As disciplinas de outras naturezas, por seu turno, possuem valor reconhecido no currículo porque atendem de forma direta aos interesses da escola e da sociedade. Já aquelas voltadas à educação artística carecem justificar e convencer o porquê de sua inclusão no currículo escolar, e, em conformidade com o pensamento de Hernández (2000, p. 43), isso consubstancia um
[...] erro grosseiro e míope, pois, junto com a história, são as experiências e conhecimentos afins ao campo das artes os que mais contribuem para configurar as representações simbólicas portadoras dos valores que os detentores do poder utilizam para fixar sua visão de realidade.
É importante considerar que o professor, no exercício de sua prática docente, pode ou não agir pedagogicamente. Ou seja, a prática docente, a fim de que sejatransformada em prática pedagógica, requer, necessariamente, dois movimentos: o da reflexão crítica de sua prática e o da consciência das intencionalidades que presidem suas práticas, uma vez que a consciência ingênua de seu trabalho (FREIRE, 1979) impe oprofessor de caminhar nos meandros das contradições postas e, além disso, não permite sua formação na direção de um profissional crítico.
Os projeto pedagógicos são imprescindiveis para o desenvolvimento de práticas metodológicas na perspectiva de um ambiente escolar, uma vez que a prática da arte auxilia no desenvolvimento de um olhar mais sensível e crítico ao estimular a potencialidade criativa. Parte significativa dos professores visualizam os projetos impostos pelos órgãos educacionais com estranheza, pois os mesmos se apresentam como alguma coisa que não condiz com o planejamento e com a realidade da sala de aula. Toda e qualquer forma de imposição frustra os professores que passam a ver o projeto como algo que atrapalha e atrasa o conteúdo por ele programado.
Vasconcellos (2006. p. 160) sobre esta questãopondera que:
A maneira de se fazer o projeto pode ser fruto de uma aprendizagem coletiva, através da troca de experiências e de uma reflexão crítica e solidária sobre as diferentes práticas. É preciso compreender onde é que o grupo está, quais suas necessidades. Ou seja, na busca de mudança do processo de planejamento, o ideal é a coordenação construir a proposta do roteiro de elaboração do projeto junto com professores; se não for ainda possível, pode propor, justificar mostrar como aquele roteiro pode ajudar o professor a fazer um bom trabalho.
Freire (2002) destaca na obra Pedagogia da Autonomia alguns saberes necessários a prática educativa, de forma que o trabalho do docente se configure uma ação consciente. Para isso autor destaca destaca que ensinar exige e portanto, se faz necessário que o professor tenha rigorosidade metódica, pesquisa, respeito aos saberes do educando, criticidade, estética e ética. Ou seja, o ato de ensinar e aprender é de pura criatividade.
Fica evidente que mediante esse diálogo e trocas que o educador contagia seus alunos e é contagiado, aprendendo novos padrões e percepções. Trata-se de uma aproximação por meio da afetividade em que a forma essencail de crescimento consiste em permitir vivenciar a habilidade de aprender, registrar e responder flexivelmente e afetivamente às exigências da vida.
Em consonância com o pensamento de Freire, a condição essencial para a contemplação de um projeto refere-se a autonomia, a liberdade de fazer, trabalhar e ensinar o conteúdo do projeto sem nenhuma intervenção. É por essa razão que quando o projeto surge em atendiento a uma necessidade ou discussão da sala de aula, aumenta a qualidade do conteúdo e cria a possibilidade da obtenção de melhores resultados.
Nesta direção, quanto maior for o interesse do professor em transformar o projeto em algo que motive o aluno a desenvolvê-lo, mais proveitoso e significativo será o trabalho produzido. A proposta de se trabalhar com projetos consiste justamente em proporcionar um ambiente favorável ao saber. É possível perceber que a sala de aula não é o lugar onde deve-se digerir de qualquer forma os conteúdos passados pelos professores, mas sim, trata-se de um espaço aberto de trocas de conhecimento.
Metodologia
A pesquisa relativa ao Ensino de Química foi desenvolvida na Escola Estadual Eucáris Nunes da Cunha e Moraes, no município de Poconé - MT. O objetivo da experiênncia consistiu em proporcionar aos estudantes a oportunidade de discussão sobre os problemas de aprendizagem,de forma criantiva e parpassada pela participção.
A fim de que os objetivos do projeto em tela fossem alcançados, organizou-se na escola em tela, um programa de atividades junto aos estudantes do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio, envolvendo também todos os professores dessas turmas.
Poconé situa-se a 100 Km da cidade de Cuiabá, capital do Estado de Mato Grosso. Mantém limítrofe dentro do estado com os municípios de Nossa Senhora do Livramento, Cáceres e Barão de Melgaço, fronteira com o Estado de Mato Grosso do Sul, e também, fronteira com o país vizinho, a Bolívia.
A atual cidade de Poconé é a porta de acesso ao Pantanal mato-grossense, seguindo pela Rodovia Transpantaneira, por isso é conhecida como região pantaneira. Integra a mesorregião 130, da microrregião 535- Alto Pantanal, Centro-sul de Mato Grosso. Ocupa uma área territorial de 17.271,014 km², e uma população de 31.779 habitantes, sendo 72,60% concentram-se na zona urbana e 27,40 % vivem na zona rural. Administrativamente, compõe 14 bairros, 05 vilas, 02 distritos (Distrito de Cangas e Distrito de N. Senhora Aparecida do Chumbo), 72 comunidades (Zona Rural) e 11 Assentamentos3.
O município de Poconé, localizado na macrorregião pantaneira, possui diversidade humana e ambiental exuberante, porém em constante ameaça e degradação. A exploração aurífera ainda se apresenta como sua principal fonte de renda e trabalho, embora tenha se constituído ao longo dos anos como um grande problema socioambiental, haja vista o fato de que a crescente exploração garimpeira vem causando crescentes impactos nocivos à natureza por meio do uso indiscriminado do mercúrio, dos rejeitos e do surgimento de gigantescas crateras que chegam a causar inclusive abalos estruturais em residências, dado a proximidade de alguns desses garimpos à bairros e comunidades, além da exploração de mão de obra daqueles que possuem como única alternativa de trabalho os garimpos.
Sinalizando um explícito contraste, o município, mesmo sendo um grande produtor de riquezas minerais e naturais, possui um dos piores IDHs de MT, segundo a Lista de Municípios de Mato Grosso por IDH-M (dados de 2010), Poconé ocupa a posição 118, entre os 141 municípios analisados, um índice considerado mediano (0.652).
O ensino das artes visuais, teatro, música, dança na escola aparecem nas disciplinas de Arte e Educação física e deverão ser abordadas de forma mais ampla e significativa nesse projeto. Visando esses saberes, as atividades desse projeto foram divididas em quatro etapas. Inicialmente foram abordadas as temáticas como as questões conceituais de todas as linguagens do Arte, mostrando a importância desses conhecimentos para a formação do estudante, o ensino da arte na teoria da história, leitura dos Parâmetro Curriculares Nacional - PCN.
Foi proposto trabalhar dessa maneira, pois sabe se que esses temas em questão são fortemente influenciados pela inquietação entre alunos e professores. Verificou-se que a abordagem de didáticas trabalhadas no primeiro momento com conteúdo conceituais é uma realidade muito presente na sala de aula e tem uma certa familiaridade na educação tradicional, podendo ser vista apenas como uma previa das atividades que serão ministradas.
A seguir foram desenvolvidas as oficinas como forma de abordagem no projeto, considerando que o ensino da arte é o foco, e foi considerado de estrema importância trabalhar com oficinas que abordam a Artes Visuais, o teatro, música e Dança. As quatros linguagens artísticas têm um papel muito importante na formação integral do aluno, já que são capazes de transformar o estudante por meio da descoberta, da aventura, possibilitando o desenvolvimento da sensibilidade e da criatividade.
Música: Componente curricular previsto na matriz curricular de artes em todas as instituições de ensino desde 2012, a música atua como um estímulo no período de escolarização da criança, pois ajuda na apropriação da linguagem, na concentração, no aprendizado da matemática e no desenvolvimento de habilidades cognitivas, motoras e sociais. A percep~ção é a de que a música contribui para a formação integral do indivíduo, reverencia os valores culturais, difunde o senso estético, promove a sociabilidade e a expressividade, introduz o sentido de parceria e cooperação e auxilia no desenvolvimento motor, pois trabalha com a sincronia de movimentos.
Dança: Também se faz presente na matriz de parte considerável das escolas e é oferecida na perspectiva de uma atividade extracurricular. Trata-se de uma das formas mais divertidas e efetivas de ensinar aos alunos, na prática, todo o potencial de expressão do corpo humano. Ou seja, refere-se a um excelente recurso para desenvolver uma linguagem diferente da fala e da escrita, aumentar a sociabilidade do grupo e quebrar a timidez dos alunos.
Teatro: A linguagem teatral também possui uma atuação importante na formação integral do aluno, pois auxilia na diminuição da timidez, além de estimular a criatividade e a memorização, aprimorar o trabalho em equipe e a habilidade do improviso, e desperta o interesse da criança e do jovem por textos e autores variados.
A temática foi desenvolvida ao longo do ano letivo de 2019 na Escola Estadual Eucáris Nunes da Cunha Moraes, em horário oposto as aulas regulares, oportunidade em que foram ministrados os conteúdos do reforço escolar para que fossem trabalhados com alunos que necessitam de acompanhamento personalizado mediante prática de oficinas pedagógicas.
Por meio de conteúdos temáticos foram abordadas as várias formas de arte, durante todo o período do primeiro semestre do ano de 2019, por meio do uso de materiais e técnicas diversificadas, integrando assim os diferentes saberes, que culminaram com apresentações culturais dentro e fora do estabelecimento de ensino para o público em geral. As oficinas ocorreram também ao longo do segundo semestre do ano em tela.
O desenvolvimento do projeto teve o intuito de proporcionar aos alunos da Escola Estadual Eucáris Nunes da Cuha Moraes, do ensino fundamental I, II e Ensino Médio, possibilidades e alternativas de ensino e aprendizagem para a educação, mediante parceria com professores de diversas disciplinas.
Poder desenvolver ações pedagógicas de forma compartilhada com diferentes atores sociais e recursos durante as aulas e oficinas foi de grande importância e refere-se a mais uma ferramenta de formação sociocultural dos alunos. As Oficinas de Artes permitiram o desenvolvimento de um processo da criação e a valorização da arte, fazendo com que o aluno tenha capacidade para se apropriar desses recursos para conectar-se aos mundo via produção de arte, mediante o elo viabilizado pelo diálogo, experimentação e metodologias, via alternativas que incluem diferntes saberes mediatizados pela arte.
O Desenvolvimento da Sensibilidade
As práticas educativas ao longo do tempo tem constatado a importância das práticas mediatizadas pelas dimensões artísticas como possibilidade para o desenvolvimento da sensibilidade, da socialização e educação das pessoas.
Dentre os diferentes atores sociais pertencentes ao contexto da educação, os alunos da educação básica se beneficiaram da utilização da arte como viés terapêutico, contribuindo para a educação, socialização e inclusão ao ambiente escolar. Nesta direção, o que se pretende que seja ensinado e o que tem se desenvolvido nas escolas pública na atualidade é elaborado a partir de revisões bibliográficas, tendo por objetivo discutir a importância do professor de arte e a inserção de práticas que ajam na perspectiva terapêutica na intervenção com alunos público alvo da educação.
Importante se faz refletir quanto a importância das práticas artísticas do professor na educação inclusiva e interativa dos alunos, de froma a oferecer sugestões de atividades como a arteterapia que poderiam ser aplicadas no contexto escolar.
Faz-se necessário destacar que tais práticas podem estimular diferentes funções e habilidades quando desenvolvidas com o propósito de perceber as habilidades e necessidades de cada educando, a fim de que seja possível fazer as adaptações aos recursos e estratégias de ensino e, assim, facilitar e possibilitar uma melhor aprendizagem e interesse desses alunos por uma prática de tão grande importância que é a arte (ALLESSANDRINI 2004).
A percepção de Allessandrini (2004), é a de que uma das possibilidades de se trabalhar com atividades artísticas no ambiente escolar consiste no desenvolvimento de oficinas criativas, ou seja, trata-se de atividades em grupo ou individuais cuja finalidade consiste em promover o desenvolvimento das dimensões afetivas e cognitivas da criança nas diferentes relações durante a realização de um projeto artístico.
Nesta direção, as vivências e atividades expressivas auxiliam a pessoa a desenvolver recursos que lhe proporciona lidar com as questões da sua vida e de seu momento de desenvolvimento de uma maneira mais integrada, expandindo seus potenciais.
Como resultado, cada participante teve a oportunidade de conhecer vários materiais e
técnicas, proporcionando-lhe um maior conhecimento de si, do outro e do mundo em sua volta, enriquecendo e ampliando suas experiências de vida. A seguir apresentamos exemplos de atividades artísticas que foram desenvolvidas mediante prática de oficinas criativas que se utilizaram da arteterapia como fonte de criação e inspiração:
-
Construção de retratos e autorretratos: Desenvolve o autoconhecimento, autoestima, conhecimento maior do real.
-
Manipulação de objetos com os olhos vendados, e verbalização de seus atributos: Desenvolve a representação mental e discriminação de estímulos táteis.
-
Expressão oral, plástica, corporal: Possui importância essencail no desenvolvimento global.
-
Pintura a dedo: Permitem o desenvolvimento afetivo, especialmente por facilitarem a livre-expressão e assegurarem o equilíbrio emocional.
-
Manipulação de Argila ou massa de modelar: Desenvolvem a coordenação motora fina e a relação com o espaço.
-
Atividades de recorte e colagem: Além de contribuir para o desenvolvimento cognitivo, trabalha a motricidade fina e a imaginação.
-
Dobraduras: Desenvolve a criatividade, a atenção e a coordenação motora.
-
Jogos com regras: Trabalha o raciocínio, atenção, antecipação de situações mediante diferentes estratégias. Auxilia às crianças de baixa tolerância à frustração a lidarem melhor com seus sentimentos.
-
Brincadeiras de teatro com o uso de fantoches: Proporciona o desenvolvimento da criatividade, da linguagem e da expressão corporal.
-
Espumas coloridas: Desenvolve a percepção, os sentimentos, as emoções e a criatividade. Após colocar água e detergente em um recipiente, deverá ser feita bastante espuma e, sobre esta, acrescentar diferentes cores de anilina. Em seguida, uma folha branca de papel deve ser colocada sobre a espuma com o objetivo de tingir o papel. A seguir, levanta-se a discussão do por que determinadas escolhas, de cor, desenho ou frase.
Considerações Finais
Em todo o percurso e experiência adquirida mediante o desenvolvimento do projeto “Fazendo Arte” podemos afirmar que as diversas contribuições de todos os atores sociais no desenvolvimento e constução dos saberes são importantes quando se trata de educação. Fica evidente que as alternativas propostas pelos professores de diferentes níveis de ensino e de diversos contextos escolares foram essenciais no sentido de atingir os objetivos propostos.
A arte na atialidade tem se apresentado como uma das disciplinas fundamentais de interação escolar, de froma a proporcionar aos alunos um espaço de livre manifestação de suas habilidades físicas e cognitivas e também intelectuais. Assim, as diferentes técnicas formadesenvolvidas de froma a desenvolver uma maior aprendizagem desse aluno, de maneira que o envolva de forma prazerosa nas atividades proposta pela escola, de forma que este não se sinta pressionado ou obrigado a realizar tais atividades o que contribui para uma produção mais espontânea da arte.
A arte educação pode ser visualizada como uma possibilidade de desenvolvimento de de ações pedagógicas e ao mesmo tempo terapêuticas que podem proporcionar experiências estéticas que despertam sensações diversas que podem ser potencializadas para o incremento do desenvolvimento da aprendizagem.
REFERÊNCIAS
ALLESSANDRINI, C. D. Oficina Criativa e Psicopedagogia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.
BARBOSA, A. M. T. B. Teoria e prática da educação artística. 14. ed. São Paulo: Cultrix, 1995
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais de 5a a 8a séries: arte. Brasília: MEC-SEF, p.20, 1998.
BRASIL. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em:. Acesso em: 07 jan. 2021.
BOHLMAN, P. Ontologies of Music. In: COOK, N. (Org..) Rethinking Music, New York: Oxford Press, 1999, p. 17-34.
FISCHER, Ernest. (1971). A Necessidade da arte. Zahar Editores, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 24ª edição. São Paulo: Paz e Terra, 2002. (coleção leitura).
FUZARI, Maria F.de R e. Arte na educação escolar. São Paulo: Cortez, 2001.
KONDER, Leandro. A questão da ideologia. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
PIMENTA, S. G. O estágio na formação de professores: unidade teoria e prática? 9ª edição. São Paulo: Cortez, 2010.
VASCONCELOS, Celso dos Santos. Construção do conhecimento em sala de aula. São Paulo. Libertad, 2005.
1 Professora de Artes da Rede Municipal de Ensino de Cuiabá- MT e Estadual de Poconé – MT.
2 Professor de Química na rede Estadual de Ensino em Poconé- MT.
3 Informações disponíveis no site da Prefeitura Municipal de Poconé. http://www.pmpocone.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=42&Itemid=10
- Acessos: 859
O PAPEL DO DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR
Moabe Nunes Camargo
Trabalho apresentado à faculdade FAVENI, como trabalho de conclusão do curso de Especialização em Docência no Ensino Superior.
RESUMO
O presente estudo aborda sobre o papel do docente no ensino superior, faz uma breve reflexão sobre a indissociabilidade: ensino, pesquisa e extensão e formação de professores para o ensino superior, destaca a importância da formação na docência do ensino superior e como é a relação professor-aluno no processo de ensino aprendizagem, onde o ensino é visto como um desafio, pois conhecimento envolve a ideia de construção coletiva, social e provisória. O estudo teve como objetivo refletir sobre a docência no ensino superior considerando a indissociabilidade, presente na tessitura, que compõem a tríade: ensino, pesquisa e extensão; e ainda discussões teóricas sobre a formação de professores para o Ensino Superior na atualidade. Como metodologia de estudo, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, e baseados em estudos já publicados, utilizando palavras-chave: ensino, docente, prática educativa e educação superior. O estudo possibilitou pensar à docência no Ensino Superior enquanto atuação investigativa e na dimensão da construção coletiva, levar a uma reflexão sobre o lugar da pesquisa no Ensino Superior, repensar qual o papel do docente no Ensino superior, pois ele é visto como um profissional reflexivo, crítico e competente, voltado a transformação da sociedade, de seus valores e de suas formas de organização do trabalho. Repensar e analisas este profissional, quanto atitude de flexibilidade, abertura, capacidade de lidar com o imprevisto e o novo, pois há a necessidade de se transformar enquanto profissional e agente transformador.
Palavras-chave: Ensino. Docente. Prática Educativa. Educação Superior.
INTRODUÇÃO
O professor entende o ensino como um desafio, pois conhecimento envolve a ideia de construção coletiva, social e provisória, e sendo o educador o sujeito de sua prática, cabe a ele buscar o novo e desenvolver sua prática a partir das suas experiências, sua história, seus valores e sua afetividade, ou seja, trabalhar com essa construção pessoal e social partilhada, a qual vai sendo moldada dentro do que exige a educação, que ele precisa superar, com isto a prática deve ser pensada e analisada para que o professor como mediador auxilie na transformação da instituição e suas tradições.
A docência no ensino superior está implicada em ensino, pesquisa e extensão, formando uma tríade articulada entre si, podendo também ser realizada sob uma atitude investigativa e assim sucessivamente a extensão, que se relaciona a pesquisa, pois implica a produção de conhecimentos vinculados com a vida em sociedade, o que faz compreender que ser docente está vinculado ao ser pesquisador e que o fazer docente se dá por meio de investigações e pesquisas a qual vai se tornando parte da docência, na medida em que se reconhecem as relações intrínsecas da pesquisa aos fazeres e saberes que envolvem à docência no Ensino Superior, no percurso da formação e na prática dos professores.
A prática docente encontra-se na realidade do aluno, tal prática torna-se social estabelecida pela convivência com este aluno, passando o mesmo à coexistir na vida do aluno e resultando na construção do diálogo o que leva ao aperfeiçoamento da prática.
Pensar e ensinar devem ser formas de estimular os alunos, especificamente ao docente, pois ele também precisa ter incentivos e sentir-se realizado pessoal e profissionalmente; é a necessidade de sentir-se vivo, realizando atividades capazes de lhe trazer prazer e realizações pessoais, assim, é preciso ser mais que um cumpridor de regras da instituição onde atua ou repetidor de métodos aprendidos no momento em que foi aluno em seu curso de licenciatura.
O objetivo principal deste trabalho de pesquisa, é refletir sobre a docência no ensino superior considerando a indissociabilidade, presente na tessitura, que compõem a tríade: ensino, pesquisa e extensão; e ainda discussões teóricas sobre a formação de professores para o Ensino Superior na atualidade.
Ensinar deve constituir-se como parte de um processo criativo, onde professores e alunos possam ser constantemente desafiados, estar sempre à procura de respostas, conscientes da importância de manterem suas mentes ávidas na construção contínua do conhecimento, além disso, podem fazer uso da ânsia por conhecer conteúdos novos, com a qual o estudante chega à instituição de ensino e, diante disso, o professor do Ensino Superior precisa conscientizar-se da relevância que representa o fato de estar em uma universidade atualmente.
A partir de um levantamento bibliográfico é que o presente estudo foi realizado, baseado em estudos já publicados, sendo utilizados como palavras-chave: Docente, Prática Educativa e Educação superior, sendo inicialmente realizado a leitura das publicações e a seleção dos artigos, foram a partir dos resumos que abordavam o tema e textos completos das publicações em português, e pôr fim, a elaboração do presente estudo.
1 REFLEXÕES SOBRE A INDISSOCIABILIDADE: ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO
No Brasil as questões envolvendo a indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão foram construídas ao longo da trajetória, onde as primeiras ações ocorreram no início do século XX por meio de cursos e conferências abertos ao público, tratando de temas distantes da vida e das questões reais. Em 1931 através do Estatuto da Universidade Brasileira esta concepção foi ampliada e passou a ter objetivos de difundir conhecimentos e informações, de interesse do governo. No entanto, o contato direto dos estudantes com a realidade social instigou reflexões e discussões que levaram as universidades e os gestores públicos a construir e reconstruir os conceitos e as práticas de extensão universitária (REIMER; ZAGONEL, 2014).
O capítulo da educação superior incorporou os princípios de um novo projeto para a universidade brasileira, formulado no início da década de 1980 pela Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes) constituída, em grande parte, por integrantes do movimento estudantil da década de 1960 (MAZZILLI, 2011, p. 10).
A Universidade inicialmente era vista como um espaço de produção de conhecimento e, posteriormente, agregou a função de formação de profissionais, mas com a marca inerente ao conhecimento científico, porém no Brasil, a consolidação da Universidade ocorreu principalmente, na segunda metade do século XX, com base em modelos existentes na Europa e nos Estados Unidos. A partir de então, a ligação entre o ensino, à pesquisa e à extensão passa a ser vista como uma forma de estender o conhecimento para a sociedade, beneficiando também a população carente (GONÇALVES, 2015).
Os movimentos sociais tomam força ao final da década de 70, e com eles a necessidade do estabelecimento de um novo modelo de Universidade. Período em que teve forte participação da sociedade na busca pela redemocratização, eleições diretas para a presidência da República e fortalecimento dos movimentos sociais. Não foi diferente no campo da educação, onde o Fórum da Educação na Constituinte apresentou uma proposição de conteúdo sobre a área da educação para compor a nova Constituição, texto este elaborado pelas entidades científicas e sindicais que compunham o Fórum (MAZZILLI, 2011).
É neste cenário, que o termo indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão é apontado como referência do padrão de qualidade acadêmica para as instituições de ensino superior no Brasil, onde uma emenda foi apresentada pelo Fórum Nacional de Educação na Assembleia Nacional Constituinte, onde propunha a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão como um novo paradigma para a Universidade Brasileira, foi incorporado à Constituição Brasileira de 1988 em seu artigo 207, que estabelece: “As Universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão e obedecerão ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”. Frente ao conceito ora exposto, o termo indissociabilidade passa a integrar o movimento institucional em prol da ação pedagógica no ensino superior (MAZZILLI, 2011).
O artigo 52º da Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394 de 1996, estabelece que “As Universidades são instituições pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano [...]”. Desta forma, a indissociabilidade é um princípio orientador da qualidade da produção universitária, porque afirma, como necessária, a tridimensionalidade do fazer universitário autônomo, competente e ético (MOITA; ANDRADE, 2009).
A universidade ainda tem sido palco de análises e debates que, ora enfatizam o ensino, e em outros momentos, a pesquisa e a extensão. Se for analisada a relação entre ensino e extensão com o intuito de sanar as questões sociais, a pesquisa deixa de promover a propagação do conhecimento. Por outro lado, os autores apresentam que a relação entre o ensino e a pesquisa conquista espaço frente a áreas como a tecnologia. No entanto, neste caminho talvez ocorra a perda da compressão da importância da sociedade. E, quando o ensino é esquecido do processo entre extensão e pesquisa, perde-se a dimensão formativa que dá sentido à universidade. Assim, a unidade dos três eixos torna-se ponto crucial para atender aos anseios da sociedade (MOITA; ANDRADE, 2009).
O desafio desta configuração é enorme, pois as Instituições de ensino superior devem desencadear políticas efetivas que venham ao encontro do estabelecido pela própria Legislação Brasileira e de forma que o tema proporciona um caráter tridimensional para o ensino, tornando a formação pedagógica mais completa, pois envolve o tripé ensino, pesquisa e extensão; que é complexa, pois aborda os três eixos de maneira integrada com foco na formação profissional do professor (SOARES, FARIAS e FARIAS, 2010).
É de fundamental importância estabelecer a teoria destes eixos, uma vez que estes se apresenta frente a efetividade do tripé de ensino pesquisa e extensão, além disso o ensino é uma forma privilegiada de acesso ao conhecimento, pois através dele, o melhor e mais recente conhecimento pode ser transformado em comportamentos sociais e também tem como base a formação de profissionais comprometidos com uma sociedade humanizada e sustentável, com autonomia intelectual, consciência filosófica e práticas criativas que permitem transcender o ambiente próprio de formação e contribuir para o desenvolvimento das demandas da sociedade (CESAR, 2013, PDI UnC, 2015).
A pesquisa é considerada um elemento inerente às atividades de ensino, promovido a partir do desenvolvimento de aptidões orientadas a procura do conhecimento de forma metódica e sistemática, também pode ser concebida como o conjunto de atividades voltadas à reflexão crítica e à produção do conhecimento, objetivando promover a ciência, tecnologia e inovação com vistas ao desenvolvimento regional de forma indissociada com o ensino e a extensão, a qual instiga a promoção e o compartilhamento de conhecimento, aspectos essenciais do ensino superior (CALDERÓN, 2007; PDI UnC, 2015).
Já a Extensão é concebida como o meio de integrar Universidade-Sociedade, através de um conjunto de ações de caráter interdisciplinar, capazes de articular as atividades de extensão com o ensino, a pesquisa e as demandas do entorno social; além disso a extensão deve promover a articulação da universidade com a sociedade a fim de que o conhecimento novo que ela produz pela pesquisa e difunde pelo ensino não fique restrito ao seu ambiente (PDI UnC, 2015).
Vale ressaltar que a consecução da associação entre ensino, pesquisa e extensão demanda a existência de projetos institucionais que sinalizem diretrizes com ações acadêmicas e administrativas, contando com a participação de todos os segmentos no processo de decisão, proporcionando condições para a realização destas ações (CÉSAR, 2013).
1.1 A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO SUPERIOR
Nas últimas décadas a discussão acerca do processo de formação dos professores, sobre tudo os do Ensino Superior, tem se intensificado de forma constante, haja vista as diversas transformações pelas quais vem passando o processo de ensino/aprendizagem, bem como a importância fundamental exercida pelo docente em tal processo.
No contexto de ampla discussão acerca da formação do professor universitário e as condições pelas quais esses profissionais ingressam na vida acadêmica, surgem reflexões sob os diferentes enfoques e paradigmas relativos aos saberes pedagógicos e epistemológicos que mobilizam à docência gerando assim, uma tensão explícita no bojo das universidades que cada vez mais têm recebido professores sem experiência prévia na função de docente do ensino superior, além dos diversos professores que, apesar de esboçarem um excelente referencial teórico, necessitam, entretanto, rever sua prática pedagógica (VASCONCELOS; AMORIM, 2017).
A história da educação no Brasil nos revela que a formação do profissional superior e a sua atuação são importante, principalmente para a atualidade, em busca de uma educação e docência superior transformadora (CUNHA, 2000).
Fica nítido, portanto, que a ausência dessa formação pedagógica vem delegar um peso enorme a esses professores frente às interfaces do “que ensinar” “como ensinar” e a “quem ensinar”, os quais ao transitarem entre o amadorismo profissional e a profissionalização, confrontam com várias dificuldades que não são previsíveis e passíveis ao exercício da prática docente. No geral, os professores que por razões e interesses variados, adentram no campo universitário, são de variados conhecimentos e áreas de atuação e em sua maioria, não tiveram nenhum contato anterior com os conhecimentos nas áreas das Ciências humanas e sociais, para compreender, interpretar e aplicar a prática, numa perspectiva filosófica e política de educação como processo e produto que as várias correntes de pensamento dão a esses termos. (DAVID, 2017, p.1)
Partindo desse princípio, percebemos a vivência efetiva que as universidades enfrentam quando o seu corpo docente é composto, em sua maioria, de principiantes na docência do ensino superior e nunca tiveram contato com uma formação pedagógica que abarcasse os conhecimentos teóricos e práticos relativos às questões do ensino e aprendizagem em sua contextualização, tais como: o aluno – sujeito do processo de socialização do saber; o professor – agente de formação, e o contexto-lócus onde ocorre o saber e as relações que se travam entre suas interdependências (VASCONCELOS; AMORIM, 2017, p.4).
O avançar no processo de docência e do desenvolvimento profissional, mediante a preparação pedagógica não se dará em separado de processos de desenvolvimento pessoal e Institucional: este é o desafio a ser hoje, considerado na construção da docência no ensino superior. (PIMENTA e ANASTASIOU, 2002, p. 259).
A função própria da universidade é proporcionar momentos de reflexões cujo objetivo seja a mediação à construção e reconstrução dos conhecimentos, conjugando a qualidade formal com a qualidade política, componentes intrínsecos à formação docente para delineá-lo do saber pensar como condição subjetiva do homem de fazer sua história para a história; potencializando sua individualidade, ... (DAVID, 2017, p.5)
A formação universitária mostra-se, sobretudo, como sinônimo de transformações, adversidades, desafios e até mesmo confrontos com a vida cotidiana do “mundo real”. (DEMO, 1998)
A formação pedagógica, pensada em termos acadêmicos e didáticos, surge num panorama de compreensão sobre qualidade do trabalho docente no recinto da sala de aula, ou seja, no contexto da ação, que não se restringe aos saberes, mas na capacidade do docente de agir em circunstâncias previstas ou não em seu plano de ação. (...) Nesse sentido, os pressupostos de Perrenoud (2002), quando define competência como a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos (cognitivos), visando abordar uma situação complexa e quando referência em seus escritos as dez novas competências essenciais ao ensino do professor enfatiza o administrar sua própria formação como âncora para que o docente possa navegar os mares mais seguros do ensinar uma vez que, as turbulências da era globalizada, vão exigindo deste mobilizações maiores para a ação, considerando que são os mesmos que constroem e reconstroem seus conhecimentos a partir da práxis. (DAVID, 2017, p.5).
Acreditamos que, sem uma qualificação na perspectiva da “pedagogia da competência”, fruto da vontade e do comprometimento inovador, nada é possível, porque é na dinâmica do saber e do agir que o docente reconstrói os saberes do mais simples ao mais complexo, apoiado na qualidade organizada do saber, saber fazer e saber refazer sua prática de modo crítico e criativo face a realidade (VASCONCELOS; AMORIM, 2017).
Diante dessas afirmações, torna-se imperativo que as universidades invistam na formação efetiva do corpo docente para que estes possam transformar as instituições em lócus de produção de ensino, pesquisa e extensão. Enfim, despertar a consciência de uma nova identidade docente que leve e eleve a ampliação das concepções de ensino, permitindo um novo olhar e consequentemente, um novo docente (VASCONCELOS; AMORIM, 2017)
Fortalecendo os conceitos sobre competência acadêmica e competência didática, Demo (1998), aduz a seguinte definição:
Entendemos por competência a condição de não apenas fazer, mas de saber fazer e sobretudo de refazer permanentemente nossa relação com a sociedade e a natureza, usando como instrumentação crucial o conhecimento inovador. Mas que fazer oportunidade, trata-se de fazer-se oportunidade (p.13)
Percebe-se, portanto, que a atuação docente na atualidade diverge bastante da praticada do início aos meados do século passado. Destaca-se que o professor, tradicionalista, ocupava o papel de possuidor de todo o conhecimento e, como tal, era encarregado de depositar em seus alunos aquilo que lhe ensinaram em seu curso de licenciatura, configurando a chamada “educação bancária” (FONSECA, 2003.)
Atualmente, pode-se perceber que o docente mudou sua forma de atuação, seja porque os paradigmas educacionais mudaram ou a própria formação do docente mudou. Hoje, o docente é um facilitador no processo de ensino e aprendizagem, pois o ator principal neste processo é o aluno e o docente deve ensiná-lo a pensar, a questionar e a aprender a ler sua realidade, para que possam construir opiniões próprias (DAVID, 2017).
Ruiz, (2003) afirma que:
... o docente deve assumir o papel de transformador social e, ainda, que é um ser e profissional político, que deve engajar-se política e socialmente a fim de desenvolver um processo de aprendizagem mais rico e realmente emancipador aos seus alunos. (RUIZ, 2003)
No entanto Davi, (2017) afirma que:
... existe na própria sociedade outras exigências ao docente. O docente não possui somente o papel de educador, de facilitador no processo de ensino e aprendizagem, mas como um administrador das tarefas burocráticas – fazer provas, corrigi-las, passar nota, fazer exames, etc – e também como psicólogo que deve estar sempre em observação dos seus alunos atento a qualquer mudança de comportamento, tratar assuntos com os pais. Existem ainda as exigências de uma formação continuada, em que o docente deve estar constantemente se reciclando, fazendo cursos, se especializando e, muitas vezes, com seu próprio dinheiro, pois muitas instituições não pagam nem se quer parcialmente os cursos realizados pelos docentes. E a remuneração não é condizente com tantas tarefas, tantas exigências, o que desestimula o docente, deteriorando não somente sua prática docente, bem como sua própria saúde. (DAVI, 2017)
Reiteramos que o aprender e o ensinar são duas atividades unificadas pela relação que se estabelece entre o agente formador (professor) e o aprendiz (aluno) centrado em duas bases unidirecional: interação e respeito. Sobre interação apontamos a relação gerada no âmbito do recinto da sala de aula, quando apoiada na confiança e empatia mútua encontra no antagonismo de seus interesses e necessidades caminhos que os guiem ao encontro harmonioso do eu-outro como condição inerente às aprendizagens. Quanto à segunda base, reflete as conquistas adquiridas nas circunstâncias vivenciadas e que foram se consolidando através das relações e do equilíbrio entre as emoções e os valores (VASCONCELOS; AMORIM, 2017).
Masetto (2003) afirma que:
...só recentemente os professores universitários começaram a se conscientizar de que seu papel de docente do ensino superior, como o exercício de qualquer profissão, exige capacitação própria e específica que não se restringe a ter um diploma de bacharel, ou mesmo de mestre ou doutor, ou ainda apenas o exercício de uma profissão. Exige tudo isso, e competência pedagógica, pois ele é um educador. (2003, p. 13)
Destaca-se ainda a questão da formação docente de modo que se busque sempre o aperfeiçoamento das práticas pedagógicas no sentido de facilitar o processo de ensino/aprendizagem. Como apresentado abaixo:
Havendo, portanto, características a trabalhar na profissão docente pela capacidade que precisam possuir em facilitar o aprendizado, como por exemplo, a coerência entre discurso e ação, a segurança e a abertura a críticas e às propostas dos alunos (entendida como capacidade de diálogo), a clareza e a objetividade na transmissão de informações, a preocupação com os alunos e com seus interesses, o incentivo à participação e à capacidade de coordenação das atividades, a competência específica na área do conhecimento, o relacionamento pessoal e a paixão pela docência. O aluno e a sociedade não podem entender o papel do professor como solitário no processo de aprendizagem, pois esta ideia descaracteriza a profissão docente e profissional é o que o professor precisa ser, antes de tudo, para que possa desenvolver um bom trabalho, um trabalho dito marcante. (DAVID, 2017)
1.2 A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO/APRENDIZAGEM
Acredita-se que a relação professor aluno sofre influência da gestão educacional onde em alguns momentos do cotidiano escolar, convergem para o mesmo ponto, como se a gestão educacional se concretizasse nessa relação. Apesar de, num primeiro momento, parecer que a responsabilidade por essa relação seja somente desses dois atores, sabemos da influência da gestão educacional (RONCAGLIO, 2004).
A relação docente/aluno deve ser cultivada a cada dia, pois um depende do outro e assim os dois crescem e caminham juntos. E é nessa relação madura que o docente deve ensinar que a aprendizagem não ocorre somente em sala de aula. Assim, o aluno irá desenvolver um espírito pesquisador e interessado pelas coisas que existem; ele desenvolverá uma necessidade por aprender, tornando-se um ser questionador e crítico da realidade que o circunda. (FREIRE, 1996, p. 34)
É através da interação entre professores e alunos, que acontece o processo ensino-aprendizagem onde o objetivo comum é o da aprendizagem do aluno, porém uma questão que se põe é a do que acontece com o aluno enquanto ele aprende. O problema assim colocado implica procurar saber quais são as diversas modificações do desempenho do aluno à medida em que ele se relaciona com seus professores (GIL, 1993).
A relação professor-aluno na educação superior, pode ser considerada aquela que se constrói no cotidiano universitário e que nos permite perceber o perfil do contrato didático, ou seja aquele que se estabelece entre o professor e o aluno, como regras acerca do comportamento esperado de ambos, de cada um deles (BROUSSEAU, 1998 apud RONCAGLIO, 2004).
A relação professor-aluno, na educação superior, está sujeita a normas, escolhas pedagógicas, objetivos dos alunos, dos professores e do curso, critérios de avaliação, enfim, convenções que nem sempre são estabelecidas só pelos professores e alunos, mas também pela gestão do curso, e, algumas delas, pela legislação vigente no País. (RONCAGLIO, 2004 p.101)
Numa pesquisa realizada por Roncaglio (2004) cujo título foi: A Relação Professor-Aluno na Educação Superior: A Influência da Gestão Educacional, foi perguntado aos alunos sobre a relação professor-aluno, e a maioria dos alunos ressaltaram a importância de a prática do educador em sala de aula ser coerente com o seu discurso. O professor é considerado pelos alunos como o modelo a ser seguido e o elo do aluno com o conhecimento. Relataram que os professores criticam a escola tradicional e ensinam a importância de incentivar os alunos a trabalhar com o lúdico, mas, na sua prática, em sala de aula, na educação superior, passam muita teoria e não se utilizam da didática e dos recursos pedagógicos que dizem ser importantes. Com isso, os alunos salientam que, em algumas disciplinas, há um hiato entre a teoria e a prática, na ação docente.
No contexto escolar, há existência de uma teia, onde é possível identificar que o professor do ensino superior continua sendo modelo, uma referência, um espelho para o aluno. Assim como os professores atuais foram influenciados pela prática pedagógica de seus professores, podem, com certeza, influenciar seus alunos. O professor precisa estar consciente de que, através da sua prática docente, estará servindo de modelo, e, muitas vezes, o aluno o tem como modelo sem refletir sobre a sua prática (CUNHA,2001)
Conforme a pesquisa realizada por Roncaglio, (2004). Alguns alunos declararam perceber que há falta de respeito dos alunos para com os professores. Segundo eles, determinados educandos pensam que, por estarem na universidade, não há mais necessidade de respeito, como se tal postura só coubesse nos outros níveis de ensino. Outro aspecto interessante que detectamos é a relação existente entre o professor mais ou menos exigente e o respeito. De acordo com alguns alunos, quanto mais exigente for o educador, mais será respeitado pelos discentes. Os professores que mantêm um relacionamento de maior proximidade são mal interpretados por esses alunos, não recebendo o devido respeito. Isso denota que os alunos, ou alguns deles, no ensino superior, apresentam dificuldades em reconhecer os limites dos papéis representados por eles e pelos seus docentes.
Também Roncaglio, (2004, p. 106), da mesma forma que para os alunos, foi indagado aos professores como percebem a relação professor-aluno no ensino superior. Eles, a percebem como uma relação bem mais flexível, fundamentalmente, na forma de trabalhar os conteúdos. No discurso dos docentes, principalmente, nos que têm como base de formação a Pedagogia, vê-se a necessidade de acreditar na perspectiva humanizadora da Educação. Esses professores têm constatado que, nos outros cursos, muito mais do que no de Pedagogia, há um avanço maior nessa direção. Sob essa ótica, o curso de Pedagogia, que deveria ser o ‘carro chefe’ dessa visão de Educação, acaba ficando para trás. Isso contribui para que a prática dos docentes se distancie da teoria apresentada em sala de aula. Estes também percebem uma dicotomia entre a teoria e a prática. Pregam uma Educação mais humanizadora, criativa, na qual a história e o potencial dos alunos devem ser considerados, e, na realidade, enquanto professores, trabalham com provas, notas, cobranças, enfim, ensino e avaliação da aprendizagem nos moldes da escola tradicional, tendência pedagógica que impõe, a todos os alunos que integram um universo diversificado, o mesmo ritmo. A avaliação é realizada unicamente com o objetivo de aferir o quanto do conteúdo transmitido foi assimilado As seguintes falas expressam a visão da necessidade de um ensino mais flexível e de uma perspectiva humanizadora da Educação, tanto no nível de ensino, quanto no nível da gestão, e o descompasso entre teoria e prática.
Conforme o resultado da pesquisa, e de acordo com a fala dos professores, podemos observar que as tomadas de decisões do gestor interfere na relação professor/aluno, pois estas vão estar veiculadas no projeto político-pedagógico, e ao se constituir uma instituição educacional, é necessária a prática de concepções políticas e pedagógicas que se realimentam e se corporificam no seu projeto político-pedagógico. O caráter político desse projeto promove a ação da sociedade e o pedagógico é o substrato da função escolar. Da mesma forma, a maneira como o coordenador, representando a gestão do curso, vai orientar o aluno, e também a forma como esse aluno vai receber a orientação, modifica o comportamento do mesmo e pode alterar a sua relação com o professor (BORDIGNON; GRACINDO, 2000, apud RONCAGLIO, 2004).
2 CONCLUSÃO
A prática pedagógica é uma das maiores preocupações dos docentes, pois exige dedicação e preparo, sendo também um instrumento transformador da prática educacional, ele deve guiar-se através da pesquisa.
A formação de professores no Ensino Superior é atualmente muito debatida e ajuda a problematizar e discutir a articulação entre os campos da formação e atuação docente, uma vez que está em jogo a aprendizagem do aluno, com isso há de se questionar o docente no seu papel de ensinar, pois muitas vezes é visto como criador de conhecimentos, e também envolvidos com as questões sociais e políticas da instituição e preocupado em desenvolver uma práxis comprometida com as alternativas de vida.
Diante disso o presente estudo permite uma reflexão, e também ser suporte para conjeturar uma análise da docência no Ensino Superior e percebe-se a importância da formação pedagógica, (des)construindo e (re)articulando a docência.
Faz-se necessário pensar o ensino superior enquanto atuação investigativa e com dimensão da construção coletiva, ressignificar o lugar da pesquisa, articular e recuperar a relação entre o ensino e a pesquisa, pois o ensino foi pensado com finalidade além da instrumentalização técnica e formação pedagógica, e o docente como um profissional reflexivo, crítico e competente, que reconhece a docência como um campo de conhecimentos específicos; com atitude de flexibilidade, de forma que possa contribuir em seu espaço de atuação, criando grupos de pesquisa em torno de questões enfrentadas neste, e constitua nos grupos possibilidades de compreensão das questões ou até mesmo de ampliação destas.
REFERÊNCIAS
CALDERÓN, A.I. (Coord.) Educação superior: construindo a extensão universitária nas IES particulares. São Paulo: Xamã, 2007.
CESAR, S.B. A indissociabilidade Ensino, Pesquisa, Extensão e a Gestão do conhecimento: estudo em universidade brasileira. Belo Horizonte, 2013.
CUNHA, M. I. da. O Bom Professor e a sua Prática. 12. ed. Campinas: Papirus, 2001.
DAVID, Ricardo Santos. FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO SUPERIOR: DOCÊNCIA NA CONTEMPORANEIDADE. Florida Christian University (FCU) – Uniatlántico. v.9 n.2 jul-dez 2017. Disponível em: <file:///D:/Downloads/28880-103277-1-PB.pdf>. Acesso: jun. 2020.
DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. 3 ed. Campinas, SP: Autores associados,1998.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
FONSECA, V. da. Tendências Futuras da Educação Inclusiva. Educação, Porto Alegre, v.49. Mar. 2003.
GIL, Maria Stella C. A. Interação Social na Escola: professor e aluno construindo o processo ensino-aprendizagem. Temas psicol. [online]. 1993, vol.1, n.3, pp. 29-38. ISSN 1413-389X. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?>. A cessado em: 12 de Fev de 2020.
GONÇALVES, N. G. Indissociabilidade entre ensino, Pesquisa e Extensão: um princípio necessário. Revista Perspectiva. v.33, n.3, Florianópolis, 2015.
MAZZILLI, S. Ensino, Pesquisa e Extensão: reconfiguração da universidade brasileira em tempos de redemocratização do Estado. Revista Brasileira de Política e Administração da Educação. n.2, v. 27, jul, 2011.
MASETTO, M. T. Competência Pedagógica do Professor Universitário. São Paulo: Summus, 2003.
MOITA, F.M.G.; ANDRADE, F.C.B. Ensino-pesquisa-extensão: um exercício de indissociabilidade na pós-graduação. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, 2009, v. 14, n. 41, p. 269-393, 2009.
PDI UnC - Plano de desenvolvimento institucional: 2015-2019/Universidade do Contestado. (Org.) Solange Sprandel da Silva [et al.]. Mafra: Universidade do Contestado, 2015.
PIMENTA, Selma Garrido; ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos. Docência do Ensino Superior. Coleção Docência em Formação. Vol. 1. São Paulo: Cortez, 2002.
PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar: Porto Alegre, RS: Artmed, 2002.
REIMER, Marilene; ZAGONEL, Rosa M. A indissociabilidade consciente: uma reflexão sobre o cotidiano da docência. Extensão em Foco, Curitiba: Editora da UFPR, nr.9, jan/jun 2014, p.50-60. ISSN 2358-7180
RONCAGLIO, Sonia Maria. A relação professor-aluno na educação superior: a influência da gestão educacional. Psicol. cienc. prof. [online]. 2004, vol.24, n.2, pp. 100-111. ISSN 1414-9893 Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?>. Acessado em 12 de Fev de 2020.
RUIZ, M.J.F. O papel social do professor: uma contribuição da filosofia da educação e do pensamento freireano à formação do professor. Revista Iberoamericana de Educación, n.33, 2003. p.55-70
SAVIANI, D. A pedagogia no Brasil: história e teoria. Campinas: Autores Associados, 2008.
SOARES, L.R.; FARIAS, M.C.M.; FARIAS, M.M. Ensino, Pesquisa e Extensão: Histórico, abordagens, conceitos e considerações. Revista Em Extensão, UFU, v.9, n.1, p. 11-18, jan/jul, 2010.
VASCONCELOS, Marilúcia Correia; AMORIM, Delza Cristina Guedes. A DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR: UMA REFLEXÃO SOBRE A RELAÇÃO PEDAGÓGICA. PUBLICADO EM AGOSTO DE 2017. Disponível em: https://docplayer.com.br/234188-A-docencia-no-ensino-superior-uma-reflexao-sobre-a-relacao-pedagogica.html. Acesso: jun. 2020.
- Acessos: 955