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EDUCAÇÃO CONSTRUTIVISTA DE JOVENS E ADULTOS

Rafaela Lucilia Silva Bandeira
Treicy Daiane R. Carneiro


Atualmente, uma grande representação na Educação Brasileira volta –se para a perspectiva que concebe a Educação de Jovens e Adultos. Tais representações, além de desprofissionalizar o educador de jovens e adultos e a própria ação educativa com eles desenvolvida, distancia a Educação de Jovens e Adultos de um estatuto próprio, que subsidie a formulação de propostas teórico-metodológicas compatíveis com as vivências e os saberes daqueles aos quais se destina. Perde-se, assim, a possibilidade de nortear a Educação de Jovens e Adultos conforme os fundamentos da educação unitária que visa superar a distinção qualitativa entre a formação daqueles que concebem e dirigem da daqueles que executam e são subordinados (SOARES, 2002).

Num estudo sobre tendências curriculares da educação de jovens e adultos, identificam-se três ideias-força que impulsionaram a ideologia de construção da identidade desses cidadãos. A primeira consiste no reconhecimento dos jovens e adultos a que essa educação se destina como membros das classes populares, segmentos excluídos não só do sistema escolar regular, mas de outras instâncias de exercício de poder e acumulação de recursos. Essa ideia remete à ênfase numa educação de adultos como prática política, visando ao engajamento dos grupos populares em ações que transformem as estruturas sociais produtoras da desigualdade e da marginalização (SOARES, 2002).

Outro vetor ideológico que dirige a busca pela identidade dessa modalidade educativa consiste no enfoque privilegiado às necessidades de aprendizagem dos jovens e adultos, principalmente aquelas relacionadas à sua inserção no mercado de trabalho, para o exercício da cidadania, para a promoção da qualidade de vida e do convívio na comunidade e na família. Nesse caso, a funcionalidade das aprendizagens escolares, ou seja, sua contextualização ou aplicabilidade no universo cotidiano emerge como questão central a ser equacionada (SOARES, 2002).

Uma terceira linha de abordagem seria a que considera a especificidade do modo de aprender de jovens e adultos, os quais, em grau muito mais elevado do que as crianças, já dispõem de um amplo universo de conhecimentos práticos e concepções mais ou menos cristalizadas sobre diversos aspectos da realidade social e natural. Em relação a esse ponto, o desafio seria identificar a natureza desses conhecimentos práticos e desses supostos estilos cognitivos próprios dos adultos, e investigar de que modo poderiam ser mobilizados para as aprendizagens tipicamente escolares, ou, em outra perspectiva, de que maneira os conteúdos da escola deveriam ser modificados para se adequar a esse modo de pensar próprio que os jovens e adultos desescolarizados já teriam forjado ao longo da vida (SOARES, 2002).

Um fato que contribuiu sobremaneira para a construção da identidade da educação de jovens e adultos nessa linha foi a espetacular influência das obras de Paulo Freire. O autor pernambucano traduziu, operacionalmente, algumas ideias e princípios muito potentes para o embasamento da educação de jovens e adultos. Especialmente relevante, entre muitas de suas postulações, é o princípio da educação pelo diálogo, que o autor veio desenvolvendo desde seus primeiros escritos.

Se a realização do homem, da democracia na vida social e do autêntico desenvolvimento nacional dependia da generalização da consciência crítica entre os brasileiros, isto é, se, em outras palavras, a realização daqueles ideais impunha a formação dos homens a partir da prática do diálogo – da internalização da autoridade, da busca de participação e ingerência na ordenação da vida coletiva, era preciso comprometer o processo educativo com a realização desses objetivos. Era preciso criar procedimentos que obrigassem à prática do diálogo no processo educativo, que obrigassem ao desenvolvimento da autoridade interna, que levassem o educando a prática do autogoverno, e à busca de participação e ingerência na construção da vida coletiva, e ao aprofundamento da capacidade de reflexão sobre os desafios da vida individual e da vida social na comunidade. Por isso mesmo, o professor deveria procurar fundamentar a sua atividade educativa no trabalho em grupo, na prática da discussão dos problemas individuais e coletivos, na conversa dos educandos entre si e com o educador (PINTO, 2000).

 

Portanto, somada à consciência crítica sobre as estruturas sociais que geram a desigualdade e sobre o papel da educação na manutenção ou transformação dessas estruturas, a valorização do diálogo como princípio educativo, com a decorrente assimilação da noção de reciprocidade na relação professor-aluno, constitui-se pilar importante da formação dos jovens e adultos. A disposição para o diálogo é base para procedimentos que são essenciais nessa modalidade educativa, pois a definição de objetivos compartilhados, a negociação em torno de conteúdos e métodos de ensino e o ganho de autonomia dos educandos no controle de seus processos de aprendizagem, desenvolvem atitudes que contribuem para superar o enfoque assistencialista. Observar a diversidade (é importante trabalhar as seguintes temáticas: relações de gêneros, questão étnico-racial, orientação sexual e as demais temáticas que permitam uma educação cidadã e igualitárias); Educação à distância e Educação profissional.

 

Ao observar e conversar com alguns professores da EJA fica evidente que, na atualidade, refletir sobre o papel da educação na formação do cidadão é imprescindível, pois somente através dessa formação o aluno será capacitado para interagir neste mundo de intensa evolução. Por isso, torna-se importante definir como meta, o trabalho crítico e construtivo com os conteúdos a serem estudados, visando o exercício da cidadania e mostrando a importância de cada individuo e seu papel na sociedade enquanto cidadão, ciente de seus direitos e deveres, e também orientando o estudante para a vida. Na arte do ensinar os docentes além de um bom pesquisador ele tem que transmitir o conhecimento e formar opinião, ser criativo. Para tanto, a utilização das metodologias inovadoras, como instrumento de ação para que a escola/educação acompanhe as evoluções sociais, para que o ensino passe a ter significado para a interação social do indivíduo.

A partir da observação verificamos que o planejamento do professor consegue trabalhar com o intuito de propiciar ao educando o desenvolvimento do raciocínio, através de reflexão sobre a realidade que o cerca, para que ele tenha condições de analisar, comparar, solucionar problemas, inovar, aprender com os outros por meio da discussão, do debate, da troca de papéis, ele será remetido a uma profunda mudança de atitude, valorizando, respeitando a cooperação, as opiniões dos outros, sendo esse o nosso objetivo principal, pois acreditamos que por meio de conceitos, fatos e situações estaremos aptos a propiciar o resgate de atitudes de solidariedade, justiça, respeito mútuo, diálogo e o cultivo de valores tão importantes para a construção da nossa sociedade.

Para os professores que estão inseridos na EJA, a educação tem como função valorizar a cultura de sua própria comunidade e buscar ultrapassar seus limites, dando a alunos de diferentes grupos sociais, o acesso ao saber, é necessária a implantação de uma escola criativa, com educação de qualidade, sem preconceitos e discriminação, para que os alunos sejam cidadãos ativos no processo ensino-aprendizagem, deve assegurar a todos a formação que ajude o transforme em sujeito pensante, sendo capaz de utilizar seu potencial de pensamento em habilidade, valores e conceitos.

Assim sendo, cabe-nos refletir sobre a responsabilidade que assumimos enquanto professores em relação ao compromisso perante a sociedade, sobre a qualidade do ensino. Para Freire (1992),

 

Como cidadãos conscientes do nosso papel, não só devemos falar em cidadania, como também necessitamos, em nossas aulas, com os nossos alunos, praticá-la de maneira democrática e lutar, com eles, por esta conquista diante dessa falsa democracia.

 

Nesse contexto é necessário repensar o método de ensino da modalidade EJA, pois o objetivo dessa modalidade tem como objetivo formar cidadãos ativos e interacionistas. O professor, hoje, atua a partir da abordagem sócio-cognitivista, pois o mesmo faz aflorar em seus educandos o querer, o desejo e a criatividade, para que, de forma prazerosa, aos poucos o aluno construa conhecimentos que levará para toda a vida. O Cognitivismo atua na elaboração do conhecimento e processamento das informações nas tomadas de decisões. Pois, ao lidar com situações sociais, o aluno é movido a resolver problemas reais e significativos, enfatizando o conhecimento de forma prática e objetiva. 

 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ALVES, N. et al Formação dos professores: pensar e fazer. São Paulo, Cortez

BENOIT, Hector. Sócrates: O Nascimento da Razão Negativa. São Paulo: Moderna, 1996

BOBBIO, Norberto. Igualdade e Liberdade. Rio de Janeiro : Ediouro, 1996.

FREIRE, P. Educação de adultos: algumas reflexões. In: GADOTTI, Moacir.

_________Pedagogia da Esperança. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1992.

___________Educação e mudança. tradução de Moacir Gadotti e Lillian
Lopes Martin. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

FUCK, Irene Terezinha. Alfabetização de Adultos. Relato de uma experiência
construtivista. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1994.

HADDAD, Sergio. Estado e Educação de Adultos (1964 - 1985). São Paulo:
Faculdade de Educação da USP, 1991. p.360

PIAGET, Jean. Desenvolvimento Cognitivo. Rio de Janeiro, Zahar, 1971

PINTO, Á. V. Sete lições sobre a educação de adultos. São Paulo: Cortez,
2000

PINTO, Gerusa Rodrigues Pinto e LIMA, Regina Célia Villaça. O dia-a-dia do
professor – a importância do jogo no processo da aprendizagem. 2ª
edição. Editora FAPI – LTDA. Belo Horizonte. MG, 1970

Plano Nacional de Educação.www.mec.gov.br / 2002

SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte:

CEALE/ Autêntica, 1998.