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ARLINDA E ROZINER: UM PARALELO ENTRE DUAS POETAS DO VALE DO ARAGUAIA

Mariel Alves Ferreira

 

Monografia apresentada junto ao departamento de Letras/UFMT, como requisito parcial para a Conclusão do Curso de Letras – Habilitação em Licenciatura Plena em Letras.

Orientador: Prof. Ms. Adenil Costa Claro

 

 

 

AGRADECIMENTOS

 

Agradeço em primeiro lugar a Deus e minha família.

Em especial agradeço à “Maria de Jesus, Rubens e Evaldo” que foram minha rocha durante todo esse curso.

A comunidade escolar “Couto Magalhães”, Campinápolis, famílias, alunos, funcionários e professores.

Ao meu orientador Adenil Costa Claro pela dedicação e tempo a mim dispensado. Agradeço aos meus colegas de trabalho e à “Turma do Fundão”, em especial a Ilene,

Michel e Ieda pelo apoio, compreensão e paciência a mim dispensados.

 

 

DEDICATÓRIA

 

À Maria de Jesus (mãe), Evaldo Alves, Rubens Cardoso, Ilene Shwarts e Luciene, sem os quais nada disso estaria acontecendo, por terem me amparado, apoiado e incentivado nos momentos cruciais dessa jornada.

 

 

 

FUGINDO DO MEU OLHAR

 

Bateu as asas e voou meio sem jeito Pelo ar, no horizonte se perdeu

Foi parar no céu

 

Quantas vezes eu te vi Queria te dizer

O quanto fico feliz em te ver

 

Na areia fiz meu castelo Mas tudo num instante desabou

Você partiu sorrindo Somente lembranças deixou

 

O dia morreu e o sol se perdeu Mas chegou uma linda noite de luar

E meu pobre coração de novo voltou a sonhar (ALMEIDA, Daniela Borges de. TUDO POR ARAGARÇAS. 2006. p. 21.)

 

 

 

RESUMO

Este estudo está fundamentado na pesquisa bibliográfica/histórica e em análises de textos, cujo o objetivo é apresentar e entender melhor as criações literárias de duas poetas do Vale do Araguaia mato-grossense, Arlinda Pessoa Morbeck e Roziner Guimarães. A compreensão das poesias dessas escritoras é de suma importância ideológica no sentido de fazer menção à importância de ambas para a literatura de Mato Grosso, como também de divulgar obras que retratam a alma da mulher, como ela se relaciona com as dificuldades cotidianas e as belezas desse Estado que ainda é considerado mítico no panorama nacional.

 

Palavras-chave: Poetas. Poesias. Mulher. Mato Grosso.

 

 

ABSTRACT

This study is based on bibliographic/historical research and on text analysis, whose objective is to present and better understand the literary creations of two poets from Vale do Araguaia in Mato Grosso, Arlinda Pessoa Morbeck and Roziner Guimarães. Understanding the poetry of these writers is of paramount ideological importance in the sense of making mention of the importance of both for the literature of Mato Grosso, as well as disseminating works that portray the woman's soul, how she relates to everyday difficulties and beauties. of this State that is still considered mythical in the national panorama.

 

Keywords: Poets. Poetry. Woman. Mato Grosso.

 

 

1 INTRODUÇÃO

 

A poesia brasileira se constrói junto à história e desenvolvimento do país. Em Mato Grosso, a poesia se funde ao desenvolvimento das cidades mais importantes, dando destaque aos poetas locais com suas culturas, crenças e valores.

O estudo parte do interesse em conhecer melhor a obra de duas poetas que muito contribuíram para a literatura e história mato-grossense. Logo, questiona-se Roziner e Arlinda, que relação entre essas duas poetas?

Diante deste questionamento, objetivou-se realizar um estudo sobre as poesias dessas duas escritoras que viveram no Vale do Araguaia mato-grossense em épocas diferentes, já que mais ou menos 40 anos separam uma escritora da outra, fator considerado até aqui sem importância, já que para o pesquisador há algo em comum entre elas, assim como à todas as mulheres.

Logo, justifica-se a pesquisa, visto que par o pesquisador um ponto, um lugar em que todos os poemas, todas as poesias, todas as canções se encontram, assim como o dia e a noite. Então, apoiado nesta base que somente sonhadores conseguem andar, é que se deu a organização desse paralelo maravilhoso entre duas artistas de épocas diferentes, mas, que conhecem o amor a vida e a luta que se gera para sobreviver e amar, e as formas de se colocar no papel nas mais variadas inversões que a poesia se dispõe.

A seguir encontrarão Arlinda e Roziner, apresentadas como artistas, e, mulheres, amantes e amadas, mas, também na condição abandono e desprezo que somente um poeta pode explicar. É daquela forma que muitos homens não compreendem, mas, se admiram e se encantam com suas peculiaridades e formas expressivas.

 

 

2 DUAS BIOGRAFIAS

 

Arlinda Pessoa Morbeck nasceu em Salvador – BA, no ano de 1889, casou-se com Jose Morbeck e veio às plagas de Mato Grosso fixando residência, inicialmente, em Cuiabá, onde viveram de 1911 a 1916. Tornaram a mudar, indo para Araguaiana – MT, cidade na qual residiram entre 1916 a 1924, quando novamente transferem-se para Alto Araguaia onde permanecem até 1940. Mudam-se para Valparaiso-SP, onde residiram até o seu falecimento em 1961.

Arlinda dedicou toda sua vida ao magistério, deixando uma extensa publicação literária entre poesias e crônicas, sistematizadas em 18 volumes. O único livro publicado é uma coletânea de poesias, publicadas por Valdon Varjão, hoje raro, intitulado poesias. Alguns de seus poemas podem ser encontrados no livro “História da Literatura de Mato Grosso” de Hilda Gomes Dutra Magalhães.

Roziner Guimarães, mãe, professora e romancista, nascida em Ituiutaba – MG. Possui um livro publicado, Constância, e, outros aguardando publicação. Autora de diversos poemas inseridos nos livros “Café Filosófico das Quatro” e “Poesia do Brasil”.

Atualmente, reside em Barra do Garças e ministra aulas na Universidade Federal de mato Grosso - UFMT – Campus Pontal do Araguaia e também na Universidade Estadual de Mato Grosso – UNEMAT – Campus Nova Xavantina.

 

 

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

3.1 O MOVIMENTO ROMANCISTA

 

O Romantismo foi um movimento literário que de forma estética e cultural veio revolucionar a sociedade nos séculos XVIII e XIX, carregada de valores clássicos e apresentando à mesma o advento da modernidade nas artes.

As obras românticas traziam em seu contexto valores da burguesia, classe social que substituía a elite absolutista em diversos países. Foi um dos maiores movimentos de arte do século XVIII e XIX, compondo-se de centenas de autores entre os quais destacam-se os escritores: Goethe, da Alemanha; Lord Byron, da Inglaterra; Camilo Castelo Branco e Almeida Garret, de Portugal; Victor Hugo, da França; Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Castro Alves e José de Alencar, do Brasil.

Em cada país o movimento romancista teve suas particularidades. Contudo, pode-se identificar alguns mais comuns em locais distintos onde se desenvolveram essa estética, a saber:

      • Egocentrismo (o indivíduo é encarado como o centro do mundo);

      • Sentimentalismo exacerbado;

      • Nacionalismo;

      • Idealização do amor e da mulher;

      • Tom depressivo (típico dos autores romancistas. Exaltam a fuga da realidade, seja pela morte, seja pelo sonho ou ainda pela própria arte).

O movimento romancista apostou em três tendências também conhecidas como as fases dessa arte:

Romantismo ultra sentimental, composto por obras que apresentam um forte sentimentalismo, em geral depressivo, exaltando a morte ou a loucura como fugas de uma realidade desastrosa. No Brasil, Álvares de Azevedo seguiu essa tendência romântica.

Romantismo social, o qual teve como destaque o escritor francês Victor Hugo, marcando essa vertente caracterizada por representar a miséria do povo e denunciar as mazelas sociais que marginaliza a sociedade.

Romantismo nacionalista, ainda sob influência de Victor Hugo, nos séculos XVIII e XIX, vários autores construíram obras com forte tom nacionalista. No Brasil foi marcado pelo movimento indianista brasileiro, destacando os autores Gonçalves Dias e José de Alencar.

No Brasil o movimento romântico teve como marco inicial com a publicação do livro Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães, em 1836. Na poesia, é possível identificar ao menos três gerações do Romantismo brasileiro: os indianistas, os ultrarromânticos e os condoreiros. Já na prosa, José de Alencar foi o principal escritor, e suas obras retratam a sociedade brasileira em seus ambientes urbanos, rurais ou ainda mitológicos, os quais buscam descrever o mito da criação do povo brasileiro na mistura entre índios e europeus.

 

 

4 ARLINDA E ROZINER

 

4.1 SOBRE OS TÍTULOS DOS POEMAS DAS POETAS

 

Primeira situação e que sobressai sobremaneira, até aos mais desatentos, é a titulação dos poemas. Enquanto que há textos sem título na poética de Arlinda e os que possuem nomes, como exemplo: O Trinado do sabia; desalento; Despedida; Tudo passa, que nos remetem aos títulos dos trabalhos literários do período romântico brasileiro, como Canção do Exilio de Gonçalves Dias, Suspiros Poéticos e Saudades de Domingos José Gonçalves de Magalhães (Visconde de Araguaia), As Primaveras de Casimiro de Abreu, e Cantos e Fantasias de Fagundes Varela.

Roziner já titula seus poemas de maneira forte, provocativa. É expansiva e dinâmica ao se expressar poeticamente, pois nos títulos já sentimos o clima contemporâneo do poema, apresentando-o não apenas como um poema, mas também uma forma de protesto, de alerta. E nessa titulação particular sentimos seus "quereres" e "desquereres".

As vezes de forma objetiva, outras subjetivamente como se observa em: "Ainda assim" que nos sugestiona ao pensamento de que "apesar das desavenças, ou “intrepitudes do cotidiano", ainda assim devemos continuar nossa luta, nosso caminho, ou tentando entender o mistério, se e que há mistério, que na sua própria objetividade de título já dia dos mistérios e segredos do viver e sobreviver, que apesar de tudo parece que não é mistério, simplesmente é nosso cotidiano e das experiências que adquirimos com nossas observações e ponderações sobre o conviver em sociedade e a coragem de poucos em apresentar isso de maneira poética.

Apresentando-o não apenas como um poema, mas também como uma forma de protesto, de alerta. E, nessa titulação particular, sentimos seus "quereres" e "desquereres", às vezes de forma objetiva, outras subjetivamente como se observa em: "AINDA ASSIM" que nos sugestiona ao pensamento de que "apesar das desavenças, ou “intrepitudes” do cotidiano", ainda assim devemos continuar nossa luta, nosso caminho.

Já nos de Arlinda encontramos uma situação de época, de pudores, onde ela apresenta suas ideias, de maneira simples, casual, com uma objetividade muito sutil, refletindo e demonstrando isso ao tempo que o espaço a mulher tinha limites vários, como se no início do século XX. E isso vemos nos seus títulos “O Trinado do Sabiá”, “Meus Desejos”, “Dúvida”, “Não sei...”, “Despedida”, “Desalento” e “Não me amas!”.

 

4.2 AS PORTAS SE APRESENTAM

 

Interessante notar a forma em que Roziner e Arlinda se apresentam poetas, enquanto Roziner se declara o tempo todo poeta, como pode se observar em "COÁGULOS", titule que se destaca, assim como o próprio poema, que se encontra transcrito abaixo, apresentando os momentos de identificação da mesma.

Nesse texto a escritora declara-se poeta e poeta da der, das dores, dos estragos que a vida nos faz (em negrito) e a que chamamos "lições de vida" e que juntamos tudo em uma como "enciclopédia de viver", transformada em literatura poética por ela:

 

COÁGULOS

 

Se sou poeta de dor Foi porque, um dia

A poesia me estuprou E do coite nasceram Os meus lamentos

Que se achando poderosos Derramaram lágrimas em meus versos. Não sou triste.

Triste é a vida Que me fez porta!

(CONSTÂNCIA, 1999, p. 121)

 

diversos poemas que Roziner declara-se escritora e sentimos a presença marcante da mesma. Para apresentar essa faceta utilize o "PURA (IN)SIGNIFICANCIA", (transcrito abaixo com, também trechos em negrito para melhor compreensão do que é apresentado), nesse, comoem tantos outros, uma constante no uso do jogo de palavras, do trocadilho, fazendo um trabalho do insignificante ao significante, como ela mesma diz, escrevendo sobre si mesma, como já respondendo a quem ler que mesmo que seja comum a todos, mas para alguém é bem mais que um escrever comum, é a síntese de um viver, e para isso deve-se ter sensibilidade para com o incomum, com o inusitado, ter sensibilidade de poeta para compreender o que se diz quando não se diz, simplesmente subjetiva-se. Assim é a poeta em sua forma literária:

 

PURA (IN) SIGNIFICANCIA

 

Fui desbotando o ontem Nas ilusórias rimas

De meus caóticos versos, palavras colhi.

Depois do ontem desbotado Quis dar ao presente

Uma nova tonalidade

Muito mais que palavras colhi. Sem passado

Com presente Encontrei as palavras Para me definir.

(CONSTÂNCIA, 1999, p. 120)

 

Em "ESSA FALTA DE JEITO É POESIA", Roziner apresenta já no título uma forma objetiva de falar sobre seu trabalho, sua forma poética. Ela vai direto "ao assunto" e o apresenta no poema de formas simples como se escrevesse uma observação sobre de como se escrever sua poesia.

 

ESSA FALTA DE JEITO E POESIA

Das coisas sem palavras Nasce a necessidade

De um rumor capaz de ser grito No momento exato do eco.

Se se mistura a fantasia,

À dor, ao desassossego, à orgia, Tudo é motivo

Ou desmotivo Para se gritar.

E o grito deve ser forte,

Apavorante, como apavorantes são os sentimentos Que o fizeram nascer.

Se se cala

Diante de tanta atrocidade, A voz enjaulada

É dilacerada pela garganta faminta E o que resta

É só silêncio... e poesia, Essa porta-voz,

Daqueles que perderam a voz. (CONSTÂNCIA, 1999, p. 87)

 

Um outro momento em que Roziner fala sobre si, vemos em "SOMBRA", quando ela se apresenta retraída, saudosa, observadora, carente, abandonada do mundo, mundo real, pois ela se encontra totalmente adaptada ao mundo subjetivo e discreto que lhe é a fonte de sua inspiração como podemos compreender no poema abaixo e os pontos marcantes em negrito maiúsculo:

 

SOMBRA

 

Meu reflexo na parede OBSERVAÇÃO

Fala de um artista em silêncio: OBSERVAÇÃO Nas mãos, o clamor de um abraço CARÊNCIA Nos olhos, lembranças inquietantes... SAUDADE

Sou toda POEMA, INSPIRAÇÃO, MUNDO SUBJETIVO

Nessa merda de mundo sujo! FUGA DO MUNDO REAL Faço das palavras silêncio, o ideal de vida OBSERVAÇÃO Em idas e voltas

Pelos labirintos do meu ser. RETRAIMENTO Nos dedos trêmulos,

Trago um cigarro, LEMBRANÇAS Fumado, queimado, SAUDADE, FIM

Solitário, em silêncio. CARÊNCIA, SAUDADE

É que me refúgio nos versos FUGA DO MUNDO REAL Para não ser roída em vida MUNDO REAL

Pelos vermes. MUNDO REAL (CONSTANCIA, 1999, p.89.)

 

Com "EM CHAMAS", transcrito abaixo, Roziner "dá um tapa" no cidadão comum que nada faz perante as circunstâncias da vida. E o próprio título já sugere algo forte "quente" que nos arremete situação do fogo que é dinâmico e expansivo e a tudo abraça com seu abraço quente e devastador, e há, para o observador mais atento, uma situação de inversão de palavras (EM, preposição se transforma em ME, pronome do caso obliquo), que podemos compreender da seguinte maneira: ME CHAMAS, deixando simplesmente de ser preposição (EM) e substantivo plural (CHAMAS) relativo a fogo, passando a "ME CHAMAS", pronome do caso obliquo e 2ª pessoa do singular do presente do indicativo do verbo chamar e assim, ME CHAMAS, também faz jus ao poema, pois o mesmo é um chamado. Alguém ou alguma coisa chama. Assim é "EM CHAMAS" que em momento algum fala em fogo, exceção ao título, mas são versos que atiçam a compreensão, faz um chamado, e o poema é isso: um chamado a vida.

 

EM CHAMAS

Pela janela aberta Vejo retalhos de vida... Não sou nada!

Tudo é escuridão Cobrindo os meus passos... Se canto,

Canto dor em poesia, Canção vazia, vadia, Caminhando lerda No ouvido surdo, Nos lábios calados, Nos braços cruzados

Do cidadão indiferença. E canto!

Canto antes que cheguem outros, Tantos outros loucos como eu, Em busca de meus sonhos. (CONSTÂNCIA, 1999, p. 93.)

 

Já Arlinda é tímida e intimista ao se apresentar poeta, ela simplesmente fala em um de seus poemas, constituído em três quadras que possui um "precioso relicário dos meus sonhos" onde faz anotações sobre seus sentimentos, como se observa em negrito e itálico na transcrição, logo abaixo. Nesse trabalho Arlinda se diz escritora.

Automaticamente se observa que o mesmo não possui título, já apresentando a artista em sua maneira singular de escrever. Um outro ponto marcante também na artista é o uso de iniciais maiúsculas em palavras comuns que se situam no meio dos versos e essa situação se encontra em grande parte de seu trabalho literário. O porquê disso não sei, talvez uma forma de identificação dos mesmos como de sua autoria.

Nos momentos em destaque (negrito) observa-se os seus momentos intimistas de apresentação como escritora de poemas:

 

Não é vaidade, é um desejo enorme somente, Que tenho de te ver encadernado

Meu fiel companheiro,

confidente dos meus segredos! Oh!... Meu livro amado!

Quantas vezes meus dias tristonhos suavizaste com teu meigo encanto? Precioso relicário dos meus sonhos.

que contém os mistérios do meu pranto! Quantas vezes chorando eu te escrevia deixando nas tuas páginas a confissão da amargura cruel que padecia

no deserto de minha solidão?!...

(HISTÓRIA DA LITERATURA DE MATO GROSSO, 2001, p. 81)

 

4.3 AO AMOR, EM POESIA

 

Quanto à dinâmica de Arlinda, que existe, mas de uma maneira bem peculiar, pois todos seus poemas são dedicados a uma única pessoa, seu marido, a baiana é totalmente dinâmica quando fala de seu amor por esse homem como observamos no poema transcrito abaixo.

A artista romântica e do romantismo, como se vê logo a seguir, quando enaltece e dignifica seu relacionamento, tornando-o quase um amor juvenil e eterno com "Morbeck". A escritora fala de "beijos brandos", os quais eram assistidos por sabiás, o que denota o amor romântico, pueril, doce e singelo daquele tempo. Também podemos observar sua verve romântica comparando este trabalho com o de Gonçalves Dias transcrito mais abaixo com as semelhanças enumeradas e os versos que se assemelham em negrito quando enaltece a situação de amante e amada.

 

O TRINADO DO SABIA¹

 

Escutávamos o cantar melodioso¹ do louro sabiá no arvoredo, ¹

do rumor do ribeiro vaporoso² o sabiá não demonstrava medo!

 

O sabiá trinava e repetia¹

sua amena canção muito saudosa, ³ depois, para o palmeiral fugia olhando o brilhar da luz esplendorosa!

 

Sentados no banquinho de madeira

debaixo do jambeiro, entrelaçados contemplávamos a planície tão fagueira² nos beijávamos, brandamente, apaixonados!

 

A música dos nossos beijos escutava o sabiá parando de cantar,

nos esquecíamos que o sabia ali estava escutando nos dois a beijar!

(HISTÓRIA DA LITERATURA DE MATO GROSSO, 2001, p. 83)

 

CANÇAO DO EXILIO³

Minha terra tem palmeiras. 4

Onde canta o Sabiá; ¹

As aves que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.

 

Nosso céu tem mais estrelas, 5 Nossas várzeas tem mais flores² Nossos bosques tem mais vida, ² Nossa vida mais amores.

 

Minha terra tem primores. Que tais não encontro eu cá; Em cismar - sozinho à noite -5 Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras,4 Onde canta o Sabiá.

 

Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte pra lá; ³

Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá;

Sem “qu'inda” aviste as palmeiras,³ 4

Onde canta o Sabiá.¹

(Gonçalves Dias in.: Alguma Poesia)

 

Roziner se apresenta apaixonada de maneira atual, o que caracteriza a modernização, a independência da mulher nos dias de hoje. E isto é característica marcante desta escritora contrapondo com a forma literária de Arlinda. Interessante notarmos que “os envergonhamentos” (as vergonhas) se tornaram coisa do passado de uma época de devaneios e amores sonhadores. No poema a seguir, escrito de forma direta e objetiva temos de maneira bem moderna e explicitada na arte literária de Roziner "o entregar ao amor, a paixão" muito bem expresso, como se observa nos versos em negrito.

 

PURA LINGUAGEM

 

Beijos Abraços Sussurros

E olhares despudorados Nossos corpos liam Esses códigos e sinais

E os traduziam Em êxtase

E nós nos entregávamos Um ao outro

Como fera e domador.

Não sei quem domava quem, Porque não havia vencedor... Na arena, éramos dois

Em um só corpo e desejo,

Éramos a pura linguagem do amor.

(POESIA DO BRASIL. vol.6, p. 295)

 

O que chama a atenção em Arlinda é a maneira que descreve em forma poética que descreve como se fosse um diário de vida todo seu enlace, vivência e desenlace com "Morbeck" (seu esposo). Configurando uma apresentação e o começo do amor desse homem por ela, passando pela indiferença e distanciamento até chegar ao fim. Todo o trabalho poético de Arlinda começa apresentando o envolvimento amoroso, a paixão, como se vê em "MEUS DESEJOS" (que se encontra transcrito logo abaixo e em negrito os pontos de realce da paixão) e em “O TRINADO DO SABIA" já lido acima e novamente apresentado abaixo fragmentos que realçam a paixão e o amor do casal Morbeck.

 

O TRINADO DO SABIA

Escutávamos o cantar melodioso Sentados no banquinho de madeira debaixo do jambeiro, entrelaçados contemplávamos a planície tão fagueira

nos beijávamos, brandamente, apaixonados!

A música dos nossos beijos escutava o sabiá varando de cantar.

nós esquecíamos que o sabiá ali estava escutando nós dois a beijar!

(HISTÓRIA DA LITERATURA DE MATO GROSSO. 2001, p. 83)

 

MEUS DESEJOS

 

Quisera acompanhar-te nos caminhos, seguir-te a todo instante e a qualquer hora, ouvirmos ao surgir a luz da aurora,

o melífluo trinar dos passarinhos. vagamos pela estrada da Ventura,

sem mágoas, sem martírios, sem espinhos! Quisera nas florestas seculares,

afrontar o gentio, astuto, esperto...

mostrar-lhe à tua frente o peito aberto, sacrificar a vida por teus males.

sorrir ante o furor de sua seta

animar-me ao clarão dos teus olhares!...

(HISTÓRIA DA LITERATURA DE MATO GROSSO, 2001, p. 82)

 

Nesse momento, quando se lê estes poemas "O TRINADO DO SABIA", "MEUS DESEJOS" e "PURA LINGUAGEM", acontece um dos pontos de paralelismo entre as duas autoras e é como se fossem uma só, como se houvesse um pré-acordo entre ambas, como professoras dividindo o conteúdo para melhor assimilação pelo alunato, no qual uma apresenta a paixão e a outra explica como os apaixonados procedem. Cada uma a sua maneira, à sua época como se observa nos versos em negrito dos três poemas.

 

4.4 O AMOR FRAGMENTADO

 

Quando Arlinda escreve os sonetos "DÚVIDA" e "NÃO SEL..." logo abaixo, falando de um talvez possível abandono do ser amado por ela (em negrito no poema). no qual questiona o sentimento do amado (marcado com i ao início e ao fim do verso).

 

DÚVIDA

 

i Tens saudades de mim quando ausentas i i para distante ou qualquer lugar? i

Não acreditas que fico a suspirar

nestas angústias que me definham lentas?

 

i A dúvida me acompanha o Pensamento. i que foge de mim e vai te procurar i

na incerteza de contigo se encontrar porque deves estar feliz nesse momento!

 

i Tens saudades de mim que, aqui, lamento i sua ausência que me tortura o coração i escondido no meu castelo de ilusão

 

A vida é uma quimera, os dias passam, o coração que ama game aflita

i tens saudades de mim?... Não acredito! i

(HISTÓRIA DA LITERATURA DE MATO GROSSO, 2001, p. 85)

 

NÃO SEI ...

i Não sei quando chegares que dizer-te, i i fitando teu misterioso olhar! i

Não sei se digo que não sei mais querer-te,

Não sei se devo o Passado recordar!

 

O silencio será meu conselheiro, meu coração pulsará com languidez

i pois o meu triste e pobre companheiro i i vive comigo a soluçar. Não crês? I

 

Vem! Estou ansioso te esperando. não sei dizer-te o que estou passando a Ingratidão roubou minha alegria!

 

Não sei dizer-te o que estou passando não te direi se ainda estou te amando. levaste o meu amor naquele dia!!...

(HISTÓRIA DA LITERATURA DE MATO GROSSO. 2001. b. 86)

 

Roziner já é mais conclusiva e apresenta em "METADE" que a separação já ocorreu, não há floreios, nem contornos. E direta e objetiva. Como se observa na transcrição abaixo com destaque em negrito para os pontos que apresentam isso. E sonhos e ilusões apenas significam uma fuga a essa realidade, observamos isso nos versos demarcados entre si.

 

METADE

 

Somos sempre metade...

às vezes uma metade sem razão de ser.

 

Hoje sou metade ...

Você é metade ... mas nossas metades não tem explicação.

 

Que fiz eu para que se fosse i i sem explicação? i

i Por acaso não quis também eu i i viver nossos momentos? I

 

i Se éramos dois a querer, i i O que houve então? i

i Medo? i

Não creio não!

 

Vai me dizer que nunca foi poeta?

i Vai me dizer que nunca brincou com a solidão?

 

i É tarde... com você ficará apenas a saudade i i do que poderia ter sido... i

i e não foi! i

 

i De que adianta agora tanta interrogação? i

No primeiro verso, você se afastou...

i Nem tempo tive para compor a poesia de nós em nós a sós. i

 

i Por que tirou a fantasia, i

i antes que o baile terminasse? I

 

Você não deu tempo nem de eu me vestir para me desnudar...

 

É tarde...

 

i E eu fico sem entender i

i o porque da interrogação. i

(POETAS DO CAFÉ, 2006, vol. 2. p. 93-94)

 

Ao lemos esses três poemas percebemos um outro paralelo entre Arlinda e Roziner, no qual Arlinda fala sobre seus problemas amorosos c o afastamento do ser que sempre se mantém ausente. E Roziner, séria e solícita, explica de forma poética toda essa situação de amar e ser ou não correspondida, de relacionamento de que se acaba, como parte amputada de nós que tragicamente morre, tornando-nos todos metade, e metade sem a outra metade, mas é nessa nossa metade é que nos completamos com solidão.

 

4.5 O FIM DE UMA PAIXÃO

 

Em "DESPEDIDA", percebemos a paixão de Arlinda por seu esposo, na verdade esse soneto apresenta pontos da convivência do casal Morbeck como pode se ver transcrito logo abaixo e em negrito os pontos que definem isso. E no último verso, sentimos em Arlinda, já o pressentimento que algo não ia bem, que o fim poderia acontecer, que aquela despedida relatada em forma poética como vemos, significava muito mais que uma simples despedida, havia algo mais no poema e no choro da poeta tão bem descrito poeticamente.

 

DESPEDIDA

 

Naquela tarde fria de novembro, tu me apertaste ao teu coração. eu soluçava em extrema comoção

não choravas também, eu bem me lembro!

 

Cal nos teus braços soluçando. era imensa tua lívida emoção.

afagavas meus cabelos e me dizias: Não chores mais, vou e voltarei te amando. -

 

Beijei tua mão que estava quente.

beijei tens lábios com o coração fremente minhas lágrimas me traíram enfim!

 

        • Oh! ... Dizias não te entregues ao teu pranto, não crês como eu te adoro amo tanto"

        • Sim, vai, mas não te esqueças de mim!?

(HISTÓRIA DA LITERATURA DE MATO GROSSO, p.84)

 

A situação do "algo" do poema acima (Despedida), temos a confirmação no soneto DUVIDA", onde a artista reconhece o fim da paixão do ser amado por ela. do amor de Morbeck. como se poeticamente expresso abaixo (destacados com ii estes pontos). Também em outros trabalhos observamos essa certeza como em "DESALENTO", "TUDO PASSA" ou "NAO ME AMAS!", (transcritos abaixo com os itens que levam a compreensão do fim em negrito).

 

DÚVIDA

 

Tens saudades de mim quando se ausentas para distante ou qualquer lugar?

1 Não acreditas que fico a suspirar i nestas angústias que me definham lentas?

 

A dúvida me acompanha o Pensamento. que foge de mim e vai de procurar

i na incerteza de contigo encontrar i

i porque deves estar feliz nesse momento! I

 

Tens saudades de mim que, aqui, lamento tua ausência que me tortura o coração escondido no meu castelo de Ilusão!

 

A vida é uma quimera, os dias passam, o coração que ama geme aflito!...

i Tens saudades de mim?... Não acredito! i

(HISTÓRIA DA LITERATURA DE MATO GROSSO, 2001. p. 85) DESALENTO

 

Se é pecado, meu Deus, eu amar tanto

a alguém que me contempla com desdém. sinto meu infeliz coração padecer no pranto

da desventura de um amor que torturar-me minha alma vem! Perdoai este meu grande pecado,

que suplica minh'alma amargurada! Perdoai! ... Eu vos peço contrita, ajoelhada, deixai-me cumprir os rigores do meu fado!

 

Um sigilo me atordoa o pensamento. na sensação do meu padecimento. no delírio de minha comoção! perdoai, meu Deus!... Se amo tanto!

e não posso conter o martírio de meu pranto que traz a Dúvida no meu isolado coração!!

(HISTÓRIA DA LITERATURA DE MATO GROSSO, p. 85)

 

TUDO PASSA

Quando fico muito tempo a meditar nos momentos felizes que gozei quando teus olhares contemplei sentindo meu coração a palpitar!

 

Quero esquecer-te, não quero recordar,

essas horas agradáveis que passei das quais jamais me esquecerei

e esta lembrança vem me atormentar!

 

Se fui feliz eu não posso acreditar os meus ideais vieram me acordar no reagir de minhas comoções!

 

Minha Musa quis meu sonho acalentar No meu sonho procurou me afirmar

Que tudo passa – a vida é uma ilusão!! ...

(HISTÓRIA DA LITERATURA DE MATO GROSSO, p. 89-90)

 

NÃO ME AMAS! ...

Não queres me amar, não te obrigo

o amor é espontâneo, nasce no coração floresce no jardim de uma ilusão

onde o Zéfiro é seu sincero amigo!

 

Não quero que sejas meu inimigo porque te amo e sofro com emoção sentindo do teu olhar a recordação pois teu vulto atraente está comigo!

 

O meu Segredo a ninguém eu digo

por minha senda escabrosa eu prossigo ele é meu vigoroso companheiro

 

Ele me traz a doce ilusão de viver contigo embora não e queira, não obrigo

o amor que nasce no coração é o único verdadeiro.

(HISTÓRIA DA LITERATURA DE MATO GROSSO, p. 88)

 

Roziner, também apresenta trabalhos onde desenvolve poeticamente a situação do fim de um amor, como podemos ver transcrito, logo abaixo em “MUNDO MINÚSCULO, MAIÚSCULO MUNDO”, que fala de uma solidão (ii), um encontro (xx), e novamente a solidão (yy), como se observa nos versos em negrito e na demarcação acima mencionada.

 

MUNDO MINÚSCULO, MAIÚSCULO MUNDO

i Venho de um mundo minúsculo mundo caos mundo obsessão minúsculo mundo povoado por mim e meus luares de arremesso

e medo i

x olho em teus olhos cheios de ternura e louvo o instante

em que encontrei

mesclados de desejo e ansiedade...

Mundo maiúsculo mundo x y é hoje só saudade y

venho de um mundo minúsculo... olho em meus olhos

cheios de agonia e pranto y e sinto quão grandioso foi meu minúsculo mundo maiúsculo. y

(POETAS DO CAFÉ vol. 2, p. 92)

 

4.6 UM NOVO AMOR?

 

Em Arlinda podemos notar a situação de um possível recomeço ao amor em "SEM NOME" transcrito abaixo e ressaltado estes momentos em negrito, talvez seja somente um poema, pois não temos como afirmar. Na verdade, este poema não possui título, o nome colocado, refere-se ao poema que é escrito logo em seguida, após essa inferência, e encontra- se na última linha do último parágrafo da página 90 do livro História da Literatura de Mato Grosso de Hilda Magalhães.

 

Nunca pensei que no mundo, pudesse amar outra vez,

pois meu coração está coberto com o manto da viuvez.

 

Mas um dia, escutei palmas, bateram no meu portão,

fui receber quem chegava eram o amor e a Ilusão!

 

Porque vieste aqui,

eu nunca te convidei? e aflita

Disso zangada e

és ousado, eu bem sei!

 

Venho rasgar este manto que cobre teu coração,

pois sei que estás ocultando um Amor, uma Afeição!

(HISTÓRIA DA LITERATURA DE MATO GROSSO, p. 90-91)

 

Quanto ao um recomeço amoroso, percebemos no trabalho literário de Roziner, no poema "SINTONIA", logo abaixo transcrito, que é apresentado de uma forma rápida e tímida, nos versos em negrito.

 

SINTONIA

As vozes que em mim calam

Anunciam o prenúncio de um novo discurso... Silencioso.

Nele me refaço Revisito minha dor E aqueço a saudade

De um tempo em que éramos face E interface de um diálogo, Muitas vezes disfônico, Orgástico,

Na maioria das vezes, monológico, Rouco

Sussurrado

Mas único e ternamente ontológico, Transcendental

Pelo feito do eco de duas vozes em rápida, Muito rápida sintonia.

(POESIA DO BRASIL vol.6, p. 296)

 

E nesse momento o paralelo poético entre Arlinda e Roziner faz uma inversão de valores, com a primeira se expressando abertamente sobre um recomeço como vimos em "SEM NOME" e Roziner se apresentando bastante reservada quanto a isso em "SINTONIA". Para entender isso, apresento parte da autobiografia (abaixo) de Roziner, na qual ela fala dessa timidez, desse jeito meio reservado de ser como podemos notar nas partes destacadas em negrito.

Para resumo e compreensão do trabalho literário de Arlinda Morbeck, apresento um trecho lindo (logo abaixo) de Hilda Guimarães, ao se referir a ela.

 

"... Sou manteiga derretida: choro ao ver um filme, ao ver alguém chorar, ao ver alguém sofrendo alguma injustiça. Extremamente perfeccionista. Mas nem um pouco perfeita. Aprendiz sempre! Sou tímida. Arredia. Meio bicho do mato, talvez por isso, curto a solidão, mas não sou solitária. Tento "me virar sozinha". Dizem até que sou egoísta. O silencio é o melhor companheiro: com ele aprendo e me educo. "

Roziner Guimarães in.: Poesia do Brasil, v. 6. p. 291

 

Arlinda canta o amor e a angústia e é através destes dois emblemas que consegue desvendar, como nenhum outro poeta de sua época, a alma feminina perdida em paixões, incertezas e desilusões. (HISTÓRIA DA LITERATURA DE MATO GROSSO, p. 91)

 

4,7 A PROPOSTA

 

Assim, esse trabalho trata dos sentimentos e emoções contidas e incontidas dessas duas artistas do nosso regional literário do Vale do Araguaia, expressividades poéticas tão bem trabalhadas e apresentadas de forma natural, cada uma à sua época, à sua maneira.

Sei que este trabalho não primou para quesitos como estrutura poética, compassos e ritmos poéticos e muito menos os tão conhecidos sistemas de metrificação que encontramos tão bem detalhados e explicitados em "VERSOS, SONS, RITMOS" da Norma Goldstein ou em "SOCIEDADE, EROTISMO E MITO" da doutora e professora Célia Maria. Também não foi detalhado níveis, rimas ou figuras de efeito sonoro. Pois neste trabalho a proposta é conhecer a resposta feminina ao desenvolvimento do sentimento e da emoção perante as mais diversas situações em que o amor à vida nos propõe. E, essas duas poetas, melhor que ninguém, nessa parte do Mato Grosso, mais conhecida como Vale dos Esquecidos, conseguem apresentar isso usando da simplicidade, da ousadia e do conhecimento pessoal do Eros poético que cada mulher carrega dentro de si.

 

 

5 CONCLUSO

 

MISTÉRIOS

 

Que compreende a razão de sorrir,

Se todo o meu sorriso faz-se por você? Que incógnita envolve esse mistério de amar,

Se o próprio amor não é mais que um bem querer?

Que gestos são mais que palavras,

Se nas palavras reside todo o entender? Que mistério há nas negras noites caladas,

que porventura se refugiam nas manhãs ensolaradas?

(Poetas do Café v.2. Magalhães, Priscila; 2006. p. 88)

 

Como todo sonho bom que se acaba ao acordar, Arlinda e Roziner são assim, lindas, fugazes, fortes, ternas, fugidias, sinceras, amantes, mães, amigas. Maravilhosas mulheres, esplendidas poetas que brincaram e brincam com papel e tinta e nos deixam enternecidos com suas formas de explicar o cotidiano, o inusitado. A dinâmica do viver e conviver.

Toda poesia tem um fio invisível que a liga a outra poesia, dessa forma, ela se torna universal sem sair de seu lugar. E foi assim que consegui organizar este trabalho, seguindo esse lindo fio invisível que une essas duas mulheres. A forma de segui-lo? Sensibilidade. Interessante notar, também, os dois poemas que coloquei para abrir e fechar este trabalho. O primeiro, conclama a noite e o segundo solicita a manhã. Assim, acredito que tenha sido o desenvolvimento: uma noite de sonhos e de todos os mistérios que a envolve...

 

 

REFERÊNCIAS

 

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