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A IMPORTÂNCIA DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL E O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Emanoele Lionara de Almeida Santos Borges

Heneia Pedrosa Pereira da Silva

Isabel Frederica De Arruda

Orcione Maria Carvalho dos Santos

Lais Ramos

 

 

RESUMO

O presente artigo tem como finalidade compreender a importância da contação de histórias na educação infantil e o processo de ensino e aprendizagem, bem como entender o mundo literário participa de nossas vidas, transvestido de diferentes formas. Para execução da pesquisa foram desempenhadas algumas leituras e análises de textos caracterizando um estudo bibliográfico de cunho exploratório. Diante desse contexto pode-se dizer que através das histórias, as pessoas galgam a oportunidade de se tornar leitores assíduos e competentes linguisticamente, além de poder caminhar por uma estrada infinita de descobertas e compreensão do mundo. Diante dessas considerações, é possível ressaltar que que a contação de histórias é de grande relevância, devendo ser valorizada e desenvolvida no ambiente escolar para potencializar a imaginação, a linguagem, a atenção, a memória, o gosto pela leitura e outras habilidades humanas. Desse modo pode-se contextualizar que o uso da contação de história em sala de aula, todos os atores da educação compartilham emoções, seja o aluno que será instigado a imaginar e criar, como também o professor que terá uma aula mais agradável e produtiva. Outro ponto em que compartilham tais emoções é no desenvolvimento comunicativo, devido ao estímulo da sua oralidade, que leva a criança a dialogar com seus colegas ouvintes e professores. Sendo assim conclui-se que a contação de histórias é uma ferramenta que implica diretamente no desenvolvimento infantil, promovendo desdobramentos que afetam a criatividade e a imaginação da criança. Pois a contação de história possibilita a interação social que se consolida na relação da criança com os outros sujeitos e com o mundo, propiciando a apropriação e construção de novos significados ao ouvir narrativas infantis.

Palavras-chave: Contação de História. Educação Infantil. Processo de Ensino e Aprendizagem.

 

 

INTRODUÇÃO

 

O trabalho tem como finalidade evidenciar que as histórias na educação infantil, introduz um universo que, por mais distanciado do cotidiano, leva o leitor a refletir sobre sua rotina e a incorporar novas experiências. Diante disso sabe-se que as histórias existe no mundo das escolas há muito tempo,porém muitos professores ainda não descobriram o quanto às histórias podem ajudá-los em sua missão de educadores. Portanto a contação de história na educação infantil é uma arte milenar presente em diversas culturas. Elas são organizadas de acordo com o repertório de mitos que a sociedade determina, ou seja, produz. Podemos dizer que a contação de histórias em sala de aula é divertir, estimulando a imaginação dos alunos e é claro despertar o interesse pela leitura, pois narrar uma história será sempre um exercício de renovação de vida, um ponto de partida para ensinar os conteúdos programáticos ou até mesmo entender o que se passa com os alunos no campo pessoal. Quando são contadas para crianças, abre-se uma oportunidade para que estes mitos, tão importantes para construção de sua identidade social e é claro, possam ser apresentadas a elas. Sendo assim o contar história parte do principio deste olhar, da necessidade de comunicação, da vontade de estar junto a outras pessoas e partilhar o sentimento que se move do coração e sai pelo olhar, da historia oralizada pela palavra.

De acordo com Máximo-Esteves (1998, p.125):

 

O prazer que a criança tem de ouvir e contar histórias são um claro indicador de que a fantasia e a imaginação são muito importantes para ela conhecer e compreender. Ora as histórias são o modo mais corrente de integrar a cognição e a imaginação, a Educação Ambiental e a fantasia.

 

Entretanto a contação de história na educação infantil tem grande utilidade no desenvolvimento das crianças, pois, é muito importante que os educadores busquem utilizar a contação de história em sala de aula, criando momentos agradáveis e confortáveis para o bom desenvolvimento de todos na educação infantil. Diante desse contexto que o referido trabalho foi desenvolvido, mostrando propostas para enriquecer a prática docente em sala de aula. Pois uma história contada na forma adequada ao momento levará uma criança a um mundo imaginário que lhe levará a sentir prazer . As instituições de ensino têm o papel fundamental para contribuir e estimular a contação de história na educação infantil.

Diante desse contexto conclui-se que a escolha do tema ocorreu devido a um grande interesse por pesquisar as especificidades a contação de história, buscando fundamentar, através dessas, a importância de se estimular, desde cedo, na formação das crianças, o contato com os mais variados contos infantis. Como também, o intuito de oferecer, aos futuros professores, um suporte teórico que os permita selecionar adequadamente textos a serem apresentados em sala de aula.

 

 

CONCEITUANDO DE HISTÓRIA

 

Narração de histórias (também conhecido como Contação de histórias) é a atividade que consiste em transmitir eventos na forma de palavrasimagens, e sons muitas vezes pela improvisação ou embelezamento. Histórias ou narrativas foram compartilhadas em cada cultura e em toda a terra como um meio de entretenimento, educação, preservação da cultura e para incutir valores morais. Elementos cruciais de histórias e narrativas incluem enredo e personagens, bem como o ponto de vista narrativo.

Segundo a National Storytelling Network (NSN), dos Estados Unidos, a definição de storytelling (narração de histórias em inglês) é esta: “storytelling é uma forma de arte muito antiga e uma valiosa forma de expressão humana usada de diversas maneiras.”

A narrativa é anterior à escrita, pois as primeiras formas de contar histórias eram geralmente orais combinadas com gestos e expressões. Além disso, alguns arqueólogos acreditam que a arte rupestre pode ter sido um meio de contar histórias de e para muitas culturas antigas.

Os aborígenes australianos, por exemplo, pintavam símbolos nas paredes das cavernas como um meio de guiar o contador de histórias a se lembrar da narrativa. Sendo assim, a história foi então contada usando uma combinação de narrativa oral, música, arte rupestre e dança, uma vez que trazem a compreensão e o significado da existência humana por meio da lembrança e da encenação de histórias. Ademais, as pessoas usavam também os troncos esculpidos de árvores vivas e outros elementos da natureza, para registrar histórias em imagens, por escrito, ou ainda por através da tatuagem também, com informações sobre genealogia, afiliação e status social.

Com o advento da escrita e o uso de mídias estáveis e portáteis, as histórias foram gravadas, transcritas e compartilhadas em amplas regiões do mundo. Essas narrativas foram esculpidas, riscadas, impressas ou pintadas em madeira, bambu, marfim, ossos, cerâmica, tabuinhas de argila, pedra, livros de folha de palmeira, peles (pergaminho), tecido de casca de árvore, papel, seda, tela e outros tecidos , gravado em filme e armazenado eletronicamente em formato digital. As histórias orais continuam a ser criadas, de forma improvisada por contadores de histórias, bem como comprometidas com a memória e passadas de geração em geração, apesar da crescente popularidade da mídia escrita e televisiva em grande parte do mundo.

Contar histórias é um meio de compartilhar e interpretar experiências e memórias. Peter L. Berger diz que a vida humana está enraizada narrativamente, uma vez que os humanos constroem suas vidas e moldam seu mundo em casas em termos dessas bases e vivências. As histórias são universais porque podem fazer a ponte entre as diferenças culturais, linguísticas e relacionadas à idade. A narrativa pode ser adaptativa para todas as idades, deixando de fora a noção de segregação por faixa etária.  A narração de histórias também pode ser usada como um método para ensinar ética, valores, normas e diferenças culturais.

Contar histórias é muito mais do que ler, relaciona-se à ideia de interpretar aquilo que se lê, tanto para si quanto para o outro; significa desvelar os signos e deleitar-se com o que se lê. O professor/contador apresenta-se às crianças também como alguém que expõe suas impressões de mundo, encorajando-as a fazerem o mesmo. As crianças nesse processo, manifestam-se ao dar significações ao que está à sua volta, ao expressar suas visões diante das relações familiares e com as demais crianças e os adultos de seu convívio. Manifestam-se ainda, por meio de vontades, desejos e anseios e precisam ser ouvidas, pois são agentes ativos na sociedade.

A tarefa fundamental do professor e/ou contador de histórias na Educação Infantil fica sendo a de contar histórias que provoquem a imaginação, estimulem a criação e também a interação tanto com o mundo e os objetos como entre si. As histórias devem ativar a imaginação das crianças para que a partir disso se enxerguem nas situações e personagens, conectando sua própria realidade ao universo imagético. 

A aprendizagem é mais eficaz quando ocorre em ambientes sociais que fornecem pistas sociais autênticas sobre como o conhecimento deve ser aplicado, pois as histórias funcionam como uma ferramenta para transmitir conhecimentos em um contexto social. Portanto, toda história tem 3 partes. Primeiro, a configuração (o mundo do herói antes do início da aventura). Em segundo lugar, o confronto (o mundo do herói virou de cabeça para baixo). Terceiro, a resolução (o herói vence o vilão, mas não é o suficiente para o herói sobreviver. O herói ou o mundo devem ser transformados). Qualquer história pode ser enquadrada nesse formato.

O conhecimento humano é baseado em histórias e o cérebro humano consiste na maquinaria cognitiva necessária para compreender, lembrar e contar histórias. Os humanos são organismos contadores de histórias que, tanto individual quanto socialmente, levam vidas históricas. Isso posto, as histórias espelham o pensamento humano como os humanos pensam em estruturas narrativas e na maioria das vezes se lembram dos fatos na forma de histórias. Os fatos podem ser entendidos como versões menores de uma história maior, portanto, a narrativa pode complementar o pensamento analítico. Porque contar histórias requer sentidos auditivos e visuais dos ouvintes, pode-se aprender a organizar sua representação mental de uma história, reconhecer a estrutura da linguagem e expressar seus pensamentos.

Nesse ponto, é vital a compreensão da contação de histórias como conhecimento e fruição, porquanto ela envolve linguagens que abrangem desde a oralidade, a leitura, o gestual, até as próprias percepções extraídas do texto lido, visto ou ouvido.

As histórias tendem a se basear no aprendizado experimental, mas aprender com uma experiência não é automático. Freqüentemente, uma pessoa precisa tentar contar a história dessa experiência antes de perceber seu valor. Nesse caso, não é apenas o ouvinte que aprende, mas o narrador que também toma consciência de suas experiências e antecedentes únicos. Este processo de contar histórias é muito rico, pois o narrador transmite ideias de forma eficaz e, com a prática, é capaz de demonstrar o potencial da realização humana, reavivando suas memórias.

A contação de histórias nas Bibliotecas Escolares

 

Visto que a função cultural da biblioteca escolar é contribuir para a formação nos alunos do gosto pela leitura e busca do conhecimento, existem diversas atividades que este setor da escola pode realizar, como a contação de histórias (ou hora do conto), horários para jogos educativos e recreativos, exposições de livros, seção de arte, dramatização, teatro infantil e atividades para crianças portadoras de necessidades especiais. [26] (DUBOIS, 2014. pg 21)

 

Segundo Dubois, a contação de histórias na biblioteca escolar desenvolve para além da criatividade e interesse pela leitura, mas também o letramento das crianças, uma vez que elas estão entrando em contato com um mundo totalmente diferente da delas, um mundo letrado, repleto de narrativas, comunicação e informacional. De acordo com a autora, ao ter contato com a narrativa da história, ver o livro, as ilustrações, encenações, dentre outras formas de narração, a criança consegue compreender melhor o conteúdo da história e recontar com as palavras dela. Além da importância do contato com os livros que conversam com a narrativa, Dubois (2014), profere sobre o movimento das crianças conhecerem novas histórias, novos contextos e culturas, que fazem parte da sua formação como sujeito. A vista disso, a contação de histórias dentro da biblioteca, também incentiva os alunos a utilizarem esse espaço, fazerem os empréstimos dos livro e a participarem das atividades promovidas ali.

 

O hábito de ouvir histórias desde cedo ajuda na formação de identidades; no momento da contação, estabelece-se uma relação de troca entre contador e ouvintes, o que faz com que toda a bagagem cultural e afetiva destes ouvintes venha à tona, assim, levando-os a ser quem são. “Contar histórias é uma arte porque traz significações ao propor um diálogo entre as diferentes dimensões do ser. (BUSATTO, 2003, p. 10).

 

Sendo assim, a contação de histórias também possui um papel de suma importância no ambiente das bibliotecas escolares, na área do letramento, criatividade, construção da narrativa e formação desses sujeitos, por meio dessas trocas culturais, dos diálogos que podem envolver desde culturas contemporâneas, até as da antiguidade, principalmente nesse dispositivo cultural chamado biblioteca, que por sua vez é um espaço relacional.

Contar história portanto, contribui para a formação de leitores e para a mobilização do imaginário infantil. Miranda (2015, p. 9) afirma ainda que “contar histórias é uma arte ancestral, cujo fascínio sobre o ser humano permanece, ao longo do tempo, colaborando para a consolidação do imaginário coletivo e enredando narradores e ouvintes de uma mesma trama”. A contação acompanha-nos desde as infâncias como construção de identidades; é um modo de percebermos a realidade com o olhar renovado e constituído de sentidos.

 

A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A contação de histórias na educação infantil é uma forma lúdica de transmissão de conhecimentos e um poderoso estímulo à imaginação. Por auxiliar no desenvolvimento físico, cognitivo e socioemocional das crianças, se destaca como uma importante aliada da educação infantil. Partindo da afirmativa de que empregamos a contação de histórias para promover estímulos à leitura, podemos então dizer que sonhar imaginar, sentir, são contribuições essenciais nesse processo. A contação de histórias na educação infantil atenta nas crianças o desenvolvimento de operações mentais auxiliares na construção dos significados das palavras ouvidas, de forma que incorporadas ao contexto da história, possam, além de enriquecer o seu vocabulário, auxiliar no desenvolvimento da leitura e da escrita. Diante desse contexto, a contação de histórias na educação infantil são distinguidas como um importante auxiliar na formação das crianças, na compreensão e absorção dos significados, assim como o desenvolvimento das práticas leitoras. As crianças que escutam as histórias incorporam uma atitude analítica exemplificada pelo orador, por meio de seus comentários e problematizações durante a contação de histórias, permitindo o desenvolvimento do seu senso crítico.

Entrentanto por essas razões que o texto literário, em especial a contação de história na educação infantil se caracteriza como um instrumento importante para que o professor possa propiciar momentos reais de atividades em sala de aula, gerando motivação e necessidade de ler nas crianças, desde muito pequenas.

Sendo assim, a contação de história atua na formação da criança em várias áreas, contribui no desenvolvimento intelectual despertando assim o interesse pela leitura e instigando a imaginação por meio da construção de imagens no mundo da realidade e ficção, atuando também no desenvolvimento comunicativo logo, que a sua provocação da oralidade leva o aluno a dialogar com seus colegas, desenvolvendo, além disso, a interação sócio-cultural da criança ao proporcionar essas interações entre os alunos e criação de laços sociais e formação de gosto pela literatura e artes.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Diante do trabalho em evidência, pode-se enfatizar sobre a importância da contação de história na educação infantil, como também sua contribuição para os aspectos social, cognitivo, reforçando as intenções educativas e de aprendizagem da criança. Ouvir e contar histórias é uma atividade que dentre outras, pode desenvolver o emocional da criança, ajudá-la a se organizar e socializar além de auxiliá-la no processo de alfabetização.

Portanto, a contação de história pode mudar o mundo infantil e estimular a imaginação das crianças para um mundo onde só elas têm a chave que as levam e as trazem de volta para a realidade. Diante disso é surpreendente e fantástico mergulhar nesse mundo de imaginação. A contação de história na educação infantil é considerada um instrumento pedagógico prazeroso e de grande auxílio no processo de construção da aprendizagem da criança.

Nesse contexto, pode-se concluir que o estudo aqui apresentado é um recurso valioso na formação dos acadêmicos, especialmente por proporcionar aos sujeitos envolvidos a possibilidade de ampliar seus conhecimentos na área além de levá-los a refletir sobre a prática vivenciada.

Sendo assim, percebemos que essa prática de contação de histórias na educação infantil, de forma bem trabalhada, contribuiu de forma significativa e produtiva para a construção de textos cada vez mais coerentes e cheios de imaginação e que a oralidade instigou um melhor desenvolvimento, tornando a criança mais predisposta a sentir-se criativa e capaz de superar seus próprios obstáculos na escrita. Portanto constata-se, ainda, que a prática do docente em inovar suas aulas, buscando meios que facilitem o ensino aprendizagem, é cada vez mais conveniente ao fazer pedagógico.

 

 

REFERÊNCIAS

 

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A CULTURA DA DANÇA NO ESPAÇO ESCOLAR E O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DA CRIANÇA

Cristiane da Silva Moreira

Daiana Felix de Oliveira

Evanderson dos Santos Antunes

Marina Rolim Aragão

Renata Rayane Pereira dos Santos

 

 

RESUMO

O presente trabalho sobre a cultura da dança no espaço escolar e o processo de ensino e aprendizagem da criança, tem como objetivo demonstrar, através da literatura, que a dança traz diversos benefícios, desenvolvendo inúmeras capacidades. Sendo assim, a dança enquanto um processo educacional, não se resume simplesmente em aquisição de habilidades, mas sim, poderá contribui para o aprimoramento das habilidades básicas, dos padrões fundamentais do movimento, no desenvolvimento das potencialidades humanas e sua relação com o mundo. Diante disso, o uso da dança como prática pedagógica favorece a criatividade, além de favorecer no processo de construção de conhecimento. Portanto a dança, sendo uma experiência corporal, possibilitará as crianças novas formas de expressão e comunicação, levando-os à descoberta da sua linguagem corporal, que contribuirá para o processo ensino aprendizagem. Sendo assim pode-se dizer, que a dança enquanto um processo educacional, não se resume simplesmente em aquisição de habilidades, mas sim, poderá estar contribuindo para o aprimoramento das habilidades básicas, dos padrões fundamentais do movimento, no desenvolvimento das potencialidades humanas e sua relação com o mundo. Além de favorecer no processo de construção de conhecimento. Por fim conclui-se que a cultura da dança na escola é uma estratégia inteligente para que as crianças aprendam a expressar as suas emoções. Pois o movimento corporal é essencial para o desenvolvimento dos pequenos, visto que expande os conhecimentos e aprimora habilidades motoras. Nesse contexto a pesquisa foi de natureza qualitativa, do tipo bibliográfico. O estudo mostrou que a dança pode melhorar a aprendizagem, o comportamento social dos alunos, desenvolvendo aspectos motores e cognitivos, que levam à cidadania moral, moldando suas perspectivas e ideias.

 

Palavras chaves: Dança, cultura,espaço escolar, processo ensino aprendizagem.

 

 

INTRODUÇÃO

 

O presente artigo tem como reflexões a cultura da dança no espaço escolar e o processo de ensino e aprendizagem da criança, diante disso a dança entra nos espaços escolares como componente lúdico capaz de oferecer aos alunos um importante instrumento pedagógico para o desenvolvimento corporal, além de contribuir para o desenvolvimento da aprendizagem.

Diante disso pode-se dizer que a dança é cultura, é expressão corporal, é comunicação e por isso reforça-se que a mesma precisa ser entendida, estudada de uma forma específica, pois abrange muitos conceitos (DARIDO; SANTOS, 2012).

Nesse contexto a dança pode ser um meio de motivar os alunos a vivenciar a novas práticas, trazendo exemplos passados de que ela é importante, de que é necessária. Os professores devem dar a túnica formal e estimular a criatividade para se expressarem. Fomentar que a mesma os envolva de forma integrada, pois não se trata apenas de conteúdo, os sentimentos, as emoções, são importantes para sua formação (VARANDA, 2012).

Assim sendo, este trabalho justifica-se pela necessidade de conscientizar que a dança como componente curricular não pretende formar bailarinos, antes disso, pretende oferecer ao aluno uma relação mais efetiva e intimista com a possibilidade de aprender e expressar-se criativamente através do movimento. Entretanto a dança na escola não é a arte do espetáculo, é educação através da arte. Pois a dança tem suma importância para alcançar os objetivos da Educação, um deles sendo o desenvolvimento dos aspectos afetivo e social, portanto esta prática propicia ao aluno grandes mudanças internas e externas, no que se refere ao seu comportamento, na forma de se expressar e pensar.

Os objetivos desse artigo foram investigar, sob forma bibliográfica, de que forma a cultura da dança como prática educativa pode contribuir com o processo ensino aprendizagem. A fim de levar os educadores a refletirem sobre suas práticas pedagógicas, contribuindo de maneira significativa para a entrada definitiva da dança no currículo das escolas brasileiras. Conscientizar sobre a importância da dança no espaço escolar. Incentivar a reflexão de novas idéias e discussões sobre a educação pela dança.

O artigo trata-se de uma pesquisa descritiva, qualitativa, inserida na metodologia de pesquisa bibliográfica, onde foram analisados dados, selecionando apenas os resultados que expressam significados sobre o tema cuidado, obtidos pela análise temática de conteúdo. Assentada nos pressupostos teóricos do tema em ação, que propõem a cultura da dança no espaço escolar e o processo de ensino e aprendizagem da criança.

Diante desse estudo pode-se concluir que tais estudiosos acreditam que a dança é tão importante para a criança quanto falar, cantar, brincar. Inclui uma riqueza de movimentos que envolvem corpo, espírito, mente e emoções, que enriquecem a aprendizagem. Os gestos e movimentos expressivos nela existentes favorecem uma ação livre e prazerosa. Por meio de ações que envolvem a dança, o processo de aprendizagem ocorre de forma direta e íntima, pois a criança assimila informações com o corpo, mente e emoções.

 

 

UM POUCO DA HISTÓRIA DA DANÇA

 

dança nasceu com os primeiros seres humanos.Através do movimento do corpo, da batida do coração, do caminhar, os seres humanos criaram a dança como forma de expressão. Por meio das pinturas encontradas nas cavernas, sabemos que homens e mulheres já dançavam desde a pré-história. A dança é uma expressão artística que usa o corpo como instrumento. Assim como o pintor utiliza pincéis e tela para criar seus quadros, o bailarino serve-se do corpo. Presente em todos os povos e culturas, a dança pode ser executada em grupo, duplas ou solos. Pela dança se expressa a alegria, a tristeza, o amor e todos os sentimentos humanos.

O surgimento da dança, se deu ainda na época da Pré-História, quando os homens batiam os pés no chão. Com o passar do tempo, foram dando mais intensidade aos sons, descobrindo que seriam capazes de criar outros ritmos, conciliando os passos com as mãos, através das palmas.

Sendo a dança uma das três principais artes cênicas da antiguidade, ao lado do teatro e da música. No antigo Egito já se realizavam as chamadas danças astro-teológicas em homenagem a Osíris. Na Grécia, a dança era frequentemente vinculada aos jogos, em especial aos olímpicos.

A história da dança cênica representa uma mudança de significação dos propósitos artísticos através do tempo.

Com o Balé Clássico (século XV), as narrativas e ambientes ilusórios é que guiavam a cena. Com as transformações sociais da época moderna, começou-se a questionar certos virtuosismos presentes no balé e começaram a aparecer diferentes movimentos de Dança Moderna. É importante notar que nesse momento, o contexto social inferia muito nas realizações artísticas, fazendo com que então a Dança Moderna Americana acabasse por se tornar bem diferente da Dança Moderna Europeia, mesmo que tendo alguns elementos em comum.

A dança contemporânea como nova manifestação artística, sofrendo influências tanto de todos os movimentos passados, como das novas possibilidades tecnológicas (vídeo, instalações). Foi essa também muito influenciada pelas novas condições sociais - individualismo crescente, urbanização, propagação e importâncias da mídia, fazendo surgir novas propostas de arte, provocando também fusões com outras áreas artísticas como o teatro por exemplo. Em 1982, o Comitê Internacional da Dança da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) instituiu o dia internacional da dança em "29 de abril", em homenagem ao criador do balé moderno, Jean-Georges Noverre.

 

DANÇA NO BRASIL 

Originou-se dos mais variados lugares, recebendo muitas influências de outros países. Com as danças, há uma mistura de ritmo e som, que fazem as pessoas criarem cada vez mais passos e modos diferentes para dançar. As danças no Brasil são diversas em cada região do país, sendo as mais conhecidas, o Samba, o Maxixe, o Xaxado, o Baião, o Frevo e a Gafieira.

Muitos são os derivados dessas danças, que recebem influências principalmente africanas, árabes, europeias e indígenas. E ainda tem espaço para as danças folclóricas e tradicionais que vão de acordo com cada região e localidade no Brasil como forróaxé, entre outras. No Brasil também há danças mais modernas como o funk por exemplo, e de influências estrangeiras como rockpoppop rockK-popheavy metal são muitas porque uma simples variação de ritmo pode mudar o título do estilo. Por isso podemos deduzir que as danças brasileiras tem origem de diferentes lugares no mundo.

 

A DANÇA E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM

A dança na escola não deve ser formar artistas, ainda que isso possa acontecer. Em primeiro lugar, a atividade extracurricular deve ser vista como uma ferramenta de aperfeiçoamento da aprendizagem. Ou seja, ela deve ser parte das práticas pedagógicas, estando integrada com outras atividades e objetivos escolares. Portanto por meio da dança, os alunos podem explorar sua capacidade de criar, de aprender e de se expressar.

VERDERI (2009) declara que:

 

a dança na escola deve proporcionar oportunidades para que o aluno desenvolva todos os seus domínios do comportamento humano e, por meio de diversificações e complexidades, o professora contribua para a formação de estruturas corporais mais complexas.

 

Dessa forma, a atividade contribui para o processo de aprendizagem, pois ajuda o aluno na construção de seu conhecimento e no desenvolvimento de habilidades. Do mesmo jeito, a dança também possibilita que os alunos desenvolvam diferentes domínios do comportamento humano — social, emocional, corporal e intelectual. Além de ampliar o repertório cultural. Por isso, atua na formação integral do indivíduo. Com isso a a cultura da dança na escola pode ir além das experiências corporais. Ela deve ser integrada com outras disciplinas. Assim, contribui positivamente com a aprendizagem de conteúdos de outros domínios, o que é muito importante no processo escolar.

Nessa perspetiva a dança no ambiente escolar, pode ser um processo e uma ferramenta de aprendizagem importantes. Mas, além disso, essa atividade também gera muitos benefícios para o desenvolvimento integral dos alunos em diferentes aspectos. A dança é uma excelente atividade para o desenvolvimento motor. Ela permite que o indivíduo tenha consciência corporal e saiba como o seu corpo se relaciona com o espaço. Assim, ele pode desenvolver coordenação motora, equilíbrio e flexibilidade, por exemplo. Essas competências são importantes para realizar diferentes atividades do dia a dia. Ainda em relação ao corpo, a dança também aperfeiçoa diferentes sentidos de crianças e adolescentes. Eles precisam usar a visão, a atenção e a concentração para aprender as coreografias e a audição para ouvir a música e interpretar os ritmos, por exemplo.

Sendo assim a cultura da dança é muito útil para o processo de ensino e aprendizagem da criança, pois ela pode criar condições que se estabeleçam relações interativas, proporcionando o conhecimento do próprio corpo e de suas possibilidades, tendo uma compreensão de modo crítico do mundo em sua volta. Entretanto ao vivenciar a cultura da dança, seja ela em expressão artística, recreativa, expressão humana, de sentimento entre outras, tais expressões leva ao enriquecimento. Segundo SARAIVA (2009), é preciso uma vivência da dança, pois ela afirma:

 

Os processos que envolvem a aprendizagem da dança visam o “sujeito criador”, a partir de sujeitos cuja expressão interior e emoções humanas já estão mediatizados pela vivência cultural e pelo meio que os cerca; um sujeito histórico, que emerge nos processos educativos imprimindo, também, seu “registro” nas suas “produções”. (SARAIVA – 2009).

 

A dança na escola também é muito importante no desenvolvimento das habilidades socioemocionais, competências cada vez mais apreciadas na sociedade. Isso porque a expressão corporal é uma forma dos indivíduos se comunicarem com os outros. Dessa maneira o trabalho com a dança também possibilita a descoberta do próprio corpo, o reconhecimento de que cada indivíduo possui diferentes maneiras de se movimentar, o que resultara na conscientização do aluno com relação ao respeito à individualidade dos seres humanos.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

A cultura da dança no espaço escolar, precisa-se continuar avançando, pois a dança contribui no processo ensino aprendizagem. Por meio dessa arte adquiri-se um desenvolvimento gradativo, com melhora no rendimento escolar, mudança positiva no comportamento, entre muitos outros aspectos, devido à dança ser uma atividade completa que exercita corpo, mente e alma. Por isso é necessário a introdução dessa arte nas escolas, a fim de que as crianças tenham acesso à arte e à cultura.

Nesse contexto em estudo o aprendizado por meio de atividades como a dança, possibilita uma melhora significativa no comportamento social dos alunos, além de desenvolver os aspectos cognitivos e motor, resultando na formação de um cidadão ético, formador de suas opiniões e idéias. Portanto, o educador deve ter uma atitude consciente na busca de uma prática pedagógica mais coerente com a realidade, como a dança, que leva o indivíduo a desenvolver sua capacidade criativa numa descoberta pessoal de suas habilidades, contribuindo de maneira decisiva para a formação de cidadãos críticos autônomos e conscientes de seus atos, visando a uma transformação social.

Dessa forma conclui-se que espera-se que essas reflexões levem a novas idéias e discussões, sobretudo, do aprofundamento da cultura da dança, nos espaços escolares enquanto um conteúdo importante para auxiliar o desenvolvimento do processo ensino aprendizagem. Assim a dança, entendida como a arte de expressão em movimento, destaca na educação a ótica da sensibilidade, da criatividade e da expressividade, como uma nova direção que se quer dar para a razão, a ética, e cultura – pelo saber através do sentir, da intuição, e com o objetivo de uma formação integral do aluno.

 

 

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A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Isanira Amorim Pereira Rodrigues Magalhães

Marly Jóice Silva Dockhorn

Vivyan Dockhorn1

 

 

RESUMO

O presente artigo realizado conceitua e compreende sobre a importância do lúdico na educação infantil, como um fator fundamental para que se desenvolva o aprendizado da criança. Quanto a metodologia a qual foi escolhida, será realizada em dois tipos, no qual o primeiro tipo expõe a pesquisa de cunho indutivo como metodologia, e sendo realizado a pesquisa bibliográfica, como em artigos e em periódicos, contando também à consulta em bibliotecas virtuais de notáveis universidades brasileiras. O referido artigo abordará o tratamento do lúdico como ferramenta fundamental no conceito de aprendizagem visando na Educação Infantil. Expondo que através de jogos e brincadeiras usando-os como metodologia que auxilia a construção do processo de ensino e aprendizagem, com enfoque de relatar sobre toda a importância do lúdico na educação Infantil. Incluindo o psicopedagogo com papel fundamental na intervenção por meio lúdico, assumindo o papel preventivo e remediador na educação infantil. Pois o modo lúdico de ser ensinado, é crucial para a criança, sendo que ela precisa de que haja uma atenção maior relacionado a brincadeiras, jogos, alegria, teatros, músicas, dramatizações, por fim, a criança carece de desafios, em que precisa saber o que é respeitar o limite de cada tipo brincadeira, desde que desperte algum tipo de interesse que consiga motivá-la na construção e reconstrução do conhecimento.

 

PALAVRAS-CHAVE: Lúdico. Educação Infantil. Ensino. Aprendizagem.

 

 

1 INTRODUÇÃO

 

O estudo abordado neste artigo tem o enfoque sobre a importância do lúdico na Educação Infantil, que é vivenciado de modo agradável para ser ensinado juntamente com o prazer de aprender. Por meio das atividades de caráter metodológico, com bom humor para que seja despertado o sentimento de prazer que é o da descoberta que consegue ser levado ao ponto para que seja construído o conhecimento que produz um sentimento de satisfação que é de se aprender brincando.

A importância da ludicidade na educação infantil é conceituar e compreender como um tipo de ferramenta que possa ser usado já em sequência no ato de ser construído com todo o processo de ensino e aprendizagem, que proporcione a criança no momento de aprender algo prazeroso e que seja incentivado durante sua vida escolar.

O trabalho com a ludicidade precisa ter flexibilidade para que seja passado claramente e com leveza o que foi preparado para aquela criança no ato de aprender algo novo, para auxiliar nesse momento as brincadeiras e os jogos são fundamentais, mas carecem de um espaço seguro e maior já como se trata de crianças da educação infantil. Nesse espaço a organização é primordial para que as atividades lúdicas possam ser desenvolvidas e que consiga ocasionar em aprendizagem e conhecimento.

Neste referido artigo salientar e conceituar sobre a palavra lúdico, da brincadeira, do brinquedo e do ato brincar como é introduzido no processo de ensino e aprendizagem. Os jogos é um tipo de atividade que consegue despertar um elevado interesse no aluno.

E por último expor a importância do lúdico e o psicopedagogo na educação infantil, onde é evidenciado o favorecimento sob investigação que desenvolva os jogos e brincadeiras de modo de intervenção, para que consigam desenvolver o processo de aprendizagem como uma ferramenta facilitadora do desenvolvimento infantil.

Sendo assim, o artigo exposto foi elaborado com o foco de retratar o lúdico como fator principal voltado a educação infantil, como ferramenta essencial para os professores consigam de maneira progressiva e constante estimular seus alunos a seguirem o caminho que os leve a novas experiências e aprendizados, sendo importante que o educador veja cada pequena conquista e vibre com a criança para que se sinta incentivada, mas sempre respeitando o ciclo do tempo de cada aluno e as suas necessidades.

 

 

2 DESENVOLVIMENTO

 

2.1 LÚDICO: CONCEPÇÕES

Ao discorrer sobre o lúdico para poder entender melhor de acordo com o dicionário escolar da Academia Brasileira de Letras (2011), cita como significado da palavra lúdico como:" [...] que se refere a jogos, brinquedos e divertimentos: o aspecto lúdico da aprendizagem.”

Conforme Ferreira (2002) o lúdico está tanto no ato de brincar que consegue provocar divertimento por meio de atividade incluindo o jogo, ação de jogar, que facilita o meio de aprendizagem, mas o lúdico em si não se caracteriza como apenas jogo ou brincadeira, mas sim a ação que consegue provocar uma forma de ensino leve que forma uma junção que acarreta uma aprendizagem divertida.

Passos (2013) discorre que o jogo apesar de estar diretamente ligado ao lúdico consegue provocar na criança o sentimento relacionado ao de prazer, ou seja, o jogo com a falta de regras, que esforça a mente e o trabalho físico, conseguira atingir apenas o objetivo de lazer e fornecer entretenimento. Precisa do foco no processo de construção da criança para que haja o estímulo de aprendizagem para adquirir novos meios de conhecimento.

Consegue observar que no decorrer da história conforme Kishimoto (2003) na Grécia antiga e inclusive em Roma já existia indícios do lúdico, citando os jogos educativos que era recreação para representar um período de trégua entre os romanos e gregos diante dos momentos de guerra.

De acordo com Kishimoto (2002) alega que os jogos foram passados de geração em geração mediante a sua prática de gravar na memória da criança, e no Oriente e a Grécia os povos antigos já brincavam de pipas, amarelinha e de jogar pedrinhas, visando para que a criança apenas brincava pelo simples ato do prazer de brincar.

Wajskop (2009) relata que a criança que desfruta do momento de brincadeira ela consegue apossar-se do conhecimento por intermédia da prática adquirida, sendo assim o ambiente escolar precisa suprir de ferramentas para que seja construído um tipo de aprendizagem que haja significado.

Em concordância com todo conceito estabelecido do que se trata como lúdico, busca a necessidade de expor as limitações e delimitar o que é o chamado brincar espontâneo para que o que envolve a parte da ludicidade para fazer presente no processo da construção do ensino-aprendizagem, como relata Santos (2002), que se faz mostrar que o momento lúdico possui uma necessidade abrangente do próprio ser humano, e sem possuir interferência de qualquer idade.

Concluindo com o ponto de vista de Vygotsky (1991), quando é mencionada a palavra brincar logo já se reflete diretamente a infância da criança sendo assim tem que ser explorado em um grau elevado as brincadeiras e os jogos, que no âmbito escolar dentro da sala de aula age de forma facilitadora para se desenvolver a inventividade, criatividade e a interação das crianças umas com as outras.

 

2.2 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO EM RELAÇÃO A EDUCAÇÃO INFANTIL

 

Quando é retratado sobre a palavra lúdico logo já se interligado com a educação infantil, que na visão psicopedagógica é um aliado para ser desenvolvido o início da aprendizagem das crianças nessa faixa etária, consegue despertar o sentimento de querer conhecer o que está sendo proposto, de uma forma leve que as incentive-as a gostar dos jogos e brincadeiras que em vários aspectos auxilia no desenvolvimento da criança.

acordo com Maluf (2012), as escolas que possui a Educação Infantil têm de ser um ambiente acolhedor, que possa atrair, estimular e se acessíveis as crianças que estão no seu primeiro contato com o mundo do conhecimento escolar. Precisando oferecer atendimento com boas condições para as famílias, que possa possibilitar a realização de ações socioeducacionais e psicopedagógicas.

ênfase na Educação Infantil é de suma importância direcionar a criança para que seja construído seus saberes e a instruir e conduzir com a utilização de vários tipos de atividades lúdicas.

Segundo Dallabona e Mendes. “O lúdico na Educação Infantil tem por objetivo oportunizar ao educador a compreensão do significado e da importância das atividades lúdicas na Educação infantil, procurando provocá-lo para que insira o brincar em seus projetos educativos”.

Segundo o Vygotsky (1984),”as maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro torna-se ao seu nível básico de ação real e moralidade”. Em consenso com o autor as crianças criam experiências e envolvem-se em desafios através das brincadeiras e o uso do brinquedo para elevarem a sua imaginação.

Segundo Rodrigues e Rosim (2007, p.11),

 

Quando a criança brinca e se relaciona com brinquedos educativos, ela é levada pela mediação do professor e a partir disso, ela cria, usa a imaginação e através disso ela começa a distinguir a diferença entre certo e errado assim ela começa a refletir e superar suas limitações.”

 

Discorrendo sobre a citação do autor mencionado, o ato de brincar da criança e a relação com a importância do uso do brinquedo para que haja uma estimulação da criatividade, onde seja diferenciado entre fazer o certo e o errado com a instrução do professor, com intuito de elevar o grau de conhecimento e agilidade e superando suas limitações.

Embasando no conhecimento de Friedmann, (2012) refere que o professor “possibilitar tempo espaço e materiais para brincarem, livremente, escutar o que as crianças têm a se dizer”.

Sendo essencial refletir que o desempenho elevado não é somente do professor, mas sim a escola possui um grande peso para que haja um ambiente adequado, e a entrega dos utensílios para serem usados durante os jogos e brincadeiras, havendo o estímulo para o desenvolvimento e crescimento da criança.

O brinquedo para a criança na fase da educação infantil tem sua importância fundamental, segundo Caetano (2004), “a história do brinquedo é vasta e multiforme, estando sempre associada a criança, contrapondo com o adulto onde prevalece a lógica do trabalho’’ (p.18).

A criança e seu brinquedo conseguem imaginar além dos nossos olhos, por ser uma fase em que é basicamente construído através do lúdico a formação intelectual, social e com base no seio familiar que desenvolve a criança.

No ambiente escolar e auxílio do professor ajudando com os tipos certos e a como desenvolverem essa imaginação para que seja aliado do processo do conhecimento estabelecido pelo regente.

Portanto, a aplicação do lúdico no planejamento e dia a dia dos professores de educação infantil é importantíssimo, com isso o uso da ludicidade emprega o desenvolvimento cognitivo, motor e sensorial da criança, que através do uso da imaginação consegue desenvolver a oralidade que estimula a leitura e a escrita, que ocasiona sendo mais proveitoso e eficaz no que se referem à métodos tracionais e repetitivos.

 

2.3 INTERVENÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS A PARTIR DO LÚDICO

 

O psicopedagogo está vinculado diretamente com a prática do lúdico na educação infantil, por proporcionar com mais habilidade ambientes lúdicos especiais para cada tipo de criança a desenvolver habilidade e inteligência, por possuir certo conhecimento de analisar o aluno e intervir em suas ações.

Para que seja alçando um resultado satisfatório, é empregado os jogos e brincadeiras no seu começo do aprendizado na educação infantil de forma lúdica. Nesse meio, o psicopedagogo faz criar situações que estimulam a aprendizagem que desencova o total das suas habilidades cognitivo, psicomotor e socioafetivo, através de intervir com ações psicopedagógicas singulares a cada criança.

O professorar capacitado assume um certo tipo de compromisso no requisito de remediar e prevenir incluindo orientações no ensino-aprendizagem, tendo como foco as possibilidades que geram ajudar na adequação que o conhecimento induz de forma lúdica, com o intuito de ser singular para que a criança consiga aprender.

Essa intervenção psicopedagógica surge com seu papel de detectar as variantes tipos de modalidade que visa a aprendizagem e as possibilidades que o torno um modo fácil e prazeroso para aprender de diversas formas. Assim o papel do psicopedagogo é fundamental na intervenção no modo lúdico de aprender.

 

 

3 CONCLUSÃO

 

Por todos os aspectos mencionados sobre o lúdico na educação infantil, conseguiu fomentar com clareza ser de suma importância o uso dele por meio de brincadeiras e jogos para desenvolver as habilidades intelectuais da criança.

O Referencial Curricular Nacional para Educação infantil (Brasil, 1998) corrobora a devida importância do modo lúdico a ser ensinado, ao apresentar que o desenvolvimento intelectual, físico, mental e emocional do aluno ao ser estimulado pelas atividades lúdicas, possa provocar na criança toda a sua criatividade, imaginação, linguagem, pensamento e como se socializar com as outras crianças, que ajuda a florescer a sua personalidade e como interpretar todo o mundo a sua volta.

O lúdico oportuniza a utilização de brincadeiras e jogos elaborados de forma lúdica a ser trabalhada com a turma de educação infantil, que desperta seu conhecimento e imaginação de maneira leve e prazerosa a ser trabalhada com as crianças sem forçá-las, com esse intuito estão aprendendo brincando.

O brinquedo também mostrou um papel importante no trabalho lúdico a ser despertado o conhecimento, sendo ele uma ferramenta que aflora o imaginário da criança.

O psicopedagogo possui um vínculo fundamental com a forma lúdica de ser ensinada, pois a utilização que inclui jogos e brincadeiras possibilita às crianças a se aprimorarem de várias formas de conhecimento que adquirem de meio lúdico.

Contudo, o psicopedagogo consegue intervir de forma a auxiliar a crianças por seus anseios sociais e psicológicos de maneira leve de ser tratadas, conseguindo introduzir diversos brinquedos para que consigam brincar e imaginar, assim intervindo com eficácia nas dificuldades que possam ocorrer.

 

 

4 REFERÊNCIAS

 

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Letras: Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2011.

 

BRASIL. Educação, Ministério e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental;
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília MEC/SEF, 1998 V 1.

 

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DALLABONA, S.R.; MENDES, S.M.S O lúdico na Educação Infantil. Revista de
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LOPES, Jader Janer Moreira. Grumetes, pajens, órfãs do rei e outras crianças migrantes. In: VASCONCELLOS, Vera Maria Ramos de (Org.). Educação da infância: história e política. Rio de Janeiro: DP&A, 2005, 13-30.

 

MALUF, Angela Cristina M. Atividades lúdicas para a educação infantil. Editora Vozes limitada, 2012.

 

PASSOS, Marcos P. de. O ato lúdico de conhecer: a pesquisa como processo dialógico de apropriação de dispositivos informacionais e culturais. 2013. 125 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo.

 

RODRIGUES, Eliane; ROSIN, Sheila Maria. Infância e práticas educativas. São Paulo: Eduem; 2007.

 

SANTOS, Santa Marli Pires dos. O lúdico na formação do educador. 5 ed.Vozes,
Petrópolis, 2002.

 

VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

 

___________, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.

 

WAJSKOP, G. Brincar na pré-escola.8. ed. São Paulo, SP: Cortez, 2009.

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ARLINDA E ROZINER: UM PARALELO ENTRE DUAS POETAS DO VALE DO ARAGUAIA

Mariel Alves Ferreira

 

Monografia apresentada junto ao departamento de Letras/UFMT, como requisito parcial para a Conclusão do Curso de Letras – Habilitação em Licenciatura Plena em Letras.

Orientador: Prof. Ms. Adenil Costa Claro

 

 

 

AGRADECIMENTOS

 

Agradeço em primeiro lugar a Deus e minha família.

Em especial agradeço à “Maria de Jesus, Rubens e Evaldo” que foram minha rocha durante todo esse curso.

A comunidade escolar “Couto Magalhães”, Campinápolis, famílias, alunos, funcionários e professores.

Ao meu orientador Adenil Costa Claro pela dedicação e tempo a mim dispensado. Agradeço aos meus colegas de trabalho e à “Turma do Fundão”, em especial a Ilene,

Michel e Ieda pelo apoio, compreensão e paciência a mim dispensados.

 

 

DEDICATÓRIA

 

À Maria de Jesus (mãe), Evaldo Alves, Rubens Cardoso, Ilene Shwarts e Luciene, sem os quais nada disso estaria acontecendo, por terem me amparado, apoiado e incentivado nos momentos cruciais dessa jornada.

 

 

 

FUGINDO DO MEU OLHAR

 

Bateu as asas e voou meio sem jeito Pelo ar, no horizonte se perdeu

Foi parar no céu

 

Quantas vezes eu te vi Queria te dizer

O quanto fico feliz em te ver

 

Na areia fiz meu castelo Mas tudo num instante desabou

Você partiu sorrindo Somente lembranças deixou

 

O dia morreu e o sol se perdeu Mas chegou uma linda noite de luar

E meu pobre coração de novo voltou a sonhar (ALMEIDA, Daniela Borges de. TUDO POR ARAGARÇAS. 2006. p. 21.)

 

 

 

RESUMO

Este estudo está fundamentado na pesquisa bibliográfica/histórica e em análises de textos, cujo o objetivo é apresentar e entender melhor as criações literárias de duas poetas do Vale do Araguaia mato-grossense, Arlinda Pessoa Morbeck e Roziner Guimarães. A compreensão das poesias dessas escritoras é de suma importância ideológica no sentido de fazer menção à importância de ambas para a literatura de Mato Grosso, como também de divulgar obras que retratam a alma da mulher, como ela se relaciona com as dificuldades cotidianas e as belezas desse Estado que ainda é considerado mítico no panorama nacional.

 

Palavras-chave: Poetas. Poesias. Mulher. Mato Grosso.

 

 

ABSTRACT

This study is based on bibliographic/historical research and on text analysis, whose objective is to present and better understand the literary creations of two poets from Vale do Araguaia in Mato Grosso, Arlinda Pessoa Morbeck and Roziner Guimarães. Understanding the poetry of these writers is of paramount ideological importance in the sense of making mention of the importance of both for the literature of Mato Grosso, as well as disseminating works that portray the woman's soul, how she relates to everyday difficulties and beauties. of this State that is still considered mythical in the national panorama.

 

Keywords: Poets. Poetry. Woman. Mato Grosso.

 

 

1 INTRODUÇÃO

 

A poesia brasileira se constrói junto à história e desenvolvimento do país. Em Mato Grosso, a poesia se funde ao desenvolvimento das cidades mais importantes, dando destaque aos poetas locais com suas culturas, crenças e valores.

O estudo parte do interesse em conhecer melhor a obra de duas poetas que muito contribuíram para a literatura e história mato-grossense. Logo, questiona-se Roziner e Arlinda, que relação entre essas duas poetas?

Diante deste questionamento, objetivou-se realizar um estudo sobre as poesias dessas duas escritoras que viveram no Vale do Araguaia mato-grossense em épocas diferentes, já que mais ou menos 40 anos separam uma escritora da outra, fator considerado até aqui sem importância, já que para o pesquisador há algo em comum entre elas, assim como à todas as mulheres.

Logo, justifica-se a pesquisa, visto que par o pesquisador um ponto, um lugar em que todos os poemas, todas as poesias, todas as canções se encontram, assim como o dia e a noite. Então, apoiado nesta base que somente sonhadores conseguem andar, é que se deu a organização desse paralelo maravilhoso entre duas artistas de épocas diferentes, mas, que conhecem o amor a vida e a luta que se gera para sobreviver e amar, e as formas de se colocar no papel nas mais variadas inversões que a poesia se dispõe.

A seguir encontrarão Arlinda e Roziner, apresentadas como artistas, e, mulheres, amantes e amadas, mas, também na condição abandono e desprezo que somente um poeta pode explicar. É daquela forma que muitos homens não compreendem, mas, se admiram e se encantam com suas peculiaridades e formas expressivas.

 

 

2 DUAS BIOGRAFIAS

 

Arlinda Pessoa Morbeck nasceu em Salvador – BA, no ano de 1889, casou-se com Jose Morbeck e veio às plagas de Mato Grosso fixando residência, inicialmente, em Cuiabá, onde viveram de 1911 a 1916. Tornaram a mudar, indo para Araguaiana – MT, cidade na qual residiram entre 1916 a 1924, quando novamente transferem-se para Alto Araguaia onde permanecem até 1940. Mudam-se para Valparaiso-SP, onde residiram até o seu falecimento em 1961.

Arlinda dedicou toda sua vida ao magistério, deixando uma extensa publicação literária entre poesias e crônicas, sistematizadas em 18 volumes. O único livro publicado é uma coletânea de poesias, publicadas por Valdon Varjão, hoje raro, intitulado poesias. Alguns de seus poemas podem ser encontrados no livro “História da Literatura de Mato Grosso” de Hilda Gomes Dutra Magalhães.

Roziner Guimarães, mãe, professora e romancista, nascida em Ituiutaba – MG. Possui um livro publicado, Constância, e, outros aguardando publicação. Autora de diversos poemas inseridos nos livros “Café Filosófico das Quatro” e “Poesia do Brasil”.

Atualmente, reside em Barra do Garças e ministra aulas na Universidade Federal de mato Grosso - UFMT – Campus Pontal do Araguaia e também na Universidade Estadual de Mato Grosso – UNEMAT – Campus Nova Xavantina.

 

 

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

3.1 O MOVIMENTO ROMANCISTA

 

O Romantismo foi um movimento literário que de forma estética e cultural veio revolucionar a sociedade nos séculos XVIII e XIX, carregada de valores clássicos e apresentando à mesma o advento da modernidade nas artes.

As obras românticas traziam em seu contexto valores da burguesia, classe social que substituía a elite absolutista em diversos países. Foi um dos maiores movimentos de arte do século XVIII e XIX, compondo-se de centenas de autores entre os quais destacam-se os escritores: Goethe, da Alemanha; Lord Byron, da Inglaterra; Camilo Castelo Branco e Almeida Garret, de Portugal; Victor Hugo, da França; Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Castro Alves e José de Alencar, do Brasil.

Em cada país o movimento romancista teve suas particularidades. Contudo, pode-se identificar alguns mais comuns em locais distintos onde se desenvolveram essa estética, a saber:

      • Egocentrismo (o indivíduo é encarado como o centro do mundo);

      • Sentimentalismo exacerbado;

      • Nacionalismo;

      • Idealização do amor e da mulher;

      • Tom depressivo (típico dos autores romancistas. Exaltam a fuga da realidade, seja pela morte, seja pelo sonho ou ainda pela própria arte).

O movimento romancista apostou em três tendências também conhecidas como as fases dessa arte:

Romantismo ultra sentimental, composto por obras que apresentam um forte sentimentalismo, em geral depressivo, exaltando a morte ou a loucura como fugas de uma realidade desastrosa. No Brasil, Álvares de Azevedo seguiu essa tendência romântica.

Romantismo social, o qual teve como destaque o escritor francês Victor Hugo, marcando essa vertente caracterizada por representar a miséria do povo e denunciar as mazelas sociais que marginaliza a sociedade.

Romantismo nacionalista, ainda sob influência de Victor Hugo, nos séculos XVIII e XIX, vários autores construíram obras com forte tom nacionalista. No Brasil foi marcado pelo movimento indianista brasileiro, destacando os autores Gonçalves Dias e José de Alencar.

No Brasil o movimento romântico teve como marco inicial com a publicação do livro Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães, em 1836. Na poesia, é possível identificar ao menos três gerações do Romantismo brasileiro: os indianistas, os ultrarromânticos e os condoreiros. Já na prosa, José de Alencar foi o principal escritor, e suas obras retratam a sociedade brasileira em seus ambientes urbanos, rurais ou ainda mitológicos, os quais buscam descrever o mito da criação do povo brasileiro na mistura entre índios e europeus.

 

 

4 ARLINDA E ROZINER

 

4.1 SOBRE OS TÍTULOS DOS POEMAS DAS POETAS

 

Primeira situação e que sobressai sobremaneira, até aos mais desatentos, é a titulação dos poemas. Enquanto que há textos sem título na poética de Arlinda e os que possuem nomes, como exemplo: O Trinado do sabia; desalento; Despedida; Tudo passa, que nos remetem aos títulos dos trabalhos literários do período romântico brasileiro, como Canção do Exilio de Gonçalves Dias, Suspiros Poéticos e Saudades de Domingos José Gonçalves de Magalhães (Visconde de Araguaia), As Primaveras de Casimiro de Abreu, e Cantos e Fantasias de Fagundes Varela.

Roziner já titula seus poemas de maneira forte, provocativa. É expansiva e dinâmica ao se expressar poeticamente, pois nos títulos já sentimos o clima contemporâneo do poema, apresentando-o não apenas como um poema, mas também uma forma de protesto, de alerta. E nessa titulação particular sentimos seus "quereres" e "desquereres".

As vezes de forma objetiva, outras subjetivamente como se observa em: "Ainda assim" que nos sugestiona ao pensamento de que "apesar das desavenças, ou “intrepitudes do cotidiano", ainda assim devemos continuar nossa luta, nosso caminho, ou tentando entender o mistério, se e que há mistério, que na sua própria objetividade de título já dia dos mistérios e segredos do viver e sobreviver, que apesar de tudo parece que não é mistério, simplesmente é nosso cotidiano e das experiências que adquirimos com nossas observações e ponderações sobre o conviver em sociedade e a coragem de poucos em apresentar isso de maneira poética.

Apresentando-o não apenas como um poema, mas também como uma forma de protesto, de alerta. E, nessa titulação particular, sentimos seus "quereres" e "desquereres", às vezes de forma objetiva, outras subjetivamente como se observa em: "AINDA ASSIM" que nos sugestiona ao pensamento de que "apesar das desavenças, ou “intrepitudes” do cotidiano", ainda assim devemos continuar nossa luta, nosso caminho.

Já nos de Arlinda encontramos uma situação de época, de pudores, onde ela apresenta suas ideias, de maneira simples, casual, com uma objetividade muito sutil, refletindo e demonstrando isso ao tempo que o espaço a mulher tinha limites vários, como se no início do século XX. E isso vemos nos seus títulos “O Trinado do Sabiá”, “Meus Desejos”, “Dúvida”, “Não sei...”, “Despedida”, “Desalento” e “Não me amas!”.

 

4.2 AS PORTAS SE APRESENTAM

 

Interessante notar a forma em que Roziner e Arlinda se apresentam poetas, enquanto Roziner se declara o tempo todo poeta, como pode se observar em "COÁGULOS", titule que se destaca, assim como o próprio poema, que se encontra transcrito abaixo, apresentando os momentos de identificação da mesma.

Nesse texto a escritora declara-se poeta e poeta da der, das dores, dos estragos que a vida nos faz (em negrito) e a que chamamos "lições de vida" e que juntamos tudo em uma como "enciclopédia de viver", transformada em literatura poética por ela:

 

COÁGULOS

 

Se sou poeta de dor Foi porque, um dia

A poesia me estuprou E do coite nasceram Os meus lamentos

Que se achando poderosos Derramaram lágrimas em meus versos. Não sou triste.

Triste é a vida Que me fez porta!

(CONSTÂNCIA, 1999, p. 121)

 

diversos poemas que Roziner declara-se escritora e sentimos a presença marcante da mesma. Para apresentar essa faceta utilize o "PURA (IN)SIGNIFICANCIA", (transcrito abaixo com, também trechos em negrito para melhor compreensão do que é apresentado), nesse, comoem tantos outros, uma constante no uso do jogo de palavras, do trocadilho, fazendo um trabalho do insignificante ao significante, como ela mesma diz, escrevendo sobre si mesma, como já respondendo a quem ler que mesmo que seja comum a todos, mas para alguém é bem mais que um escrever comum, é a síntese de um viver, e para isso deve-se ter sensibilidade para com o incomum, com o inusitado, ter sensibilidade de poeta para compreender o que se diz quando não se diz, simplesmente subjetiva-se. Assim é a poeta em sua forma literária:

 

PURA (IN) SIGNIFICANCIA

 

Fui desbotando o ontem Nas ilusórias rimas

De meus caóticos versos, palavras colhi.

Depois do ontem desbotado Quis dar ao presente

Uma nova tonalidade

Muito mais que palavras colhi. Sem passado

Com presente Encontrei as palavras Para me definir.

(CONSTÂNCIA, 1999, p. 120)

 

Em "ESSA FALTA DE JEITO É POESIA", Roziner apresenta já no título uma forma objetiva de falar sobre seu trabalho, sua forma poética. Ela vai direto "ao assunto" e o apresenta no poema de formas simples como se escrevesse uma observação sobre de como se escrever sua poesia.

 

ESSA FALTA DE JEITO E POESIA

Das coisas sem palavras Nasce a necessidade

De um rumor capaz de ser grito No momento exato do eco.

Se se mistura a fantasia,

À dor, ao desassossego, à orgia, Tudo é motivo

Ou desmotivo Para se gritar.

E o grito deve ser forte,

Apavorante, como apavorantes são os sentimentos Que o fizeram nascer.

Se se cala

Diante de tanta atrocidade, A voz enjaulada

É dilacerada pela garganta faminta E o que resta

É só silêncio... e poesia, Essa porta-voz,

Daqueles que perderam a voz. (CONSTÂNCIA, 1999, p. 87)

 

Um outro momento em que Roziner fala sobre si, vemos em "SOMBRA", quando ela se apresenta retraída, saudosa, observadora, carente, abandonada do mundo, mundo real, pois ela se encontra totalmente adaptada ao mundo subjetivo e discreto que lhe é a fonte de sua inspiração como podemos compreender no poema abaixo e os pontos marcantes em negrito maiúsculo:

 

SOMBRA

 

Meu reflexo na parede OBSERVAÇÃO

Fala de um artista em silêncio: OBSERVAÇÃO Nas mãos, o clamor de um abraço CARÊNCIA Nos olhos, lembranças inquietantes... SAUDADE

Sou toda POEMA, INSPIRAÇÃO, MUNDO SUBJETIVO

Nessa merda de mundo sujo! FUGA DO MUNDO REAL Faço das palavras silêncio, o ideal de vida OBSERVAÇÃO Em idas e voltas

Pelos labirintos do meu ser. RETRAIMENTO Nos dedos trêmulos,

Trago um cigarro, LEMBRANÇAS Fumado, queimado, SAUDADE, FIM

Solitário, em silêncio. CARÊNCIA, SAUDADE

É que me refúgio nos versos FUGA DO MUNDO REAL Para não ser roída em vida MUNDO REAL

Pelos vermes. MUNDO REAL (CONSTANCIA, 1999, p.89.)

 

Com "EM CHAMAS", transcrito abaixo, Roziner "dá um tapa" no cidadão comum que nada faz perante as circunstâncias da vida. E o próprio título já sugere algo forte "quente" que nos arremete situação do fogo que é dinâmico e expansivo e a tudo abraça com seu abraço quente e devastador, e há, para o observador mais atento, uma situação de inversão de palavras (EM, preposição se transforma em ME, pronome do caso obliquo), que podemos compreender da seguinte maneira: ME CHAMAS, deixando simplesmente de ser preposição (EM) e substantivo plural (CHAMAS) relativo a fogo, passando a "ME CHAMAS", pronome do caso obliquo e 2ª pessoa do singular do presente do indicativo do verbo chamar e assim, ME CHAMAS, também faz jus ao poema, pois o mesmo é um chamado. Alguém ou alguma coisa chama. Assim é "EM CHAMAS" que em momento algum fala em fogo, exceção ao título, mas são versos que atiçam a compreensão, faz um chamado, e o poema é isso: um chamado a vida.

 

EM CHAMAS

Pela janela aberta Vejo retalhos de vida... Não sou nada!

Tudo é escuridão Cobrindo os meus passos... Se canto,

Canto dor em poesia, Canção vazia, vadia, Caminhando lerda No ouvido surdo, Nos lábios calados, Nos braços cruzados

Do cidadão indiferença. E canto!

Canto antes que cheguem outros, Tantos outros loucos como eu, Em busca de meus sonhos. (CONSTÂNCIA, 1999, p. 93.)

 

Já Arlinda é tímida e intimista ao se apresentar poeta, ela simplesmente fala em um de seus poemas, constituído em três quadras que possui um "precioso relicário dos meus sonhos" onde faz anotações sobre seus sentimentos, como se observa em negrito e itálico na transcrição, logo abaixo. Nesse trabalho Arlinda se diz escritora.

Automaticamente se observa que o mesmo não possui título, já apresentando a artista em sua maneira singular de escrever. Um outro ponto marcante também na artista é o uso de iniciais maiúsculas em palavras comuns que se situam no meio dos versos e essa situação se encontra em grande parte de seu trabalho literário. O porquê disso não sei, talvez uma forma de identificação dos mesmos como de sua autoria.

Nos momentos em destaque (negrito) observa-se os seus momentos intimistas de apresentação como escritora de poemas:

 

Não é vaidade, é um desejo enorme somente, Que tenho de te ver encadernado

Meu fiel companheiro,

confidente dos meus segredos! Oh!... Meu livro amado!

Quantas vezes meus dias tristonhos suavizaste com teu meigo encanto? Precioso relicário dos meus sonhos.

que contém os mistérios do meu pranto! Quantas vezes chorando eu te escrevia deixando nas tuas páginas a confissão da amargura cruel que padecia

no deserto de minha solidão?!...

(HISTÓRIA DA LITERATURA DE MATO GROSSO, 2001, p. 81)

 

4.3 AO AMOR, EM POESIA

 

Quanto à dinâmica de Arlinda, que existe, mas de uma maneira bem peculiar, pois todos seus poemas são dedicados a uma única pessoa, seu marido, a baiana é totalmente dinâmica quando fala de seu amor por esse homem como observamos no poema transcrito abaixo.

A artista romântica e do romantismo, como se vê logo a seguir, quando enaltece e dignifica seu relacionamento, tornando-o quase um amor juvenil e eterno com "Morbeck". A escritora fala de "beijos brandos", os quais eram assistidos por sabiás, o que denota o amor romântico, pueril, doce e singelo daquele tempo. Também podemos observar sua verve romântica comparando este trabalho com o de Gonçalves Dias transcrito mais abaixo com as semelhanças enumeradas e os versos que se assemelham em negrito quando enaltece a situação de amante e amada.

 

O TRINADO DO SABIA¹

 

Escutávamos o cantar melodioso¹ do louro sabiá no arvoredo, ¹

do rumor do ribeiro vaporoso² o sabiá não demonstrava medo!

 

O sabiá trinava e repetia¹

sua amena canção muito saudosa, ³ depois, para o palmeiral fugia olhando o brilhar da luz esplendorosa!

 

Sentados no banquinho de madeira

debaixo do jambeiro, entrelaçados contemplávamos a planície tão fagueira² nos beijávamos, brandamente, apaixonados!

 

A música dos nossos beijos escutava o sabiá parando de cantar,

nos esquecíamos que o sabia ali estava escutando nos dois a beijar!

(HISTÓRIA DA LITERATURA DE MATO GROSSO, 2001, p. 83)

 

CANÇAO DO EXILIO³

Minha terra tem palmeiras. 4

Onde canta o Sabiá; ¹

As aves que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.

 

Nosso céu tem mais estrelas, 5 Nossas várzeas tem mais flores² Nossos bosques tem mais vida, ² Nossa vida mais amores.

 

Minha terra tem primores. Que tais não encontro eu cá; Em cismar - sozinho à noite -5 Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras,4 Onde canta o Sabiá.

 

Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte pra lá; ³

Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá;

Sem “qu'inda” aviste as palmeiras,³ 4

Onde canta o Sabiá.¹

(Gonçalves Dias in.: Alguma Poesia)

 

Roziner se apresenta apaixonada de maneira atual, o que caracteriza a modernização, a independência da mulher nos dias de hoje. E isto é característica marcante desta escritora contrapondo com a forma literária de Arlinda. Interessante notarmos que “os envergonhamentos” (as vergonhas) se tornaram coisa do passado de uma época de devaneios e amores sonhadores. No poema a seguir, escrito de forma direta e objetiva temos de maneira bem moderna e explicitada na arte literária de Roziner "o entregar ao amor, a paixão" muito bem expresso, como se observa nos versos em negrito.

 

PURA LINGUAGEM

 

Beijos Abraços Sussurros

E olhares despudorados Nossos corpos liam Esses códigos e sinais

E os traduziam Em êxtase

E nós nos entregávamos Um ao outro

Como fera e domador.

Não sei quem domava quem, Porque não havia vencedor... Na arena, éramos dois

Em um só corpo e desejo,

Éramos a pura linguagem do amor.

(POESIA DO BRASIL. vol.6, p. 295)

 

O que chama a atenção em Arlinda é a maneira que descreve em forma poética que descreve como se fosse um diário de vida todo seu enlace, vivência e desenlace com "Morbeck" (seu esposo). Configurando uma apresentação e o começo do amor desse homem por ela, passando pela indiferença e distanciamento até chegar ao fim. Todo o trabalho poético de Arlinda começa apresentando o envolvimento amoroso, a paixão, como se vê em "MEUS DESEJOS" (que se encontra transcrito logo abaixo e em negrito os pontos de realce da paixão) e em “O TRINADO DO SABIA" já lido acima e novamente apresentado abaixo fragmentos que realçam a paixão e o amor do casal Morbeck.

 

O TRINADO DO SABIA

Escutávamos o cantar melodioso Sentados no banquinho de madeira debaixo do jambeiro, entrelaçados contemplávamos a planície tão fagueira

nos beijávamos, brandamente, apaixonados!

A música dos nossos beijos escutava o sabiá varando de cantar.

nós esquecíamos que o sabiá ali estava escutando nós dois a beijar!

(HISTÓRIA DA LITERATURA DE MATO GROSSO. 2001, p. 83)

 

MEUS DESEJOS

 

Quisera acompanhar-te nos caminhos, seguir-te a todo instante e a qualquer hora, ouvirmos ao surgir a luz da aurora,

o melífluo trinar dos passarinhos. vagamos pela estrada da Ventura,

sem mágoas, sem martírios, sem espinhos! Quisera nas florestas seculares,

afrontar o gentio, astuto, esperto...

mostrar-lhe à tua frente o peito aberto, sacrificar a vida por teus males.

sorrir ante o furor de sua seta

animar-me ao clarão dos teus olhares!...

(HISTÓRIA DA LITERATURA DE MATO GROSSO, 2001, p. 82)

 

Nesse momento, quando se lê estes poemas "O TRINADO DO SABIA", "MEUS DESEJOS" e "PURA LINGUAGEM", acontece um dos pontos de paralelismo entre as duas autoras e é como se fossem uma só, como se houvesse um pré-acordo entre ambas, como professoras dividindo o conteúdo para melhor assimilação pelo alunato, no qual uma apresenta a paixão e a outra explica como os apaixonados procedem. Cada uma a sua maneira, à sua época como se observa nos versos em negrito dos três poemas.

 

4.4 O AMOR FRAGMENTADO

 

Quando Arlinda escreve os sonetos "DÚVIDA" e "NÃO SEL..." logo abaixo, falando de um talvez possível abandono do ser amado por ela (em negrito no poema). no qual questiona o sentimento do amado (marcado com i ao início e ao fim do verso).

 

DÚVIDA

 

i Tens saudades de mim quando ausentas i i para distante ou qualquer lugar? i

Não acreditas que fico a suspirar

nestas angústias que me definham lentas?

 

i A dúvida me acompanha o Pensamento. i que foge de mim e vai te procurar i

na incerteza de contigo se encontrar porque deves estar feliz nesse momento!

 

i Tens saudades de mim que, aqui, lamento i sua ausência que me tortura o coração i escondido no meu castelo de ilusão

 

A vida é uma quimera, os dias passam, o coração que ama game aflita

i tens saudades de mim?... Não acredito! i

(HISTÓRIA DA LITERATURA DE MATO GROSSO, 2001, p. 85)

 

NÃO SEI ...

i Não sei quando chegares que dizer-te, i i fitando teu misterioso olhar! i

Não sei se digo que não sei mais querer-te,

Não sei se devo o Passado recordar!

 

O silencio será meu conselheiro, meu coração pulsará com languidez

i pois o meu triste e pobre companheiro i i vive comigo a soluçar. Não crês? I

 

Vem! Estou ansioso te esperando. não sei dizer-te o que estou passando a Ingratidão roubou minha alegria!

 

Não sei dizer-te o que estou passando não te direi se ainda estou te amando. levaste o meu amor naquele dia!!...

(HISTÓRIA DA LITERATURA DE MATO GROSSO. 2001. b. 86)

 

Roziner já é mais conclusiva e apresenta em "METADE" que a separação já ocorreu, não há floreios, nem contornos. E direta e objetiva. Como se observa na transcrição abaixo com destaque em negrito para os pontos que apresentam isso. E sonhos e ilusões apenas significam uma fuga a essa realidade, observamos isso nos versos demarcados entre si.

 

METADE

 

Somos sempre metade...

às vezes uma metade sem razão de ser.

 

Hoje sou metade ...

Você é metade ... mas nossas metades não tem explicação.

 

Que fiz eu para que se fosse i i sem explicação? i

i Por acaso não quis também eu i i viver nossos momentos? I

 

i Se éramos dois a querer, i i O que houve então? i

i Medo? i

Não creio não!

 

Vai me dizer que nunca foi poeta?

i Vai me dizer que nunca brincou com a solidão?

 

i É tarde... com você ficará apenas a saudade i i do que poderia ter sido... i

i e não foi! i

 

i De que adianta agora tanta interrogação? i

No primeiro verso, você se afastou...

i Nem tempo tive para compor a poesia de nós em nós a sós. i

 

i Por que tirou a fantasia, i

i antes que o baile terminasse? I

 

Você não deu tempo nem de eu me vestir para me desnudar...

 

É tarde...

 

i E eu fico sem entender i

i o porque da interrogação. i

(POETAS DO CAFÉ, 2006, vol. 2. p. 93-94)

 

Ao lemos esses três poemas percebemos um outro paralelo entre Arlinda e Roziner, no qual Arlinda fala sobre seus problemas amorosos c o afastamento do ser que sempre se mantém ausente. E Roziner, séria e solícita, explica de forma poética toda essa situação de amar e ser ou não correspondida, de relacionamento de que se acaba, como parte amputada de nós que tragicamente morre, tornando-nos todos metade, e metade sem a outra metade, mas é nessa nossa metade é que nos completamos com solidão.

 

4.5 O FIM DE UMA PAIXÃO

 

Em "DESPEDIDA", percebemos a paixão de Arlinda por seu esposo, na verdade esse soneto apresenta pontos da convivência do casal Morbeck como pode se ver transcrito logo abaixo e em negrito os pontos que definem isso. E no último verso, sentimos em Arlinda, já o pressentimento que algo não ia bem, que o fim poderia acontecer, que aquela despedida relatada em forma poética como vemos, significava muito mais que uma simples despedida, havia algo mais no poema e no choro da poeta tão bem descrito poeticamente.

 

DESPEDIDA

 

Naquela tarde fria de novembro, tu me apertaste ao teu coração. eu soluçava em extrema comoção

não choravas também, eu bem me lembro!

 

Cal nos teus braços soluçando. era imensa tua lívida emoção.

afagavas meus cabelos e me dizias: Não chores mais, vou e voltarei te amando. -

 

Beijei tua mão que estava quente.

beijei tens lábios com o coração fremente minhas lágrimas me traíram enfim!

 

        • Oh! ... Dizias não te entregues ao teu pranto, não crês como eu te adoro amo tanto"

        • Sim, vai, mas não te esqueças de mim!?

(HISTÓRIA DA LITERATURA DE MATO GROSSO, p.84)

 

A situação do "algo" do poema acima (Despedida), temos a confirmação no soneto DUVIDA", onde a artista reconhece o fim da paixão do ser amado por ela. do amor de Morbeck. como se poeticamente expresso abaixo (destacados com ii estes pontos). Também em outros trabalhos observamos essa certeza como em "DESALENTO", "TUDO PASSA" ou "NAO ME AMAS!", (transcritos abaixo com os itens que levam a compreensão do fim em negrito).

 

DÚVIDA

 

Tens saudades de mim quando se ausentas para distante ou qualquer lugar?

1 Não acreditas que fico a suspirar i nestas angústias que me definham lentas?

 

A dúvida me acompanha o Pensamento. que foge de mim e vai de procurar

i na incerteza de contigo encontrar i

i porque deves estar feliz nesse momento! I

 

Tens saudades de mim que, aqui, lamento tua ausência que me tortura o coração escondido no meu castelo de Ilusão!

 

A vida é uma quimera, os dias passam, o coração que ama geme aflito!...

i Tens saudades de mim?... Não acredito! i

(HISTÓRIA DA LITERATURA DE MATO GROSSO, 2001. p. 85) DESALENTO

 

Se é pecado, meu Deus, eu amar tanto

a alguém que me contempla com desdém. sinto meu infeliz coração padecer no pranto

da desventura de um amor que torturar-me minha alma vem! Perdoai este meu grande pecado,

que suplica minh'alma amargurada! Perdoai! ... Eu vos peço contrita, ajoelhada, deixai-me cumprir os rigores do meu fado!

 

Um sigilo me atordoa o pensamento. na sensação do meu padecimento. no delírio de minha comoção! perdoai, meu Deus!... Se amo tanto!

e não posso conter o martírio de meu pranto que traz a Dúvida no meu isolado coração!!

(HISTÓRIA DA LITERATURA DE MATO GROSSO, p. 85)

 

TUDO PASSA

Quando fico muito tempo a meditar nos momentos felizes que gozei quando teus olhares contemplei sentindo meu coração a palpitar!

 

Quero esquecer-te, não quero recordar,

essas horas agradáveis que passei das quais jamais me esquecerei

e esta lembrança vem me atormentar!

 

Se fui feliz eu não posso acreditar os meus ideais vieram me acordar no reagir de minhas comoções!

 

Minha Musa quis meu sonho acalentar No meu sonho procurou me afirmar

Que tudo passa – a vida é uma ilusão!! ...

(HISTÓRIA DA LITERATURA DE MATO GROSSO, p. 89-90)

 

NÃO ME AMAS! ...

Não queres me amar, não te obrigo

o amor é espontâneo, nasce no coração floresce no jardim de uma ilusão

onde o Zéfiro é seu sincero amigo!

 

Não quero que sejas meu inimigo porque te amo e sofro com emoção sentindo do teu olhar a recordação pois teu vulto atraente está comigo!

 

O meu Segredo a ninguém eu digo

por minha senda escabrosa eu prossigo ele é meu vigoroso companheiro

 

Ele me traz a doce ilusão de viver contigo embora não e queira, não obrigo

o amor que nasce no coração é o único verdadeiro.

(HISTÓRIA DA LITERATURA DE MATO GROSSO, p. 88)

 

Roziner, também apresenta trabalhos onde desenvolve poeticamente a situação do fim de um amor, como podemos ver transcrito, logo abaixo em “MUNDO MINÚSCULO, MAIÚSCULO MUNDO”, que fala de uma solidão (ii), um encontro (xx), e novamente a solidão (yy), como se observa nos versos em negrito e na demarcação acima mencionada.

 

MUNDO MINÚSCULO, MAIÚSCULO MUNDO

i Venho de um mundo minúsculo mundo caos mundo obsessão minúsculo mundo povoado por mim e meus luares de arremesso

e medo i

x olho em teus olhos cheios de ternura e louvo o instante

em que encontrei

mesclados de desejo e ansiedade...

Mundo maiúsculo mundo x y é hoje só saudade y

venho de um mundo minúsculo... olho em meus olhos

cheios de agonia e pranto y e sinto quão grandioso foi meu minúsculo mundo maiúsculo. y

(POETAS DO CAFÉ vol. 2, p. 92)

 

4.6 UM NOVO AMOR?

 

Em Arlinda podemos notar a situação de um possível recomeço ao amor em "SEM NOME" transcrito abaixo e ressaltado estes momentos em negrito, talvez seja somente um poema, pois não temos como afirmar. Na verdade, este poema não possui título, o nome colocado, refere-se ao poema que é escrito logo em seguida, após essa inferência, e encontra- se na última linha do último parágrafo da página 90 do livro História da Literatura de Mato Grosso de Hilda Magalhães.

 

Nunca pensei que no mundo, pudesse amar outra vez,

pois meu coração está coberto com o manto da viuvez.

 

Mas um dia, escutei palmas, bateram no meu portão,

fui receber quem chegava eram o amor e a Ilusão!

 

Porque vieste aqui,

eu nunca te convidei? e aflita

Disso zangada e

és ousado, eu bem sei!

 

Venho rasgar este manto que cobre teu coração,

pois sei que estás ocultando um Amor, uma Afeição!

(HISTÓRIA DA LITERATURA DE MATO GROSSO, p. 90-91)

 

Quanto ao um recomeço amoroso, percebemos no trabalho literário de Roziner, no poema "SINTONIA", logo abaixo transcrito, que é apresentado de uma forma rápida e tímida, nos versos em negrito.

 

SINTONIA

As vozes que em mim calam

Anunciam o prenúncio de um novo discurso... Silencioso.

Nele me refaço Revisito minha dor E aqueço a saudade

De um tempo em que éramos face E interface de um diálogo, Muitas vezes disfônico, Orgástico,

Na maioria das vezes, monológico, Rouco

Sussurrado

Mas único e ternamente ontológico, Transcendental

Pelo feito do eco de duas vozes em rápida, Muito rápida sintonia.

(POESIA DO BRASIL vol.6, p. 296)

 

E nesse momento o paralelo poético entre Arlinda e Roziner faz uma inversão de valores, com a primeira se expressando abertamente sobre um recomeço como vimos em "SEM NOME" e Roziner se apresentando bastante reservada quanto a isso em "SINTONIA". Para entender isso, apresento parte da autobiografia (abaixo) de Roziner, na qual ela fala dessa timidez, desse jeito meio reservado de ser como podemos notar nas partes destacadas em negrito.

Para resumo e compreensão do trabalho literário de Arlinda Morbeck, apresento um trecho lindo (logo abaixo) de Hilda Guimarães, ao se referir a ela.

 

"... Sou manteiga derretida: choro ao ver um filme, ao ver alguém chorar, ao ver alguém sofrendo alguma injustiça. Extremamente perfeccionista. Mas nem um pouco perfeita. Aprendiz sempre! Sou tímida. Arredia. Meio bicho do mato, talvez por isso, curto a solidão, mas não sou solitária. Tento "me virar sozinha". Dizem até que sou egoísta. O silencio é o melhor companheiro: com ele aprendo e me educo. "

Roziner Guimarães in.: Poesia do Brasil, v. 6. p. 291

 

Arlinda canta o amor e a angústia e é através destes dois emblemas que consegue desvendar, como nenhum outro poeta de sua época, a alma feminina perdida em paixões, incertezas e desilusões. (HISTÓRIA DA LITERATURA DE MATO GROSSO, p. 91)

 

4,7 A PROPOSTA

 

Assim, esse trabalho trata dos sentimentos e emoções contidas e incontidas dessas duas artistas do nosso regional literário do Vale do Araguaia, expressividades poéticas tão bem trabalhadas e apresentadas de forma natural, cada uma à sua época, à sua maneira.

Sei que este trabalho não primou para quesitos como estrutura poética, compassos e ritmos poéticos e muito menos os tão conhecidos sistemas de metrificação que encontramos tão bem detalhados e explicitados em "VERSOS, SONS, RITMOS" da Norma Goldstein ou em "SOCIEDADE, EROTISMO E MITO" da doutora e professora Célia Maria. Também não foi detalhado níveis, rimas ou figuras de efeito sonoro. Pois neste trabalho a proposta é conhecer a resposta feminina ao desenvolvimento do sentimento e da emoção perante as mais diversas situações em que o amor à vida nos propõe. E, essas duas poetas, melhor que ninguém, nessa parte do Mato Grosso, mais conhecida como Vale dos Esquecidos, conseguem apresentar isso usando da simplicidade, da ousadia e do conhecimento pessoal do Eros poético que cada mulher carrega dentro de si.

 

 

5 CONCLUSO

 

MISTÉRIOS

 

Que compreende a razão de sorrir,

Se todo o meu sorriso faz-se por você? Que incógnita envolve esse mistério de amar,

Se o próprio amor não é mais que um bem querer?

Que gestos são mais que palavras,

Se nas palavras reside todo o entender? Que mistério há nas negras noites caladas,

que porventura se refugiam nas manhãs ensolaradas?

(Poetas do Café v.2. Magalhães, Priscila; 2006. p. 88)

 

Como todo sonho bom que se acaba ao acordar, Arlinda e Roziner são assim, lindas, fugazes, fortes, ternas, fugidias, sinceras, amantes, mães, amigas. Maravilhosas mulheres, esplendidas poetas que brincaram e brincam com papel e tinta e nos deixam enternecidos com suas formas de explicar o cotidiano, o inusitado. A dinâmica do viver e conviver.

Toda poesia tem um fio invisível que a liga a outra poesia, dessa forma, ela se torna universal sem sair de seu lugar. E foi assim que consegui organizar este trabalho, seguindo esse lindo fio invisível que une essas duas mulheres. A forma de segui-lo? Sensibilidade. Interessante notar, também, os dois poemas que coloquei para abrir e fechar este trabalho. O primeiro, conclama a noite e o segundo solicita a manhã. Assim, acredito que tenha sido o desenvolvimento: uma noite de sonhos e de todos os mistérios que a envolve...

 

 

REFERÊNCIAS

 

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BARBOSA, Osmar; GRAMÁTICA SIMPLIFICADA 2ed., EDIGRAF S.A. São Paulo: 1973.

 

. VERBOS 2ed., EDIGRAF S.A. São Paulo: 1973.

 

CAMPOS, Jader Cerqueira; CURSO DE GRAMÁTICA 4ed., Gráfica e Editora Agenda. Campina Grande-PB: 2006.

 

DINIZ, Zélia dos Santos; AGUIRRE, Rute Diniz de; Orgs. Concurso de Poesia Falada e Teatro "TUDO POR ARAGARÇAS". Gráfica Multicor, Barra do Garças-MT: 2006.

 

FILHO, Aires da Mata Machado; ESTUDOS DE LITERATURA, Gráfica Urupês S.A. São Paulo: 1969.

 

GOLDSTEIN, Norma; VERSOS, SONS, RITMOS 13ª ed., Série Princípios, Ática, São Paulo: 2000.

 

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GUIMARÃES, Roziner; CONSTÂNCIA, Fundação Jaime Câmara. Goiânia: 1999.

 

HERMMANN, Christina Magalhães; SCHAEFER, Edith Janete; Orgs. POETAS DO CAFÉ - Antologia de Poemas v. 2 - Café Filosófico "Das Quatro" COMUNIDADE

 

DO ORKUT, Grafite Ltda. Bento Gonçalves-RS: 2006. págs. 91-96.

 

MAGALHÃES, Hilda Gomes Dutra; História da Literatura de Mato Grosso Séc. XX. Unicen Publicações. Cuiabá: 2001.

 

MAZZAROTTO, Luiz Fernando; REDAÇÃO E GRAMÁTICA APLICADA

 

LITERATURA, DCL (Difusão Cultural do Livro). 1996.

 

MIGUEZ, José Mário Guedes; ARAGUAIA De Rondon ao Discoporto (Histórias de um pescador). Todos direitos reservados à José Mário Guedes Miguez, Barra do Garças- MT. 1996.

 

REIS, Célia Maria Domingues da Rocha; SOCIEDADE, EROTISMO E MITO: A Poética Temporal de Marilza Ribeiro, Cuiabá : Entrelinhas: EdUFMT, 2006.

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SANTOS, Luzia Oliva dos; LITERATURA HISTÓRIA O (re)encontro com o mito, Cáceres: ed. UNEMAT, 2005.

 

SCOTTINI, Alfredo (compilação); DUARTE, Madalena Parisi (revisão); DICIONÁRIO PORTUGUÊS – INGLES - PORTUGUÊS, RR Dornnelley Moore (impressão e acabamento), TODOLIVRO. Blumenau: 1999.

 

SIQUEIRA, Elizabeth Madureira; HISTÓRIA DE MATO GROSSO, Entrelinhas. Cuiabá: 2002. págs. 162-164.

 

VARJÃO, Valdon; O GARIMPEIRO Poemas, Encardenação Santa Edwirgem, Edição Cartório de Ofício, Barra do Garças-MT. 1997. Produção artesanal.

 

 

ANSIEDADE INFANTIL NOS ANOS INICIAIS

CHILD ANXIETY IN THE EARLY YEARS

Eliane Maria dos Santos Kerber

Daiane Aparecida Lourenção

Karina Costa Paes de Sousa

 

 

RESUMO

Precisamos entender e compartilhar uma nova postura em torno da ansiedade infantil, acreditando que as escolas tornem-se agentes capazes de transformação e redução de danos, podendo assim impactar, inclusive, na vida futura dessas crianças durante a adolescência e a vida adulta. Necessitamos conhecer e analisar as principais contribuições teóricas existentes a respeito do tema abordado como: ansiedade; ansiedade infantil X aprendizagem; participação da família na aprendizagem; causas e sintomas da ansiedade bem como estratégias para controlar a ansiedade. Constatou se que as causas tidas como biológicas ou hereditárias são aquelas em que, a princípio, não se pode controlar. São fatores genéticos transmitidos de geração para geração. Já as cognitivas dizem respeito a maneira como essas crianças processam informações e emoções no cérebro. Ou seja, são passíveis de aprendizado e treinamento durante a infância e toda a vida. Certamente a escola não terá todo o poder de atuação necessário para resolver casos de ansiedade.  O mais importante é compartilhar a responsabilidade com os pais. Isso porque, o contexto de suas vidas e o direcionamento de educação que os alunos recebem, possui impacto relevante tanto na prevenção quanto na solução do problema.

 

Palavras-chave: Ansiedade Infantil. Estratégias.  Aprendizagem.

 

ABSTRACT

We need to understand and share a new attitude around childhood anxiety, believing that schools become agents capable of transformation and harm reduction, thus being able to impact even the future lives of these children during adolescence and adulthood. We need to know and analyze the main existing theoretical contributions regarding the topic addressed, such as: anxiety; child anxiety X learning; family participation in learning; causes and symptoms of anxiety as well as strategies for managing anxiety. It was found that the causes considered as biological or hereditary are those in which, in principle, it cannot be controlled. These are genetic factors transmitted from generation to generation. The cognitive ones are related to the way these children process information and emotions in the brain. That is, they are capable of learning and training during childhood and throughout life. Certainly the school will not have all the power of action necessary to solve cases of anxiety. The most important thing is to share the responsibility with the parents. This is because the context of their lives and the direction of education that students receive has a relevant impact on both prevention and solution of the problem.

Keywords: Child Anxiety. Strategies. Learning

 

 

INTRODUÇÃO

 

A ansiedade está presente no comportamento humano desde os tempos mais primitivos e é parte de sua natureza ter sentimentos de ameaça, perigo, enfim do que ainda não é conhecido. Todavia “a ansiedade passou a ser objeto de distúrbios quando o ser humano colocou-se não a serviço de sua sobrevivência, como fazia antes, mas a serviço de sua existência.” (MARGIS et al, 2003, p. 1).

O transtorno de ansiedade é definido como uma apreensão excessiva de fazer algo, um medo sem explicação e que ocasiona uma tensão desagradável. A diferença entre a ansiedade normal e a patológica é definida por sua intensidade e duração.

A ansiedade em excesso pode influenciar negativamente a aprendizagem escolar. Crianças com Transtorno de Ansiedade –TA – podem apresentar dificuldades em várias áreas de estudo prejudicando especialmente o processo de alfabetização e de numeralização. Estas crianças se esforçam, mas o medo excessivo acaba impedindo a aprendizagem. Tendem a realizar rituais como, por exemplo, a carteira que deve estar arrumada de determinada maneira, caderno no centro, estojo a esquerda e garrafa de água a direita; rituais de limpeza, como o pó da borracha ou os restos de lápis. Além disso, apresentam dificuldade para relacionar-se com outras pessoas e se sentem desmotivadas para a escola, apresentam baixa autoestima e baixa expectativa em relação ao futuro.

De seu lado, a instituição escolar pode ou não colaborar para a redução e controle do nível de ansiedade de seus alunos em condição patológica.

WEISS (2010, p. 169), chama a atenção que situações malconduzidas na escola podem gerar e exacerbar a condição de ansiedade dos alunos. A autora alerta que a aprendizagem é acompanhada de “um nível de ansiedade ótimo” a ansiedade paranoica e a ansiedade depressiva, contudo, a ultrapassagem desse limite acarreta prejuízos neste processo. As situações de aprendizagem quando são mal conduzidas são geradoras de um excesso de ansiedade que se torna insuportável para o aluno, chegando à desorganização de sua conduta, o que acarreta o fracasso na produção escolar.

As dificuldades de aprendizagem podem se iniciar desde a educação infantil e tornar-se mais evidentes no ensino fundamental. Cabe à instituição escolar reconhecê-las e encaminhar os alunos para uma avaliação psicoeducacional que possa confirmar ou não as suposições. Entretanto, nem sempre as coisas vêm acontecendo desta maneira e podemos encontrar, ainda hoje, crianças em condições patológicas sem atendimento adequado por parte da escola e da família, bem como crianças medicadas inapropriadamente. Esse é o caso do uso indiscriminado de ritalina na infância, registrada no Brasil e em outros países.

O objetivo desse artigo é compreender a gravidade da ansiedade e seus possíveis transtornos para aprimoramento da prática. O foco da ansiedade será tratado dentro e fora da escola, através de experiências próprias. Este estudo abordará aspectos relacionados a avaliação dessas crianças e, consequentemente, um diagnóstico correto para o tratamento das mesmas, inserindo o educador como ferramenta essencial no diagnóstico dos alunos, apresentando-se possíveis orientações para que o rendimento escolar seja satisfatório.

 

 

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

A ansiedade está presente no comportamento humano, desde os tempos mais primitivos, visto que faz parte de sua natureza ter sentimentos de ameaça, perigo, enfim do que não é conhecido. Na contemporaneidade a ansiedade pode ser entendida como fruto da pós-modernidade e considerada “normal” para os sujeitos. Reportando-se ao âmbito educacional, estudos na área da psicopedagogia afirmam que a ansiedade em excesso pode influenciar negativamente na aprendizagem. Frente a esses estudos, a presente pesquisa objetivou investigar quais práticas pedagógicas podem auxiliar crianças com ansiedade a descentrar seu pensamento.

 

O QUE É ANSIEDADE?

 

De acordo com FREEMAM (2015, p.18), “a ansiedade é ao mesmo tempo, absolutamente normal e incrivelmente complexa”. A ansiedade está diretamente ligada as nossas emoções, elas podem afetar nossos pensamentos, nosso corpo e comportamentos.

Ansiedade, nada mais é que uma reação do nosso próprio organismo, uma forma que desencadeia diferentes maneiras, sendo elas, emocionalmente e fisicamente, elas se tornam uma reação natural do ser humano, ela é uma função importante e biológica do nosso corpo, geralmente quando ficamos ansiosos, nosso organismo demonstra sensações físicas, como mãos suadas, coração acelerado e dificuldade para respirar.

Os psicólogos definem que nossas emoções podem durar de segundos até mesmo horas, as emoções nos movem e são extremamente importantes na nossa vida, através dela podemos saber os sentimentos de outras pessoas, Segundo McReynolds (1965 apud Pereira, 2008, p. 02) “O sentimento de ansiedade é parte intrínseca da condição humana. É uma resposta natural a determinados fatores ambientais e psicológicos.” Estre transtorno emocional se faz necessário para nossa sobrevivência e não se sabe quanto tempo pode durar, o que se sabe é que a ansiedade esta presenta cada vez mais em nossa sociedade.

A ansiedade já tem causado muitos danos, prejudicando o rendimento escolar dos alunos, (D AVILA E SOARES, 2003, P. 107) Como pressupõe Graeff e Brandão (1996) “desde as primeiras argumentações sobre a ansiedade, que se registraram na Grécia Clássica, a experiência subjetiva era sempre associada a sintomas corporais.” Infelizmente a ansiedade vem sendo um mal que atinge grande parte da população hoje, desde os mais velhos até mesmo as crianças, a ansiedade apresenta várias definições de acordo com o Dicionário Aurélio sendo elas: aflição, anseio, medo, angustia, insegurança, entre outros.

Porém o que se deve levar em consideração é que a ansiedade em seus diversos aspectos e formas, pode tanto nos beneficiar quanto nos prejudicar, atrapalhando nosso funcionamento corporal e mental, com as crianças não seria diferente, este transtorno mental pode causar danos que elas levaram para a vida toda. Podendo se manifestar nos primeiros anos de vida da criança, sendo comum quando a mesma passa por situações novas e que acabe gerando insegurança sendo elas, separação dos pais, mudança de casa, escola nova ou até mesmo a perca de alguém da família, em situações como estas o alerta dos pais deve ser maior, verificando se ela está feliz e confortável com a situação.

 

ANSIEDADE INFANTIL X APRENDIZAGEM

 

Infelizmente poucas pessoas se dão conta da gravidade que este transtorno emocional acarreta na vida das crianças, pais e professores podem ajudar positivamente na descoberta deste mal, às vezes quando a criança começa a se isolar, se fechando e tendo dificuldade não é indisciplina da parte dela, e sim a demonstração de que algo não vai bem.

Segundo MAROT (2004, p.14), a ansiedade é um sentimento de apreensão desagradável, vago, acompanhado de sensações físicas como vazio (ou frio) no estomago (ou na espinha), ou pressão no peito, palpitações, transpiração, dentre várias outras.

Sabemos que não é normal uma criança em idade de brincar e explorar o mundo, viver constantemente apreensiva, com medo e preocupada, requer cuidado e dedicação da parte dos professores para poder observar esta criança. A criança precisa de alguém que passe confiança a ela, que faça com que ela se sinta segura, para FREUD (1976, p.216), ”Existem dois modos de diminuir a ansiedade. O primeiro modo seria lidando diretamente com a situação. Resolvemos problemas, superamos obstáculos, enfrentamos ou fugimos de ameaças.” A criança ansiosa vive constantemente em alerta, sente medo e pensam inúmeras vezes em situações que não aconteceram ou que podem nem existir, ela acaba criando seu próprio medo, com isso ela passa a ter dificuldades de concentração, de socialização e um péssimo rendimento escolar.

De acordo com a Psicóloga e professora LIPP (2005, p.91) “A ansiedade excessiva é muito comum em crianças e talvez seja a dificuldade emocional mais identificada por pais e professores.” É fácil identificar uma criança indisciplinada, pois elas fazem de tudo para serem notadas, diferente das crianças ansiosas que passam despercebidas, em outras palavras, crianças ansiosas não “não atrapalham a sala”, dificilmente interagem com outras crianças em brincadeiras e dinâmicas propostas em sala.

Segundo DUARTE e OLIVEIRA (2004, p.58), “alguns componentes importantes da ansiedade que podem interferir na aprendizagem e no desempenho em geral do aluno são a tensão, incerteza e apreensão em relação ao futuro”. A ansiedade pode apresentar sérias dificuldades de aprendizagem, dificultando ainda mais seu rendimento escolar. Os professores possuem papel de extrema importância na vida da criança que sofre deste transtorno emocional, pois uma aula que não chame a atenção do aluno e professores que vivem em constante cobrança vira cada dia mais uma ameaça para a criança.

O comportamento, atitudes e a relação que o professor transmite ao aluno está ligada diretamente com a aprendizagem da criança, de acordo com PATTO (2000, p. 78), “O professor pode projetar nos alunos seus próprios complexos, dificuldades emocionais, conjugais, sociais, repetindo com a criança suas próprias experiências de uma educação equivocada ou sofrida.” De forma indireta e sem nem perceber o professor pode tornar uma carga geradora de stress e aumentar a ansiedade da criança cada vez mais. É de extrema importância descobrir a raiz do problema, ir a fundo para descobrir a causa e desenvolver estratégias para lidar com estas dificuldades, ajudando a mesma a enfrentar estas mudanças que ocorrem em sua vida e ter um desenvolvimento que favoreça sua aprendizagem.

Conforme cita GARCIA (1998, p.122), “isso pode gerar além da dificuldade de aprendizagem o fracasso escolar, prejudicando não só a vida escolar do aluno como também outros aspectos sociais, emocionais, familiares, etc.” Identificar os problemas que a ansiedade pode gerar causa certo desconforto, receio e medo, mas se deve pensar sempre na criança encontrando formas de ajudar a mesma, uma parceria que pode dar certo é da escola juntamente com os pais, através de conversa os mesmos podem encontrar formas que deixem a criança confortável e segura.

 

 PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA APRENDIZAGEM

 

Antigamente as famílias possuíam padrões de estruturas bem parecidos, a educação era severa e dificilmente existia meio termo, porém hoje grande parte das famílias possuem estruturas distintas, muitas delas sofrem as transformações ocasionadas pela evolução dos tempos modernos, possuindo vários modelos em uma única família, sendo formada por origens distintas e pessoas diferentes.

Segundo WINNICOTT (1982, p.144), “temos, pois, duas coisas distintas: as tendências inatas do bebê e o lar que você lhe proporciona. A vida consiste na interação dessas duas coisas.” Todos sabem das mudanças que ocorrem ao longo do tempo, porém o que não se pode deixar de lado é a importância que a família possui no desenvolvimento da criança, bem como a de todos os membros que englobam o meio social que a criança está inserida. 

De acordo com ZIMERMAN (1999, p.104),

 

... uma família bem estruturada requer algumas condições básicas, como é a necessidade de que haja uma hierarquia na distribuição de papeis, lugares, posições e atribuições como a manutenção de um clima de liberdade e de respeito reciproco entre os membros.

 

A participação da família no desenvolvimento da criança é de suma importância, pois as crianças que possuem uma estrutura familiar que lhe proporcione carinho, um ambiente saudável e acolhedor, desperta na criança segurança para se apoiar em seus pais e se sentir segura com o meio que está inserida.

Porém sabemos que famílias perfeitas não existem, todas enfrentam dificuldades, às vezes na própria estrutura tal como na falta de diálogo e carinho, segundo WINNICOTT (1982, p.142), “mesmo o mais carinhoso e compreensivo ambiente familiar não pode alterar o fato de que o desenvolvimento humano vulgar é árduo e na verdade, um lar perfeitamente adaptativo seria difícil de perdurar.”  As famílias basicamente exercem o papel de transformar as crianças de hoje em seres humanos capazes de se relacionar com o meio social em que estão inseridos, bem como as mudanças das quais podem enfrentar no dia a dia, sendo que a família é o conjunto que mais se transmite valores às crianças tendo grande influência em seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e social.

O medo e o receio fazem com que as crianças desenvolvam cada vez mais a insegurança de se afastar dos pais, o pensamento negativo se faz presente, tomando forma e aumentando cada vez mais, conforme cita CASTILHO (2000, p. 47), “nas crianças e adolescentes, os transtornos de ansiedade mais comuns são o transtorno de separação, atingindo 4% da população desta faixa etária.” Não resta dúvidas de que a família e a escola são parceiros fundamentais que só tem a favorecer no desenvolvimento da criança, pois é de extrema importância os dois caminharem juntos, com isso cada vez mais a criança irá criar confiança e enfrentar a ansiedade de forma positiva com o intuito de amenizar este transtorno emocional cada vez mais.

Infelizmente muitos dos valores que deveriam ser considerados como primordiais estão se perdendo, a educação quando caminha junto com a família constrói bases que liga diretamente ao desenvolvimento da criança, dando a ela uma autoconfiança maior, atingindo expectativas e promovendo o bem estar.

Diante a tantas transformações que a sociedade enfrenta hoje, as escolas juntamente com os pais, necessitam encontram formas e caminhos para contribuir e ajudar no desenvolvimento da identidade da criança, tornando-a confiante e segura de si.

 

CAUSAS E SINTOMAS DA ANSIEDADE

 

Segundo DANIELSKI, (2003, p. 40). Através de alguns sintomas, podemos analisar, se estes se fazem presentes no cotidiano da criança, sendo que se os mesmos durarem algumas semanas e não apresentar melhoras, o melhor que os pais devem fazer é procurar a ajuda e a avaliação de um especialista, contribuindo assim para a melhora e para o desenvolvimento da criança.

SINTOMAS EMOCIONAIS

  • Tristeza;
  • Medo;
  • Preocupação;
  • Culpa;
  • Alterações repentinas de humor.

SINTOMAS FISICOS

  • Dificuldade para dormir;
  • Lentidão nos movimentos;
  • Vergonha;
  • Sono agitado;
  • Mãos e pés suados;
  • Náuseas, alterações gastrointestinais;
  • Arrepios;
  • Músculos tensos;
  • Dores no corpo;
  • Boca seca;
  • Dificuldades para respirar;

SINTOMAS COMPORTAMENTAIS

  • Crises de choro;
  • Isolar-se;
  • Evitar sair de casa;
  • Mostra-se agressivo;
  • Incapacidade de lidar com tarefas diárias;
  • Diminuição da capacidade de atenção, concentração e memoria;
  • Contar os passos que dá ao andar;
  • Arrumar objetos por cores e tamanho.

PENSAMENTOS

  • Pessimismo;
  • Pensamentos enviesados;
  • Pensamentos ruins;
  • Perfeccionismo;
  • Pensar somente no que não deu certo.

 

ESTRATÉGIAS PARA CONTROLAR A ANSIEDADE

 

Não existe uma solução mágica para acabar com a ansiedade, hoje possuem profissionais que podem ajudar neste transtorno emocional, porém existem técnicas que podem acalmar a criança ansiosa em situações do dia a dia.

Muitos dos pais pronunciam frases prontas como “Não se preocupe” ou “Confia em mim”, a criança sabe que seu pai está ali naquele devido momento, mas quando a criança está ansiosa ela paralisa, em outras palavras ela não consegue absorver palavra alguma, pois seu cérebro não permite que ela ouça.

De acordo com a psicóloga SANCHES (2010, p.52), “Quando estamos nervosos ou ansiosos não pensamos com a mesma clareza e é fácil focarmo-nos apenas nos aspectos potencialmente negativos.”  O medo e a insegurança impedem a criança a confiar em si mesmo, em suas habilidades e faz com que as crises demorem a passar.

Segundo DANIELSKI, (2003, p. 44). Algumas técnicas que podem ser usadas no dia a dia pelos pais:

  • Pare por breves momentos e faça algumas respirações profundas com a criança;
  • Entenda que a criança precisa da sua ajuda;
  • Seja paciente e encoraje a criança a não desistir;
  • Reforce o que de positivo a criança consegue fazer;
  • Elogie seus esforços;
  • Converse sobre quais são seus medos;
  • Acompanhe a criança e a incentive;
  • Faça coisas diferentes, visite lugares diferentes;
  • Ouça músicas com a criança;
  • Opte por atividades físicas com a criança como andar de bicicleta, passear com cachorro;
  • Inclua atividades lúdicas na rotina da criança;
  • Seja um bom exemplo para seu filho e aluno.

Estas técnicas são simples mais ajudam as crianças a manter uma maior oxigenação no cérebro. A psicóloga LIPP (2005, p.89), sugere para os professores alguns tipos de relaxamentos que podem ser feitos em sala de aula:

  • Feche os olhos;
  • Enrijeçam todos os músculos do corpo de uma só vez;
  • Agora, soltem todos os músculos ao mesmo tempo;
  • Prestem atenção na respiração;
  • Respirem bem fundo, pelo nariz e mantenham a boca fechada;
  • Sintam a barriga se enchendo, como se fosse um balão;
  • Agora soltem o ar devagarinho, pela boca, enquanto contam mentalmente (um, dois, três, quatro...);
  • Mantenham os olhos fechados;
  • Respirem normalmente agora;
  • Soltem os músculos;
  • Imaginem agora uma luz da cor que preferirem (de que mais gostarem), imagine que essa cor vai passar por todas as partes de seu corpo, como se estivesse fazendo uma massagem;
  • Sintam a luz passando pela boca, cabeça, por todo seu corpo;
  • Sintam a calma;
  • Acreditem que tudo vai dar certo;
  • Agora abram os olhos;
  • Movimentem os braços e pernas;
  • Se alonguem;
  • Podem voltar às atividades agora.

Segundo PEREIRA (2008, p.87), “os métodos de relaxamento são diferenciados de acordo com a situação. Porém, tem resultados em ambos os níveis, seja ele físico ou mental.” As técnicas usadas em sala ajudam a tranquilizar o ambiente como também acalma a criança que está ansiosa.

A criança necessita que os pais apoiem e sejam presentes, que acima de tudo entendam que ela precisa de paciência e atenção, o acompanhamento e a dedicação tanto dos pais quanto dos professores e de extrema importância, pois ela contando com o apoio das pessoas que estão próximas dela, faz com que se sinta segura e acima de tudo confiante para enfrentar todo e qualquer dificuldade.

 

PAPEL DO DOCENTE NO CONTEXTO DA ANSIEDADE

 

Muitas vezes pais e educadores, WEISS, (2010, p. 160), confundem a ansiedade infantil com birras ou mal comportamento. No início do ano escolar, na volta das férias, muitas crianças choram sem ter motivo específico, onde relatam dores de cabeça, dores de estômago e náuseas. Depois de descoberto que a causa desses sintomas é a ansiedade, nesse momento que o educador tem um papel importante, apesar de toda correria do dia, com a grande quantidade dos conteúdos para passar, é necessário um olhar mais detalhado para essa criança, compreender o que está acontecendo e perceber que não é uma simples birra e sim uma ansiedade muito grande que está gerando um sofrimento enorme.

Na escola é comum encontrarmos crianças ansiosas. Há, da parte delas, uma necessidade muito forte de encontrar alguém que possam confiar e tentar compreender o que estão sentindo. Na fase escolar existem situações causadoras de ansiedade para as crianças, principalmente as situações novas, inexistentes na vida familiar. Ao chegar à escola, a criança vai encontrar uma realidade diferente da sua, um mundo desconhecido e estranho.

Segundo OOM (2008), o professor pode ajudar muito o aluno da seguinte forma: relaxar é a palavra-chave; acalmar é a obrigação; mostrar que aquilo que ela sente até é normal, apenas exagerado; conversar com a criança pode ajudar; estimular a autoestima é fundamental; respeitando a individualidade e o tempo de cada um.

Quando o educador se aproxima e tenta ajudar a entender o que está acontecendo, faz com que a criança se sinta segura e protegida. O papel dos pais também é de grande importância, podendo ajudá-los demonstrando confiança pela escola, cumprindo a promessa de buscar ou de esperar a criança no local combinado, dando espaço para a criança contar tudo sobre seu dia na escola. Prestar atenção como estão cobrando os rendimentos escolares, pois a ansiedade interfere no desempenho da criança.

Educadores, WEISS, (2010, p. 171), devem agir com disciplina constante e com muita coerência em suas ações, atualmente estão transformando as crianças em pequenos estressados. Cada vez mais cedo, elas assumem responsabilidades, disputam a melhor posição em qualquer atividade e correm atrás de múltiplas competências. Esquecendo que elas deveriam brincar mais, dormir mais e se preocupar menos. A sociedade está cada vez mais exigente, onde as crianças estão sendo cobradas pela perfeição, não podendo errar e ter que ser o melhor em tudo.

Com isso fazendo com que ”pulem” etapas preciosas da vida, as quais são de grande importância para seu desenvolvimento emocional como: brincar, passear, divertir, para quando se transformarem em adultos, esteja preparado para enfrentarem essa sociedade tantas responsabilidades.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

A ansiedade é uma reação natural do organismo, ou seja, um extinto desenvolvido de sobrevivência para que o ser humano reaja diante do perigo. Porém quando excede o nível de normalidade gera grande desconforto em algumas situações da vida do indivíduo

A competição e a realização individual, excessivamente valorizada nos dias atuais, podem dar origem à ansiedade social. Neste contexto, as pessoas desenvolvem atitudes que atendem às expectativas de outrem para que possam ser aceitos, sob pena de serem rejeitados ou desvalorizados. O medo do fracasso, da punição e ridicularização dificultavam iniciativas de exposição e, portanto, impediam novas experiências que mudassem a aprendizagem estabelecida anteriormente.

No meio escolar estes transtornos têm afetado inúmeros indivíduos. Em decorrência disso, o desempenho acadêmico é baixo, há uma maior reincidência em reprovações, dúvidas quanto à escolha profissional ou até mesmo a desistência dos estudos. Cada indivíduo é distinto e, por isso, é importante que estes indivíduos busquem ajuda, buscar o autoconhecimento, aprendendo, descobrindo ou elaborando técnicas próprias de combate a este sintoma às vezes inconveniente, mas natural, para que frente a uma situação de estresse o nível de ansiedade apresentado não seja prejudicial em suas vidas.

É preciso aceitá-la e aprender a controlar os seus sintomas. Quem sofre de ansiedade generalizada, antecipa acontecimentos que não estão ocorrendo no momento e que não é certo que venham a ocorrer no futuro. É importante concentrar-se no presente e tomar consciência do próprio corpo. Procurar sentir os pés firmes no chão, observar a respiração, corrigir a postura, posicionando-se mais firmemente, tudo isso pode ajudar no momento em que ela aparece.

Mais em longo prazo, praticar regularmente exercícios físicos, aprender práticas de relaxamento e guardar um tempo para fazer o que gosta como estar perto de pessoas queridas, é muito importante. Quando praticamos exercícios físicos, nosso organismo produz substâncias que são responsáveis pela sensação de prazer.

Há vários tipos de transtornos e que cada pessoa reage de uma forma diferente a eles.  Assim, não existe uma fórmula única e generalizada que resolva o problema. Algumas estratégias foram apresentadas neste artigo para tentar diminuir os impactos decorrentes destes problemas.

Contudo, há uma grande necessidade de continuidade da discussão nesse campo. Apesar dos avanços nas pesquisas em neurociência e no tratamento da ansiedade, ainda existe muito a ser explorado.

 

 

REFERÊNCIAS

 

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