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ANSIEDADE INFANTIL NOS ANOS INICIAIS

CHILD ANXIETY IN THE EARLY YEARS

Eliane Maria dos Santos Kerber

Daiane Aparecida Lourenção

Karina Costa Paes de Sousa

 

 

RESUMO

Precisamos entender e compartilhar uma nova postura em torno da ansiedade infantil, acreditando que as escolas tornem-se agentes capazes de transformação e redução de danos, podendo assim impactar, inclusive, na vida futura dessas crianças durante a adolescência e a vida adulta. Necessitamos conhecer e analisar as principais contribuições teóricas existentes a respeito do tema abordado como: ansiedade; ansiedade infantil X aprendizagem; participação da família na aprendizagem; causas e sintomas da ansiedade bem como estratégias para controlar a ansiedade. Constatou se que as causas tidas como biológicas ou hereditárias são aquelas em que, a princípio, não se pode controlar. São fatores genéticos transmitidos de geração para geração. Já as cognitivas dizem respeito a maneira como essas crianças processam informações e emoções no cérebro. Ou seja, são passíveis de aprendizado e treinamento durante a infância e toda a vida. Certamente a escola não terá todo o poder de atuação necessário para resolver casos de ansiedade.  O mais importante é compartilhar a responsabilidade com os pais. Isso porque, o contexto de suas vidas e o direcionamento de educação que os alunos recebem, possui impacto relevante tanto na prevenção quanto na solução do problema.

 

Palavras-chave: Ansiedade Infantil. Estratégias.  Aprendizagem.

 

ABSTRACT

We need to understand and share a new attitude around childhood anxiety, believing that schools become agents capable of transformation and harm reduction, thus being able to impact even the future lives of these children during adolescence and adulthood. We need to know and analyze the main existing theoretical contributions regarding the topic addressed, such as: anxiety; child anxiety X learning; family participation in learning; causes and symptoms of anxiety as well as strategies for managing anxiety. It was found that the causes considered as biological or hereditary are those in which, in principle, it cannot be controlled. These are genetic factors transmitted from generation to generation. The cognitive ones are related to the way these children process information and emotions in the brain. That is, they are capable of learning and training during childhood and throughout life. Certainly the school will not have all the power of action necessary to solve cases of anxiety. The most important thing is to share the responsibility with the parents. This is because the context of their lives and the direction of education that students receive has a relevant impact on both prevention and solution of the problem.

Keywords: Child Anxiety. Strategies. Learning

 

 

INTRODUÇÃO

 

A ansiedade está presente no comportamento humano desde os tempos mais primitivos e é parte de sua natureza ter sentimentos de ameaça, perigo, enfim do que ainda não é conhecido. Todavia “a ansiedade passou a ser objeto de distúrbios quando o ser humano colocou-se não a serviço de sua sobrevivência, como fazia antes, mas a serviço de sua existência.” (MARGIS et al, 2003, p. 1).

O transtorno de ansiedade é definido como uma apreensão excessiva de fazer algo, um medo sem explicação e que ocasiona uma tensão desagradável. A diferença entre a ansiedade normal e a patológica é definida por sua intensidade e duração.

A ansiedade em excesso pode influenciar negativamente a aprendizagem escolar. Crianças com Transtorno de Ansiedade –TA – podem apresentar dificuldades em várias áreas de estudo prejudicando especialmente o processo de alfabetização e de numeralização. Estas crianças se esforçam, mas o medo excessivo acaba impedindo a aprendizagem. Tendem a realizar rituais como, por exemplo, a carteira que deve estar arrumada de determinada maneira, caderno no centro, estojo a esquerda e garrafa de água a direita; rituais de limpeza, como o pó da borracha ou os restos de lápis. Além disso, apresentam dificuldade para relacionar-se com outras pessoas e se sentem desmotivadas para a escola, apresentam baixa autoestima e baixa expectativa em relação ao futuro.

De seu lado, a instituição escolar pode ou não colaborar para a redução e controle do nível de ansiedade de seus alunos em condição patológica.

WEISS (2010, p. 169), chama a atenção que situações malconduzidas na escola podem gerar e exacerbar a condição de ansiedade dos alunos. A autora alerta que a aprendizagem é acompanhada de “um nível de ansiedade ótimo” a ansiedade paranoica e a ansiedade depressiva, contudo, a ultrapassagem desse limite acarreta prejuízos neste processo. As situações de aprendizagem quando são mal conduzidas são geradoras de um excesso de ansiedade que se torna insuportável para o aluno, chegando à desorganização de sua conduta, o que acarreta o fracasso na produção escolar.

As dificuldades de aprendizagem podem se iniciar desde a educação infantil e tornar-se mais evidentes no ensino fundamental. Cabe à instituição escolar reconhecê-las e encaminhar os alunos para uma avaliação psicoeducacional que possa confirmar ou não as suposições. Entretanto, nem sempre as coisas vêm acontecendo desta maneira e podemos encontrar, ainda hoje, crianças em condições patológicas sem atendimento adequado por parte da escola e da família, bem como crianças medicadas inapropriadamente. Esse é o caso do uso indiscriminado de ritalina na infância, registrada no Brasil e em outros países.

O objetivo desse artigo é compreender a gravidade da ansiedade e seus possíveis transtornos para aprimoramento da prática. O foco da ansiedade será tratado dentro e fora da escola, através de experiências próprias. Este estudo abordará aspectos relacionados a avaliação dessas crianças e, consequentemente, um diagnóstico correto para o tratamento das mesmas, inserindo o educador como ferramenta essencial no diagnóstico dos alunos, apresentando-se possíveis orientações para que o rendimento escolar seja satisfatório.

 

 

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

A ansiedade está presente no comportamento humano, desde os tempos mais primitivos, visto que faz parte de sua natureza ter sentimentos de ameaça, perigo, enfim do que não é conhecido. Na contemporaneidade a ansiedade pode ser entendida como fruto da pós-modernidade e considerada “normal” para os sujeitos. Reportando-se ao âmbito educacional, estudos na área da psicopedagogia afirmam que a ansiedade em excesso pode influenciar negativamente na aprendizagem. Frente a esses estudos, a presente pesquisa objetivou investigar quais práticas pedagógicas podem auxiliar crianças com ansiedade a descentrar seu pensamento.

 

O QUE É ANSIEDADE?

 

De acordo com FREEMAM (2015, p.18), “a ansiedade é ao mesmo tempo, absolutamente normal e incrivelmente complexa”. A ansiedade está diretamente ligada as nossas emoções, elas podem afetar nossos pensamentos, nosso corpo e comportamentos.

Ansiedade, nada mais é que uma reação do nosso próprio organismo, uma forma que desencadeia diferentes maneiras, sendo elas, emocionalmente e fisicamente, elas se tornam uma reação natural do ser humano, ela é uma função importante e biológica do nosso corpo, geralmente quando ficamos ansiosos, nosso organismo demonstra sensações físicas, como mãos suadas, coração acelerado e dificuldade para respirar.

Os psicólogos definem que nossas emoções podem durar de segundos até mesmo horas, as emoções nos movem e são extremamente importantes na nossa vida, através dela podemos saber os sentimentos de outras pessoas, Segundo McReynolds (1965 apud Pereira, 2008, p. 02) “O sentimento de ansiedade é parte intrínseca da condição humana. É uma resposta natural a determinados fatores ambientais e psicológicos.” Estre transtorno emocional se faz necessário para nossa sobrevivência e não se sabe quanto tempo pode durar, o que se sabe é que a ansiedade esta presenta cada vez mais em nossa sociedade.

A ansiedade já tem causado muitos danos, prejudicando o rendimento escolar dos alunos, (D AVILA E SOARES, 2003, P. 107) Como pressupõe Graeff e Brandão (1996) “desde as primeiras argumentações sobre a ansiedade, que se registraram na Grécia Clássica, a experiência subjetiva era sempre associada a sintomas corporais.” Infelizmente a ansiedade vem sendo um mal que atinge grande parte da população hoje, desde os mais velhos até mesmo as crianças, a ansiedade apresenta várias definições de acordo com o Dicionário Aurélio sendo elas: aflição, anseio, medo, angustia, insegurança, entre outros.

Porém o que se deve levar em consideração é que a ansiedade em seus diversos aspectos e formas, pode tanto nos beneficiar quanto nos prejudicar, atrapalhando nosso funcionamento corporal e mental, com as crianças não seria diferente, este transtorno mental pode causar danos que elas levaram para a vida toda. Podendo se manifestar nos primeiros anos de vida da criança, sendo comum quando a mesma passa por situações novas e que acabe gerando insegurança sendo elas, separação dos pais, mudança de casa, escola nova ou até mesmo a perca de alguém da família, em situações como estas o alerta dos pais deve ser maior, verificando se ela está feliz e confortável com a situação.

 

ANSIEDADE INFANTIL X APRENDIZAGEM

 

Infelizmente poucas pessoas se dão conta da gravidade que este transtorno emocional acarreta na vida das crianças, pais e professores podem ajudar positivamente na descoberta deste mal, às vezes quando a criança começa a se isolar, se fechando e tendo dificuldade não é indisciplina da parte dela, e sim a demonstração de que algo não vai bem.

Segundo MAROT (2004, p.14), a ansiedade é um sentimento de apreensão desagradável, vago, acompanhado de sensações físicas como vazio (ou frio) no estomago (ou na espinha), ou pressão no peito, palpitações, transpiração, dentre várias outras.

Sabemos que não é normal uma criança em idade de brincar e explorar o mundo, viver constantemente apreensiva, com medo e preocupada, requer cuidado e dedicação da parte dos professores para poder observar esta criança. A criança precisa de alguém que passe confiança a ela, que faça com que ela se sinta segura, para FREUD (1976, p.216), ”Existem dois modos de diminuir a ansiedade. O primeiro modo seria lidando diretamente com a situação. Resolvemos problemas, superamos obstáculos, enfrentamos ou fugimos de ameaças.” A criança ansiosa vive constantemente em alerta, sente medo e pensam inúmeras vezes em situações que não aconteceram ou que podem nem existir, ela acaba criando seu próprio medo, com isso ela passa a ter dificuldades de concentração, de socialização e um péssimo rendimento escolar.

De acordo com a Psicóloga e professora LIPP (2005, p.91) “A ansiedade excessiva é muito comum em crianças e talvez seja a dificuldade emocional mais identificada por pais e professores.” É fácil identificar uma criança indisciplinada, pois elas fazem de tudo para serem notadas, diferente das crianças ansiosas que passam despercebidas, em outras palavras, crianças ansiosas não “não atrapalham a sala”, dificilmente interagem com outras crianças em brincadeiras e dinâmicas propostas em sala.

Segundo DUARTE e OLIVEIRA (2004, p.58), “alguns componentes importantes da ansiedade que podem interferir na aprendizagem e no desempenho em geral do aluno são a tensão, incerteza e apreensão em relação ao futuro”. A ansiedade pode apresentar sérias dificuldades de aprendizagem, dificultando ainda mais seu rendimento escolar. Os professores possuem papel de extrema importância na vida da criança que sofre deste transtorno emocional, pois uma aula que não chame a atenção do aluno e professores que vivem em constante cobrança vira cada dia mais uma ameaça para a criança.

O comportamento, atitudes e a relação que o professor transmite ao aluno está ligada diretamente com a aprendizagem da criança, de acordo com PATTO (2000, p. 78), “O professor pode projetar nos alunos seus próprios complexos, dificuldades emocionais, conjugais, sociais, repetindo com a criança suas próprias experiências de uma educação equivocada ou sofrida.” De forma indireta e sem nem perceber o professor pode tornar uma carga geradora de stress e aumentar a ansiedade da criança cada vez mais. É de extrema importância descobrir a raiz do problema, ir a fundo para descobrir a causa e desenvolver estratégias para lidar com estas dificuldades, ajudando a mesma a enfrentar estas mudanças que ocorrem em sua vida e ter um desenvolvimento que favoreça sua aprendizagem.

Conforme cita GARCIA (1998, p.122), “isso pode gerar além da dificuldade de aprendizagem o fracasso escolar, prejudicando não só a vida escolar do aluno como também outros aspectos sociais, emocionais, familiares, etc.” Identificar os problemas que a ansiedade pode gerar causa certo desconforto, receio e medo, mas se deve pensar sempre na criança encontrando formas de ajudar a mesma, uma parceria que pode dar certo é da escola juntamente com os pais, através de conversa os mesmos podem encontrar formas que deixem a criança confortável e segura.

 

 PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA APRENDIZAGEM

 

Antigamente as famílias possuíam padrões de estruturas bem parecidos, a educação era severa e dificilmente existia meio termo, porém hoje grande parte das famílias possuem estruturas distintas, muitas delas sofrem as transformações ocasionadas pela evolução dos tempos modernos, possuindo vários modelos em uma única família, sendo formada por origens distintas e pessoas diferentes.

Segundo WINNICOTT (1982, p.144), “temos, pois, duas coisas distintas: as tendências inatas do bebê e o lar que você lhe proporciona. A vida consiste na interação dessas duas coisas.” Todos sabem das mudanças que ocorrem ao longo do tempo, porém o que não se pode deixar de lado é a importância que a família possui no desenvolvimento da criança, bem como a de todos os membros que englobam o meio social que a criança está inserida. 

De acordo com ZIMERMAN (1999, p.104),

 

... uma família bem estruturada requer algumas condições básicas, como é a necessidade de que haja uma hierarquia na distribuição de papeis, lugares, posições e atribuições como a manutenção de um clima de liberdade e de respeito reciproco entre os membros.

 

A participação da família no desenvolvimento da criança é de suma importância, pois as crianças que possuem uma estrutura familiar que lhe proporcione carinho, um ambiente saudável e acolhedor, desperta na criança segurança para se apoiar em seus pais e se sentir segura com o meio que está inserida.

Porém sabemos que famílias perfeitas não existem, todas enfrentam dificuldades, às vezes na própria estrutura tal como na falta de diálogo e carinho, segundo WINNICOTT (1982, p.142), “mesmo o mais carinhoso e compreensivo ambiente familiar não pode alterar o fato de que o desenvolvimento humano vulgar é árduo e na verdade, um lar perfeitamente adaptativo seria difícil de perdurar.”  As famílias basicamente exercem o papel de transformar as crianças de hoje em seres humanos capazes de se relacionar com o meio social em que estão inseridos, bem como as mudanças das quais podem enfrentar no dia a dia, sendo que a família é o conjunto que mais se transmite valores às crianças tendo grande influência em seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e social.

O medo e o receio fazem com que as crianças desenvolvam cada vez mais a insegurança de se afastar dos pais, o pensamento negativo se faz presente, tomando forma e aumentando cada vez mais, conforme cita CASTILHO (2000, p. 47), “nas crianças e adolescentes, os transtornos de ansiedade mais comuns são o transtorno de separação, atingindo 4% da população desta faixa etária.” Não resta dúvidas de que a família e a escola são parceiros fundamentais que só tem a favorecer no desenvolvimento da criança, pois é de extrema importância os dois caminharem juntos, com isso cada vez mais a criança irá criar confiança e enfrentar a ansiedade de forma positiva com o intuito de amenizar este transtorno emocional cada vez mais.

Infelizmente muitos dos valores que deveriam ser considerados como primordiais estão se perdendo, a educação quando caminha junto com a família constrói bases que liga diretamente ao desenvolvimento da criança, dando a ela uma autoconfiança maior, atingindo expectativas e promovendo o bem estar.

Diante a tantas transformações que a sociedade enfrenta hoje, as escolas juntamente com os pais, necessitam encontram formas e caminhos para contribuir e ajudar no desenvolvimento da identidade da criança, tornando-a confiante e segura de si.

 

CAUSAS E SINTOMAS DA ANSIEDADE

 

Segundo DANIELSKI, (2003, p. 40). Através de alguns sintomas, podemos analisar, se estes se fazem presentes no cotidiano da criança, sendo que se os mesmos durarem algumas semanas e não apresentar melhoras, o melhor que os pais devem fazer é procurar a ajuda e a avaliação de um especialista, contribuindo assim para a melhora e para o desenvolvimento da criança.

SINTOMAS EMOCIONAIS

  • Tristeza;
  • Medo;
  • Preocupação;
  • Culpa;
  • Alterações repentinas de humor.

SINTOMAS FISICOS

  • Dificuldade para dormir;
  • Lentidão nos movimentos;
  • Vergonha;
  • Sono agitado;
  • Mãos e pés suados;
  • Náuseas, alterações gastrointestinais;
  • Arrepios;
  • Músculos tensos;
  • Dores no corpo;
  • Boca seca;
  • Dificuldades para respirar;

SINTOMAS COMPORTAMENTAIS

  • Crises de choro;
  • Isolar-se;
  • Evitar sair de casa;
  • Mostra-se agressivo;
  • Incapacidade de lidar com tarefas diárias;
  • Diminuição da capacidade de atenção, concentração e memoria;
  • Contar os passos que dá ao andar;
  • Arrumar objetos por cores e tamanho.

PENSAMENTOS

  • Pessimismo;
  • Pensamentos enviesados;
  • Pensamentos ruins;
  • Perfeccionismo;
  • Pensar somente no que não deu certo.

 

ESTRATÉGIAS PARA CONTROLAR A ANSIEDADE

 

Não existe uma solução mágica para acabar com a ansiedade, hoje possuem profissionais que podem ajudar neste transtorno emocional, porém existem técnicas que podem acalmar a criança ansiosa em situações do dia a dia.

Muitos dos pais pronunciam frases prontas como “Não se preocupe” ou “Confia em mim”, a criança sabe que seu pai está ali naquele devido momento, mas quando a criança está ansiosa ela paralisa, em outras palavras ela não consegue absorver palavra alguma, pois seu cérebro não permite que ela ouça.

De acordo com a psicóloga SANCHES (2010, p.52), “Quando estamos nervosos ou ansiosos não pensamos com a mesma clareza e é fácil focarmo-nos apenas nos aspectos potencialmente negativos.”  O medo e a insegurança impedem a criança a confiar em si mesmo, em suas habilidades e faz com que as crises demorem a passar.

Segundo DANIELSKI, (2003, p. 44). Algumas técnicas que podem ser usadas no dia a dia pelos pais:

  • Pare por breves momentos e faça algumas respirações profundas com a criança;
  • Entenda que a criança precisa da sua ajuda;
  • Seja paciente e encoraje a criança a não desistir;
  • Reforce o que de positivo a criança consegue fazer;
  • Elogie seus esforços;
  • Converse sobre quais são seus medos;
  • Acompanhe a criança e a incentive;
  • Faça coisas diferentes, visite lugares diferentes;
  • Ouça músicas com a criança;
  • Opte por atividades físicas com a criança como andar de bicicleta, passear com cachorro;
  • Inclua atividades lúdicas na rotina da criança;
  • Seja um bom exemplo para seu filho e aluno.

Estas técnicas são simples mais ajudam as crianças a manter uma maior oxigenação no cérebro. A psicóloga LIPP (2005, p.89), sugere para os professores alguns tipos de relaxamentos que podem ser feitos em sala de aula:

  • Feche os olhos;
  • Enrijeçam todos os músculos do corpo de uma só vez;
  • Agora, soltem todos os músculos ao mesmo tempo;
  • Prestem atenção na respiração;
  • Respirem bem fundo, pelo nariz e mantenham a boca fechada;
  • Sintam a barriga se enchendo, como se fosse um balão;
  • Agora soltem o ar devagarinho, pela boca, enquanto contam mentalmente (um, dois, três, quatro...);
  • Mantenham os olhos fechados;
  • Respirem normalmente agora;
  • Soltem os músculos;
  • Imaginem agora uma luz da cor que preferirem (de que mais gostarem), imagine que essa cor vai passar por todas as partes de seu corpo, como se estivesse fazendo uma massagem;
  • Sintam a luz passando pela boca, cabeça, por todo seu corpo;
  • Sintam a calma;
  • Acreditem que tudo vai dar certo;
  • Agora abram os olhos;
  • Movimentem os braços e pernas;
  • Se alonguem;
  • Podem voltar às atividades agora.

Segundo PEREIRA (2008, p.87), “os métodos de relaxamento são diferenciados de acordo com a situação. Porém, tem resultados em ambos os níveis, seja ele físico ou mental.” As técnicas usadas em sala ajudam a tranquilizar o ambiente como também acalma a criança que está ansiosa.

A criança necessita que os pais apoiem e sejam presentes, que acima de tudo entendam que ela precisa de paciência e atenção, o acompanhamento e a dedicação tanto dos pais quanto dos professores e de extrema importância, pois ela contando com o apoio das pessoas que estão próximas dela, faz com que se sinta segura e acima de tudo confiante para enfrentar todo e qualquer dificuldade.

 

PAPEL DO DOCENTE NO CONTEXTO DA ANSIEDADE

 

Muitas vezes pais e educadores, WEISS, (2010, p. 160), confundem a ansiedade infantil com birras ou mal comportamento. No início do ano escolar, na volta das férias, muitas crianças choram sem ter motivo específico, onde relatam dores de cabeça, dores de estômago e náuseas. Depois de descoberto que a causa desses sintomas é a ansiedade, nesse momento que o educador tem um papel importante, apesar de toda correria do dia, com a grande quantidade dos conteúdos para passar, é necessário um olhar mais detalhado para essa criança, compreender o que está acontecendo e perceber que não é uma simples birra e sim uma ansiedade muito grande que está gerando um sofrimento enorme.

Na escola é comum encontrarmos crianças ansiosas. Há, da parte delas, uma necessidade muito forte de encontrar alguém que possam confiar e tentar compreender o que estão sentindo. Na fase escolar existem situações causadoras de ansiedade para as crianças, principalmente as situações novas, inexistentes na vida familiar. Ao chegar à escola, a criança vai encontrar uma realidade diferente da sua, um mundo desconhecido e estranho.

Segundo OOM (2008), o professor pode ajudar muito o aluno da seguinte forma: relaxar é a palavra-chave; acalmar é a obrigação; mostrar que aquilo que ela sente até é normal, apenas exagerado; conversar com a criança pode ajudar; estimular a autoestima é fundamental; respeitando a individualidade e o tempo de cada um.

Quando o educador se aproxima e tenta ajudar a entender o que está acontecendo, faz com que a criança se sinta segura e protegida. O papel dos pais também é de grande importância, podendo ajudá-los demonstrando confiança pela escola, cumprindo a promessa de buscar ou de esperar a criança no local combinado, dando espaço para a criança contar tudo sobre seu dia na escola. Prestar atenção como estão cobrando os rendimentos escolares, pois a ansiedade interfere no desempenho da criança.

Educadores, WEISS, (2010, p. 171), devem agir com disciplina constante e com muita coerência em suas ações, atualmente estão transformando as crianças em pequenos estressados. Cada vez mais cedo, elas assumem responsabilidades, disputam a melhor posição em qualquer atividade e correm atrás de múltiplas competências. Esquecendo que elas deveriam brincar mais, dormir mais e se preocupar menos. A sociedade está cada vez mais exigente, onde as crianças estão sendo cobradas pela perfeição, não podendo errar e ter que ser o melhor em tudo.

Com isso fazendo com que ”pulem” etapas preciosas da vida, as quais são de grande importância para seu desenvolvimento emocional como: brincar, passear, divertir, para quando se transformarem em adultos, esteja preparado para enfrentarem essa sociedade tantas responsabilidades.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

A ansiedade é uma reação natural do organismo, ou seja, um extinto desenvolvido de sobrevivência para que o ser humano reaja diante do perigo. Porém quando excede o nível de normalidade gera grande desconforto em algumas situações da vida do indivíduo

A competição e a realização individual, excessivamente valorizada nos dias atuais, podem dar origem à ansiedade social. Neste contexto, as pessoas desenvolvem atitudes que atendem às expectativas de outrem para que possam ser aceitos, sob pena de serem rejeitados ou desvalorizados. O medo do fracasso, da punição e ridicularização dificultavam iniciativas de exposição e, portanto, impediam novas experiências que mudassem a aprendizagem estabelecida anteriormente.

No meio escolar estes transtornos têm afetado inúmeros indivíduos. Em decorrência disso, o desempenho acadêmico é baixo, há uma maior reincidência em reprovações, dúvidas quanto à escolha profissional ou até mesmo a desistência dos estudos. Cada indivíduo é distinto e, por isso, é importante que estes indivíduos busquem ajuda, buscar o autoconhecimento, aprendendo, descobrindo ou elaborando técnicas próprias de combate a este sintoma às vezes inconveniente, mas natural, para que frente a uma situação de estresse o nível de ansiedade apresentado não seja prejudicial em suas vidas.

É preciso aceitá-la e aprender a controlar os seus sintomas. Quem sofre de ansiedade generalizada, antecipa acontecimentos que não estão ocorrendo no momento e que não é certo que venham a ocorrer no futuro. É importante concentrar-se no presente e tomar consciência do próprio corpo. Procurar sentir os pés firmes no chão, observar a respiração, corrigir a postura, posicionando-se mais firmemente, tudo isso pode ajudar no momento em que ela aparece.

Mais em longo prazo, praticar regularmente exercícios físicos, aprender práticas de relaxamento e guardar um tempo para fazer o que gosta como estar perto de pessoas queridas, é muito importante. Quando praticamos exercícios físicos, nosso organismo produz substâncias que são responsáveis pela sensação de prazer.

Há vários tipos de transtornos e que cada pessoa reage de uma forma diferente a eles.  Assim, não existe uma fórmula única e generalizada que resolva o problema. Algumas estratégias foram apresentadas neste artigo para tentar diminuir os impactos decorrentes destes problemas.

Contudo, há uma grande necessidade de continuidade da discussão nesse campo. Apesar dos avanços nas pesquisas em neurociência e no tratamento da ansiedade, ainda existe muito a ser explorado.

 

 

REFERÊNCIAS

 

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