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AVALIAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL

Rafaela Lucília Silva Bandeira

 

Projeto de Ensino apresentado ao Curso de Pedagogia da UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, como atividade interdisciplinar em grupo do  8º Semestre de Pedagogia.
Unidade: Cuiabá.
Tutor eletrônico: Mariana Claudia G Martins
Tutor de sala: Ivete de Queiroz Porto

 

 

“A Sociedade Brasileira precisa pensar os seus rumos e para isso é necessário aprender a fazer a avaliação de seus erros e, principalmente, dos limites e contradição que devem ser superados, além de assumir seus acertos referenciais. Faz-se necessário, antes de qualquer avaliação, que o professor se autoavalie, que ele se veja no seu tempo.  (Almeida, 1995: 45).

 

 

RESUMO

Este estudo trata-se de uma análise sobre a avaliação com enfoque para a avaliação do Ensino Fundamental. O objetivo é registrar e divulgar as formas atuais de avaliação e questionar a validade educacional das mesmas para o cidadão/profissional do futuro. A reflexão requer considerações sobre os conceitos de cidadania, globalização e evolução socioculturais; pois serão os paradigmas encontrados pelos alunos no futuro. Este estudo permitiu mostrar que a avaliação, fator preponderante no ensino, seja ele em qual nível for, deve ser voltada para a autoavaliação, numa ação consciente, onde o aluno queira saber como está e buscar sua melhoria e compreensão dos conteúdos e que seja uma avaliação democrática, discutível e não punitiva, sem objetivos obscuros de aprovar ou reprovar. Assim as escolas estarão cumprindo o seu papel de transmitir conhecimentos, motivar a aprendizagem, capacitar os alunos para exercerem seus papéis com consciência de cidadania e profissionalismo.

 

Palavras-chave: Ensino. Avaliação

 

 

INTRODUÇÃO

 

Um ensino de qualidade pressupõe a existência de algumas posições indispensáveis ao projeto político pedagógico da escola. Neste sentido, em todos os Estados, a escola deverá contar com recursos humanos, físicos e materiais que auxiliem o professor no desenvolvimento do currículo, contando com os instrumentos necessários à apropriação do saber científico e tecnológico pelos alunos, indispensáveis à compreensão da realidade, bem como à inserção na modernidade.

A avaliação coloca em xeque a atuação de todo o sistema educacional, pois quase sempre ela é exercida como elemento de disciplinamento e coerção, tornando-se fator de medo, de traumas e de autoritarismo por parte do professor. O processo se dá numa relação interativa, isto é, entre sujeitos: o professor e o aluno. Assim, se fala do docente através de medidas que valorizem sua atuação. A valorização do magistério passa por sua vez pela competência profissional da educação, para que se possa exigir remuneração digna, uma vez que a qualidade de ensino relaciona-se com a qualidade do professor.

A qualidade do professor reporta a dois problemas que precisam ser discutidos e superados: de um lado a má formação na origem, e de outro a rápida desatualização, por falta de uma atualização sistemática. Desse modo é fundamental que o professor da escola pública assuma o compromisso com a atualização constante, pois a nenhum aluno, por tese e por direito pode ter seu aproveitamento prejudicado pela incompetência do professor.

A ausência de clareza, sob os fundamentos da ação pedagógica, certamente tem dificultado a percepção de que a avaliação é consequência do processo de ensinar e aprender. Ela está sempre subordinada à aquisição do conhecimento, colocado como verdade pronta e imutável da qual a avaliação é juízo final. Usa-se a avaliação para medir a capacidade do aluno em reter essas verdades. Desta forma, usa-se a pedagogia da repetição ou da reprodução que orienta a ação docente, uma vez que o professor só consegue descobrir o que o aluno foi capaz de gravar na repetição.

O mito está em o professor só aceitar aquilo que é observável. Além disso, apesar do discurso progressista a avaliação contínua tradicional.          O desafio está na percepção de que o conhecimento é uma produção do homem, e que sua apropriação se dará num processo de interação mediado pelo professor. O desafio é ainda a mudança, cuja dificuldade está na dicotomia entre a teoria e a prática.

No entanto, estas distorções não devem servir de motivo condicionante e impeditivo do avanço pretendido pela mudança. Estas distorções devem servir como ponto de partida, para que o professor construa sua competência. Desta forma a pretensão desta pesquisa se orienta no objetivo de destacar o papel da família, sociedade e a escola no processo ensino-aprendizagem e avaliatório, considerando as transformações de cada uma em confronto com a realidade técnica e tecnológica do desenvolvimento do mundo atual.

Verificamos que a função do Orientador Educacional no que se refere à avaliação escolar é muito importante, uma vez que, apesar de ser bastante disseminada a ideia de mudanças e inovações, existem grandes resistências em aperfeiçoar o processo ensino-aprendizagem, dando maior ênfase à avaliação quantitativa do que à qualitativa.

Por isso, é necessário demonstrar aos professores que, enquanto medir é um processo descritivo, avaliar é um processo interpretativo, pois supõe julgamento a partir de uma escala de valores, onde muitas vezes o professor é desprovido de conhecimento para exercer tal processo avaliativo. É preciso que todos da Escola percebam que a atividade educativa atual deve estar voltada para o aluno como um todo, com suas qualidades e defeitos, com a construção de seu conhecimento e não ter por meta atribuir notas, mas realizar uma série de objetivos que se traduzam em termos de mudanças de comportamento dos alunos.

 

 

 Revisão de literatura

 

Educação nos novos paradigmas sociais

           

Em 1991, Hofmann, em sua primeira obra - Avaliação: Mito & desafio. Uma perspectiva construtiva teve como objetivo, desvelar os fantasmas da prática tradicional, os alicerces teóricos que nos levam a exercer tal prática, bem como desencadear a tomada de consciência dos educadores e administradores em geral sobre o significado da manutenção da avaliação classificatória na construção de uma escola libertadora.

Nesta época, a escola, através de seus representantes: pais, alunos e Conselho Escolar, reuniram muitas vezes para discutir e debater esse assunto e concluíram que a principal causa de evasão e repetência na Escola (de 1ª a 4ª séries do ensino fundamental) era justamente a Avaliação Classificatória.

Sentindo e querendo mudanças, procuramos aprofundar e fundamentar teoricamente em vários autores que tratam desse assunto.

Lemos em Andreola (1993):

 

“Este deveria ser nosso desafio maior de intelectuais e de pesquisadores deste fim de século e de milênio: reinventar um conhecimento que tenha feições de beleza; reconstruir uma ciência que tenha sabor de vida e cheiro de gente, num século necrófilo, que se especializa na ciência e na arte da morte, da guerra e da destruição” (Andreola, 1993: 41).

 

As tentativas nesta direção ampliam-se gradativamente ao longo dos últimos anos. Há muitos e muitos personagens fazendo parte desta história, acreditando que é preciso trabalhar por uma escola que respeite o educando de todas as idades, que o acolha em suas desesperanças e desperte-lhe confiança no futuro.

Não se pode, de maneira alguma, conviver com este fantasma de falta de conclusão do curso de Ensino Fundamental, principalmente, pois este déficit educacional é uma causa cujo efeito tem descaracterizado a atribuição da escola e levado a admitir a falência do Ensino Público.

É claro que esse modelo só reforça a sociedade burguesa na sua constante luta por garantir um processo de acesso à mão-de-obra qualificada barata, mantendo-se numa situação privilegiada dentro de nosso modo de produção capitalista.

Não se pode considerar como competente uma escola que não dá conta sequer do alunado que recebe, promovendo muitos alunos à categoria de repetentes e evadidos.

    

“O papel das escolas em uma estrutura capitalista behaviarista é “produzir” trabalhadores que alimentam um sistema econômico desigual”. (Kaufman, 1993: 94)

    

O caminho para o desenvolvimento é uma educação igualitária, que acolha os filhos desta geração no futuro, conscientes do seu papel numa possível transformação. Se a criança desde logo for considerada como tendo um futuro impossível, não terá nem um tempo justo para provar o quanto se pode contar com ela.

Democratização do ensino também é dar um ensino de qualidade, consciente do dever para com a sociedade que frequenta a escola pública. E para que se possa preocupar com essa qualidade, é preciso ter uma avaliação diagnóstica, que vise a verificação dos conteúdos não apropriados, a fim de torná-los úteis ao aluno e não aquela costumeira farsa de “avaliar para nada”, onde se verifica apenas os erros e não a aprendizagem do educando.

Desta forma, não existe a preocupação mínima necessária com a promoção do aluno. Deve-se ter o compromisso de manter na escola esse aluno ingressante, porém lhe favorecendo de fato o acesso ao saber e, por conseguinte, o acesso a outros graus de ensino.

Uma outra questão que tem afastado o processo de democratização é a falta de modernidade educacional. É exatamente neste ponto que este trabalho propõe estratégias, visando à materialização de uma nova postura pedagógica.

 

“Poderíamos colocar como meta para a qualidade do professor a capacidade de elaborar projeto pedagógico próprio”. (Demo, 1992: 88).          

 

Cabendo aos professores o compromisso de serem pesquisadores, Demo (1992) coloca com eficácia que professor deve ser a imagem viva do aprender, saber pensar, informar-se e refazer todos os dias o seu posicionamento. Uma pedagogia moderna exige do professor um novo procedimento que aspire a um aluno cidadão.

 

“Por isso, precisamos acabar com as provas mal elaboradas e avaliações quantitativas que resultam na insatisfação do aluno e na evasão escolar, comprometendo a eficiência do professor que, não conseguindo atingir objetivos propostos, manifesta o processo de sua pedagogia e sua didática. Diante disso, o professor precisa, assim, ser avaliado, não só o aluno”. (Demo, 1992: 89)

 

O temeroso é que a escola vem perdendo gradativamente o sentido crítico necessário à vida que se enfrenta hoje. As crianças e os jovens que frequentam as escolas não “vivem” a escola. Para muitos, a escola não está para ser respondida ou descoberta no seu dia a dia, ou mesmo para lhes auxiliar a enfrentá-la.

“Escola é escola”, a vida é diferente; para eles concepção de escola é para memorização de fatos que não adquirem significado algum ao longo de sua vida, fatos transmitidos, memorizados, esquecidos.

 

“Sem desconsiderar que há causas, fora da escola, que condicionam as dificuldades e insucessos dos alunos, é preciso verificar também, dentro da escola, como esta vem tratando as suas dificuldades e produzindo os seus fracassos. Reconhece-se que também na escola, por mecanismos mais ou menos explícitos, há uma prática discriminatória que acentua um processo de seleção e manutenção da hierarquia social. Aí, situa-se o processo de avaliação da aprendizagem que reflete e é um reflexo da dinâmica escolar”. (Souza, 1991: 103).

 

Contrariamente, qualidade numa perspectiva mediadora da avaliação significa desenvolvimento máximo possível, um permanente “vir a ser”, sem limites pré-estabelecidos, embora com objetivos claramente delineados, desencadeadores da ação educativa.

Não se trata aqui, como muitos compreendem, de não delinear ou padronizar pontos de chegada.

 

“Não há como não repetir que ensinar não é pura transferência mecânica do perfil do conteúdo que o professor faz ao aluno, passivo e dócil. Como não há também como não repetir que, partir do saber que os educandos tenham, não significa ficar girando em torno deste saber. Partir significa pôr-se o caminho ir-se, deslocar-se de um ponto a outro e não ficar, permanecer”. (Freire, 1992: 70-71).

 

 

Família e sociedade

 

A família é a base da sociedade, contribuindo para a formação da personalidade do ser humano. Cada sociedade está vivendo de acordo com seus princípios morais, religiosos, éticos, econômicos e educacionais.

Os grupos sociais integram-se formando uma complexidade de relações sociais, dentro das pequenas comunidades, até chegar às grandes e num elo transformar-se na sociedade brasileira. Recebem as influências do mundo inteiro, visto o século atual ser a era da tecnologia e ciência, onde as comunicações transformam o mundo numa aldeia global.

De acordo com Freire (1992), cada família vive sua realidade, sofrendo as influências diretas do mundo, através do contato com o mesmo diariamente, através do rádio, jornais e televisão.

A família atual modificou-se profundamente, como também a sociedade. A era industrial e tecnológica fez a família sofrer transformações radicais em seu relacionamento do lar, como a diminuição do número de filhos; mulheres integradas ao campo profissional e disputado com os homens, nas áreas de atuação, os mesmos cargos ao mesmo tempo em que os filhos são criados em creches, com babás, com os videogames e sem os pais.

Vive-se um momento em que a vida financeira é difícil, problemática na cultura inflacionária, induzindo as pessoas a trabalharem e produzirem mais. Outro fator preponderante é o fato de pais e filhos desestruturados para a compreensão, o amor, o carinho, devido ao desencontro, falta de tempo, falta de diálogo e de amor.

Na verdade, estamos vivendo a cultura do “ter” e o esquecimento do “ser”, em detrimento aos valores humanos fundamentais; é a robotização do ser humano que traz como consequências o avanço do alcoolismo, sexo livre, AIDS, prostituição e marginalidade, jovens revoltados e sem perspectivas de futuro ou compromisso com a própria formação pessoal.

Resulta também no avanço do desquite e divórcio, causando a formação da nova família, com as mulheres na chefia, mães desesperadas profissionalmente, tendo que arcar com as despesas da família e sem recursos financeiros para tal responsabilidade.

É o momento de instabilidade nos casamentos e nas relações conjugais, que resulta no aumento das famílias pobres, desestruturadas, problemáticas, dependendo de planos governamentais, sociais, para a solução de seus problemas; na desproporção das relações entre pessoas e alterações na estrutura social, com a dispersão da família nos divertimentos, interesses e atividades.

Outro fator é o crescimento da classe trabalhadora, onde os rendimentos econômicos tornam-se resultado do trabalho individual, gerando uma crise total na família moderna: separações; desajustes na convivência diária; falta de preparação do marido para entender a promoção profissional da mulher, causando distúrbio sérios no relacionamento pais e filhos, propaganda desenfreada no sexo, erotismo e convite à desestruturação pessoal na sociedade atual, e a divisão na educação dos filhos com os grupos intermediários sociais: igrejas, escolas, associações, entre outros.

Na verdade, tudo isso gera a permissão da infiltração das influências externas no seio da família, sem condições de críticas e autocrítica, para educar os filhos de forma satisfatória.

A família, hoje, tem a crescente necessidade de ser reeducada para sua função na sociedade, pois continuará sendo a base da mesma. E se o País quiser realmente desenvolver-se, atendendo a todos os brasileiros em suas necessidades básicas e fundamentais, como cidadãos e seres humanos, terá em primeiro lugar que resgatar a família.

Só assim é que a escola poderá realmente cumprir sua função educadora e de preparação do indivíduo para o exercício pleno da cidadania, vivendo na sociedade em condições igualitárias com os demais e sendo preparado profissionalmente.

Com a família desestruturada e o poder aquisitivo cada vez menor, a população vai tomando outro rumo em relação aos valores socioculturais, vão se avultando os problemas sociais. O problema social hoje do Brasil é tão dramático, que não consegue entender que um País tão rico tenha quarenta milhões vivendo em total miséria.

Como um País, com tanta extensão de terras férteis, não produza alimentos para todos os seus habitantes? E com tanta riqueza natural, meios de produção, possa permitir que as pessoas estejam em uma situação tão dramática e sem perspectiva nenhuma?

A escola, hoje, entende que precisa sair de sua estrutura antiga, deixar de ser apenas o centro de repasse do saber elaborado e mudar toda a sua postura, transformando-se numa agenciadora de ações para a transformação social de sua comunidade.

A família também precisa ser auxiliada em âmbito geral, através de ações tais como uma política governamental voltada para a justa distribuição da riqueza nacional, diminuindo a crescente diferença financeira das classes ricas e pobres; política salarial justa, com salários dignos, a fim de que a família possa cumprir sua função procriadora, mantenedora e educadora de seus filhos, além da redefinição de política econômica do País voltadas para os interesses e necessidades básicas do povo brasileiro e verbas maiores destinadas a programas de habitação popular, saúde, alimentação, estudos, trabalho para as classes trabalhadoras, sem esquecer do homem ao campo e as pequenas comunidades urbanas, com as condições de produção e meios financeiros de sobrevivência, impedindo que os grandes centros urbanos sofram problemas de infraestrutura e habitação, cada vez mais com pessoas desqualificadas e candidatas a viverem no desemprego, subemprego, marginalidade, prostituição, toxicomania, fome, miséria, violência e toda sorte de problemas existentes nos grandes centros: poluição, falta de transporte e moradia, falta geral de infraestrutura para sobrevivência digna e verdadeira.

Só através do trabalho intenso da Escola, Igreja, Governo, Indústrias, sociedade em geral, é que se pode proporcionar às famílias as condições de uma vida digna a qualquer ser humano.

Seja a conscientização dos meios de comunicação em geral, no sentido de resgatar a família no seio da sociedade, redefinindo ideias e posições diante dos valores e preceitos morais, sociais, religiosos e educacionais, seja através das escolas com todo o material, dependências, mobiliários, assistência social, recursos humanos preparados e eficientes, programas e currículos, renovados, métodos e técnicas atualizados e aplicáveis favoravelmente às classes populares, no sentido do resgate das famílias ao saber, a educação escolar, a preparação para convivência na sociedade.

A família brasileira, em seus aspectos gerais, necessita de amplo apoio integrado, com programas de apoio de todos os setores comunitários: Escola, Igrejas, Órgãos Governamentais, Entidade Financeira, Associações, Empresas Privadas, buscando soluções e auxílio imediato nos aspectos da saúde, educação, nutrição, habilitação, vida familiar e planejamento familiar.

A escola, integrada aos demais órgãos, tem o seu papel fundamental em interagir plenamente aos assuntos sociais e envolver-se em um trabalho comunitário, possibilitando condições de preparação, instrução, resgate das famílias; através de encontros, palestras, cursos específicos nos assuntos mais necessitados, montagem de salas-oficinas para ensinar os jovens e adultos em trabalhos artesanais, cursos de alfabetização para jovens e adultos, cursos às adolescentes e mães sobre todos os assuntos necessários à vida prática.

Hoje, a escola precisa despertar para entender a realidade que a cerca e tornar-se útil para as famílias, onde as mesmas precisam utilizar-se dela, para reaprenderem aspectos significativos e perceberem a importância da vida escolar em uma comunidade.

 

“... por este caminho vai-se inventando um Brasil de populações rurais, em Brasil de migrantes sem terra, um Brasil desses a quem denominamos setores populares... e também na arte, no vestuário, na habilitação e no ganho de vida está em movimento esse desafio epistemológico para nossa produção científica.”  (Freire, 1989: 88/89).

 

 

Escola e sociedade

 

A escola, hoje, entende que precisa sair de sua estrutura antiga, considerar as diferentes formações dos nossos alunos, entender como se dá o conhecimento nos diferentes estágios de desenvolvimento da criança e do jovem, e perceber-se em contínuo processo de conhecimento nessas questões, sujeito igualmente de tal processo.

 

“Construtivismo significa isto: a ideia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que, especificamente, o conhecimento não é dado em nenhuma instância, como algo terminado. Ele se constitui pela interação do indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais, e se constitui por força de sua ação e não por qualquer dotação prévia, na bagagem hereditária ou no meio, de tal modo que podemos afirmar que antes da ação não há psiquismo nem consciência e muito menos, pensamento”. (Becker, 1993: 88/89).

 

A escola tem suas múltiplas ações, no sentido de desenvolver todas as potencialidades de cada ser humano e prepará-lo para ocupar o seu lugar na sociedade. E também a escola tem o papel de promover a sociabilidade de cada ser humano. É o centro diário de alunos e professores, convivendo horas em uma sala de aula, com os mais variados tipos de alunos, oriundos das várias camadas sociais e níveis de cultura diferenciados.     Cada aluno precisa desenvolver a sua sociabilidade, a fim de que se prepare para enfrentar a sociedade lá fora, com todos os seus contrastes, conflitos e opressões.

A escola então, precisa adequar suas ações didático-pedagógicas, no sentido de despertar no aluno o espírito de companheirismo, o relacionamento humano com os colegas,  o espírito esportivo, além de exercitar a liderança nata; a cortesia e educação no trato com as pessoas grupo social, despertando em cada um o senso de responsabilidade, honestidade, lealdade, sinceridade, altruísmo, fé e esperança, orientando-os a ter e usar uma linguagem social adequada; participação nas atividades sem inibições, de forma que possam superar os traumas, bloqueios psicológicos e dramas interiores. Além de possuir o papel fundamental de formar o aluno para viver em sociedade, fazendo o mesmo entender que há uma vida lá fora a ser vivida, que os anos passam e de repente, cada ser humano está colocando no mundo do trabalho, da sociedade geral e sua sociabilidade precisa ser altamente desenvolvida, a fim de que realmente possa:

     - engrenar-se às normas e leis no campo profissional;

     - respeitar as leis do trabalho, do trânsito, dos regulamentos internos, das associações, dos clubes, das igrejas, escolas e todos os grupos componentes da sociedade;

     - relacionar-se de forma adequada a qualquer ambiente, situação vivida, acontecimento, dentro das relações sociais;

     - viver em harmonia consigo mesmo, buscando o equilíbrio interior, a fim de que possa ser um adulto ajustado, feliz em sua vida em sociedade.

 

“Cultura não seria entendida apenas como aquilo que está condenado dentro dos livros e dentro de um museu. Cultura seria, também, os gestos das pessoas se esforçando nos grupos e no trabalho. Cultura seria o que se dá sentido nas relações humanas”.  (Freire, 1989:  89/90).

 

Em maio de 1934, Lourenço Filho, fazendo a apresentação dos resultados obtidos sobre o levantamento do ensino depois da Revolução de 1930, dizia:

 

“O que mais impressiona não é só a taxa de criança em idade escolar fora das escolas. Para oito milhões de crianças nessas condições, não foi surpresa saber que pouco mais de dois milhões estão arroladas nas escolas. A taxa de crianças que termina o ensino fundamental não atinge 65%”. (Lourenço Filho, 1998: 59)

    

Passados cinquenta anos, sabe-se que a situação não diferenciou muito daquela que Lourenço Filho denunciava. Constata-se que para cada 1000 crianças que se matriculam na 1ª série do ensino fundamental, somente 438 chegam à 2ª série, 397 à 4ª série e 180 na 8ª série. Esses são dados do MEC levantados sobre o ensino do em 1974/1978. No Brasil, no decorrer dos anos, observa-se pelos altos índices de evasão e repetência que os programas educativos dos governos e órgãos de educação não têm conseguido sucesso.

A escola em questão enfoca diversos aspectos sobre o assunto com os quais concorda-se plenamente e observa-se em nível de nosso Município, a veracidade das ideias, tais como os seguintes tópicos:

     - A evasão da primeira e segunda série faz com que os alunos aprendam apenas alguns rudimentos de alfabetização e, com o passar dos tempos, fora da escola, esses são esquecidos, tornando a pessoa totalmente analfabeta, engrossando ainda mais o contingente de analfabetos no Brasil.

     - O sistema de ensino está implantado de tal maneira, que propicia as condições para evasão e repetência, visto não haver ação efetiva dos educadores para combater o problema.

     - Pode-se constatar que há seletividade social dentro da escola. Tudo está estruturado no ambiente escolar para atender alunos com poderes aquisitivos razoáveis, trazendo de seu ambiente familiar uma série de valores, considerados importantes para a sociedade.

Observa-se que a prática pedagógica da escola não está incorporada a realidade do aluno e seu meio social e os educadores, não sabem como trabalhar com eficácia para atender hoje a realidade que o cerca.

 

“Sem desconsiderar que há causas fora de escola, que condicionam as dificuldades e insucessos dos alunos, é preciso verificar também, dentro da escola, como está se tratando as suas dificuldades e produzindo os seus fracassos. Reconhece-se que também na escola, por mecanismo mais ou menos explícitos, há uma prática discriminatória que acentua um processo de solução e manutenção da hierarquia social. Aí situa-se o processo de avaliação da aprendizagem que reflete e é um reflexo da dinâmica escola”.  (Souza, 1991: 103)

 

A colocação dos autores aponta vários fatores, que vão de encontro com a realidade do processo pedagógico do ensino fundamental, evidenciando o fenômeno da evasão escolar como decorrente em grande parte de provas mal elaboradas e avaliações quantitativas que resultam na insatisfação do aluno e na evasão escolar, comprometendo a eficiência do professor que, não conseguindo atingir objetivos propostos, manifesta o fracasso de sua pedagogia e da didática.

Constata-se que a avaliação quantitativa e métodos tradicionais de ensino são as maiores causas de evasão e repetência escolar na referida escola mineira.

Enfrentando o problema da evasão e da repetência, juntos, escolas e comunidade, estão estudando a introdução de novas metodologias e fazendo uma conscientização com os pais, buscando saídas fora da escola, para enfrentar o problema da evasão e repetência. Isso chama a atenção para a necessidade de um aprofundamento da formação do professor na sua atuação profissional. E também várias atividades estão sendo desencadeadas como: formação de grupos de estudos nas escolas e interescolas, reuniões com os pais, seminários sobre educação e outros.

Os professores estão mobilizados a usarem mais os laboratórios, bibliotecas, aulas práticas e buscam novas metodologias, inclusive propondo novas formas de avaliação. Várias escolas estão dinamizando o trabalho de orientação educacional em relação à evasão escolar, reunindo os pais e as associações com observação direta nas escolas de pais e comunidades.

A educação, portanto, se levada a esta melhora do conhecimento, com  a interação entre todos os elementos ligados a este conhecimento, com certeza a conduzirá a uma articulação que sugere um repensar sobre os cursos de formação de professor. Sugere igualmente a necessidade de análise dos conteúdos, procurando a articulação do aprender, do analisar e do discutir as várias opções existentes, que permitam chegar a algumas alternativas de novas ideias que possam ser colocadas em prática dentro da viabilidade do contexto em que se encontra essa escola. Concluindo, pode-se dizer que na medida em que se quer mudar, com certeza a escola mudará, se todos os integrantes do processo encararem a situação como um desafio à criatividade, habilidades, iniciativas e predisposição pessoal. Só assim a escola será cidadã e participativa do contexto social, primando pela qualidade educacional.

 

Escolas e oportunidades

 

No Brasil atualmente, a escola pública atravessa grande crise ela refletindo a sociedade que aí está, com total desestruturação social, política, econômica e familiar. O povo brasileiro vive momentos de instabilidade política e econômica, desgovernos, erros, corrupção, máquina administrativa emperrada dos altos níveis, enfim, um quadro político que traz consequências graves, no campo social, que por sua vez recai sobre a escola atual.

Observamos que a estruturação escolar foi montada para atender alunos de uma classe média para alta, professores formados para atender alunos de nível bom e ótimo, programas educacionais específicos para essa clientela e de repente percebemos que a massa popular chegou à escola pública. A pobreza e a miséria atingiram quarenta milhões de brasileiros e hoje, a escola e sua estrutura estão insuficientes para conviver com a nova clientela escolar. E diante da nova realidade, vê-se que a escola hoje passa pela reflexão das práticas pedagógicas nela desenvolvidas.

A Constituição Brasileira de 1988 consolida o direito à educação:

 

“Art. 205 – “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”

Art. 206 – “O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I – igualdade de condições para acesso e permanência na escola.”

 

A lei existe para garantir o acesso e permanência na escola, de todos os alunos em idade escolar, da mesma forma obrigatória, dos 7 aos 14 anos de idade a todos os brasileiros, mas a realidade está bem distante de ter condições de atendê-la. No Brasil, de cada 100 alunos que ingressam neste sistema, apenas 12 alunos concluem a 3ª série do ensino médio. Se legalmente a escola é feita para todos os brasileiros, então precisa dar oportunidades a todos os alunos, independentemente de sua classe social. A constituição de 1988, em seu artigo 208, item VII dispõe.

 

“Atendimento ao educando no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático, escolar transporte, alimentação e assistência à saúde.”

 

A lei, neste item, coloca o auxílio total para o aluno carente conseguir estudar. Então, a escola deverá dar oportunidade ao aluno ingressar e permanecer nela, atendendo suas necessidades fundamentais, visto que sua estrutura familiar não é satisfatória. A escola precisa dar oportunidade do jovem preparar-se culturalmente para ser cidadão do amanhã, ou haverá maior progressão na miséria, fome, desemprego, subemprego alcoolismo, drogas, prostituição, etc. E diante da nova conjuntura faz-se necessário uma reflexão das práticas pedagógicas desenvolvidas pela escola.

Hoje, tem que se conscientizar de sua nova posição diante da sociedade atual, não pode mais viver alienada de sua comunidade e meio social. Precisa entender-se como uma fonte de ação para resgatar os cidadãos em seus direitos de brasileiros, pois ela é a mola mestra que auxiliará a grande maioria a sair deste estado social miserável que vivem, onde cada pessoa terá que se auto esforçar para construir sua própria história e ocupar um lugar digno, em uma sociedade mais justa e igualitária.

Entende-se que há muitos aspectos em que a escola terá que se reposicionar, tais como: construir realmente o conhecimento para o aluno caminhar em progressão na área escola, desenvolvendo novas metodologias, de acordo com a realidade de cada educando, tendo assim uma nova concepção do progresso avaliativo. Todos os professores deverão ser sensibilizados para uma avaliação democrática e conhecer a realidade social de cada aluno, trabalhando em conjunto a Escola, a Família e a Comunidade.

Perceber todas as deficiências e dificuldades dos professores em suas práticas pedagógicas: métodos, técnicas didáticas, manejo da sala, formas de avaliação, conhecimento da realidade social dos alunos assumindo o comprometimento com a comunidade escolar, engajando-se com a comunidade no novo processo educativo. Repensar a avaliação em conjunto com todos os professores da escola, em suas respectivas áreas de atuação, buscar a qualidade do ensino e na melhoria da qualidade de vida do aluno. Entender que apenas testes ou provas elaborados às pressas, sem consciência, apenas para preencher uma nota bimestral, precisam ser abolidas.

Professores precisam avaliar toda a prática escolar e pensar seriamente em novos mecanismos para avaliar o seu aluno, como também o resultado do seu trabalho, o sucesso ou fracasso de seus métodos e técnicas com as turmas, o manejo de sala com alunos-problema, carentes, trabalhadores, com saúde precária, etc..

Tornar uma escola que se preocupe com a permanência dos alunos de qualquer origem social, sem preconceitos, entendendo que o direito deve ser de todos e que o ensino ministrado deve abranger a todos, buscando alternativas de se ensinar, aplicar métodos, avaliar, reeducar, sendo criativa, atuante, participativa e envolvendo-se com a comunidade, onde está inserida de forma a conscientizar o corpo docente da necessidade de compreenderem que sua atuação na escola deve ser repensada, diante da nova realidade social que se apresenta.

Assim, devem ter participação social, envolvimento com a comunidade, entrosamento com os pais, busca de soluções dos problemas, entendimento pessoal com o ser humano que está para aprender, descoberta de um novo relacionamento humano dentro do ambiente escolar, compreensão de sua posição estratégica na ação global de resgate das classes populares ao saber.

Deve haver uma conscientização geral de que a escola existe para o sucesso e não para o fracasso, existe para ensinar e resgatar o saber, existe para fazer o aluno permanecer, aprender de fato, ser avaliado com grande responsabilidade, como regra geral, mostrando eficácia escolar.

O educador está na escola para levar o aluno ao sucesso, à realização pessoal e realmente entender a importância da escola para a formação de sua personalidade e sua cidadania plena e a escola precisa acabar com a avaliação permissiva, condescendente, facilitadora, que descompromete o professor e o aluno de sua responsabilidade, podendo desenvolver e implementar ações conjuntas, tais como:

- uma discussão ampla com todos os professores, alunos e pais, sobre a realidade escolar atual, em todos os aspectos e níveis, e o levantamento de todos os problemas dentro do contexto geral escolar; buscando a formação de grupos de estudos por área;

- montando projetos de ação para atuarem de forma específica em todos os níveis e a elaboração de programas e conteúdos;

- métodos de ensino;

- modos de avaliação;

- mecanismos de observação direta dos alunos;

-modos de praticarem a interdisciplinaridade;

- trabalhos a serem desenvolvidos com a comunidade;

- encontros com os pais; reuniões pedagógicas;

- cursos aos pais;

- projetos de recuperação dos alunos com deficiências na aprendizagem;

- troca de experiências no manejo de sala de aula;

 - elaboração de atividades variadas com alunos;

- formas variadas de avaliação do aproveitamento escolar; e,

- análise dos resultados obtidos no decorrer do bimestre letivo.

Proporcionar cursos aos professores sobre atualização em avaliação, nova didática na maneira de trabalho docente, enfim, uma tomada de consciência geral sobre a nova maneira de se trabalhar para mudar a escola atual, além de fazer reuniões bimestrais com os pais, para uma troca de ideias sobre os assuntos gerais da escola, busca em conjunto com os pais e professores para a solução de problemas surgidos com  alunos que apresentam distúrbios em qualquer aspecto: físico, mental, emocional, comportamental, etc..

Outras atividades devem ser planejadas, tais como: as excursões com alunos, em locais turísticos, para vivenciarem a teoria escolar, palestras, filmes, vídeo sobre assunto como: Sexo, drogas, alcoolismo, adolescência e gravidez, AIDS, relacionamento familiar, vida conjugal, namoro, etc. e a promoção de comemorações com atividades específicas: jogos, danças, ginásticas, poesias, jograis, pratos típicos, exposições de trabalhos, feira de ciências, com participação de pais, alunos, professores, equipe pedagógica e direção.

 

Avaliação educacional – possibilidades de conceituação

 

A avaliação, na última década, viveu o momento de mudança de paradigma, bastando lembrar, como mostra Gipps (1992), que a psicometria, na sua origem, se baseou na teoria da inteligência e a construção dos testes partiu de um modelo comportamental de aprendizagem, enquanto atualmente a avaliação procura se estruturar com base na compreensão das teorias da aprendizagem. Examinando-se a evolução histórica, observa-se que o seu trabalho inicial partiu de uma concepção de inteligência com uma característica inata e fixa no ser humano, e da possibilidade de medi-la por intermédio de instrumentos especialmente construídos para esse fim (Vianna, 1998).

A avaliação moderna, com vistas a fornecer elementos para a orientação da aprendizagem, parte do princípio de que o indivíduo pode desenvolver e aumentar a sua capacidade de aprender, pois a mesma vem sofrendo uma transformação radical com a mudança da cultura da prova, para a cultura da avaliação. Seus objetivos, antes restritos ao rendimento do aluno, buscam outras dimensões como as de auxiliar o ensino e orientar a aprendizagem, obter informações sobre o aluno, o professor e a instituição educacional, e servir como um instrumento para certificar a capacitação do aluno.

A avaliação é sempre um desafio, sobretudo quando nos devemos afastar de paradigmas que não mais permitem lidar com os problemas atuais, novas conceituações e posicionamentos se fazem necessários.

Nessa abordagem crítico-humanista, pensamos a avaliação cognitiva articulada com a qualidade de ensino, em busca de um aprimoramento do processo, compreendendo conteúdos significativos, integrados e dinâmicos. No paradigma que acreditamos, a avaliação vem estreitamente relacionada com participação, entendida como processo ativo, crítico, criativo, conjunto, solidário e transformador.

Em uma perspectiva inovadora, a avaliação cognitiva vem enlaçada à condição existencial do aluno, numa relação dialética cognitiva – afetiva, promovendo a aprendizagem como construção do conhecimento, constituindo-se em atividade produtiva, crítica e criativa, viabilizada, fundamentalmente pelo diálogo e pela utilização de objetivos bem elaborados.

Os objetivos do ensino devem, portanto, responder e representar comportamentos na área motora, afetiva e cognitiva. Ao construir um instrumento de medida, o professor selecionará as questões que meçam esses objetivos com precisão e eficiência, pois para cada categoria de objetivos haverá tipos mais adequados de medida.

Como os objetivos de ensino variam, é evidente que mudarão também as formas de medir esses objetivos. Na realidade, o importante é: que tipo de instrumento é melhor para medir o que se pretende medir? O critério para determinar se o instrumento de medida é bom ou mal é a adequação aos objetivos que pretende medir.

Conforme observa Azanha (1995), não existe nenhuma garantia de que ao final de um ano letivo, o professor tenha condições de avaliar se seus alunos estão ou não aptos a serem encaminhados para a próxima série.

Fica evidente nos depoimentos que os alfabetizadores apesar de não concordarem com os critérios de avaliação definidos no regimento padrão, realizam uma prática de avaliação escolar que, segundo Luckesi (1986), estipula a função classificatória do ato de avaliar com base no julgamento comparativo do aluno no grupo.

Almeida (1993), completa dizendo que “as classificações são registradas em notas e, por isso, podem ser somadas e divididas. Portanto, não constitui recurso para repensar a prática pedagógica, mas exclusivamente um meio para estratificá-la”.

Parece que os fatores mencionados, segundo Almeida (1993):

 

“podem alterar os critérios de julgamento da classificação, reduzindo ou aumentando o grau de exigência, de acordo com o que o professor já “prevê” como resultado final. Nesses casos, fica descaracterizada a objetividade na avaliação, que pode estar sendo ‘minada’ por critérios subjetivos, perpassados por diferentes juízos de valor ou pré-juízos (sociais, econômicos, raciais, etc)”. (Almeida, 1993: 12)

 

Participação comunitária e conhecimento da avaliação

Na sociedade brasileira de hoje, um dos grandes problemas sociais, diz respeito a participação da comunidade no processo de avaliação. Os cidadãos convivem com as indecisões governamentais, com uma estrutura econômica capitalista, que visa o lucro acima de tudo e os dramas sociais para cada brasileiro, não são melhorados, pois, na lei selvagem deste capitalismo moderno, não há espaço para se resolver problemas financeiros da classe menos favorecida.

Assim, o subemprego, o salário irrisório, faz parte do jogo capitalista, em manter-se como classe dominante, na eterna luta de oprimidos e opressores, dominados e dominadores, pobres e ricos. Desta forma, temos que entender a comunidade onde está inserida a escola que convivemos, pois ela faz parte de um contexto mais amplo, gerador das distorções gerais encontradas.

A comunidade começa a participar da escola, no momento em que procura a mesma, para matricular seus filhos. E esta, cobra da escola a sua qualidade de ensino, o aproveitamento dos alunos, a redução de repetência, o bom atendimento aos alunos, as boas maneiras dos professores, a exigência pela ordem e respeito, enfim, a escola é o alvo de pais, alunos, políticos e imprensas.

Assim, todo o trabalho didático-pedagógico é questionado pela comunidade, principalmente quando há problemas com alunos, no sentido da disciplina e da reprovação ou desistência forçada de alunos-problemas, que consistem nos casos raros de adaptação ao ambiente escolar.

A comunidade, por sua vez, precisa entender que sua ação, apenas de cobrar resultados da escola, precisa ser repensada, e que uma nova postura precisa ser tomada, atualmente os alunos possuem mais problemas, pois são frutos de uma sociedade desigual e desumana, os pais, também enfrentam sérios problemas na educação de seus filhos e na própria relação familiar.

A família sofreu profundas modificações na sociedade atual, onde os cônjuges trabalham fora, os filhos ficam com babás, em creches, ou com irmãos mais velhos.

A televisão é o ponto de encontro noturno com a família, onde a mesma penetra nos lares nem sempre com programas de bom exemplo aos jovens, e o diálogo familiar, bem como o entendimento mútuo e o relacionamento humano e fraterno, foram substituídos apenas pelo silêncio, pois não se pode deixar de assistir filmes, novelas, comerciais... o que só contribui para dificultar o papel dos pais na educação de seus filhos.

A dificuldade que a escola atual está enfrentando para agradar o aluno, despertar o seu interesse pelos estudos, fazer com que ele entenda a necessidade de aprender, está de certa forma relacionada com a dificuldade dos pais entenderem os seus filhos e despertarem neles um espírito crítico e criativo diante da nova realidade social.

Então, faz-se necessário uma união entre escola e comunidade, pais e professores, para que em conjunto, busquem soluções para os problemas educacionais dos jovens. A escola terá que ser aberta, democrática, participativa, dotada de mecanismos específicos, para atender sua comunidade seja ela como for, com todas as suas limitações e restrições.

Os pais precisarão encontrar na escola, o ponto de apoio para serem auxiliados na sua difícil tarefa de educar os filhos.

Entende-se que a comunidade auxiliará muito a escola, no sentido de fazer o aluno permanecer na mesma e também aprender o suficiente para a sua promoção satisfatória, no momento em que ele sentir e entender a sua importância como agente transformador da comunidade. A escola não pode continuar alienada dos problemas sociais e o seu papel restrito de repassar o saber elaborado, tem que acabar.

O papel da escola continuará um corpo estranho, onde a evasão e a repetência continuarão sendo os cruciais problemas escolares, principalmente numa região, onde os problemas socioeconômicos-familiares são excessivos se a mesma não mudar sua filosofia existencial.

Concluindo, pode-se dizer que atualmente a família pouco participa da escola, mas, cobra dela aquilo que não consegue fazer. A complexidade da vida moderna, a sociedade de consumo, gerando lutas de classe, a busca de melhores condições de vida, a luta da subsistência da família, leva pai e mãe a buscar muitas vezes mais de um emprego, numa sobrecarga de tempo e esforço e prejuízo a saúde e a vida. Para que os filhos não fiquem ociosos, candidatos à delinquência são enviados à escola, que passa a ser o agente da educação no lugar dos pais.

A verdade é que os pais não participam, a comunidade se afasta, e as cobranças são tantas que a escola acaba sobrecarregada no desempenho de tantas funções, onde termina por se mostrar incapaz e inadequada. Entende-se também que o professor, como qualquer agente social, também está perpassado por essas condições.

Ele precisa rever sua prática pedagógica, questionar o seu saber, aguçar a sua capacidade de livre arbítrio e mudar radicalmente para que possa atingir um novo modo de ser. Trabalhar para que seu ensinar seja eficiente, contribuindo para a competência de seus alunos. A educação, antes de se preocupar com a formação elaborada deve desenvolver o espírito de cidadania, que é o que abordaremos no item

 

A avaliação como aprendizagem de cidadania

         (...) Quando falamos em avaliação podemos nos remeter imediatamente ao nosso país, à sociedade em que vivemos, à escola a que pertencemos, à nossa família e, também, a nós mesmos. Avaliar não é uma simples tarefa conclusiva, mas é conteúdo necessário ao desenvolvimento de um pensamento fundado em princípios éticos; avaliar é um aprendizado de cidadania.

         É claro que o Brasil precisa ser avaliado pelos brasileiros e reavaliado sempre, pelos brasileiros. As últimas décadas testemunharam o fracasso de um projeto político que não incluía o povo; o fracasso de um modelo de desenvolvimento que não dava espaço à ação coletiva e à formação de sujeitos construídos para a não sujeição. “Era” um Brasil que não se avaliava enquanto nação, porque não “sabia” fazê-lo.

         A sociedade brasileira precisa pensar os seus rumos e para isso é necessário aprender a fazer a avaliação de seus erros, além de assumir seus acertos referenciais.    Pensar e querer uma escola inserida no nosso tempo e que aponte para além dele, é pensar e querer uma escola cidadã – formadora de alunos capazes de viver o exercício da cidadania.

         (...) Então vamos avaliar a avaliação. Talvez, a nossa primeira tarefa seja perguntar ao professor o que é avaliar. Será a avaliação um instrumento destinado a medir o conhecimento dos alunos? Será um instrumento formal e cristalizado que serve para legitimar a atribuição das notas nos boletins escolares? Afinal, para que serve a avaliação e quando ela é necessária? É preciso que o professor pense sobre isso e tenha clareza sobre esse conceito.

         Avaliar, antes de ser a análise de uma questão pontual, é uma síntese e, assim, precisa ser pensada como totalidade, que abarca do início ao fim uma etapa determinada. Na escola, a avaliação só tem sentido se for para o aluno um aprendizado, para que nela e na vida, ele se avalie e se autoavalie sempre e se construa dessa maneira.

         (...) Quem estabeleceu que, em definitivo, que a avaliação é tarefa restrita do professor? Talvez tenha sido o ato institucional que estabeleceu que o aluno deve ser o passivo aprendiz de seus “mestres”.

         Não é difícil perceber que avaliação é arbitrária, pois sempre deixará de considerar um aspecto da realidade que deveria ter sido considerado. Pois a realidade é sempre mais rica do que aquilo que captamos dela, mas, mesmo assim, é preciso que a avaliação seja feita. É por isso que avaliar é uma constante busca, um contínuo desejo de abarcar a realidade, que sempre é mais rica.

         De outra forma, se avaliar não é um mero instrumento para lançar notas, mas, antes, é um aprendizado para o cotidiano de qualquer pessoa; se o professor sozinho não é capaz de avaliar e, principalmente, ao fazê-lo, corre o risco de ensinar aos alunos que a avaliação é ato de autoridade; então, é preciso trocar o segredo pela transparência.

Conforme afirma Almeida (1995):

 

“É necessário que a avaliação se torne mais e mais uma ação coletiva em que professor e aluno, juntos, perguntem e respondam, digam o que é “certo” e o que é “errado”, juntos digam sim e não, juntos reprovem-se, recuperem-se e aprovem-se, juntos. É preciso conceber a avaliação como espaço de argumentação, como processo ético de racionalização”. (Almeida, 1995:  15).

 

 

PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE ENSINO

 

TEMA E LINHA DE PESQUISA

Na busca pela compreensão sobre a sistemática avaliação dentro dos novos paradigmas da educação, optamos por caminhos metodológicos que, nos informassem a situação atual adotada pelas escolas, nos fornecessem um quadro das concepções apresentadas.

 

JUSTIFICATIVA

 

É importante oportunizar ao aluno a reflexão e levá-lo a construção do conhecimento, exigindo do docente um amplo conhecimento é uma grande responsabilidade, pois favorece a utilização de novos instrumentos de trabalho, favorecendo ao aluno um ensino de qualidade superando as dificuldades de aprendizagem. O maior desafio encontrado no processo de avaliação no Ensino Fundamental - séries iniciais é a necessidade de um olhar diferenciado, o respeito ao tempo de cada um, pois cada um tem um ritmo de aprendizagem e isso precisa ser considerado. É importante, também, repensar a prática pedagógica.

Por isso, é necessário que o professor demonstre a direção metodológica, enquanto medir é um processo descritivo, avaliar é um processo interpretativo, pois supõe julgamento a partir de uma escala de valores, onde muitas vezes o professor é desprovido de conhecimento para exercer tal processo avaliativo. É preciso que todos da Escola percebam que a atividade educativa atual deve estar voltada para o aluno como um todo, com suas qualidades e defeitos, com a construção de seu conhecimento e não ter por meta atribuir notas, mas realizar uma série de objetivos que se traduzam em mediação e formação do aluno.

 

PROBLEMATIZAÇÃO

 

A ausência de clareza, sob os fundamentos da ação pedagógica, certamente tem dificultado a percepção de que a avaliação é consequência do processo de ensinar e aprender. Ela está sempre subordinada à aquisição do conhecimento, colocado como verdade pronta e imutável da qual a avaliação é juízo final. Usa-se a avaliação para medir a capacidade do aluno em reter essas verdades. Desta forma, usa-se a pedagogia da repetição ou da reprodução que orienta a ação docente, uma vez que o professor só consegue descobrir o que o aluno foi capaz de gravar na repetição. O mito está em o professor só aceitar aquilo que é observável. Além disso, apesar do discurso progressista a avaliação contínua tradicional. O desafio está na percepção de que o conhecimento é uma produção do homem, e que sua apropriação se dará num processo de interação mediado pelo professor. O desafio é ainda a mudança, cuja dificuldade está na dicotomia entre a teoria e a prática.

 

OBJETIVOS

 

Um ensino de qualidade pressupõe a existência de algumas posições indispensáveis ao projeto político pedagógico da escola. Neste sentido, o professor/escola deve contar com os instrumentos necessários para a avaliação, indispensáveis à compreensão da realidade, bem como da inclusão. Sendo assim, o projeto objetiva ressaltar que a avaliação ainda coloca em xeque a atuação de todo o sistema educacional, pois quase sempre ela é exercida como elemento de disciplinamento e coerção, tornando-se fator de medo, de traumas e de autoritarismo por parte do professor. Devendo, ao contrário, se dar numa relação interativa, isto é entre sujeitos: o professor e o aluno. Assim, se fala do docente através de medidas que valorizem sua atuação.

 

CONTEÚDOS E PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO

 

Através da perspectiva histórica da didática foi possível observar os caminhos, evolução e problemas que a educação teve que enfrentar, e ainda enfrenta, com relação à avaliação. No início dos tempos a educação era priorizada aos nobres, mas com a evolução e transformação sócio-econômica e cultural do mundo, a educação passou a ser proporcionada aos menos favorecidos, surgindo a chamada escola pública, ou seja, escola para o povo. A escola pública, de acordo com a filosofia da época (século XVIII), passou por várias transformações até os nossos dias, umas boas, outras ruins; assim, serão essas transformações, chamadas modelos pedagógicos que representam a relação ensino/aprendizagem escolar.

Até hoje a criança deixa de ser avaliada levando em consideração seus conhecimentos prévios, o ensino passa a ser elaborado a partir desses conhecimentos, apenas com uma definição psicológica e pedagógica; pois, o processo de avaliação ainda gera uma resistência contínua do sujeito através da ação na tentativa de mudar de atividades. Mas a avaliação constituiu-se em importantíssimo instrumento na formação da criança, pois é uma atividade necessária ao seu desenvolvimento. Através da avaliação temos uma noção da realidade, e se bem trabalhada faz com que a criança construa seu aprendizado, mas também exercita a inteligência, a evolução do pensamento e de todas as funções mentais.

Trata-se de um instrumento de grande importância e que contribui para o desenvolvimento infantil, pois esse instrumento é o objeto facilitador que desperta a curiosidade, a imaginação e a invenção das crianças, estimulando o construtivismo na criança e nas suas relações sociais. Pois, para o construtivismo é necessário que o professor tome decisões, levando em conta a maneira como a criança está sentindo e pensando em cada situação.

Assim, podemos entender que o ensino começa a ter uma filosofia, realmente, voltada a aprendizagem; não a aprendizagem mecanizada, mas àquela voltada para o conhecimento do mundo através dos elementos pertencentes a esse mundo. Hoje o ensino tem uma segunda função, ou seja, a de construir o aluno enquanto sujeito de sua própria ação, por isso, exatamente, que a metodologia está voltada para a construção social da criança entre os demais para poder construir sua lógica, seus valores sociais e morais.

 

JUSTIFICATIVA

 

O ponto chave da metodologia de uma educação está no desempenho do professor selecionar avaliações que utilizem os sentidos e a motricidade, bem como a convivência grupal no preparo das próprias operações lógicas, desde que a lógica apoia-se na coordenação geral das ações e exige, para se desenvolver a aprendizagem. O professor deverá estar consciente que na metodologia a ser empregada deverá estar implícito que o educando terá sempre alguma conduta a desenvolver e ou algum elemento do meio a assimilar. No entanto, verificando o índice de problemas acarretados por uma avaliação mal elaborada. Pois, como verificamos acima, a avaliação pode seu um objeto facilitador na aquisição do conhecimento.

 

OBJETIVO GERAL

Considerando a educação escolar uma prática social e cultural cuja compreensão nos coloca diante de situações desafiadoras na formação do aluno, à medida que exige um contexto interativo entre formação e ação, no qual vai além do processo de repetição automático, inconsciente e mecânico de competências práticas. Sendo assim, nosso trabalho se objetiva, principalmente, em trazer novas perspectivas para atender as dificuldades apresentadas no processo de avaliação, além de somar e compartilhar com metodologias diferenciadas. 

 

METODOLOGIA

Ainda refletindo sobre o método, analisamos pareceres de diversos autores, tais como Ludke e André (1982) que afirmam:

 

“o pesquisador não se abriga, como se queria anteriormente, em uma posição de neutralidade científica, pois está implicado necessariamente nos fenômenos que conhece e nas consequências desse conhecimento que ajudou a estabelecer”. (Ludke e André, 1982: 05)

        

Neste sentido entendemos que a realidade pesquisada é uma somatória de insumos, variáveis e produto que interagem ao mesmo tempo e assim o método essencialmente quantitativo deixa passar o sentido educacional, fragmenta o objetivo proposto no estudo, que é compreender a visão geral sobre a situação real da avaliação.            Conforme explica Teixeira (1997: 51), “existe uma diferença conceitual fundamental entre compreender e explicar”. Sant’Anna (1995: 36), esclarece que “compreender é tomar objeto a ser investigado na sua intenção total, é ver o modo peculiar específico do objeto existir. Explicar é tomá-lo na sua relação causal”. Neste estudo a pretensão é explicar e compreender, pois a análise é nada mais que um processo onde se verifica, explica e compreende, um determinado fato ou situação, mas tudo isso deve ser coerente com o processo de educação que é um processo dinâmico, complexo e em constante mudança, assim optamos por uma abordagem quantitativa e qualitativa.        Em geral, estas abordagens contam com levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas vinculadas ao tema em questão e análise das respostas obtidas.       A pesquisa bibliográfica tem como objetivo “(...) recolher, selecionar, analisar e interpretar as condições teóricas já existentes sobre determinado assunto”. (Cervo, 1983:  23).     Para Cervo, a pesquisa exploratória:

 

“É uma abordagem adotada para a busca de maiores informações sobre determinado assunto de estudo. Possui um planejamento flexível para possibilitar a consideração dos mais diversos aspectos de um problema”. (Cervo, 1983:  23).

 

A adoção da abordagem quantitativa foi adotada para viabilizar a análise, pois:

 

“a análise é um processo de tratamento do objeto seja ele um objeto material, um conceito, uma ideia, um texto, etc, do qual este objeto é decomposto em suas partes constitutivas, tornando-se simples aquilo que era composto e complexo”. (Severino, 1984:  182)

 

Visando exercer a contendo a atuação de um Orientador consciente, crítico e reflexivo, primeiramente buscamos uma abordagem quantitativa para verificar  se a escola estaria avaliando de forma similar, dentro de um mesmo conceito, com as mesmas concepções e valores.                   

Optamos também e principalmente por uma abordagem qualitativa, onde procuramos agrupar as respostas análogas.      Considerando as especificidades das ciências humanas, o estudo do comportamento humano e social deve ocorrer através de metodologia própria, uma vez que

 

“O emprego de modelos estritamente experimentais, por estarem baseados em um simplismo conceitual que não apreende um campo científico específico, pode conduzir a generalizações errôneas e dissimular, com o pretexto de um modelo único, o controle ideológico das pesquisas.” (Chizzotti, 1988: 69).

 

Assim, Ludke e André (1986) explicam:

 

“As questões novas vinham, por um lado, de uma curiosidade investigativa despertada por problemas revelados pela prática educacional. Por outro lado, elas foram fortemente influenciados por uma nova atitude de pesquisa, que coloca o investigador no meio da era investigada, participando dela e tomando partido na trama da peça”.(Ludke e André, 1986: 9)

 

Desta forma, queremos inserir-nos no contexto Avaliação, de tal forma que possamos interpretar as respostas e, através da dialética, transferir a outros as concepções resultantes.         

Para Sant’Anna (1995: 36), nesta abordagem de pesquisa não há problemas a serem investigados, mas sim dúvidas que devem ser interrogadas.

 

“Essas dúvidas situam-se numa região de inquérito, na qual se localiza o fenômeno e que se constituirá como trajetória de pesquisa”.

    

Tendo o pesquisador como seu principal instrumento e o ambiente natural como sua fonte direta de dados, a pesquisa qualitativa pressupõe os termos de uma determinada unidade escolhida, como neste caso, a avaliação educacional.

 

PLANO DE AÇÃO

 

01 - CORRIDA COM OBSTÁCULOS

- DURAÇÃO - 4 horas.

- METODOLOGIA

A atividade CORRIDA COM OBSTÁCULOS, será feita em sala de aula com todas as crianças, Faremos uma roda de conversa onde estaremos explicando a atividade do dia que será dentro do projeto, oque é Olímpiadas na e como se trabalha, em seguida faremos o posicionamento das crianças em duas filas, colocando os em um atrás dos outros enfrente as garrafas Pet que estarão divididas em duas fileiras de 8 garrafas onde eles farão baliza entre elas, sendo que o grupo que acabar de percorrer primeiro entre as garrafas serão os vencedores, ou seja, os vencedores. E no período da tarde será feita a caminhada de abertura da Olímpiadas, com apresentação da banda de fanfarra da escola Pascoal Ramos e brincadeiras recreativas.

 

- RECURSOS METODOLÓGICOS

Garrafa Pet com Agua.

 

  1. CAUDA DO DRAGÃO

 

DURAÇÃO – 4 horas

 

METODOLOGIA
Todos os participantes ficam em pé, em uma fila indiana com as mãos na cintura um do outro, formando um dragão. O primeiro integrante da fila, representando a cabeça do dragão, terá como objetivo pegar o último da fila, que representará a cauda. Ao sinal do educador, o "dragão" passará a se movimentar, correndo moderadamente, sob o comando da cabeça que tentará pegar a cauda. Esta, por sua vez, fará movimentos no sentido de evitar que isso aconteça. A brincadeira continuará enquanto durar o interesse das crianças.

 

 

  1. BISCOITINHO QUEIMADO

 

DURAÇÃO – 03 h


RECURSO METODOLÓGICO  - Um brinquedo.

 

METODOLOGIA

O educador esconde um brinquedo qualquer (o "biscoitinho queimado"), enquanto os participantes estão de olhos fechados. Depois grita: "Biscoitinho queimado!", e os outros têm que tentar encontrá-lo. Quando uma criança chega perto do "biscoitinho queimado", o educador grita seu nome e fala: "Está quente!". Se estiver longe, ele grita "Está frio!". Quem encontrar o brinquedo primeiro ganha.

 

  1. COLHER CORRENTE


RECURSO METODOLÓGICO - Colheres de sobremesa e caramelos.

 

METODOLOGIA


As crianças formam duas filas com número igual de pessoas. Elas ficam sentadas frente a frente, cada uma com uma colher de sobremesa. O primeiro da fila recebe na sua colher, presa com o cabo na boca, um caramelo, que deverá passar para a colher do vizinho. A brincadeira começa e, sob uma ordem dada pelo educador, cada um deverá passar o caramelo, com a colher na boca, para a colher do vizinho, sem ajuda das mãos, que devem ficar cruzadas nas costas. Toda vez que o caramelo cair, a criança pode recolhê-lo com a mão e continuar a brincadeira. Ganha a fileira que primeiro conseguir passar o seu caramelo de colher para colher até o final.

 

 

3.6 TEMPO PARA REALIZAÇÃO DO PROJETO

O tempo para realização do projeto, um semestre.

 

3.7 RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS

Professores e alunos, garrafa pet, colheres, caramelos, brinquedo.

 

3.8 AVALIAÇÃO

 

Será realizada através de registro individual e coletivo de cada atividade de forma processual e continua. Também serão observados o desenvolvimento das crianças dentro das atividades esportivas que serão desenvolvidas.

 

 

CONCLUSÕES

 

Verificamos, pois, que as avaliações não se separam do objetivo, ao contrário, se completam. Para que o professor possa saber o que o aluno necessita aprender, dentre os conteúdos elaborados, faz a avaliação diagnóstica. A partir dessa avaliação, o professor elabora seu planejamento. Ao longo do processo de ensino, faz avaliações processuais, dessa forma avalia se está conseguindo sanar as dificuldades apresentadas. Finalmente, o processo é terminado e chega-se a avaliação somatória, ou seja, o objetivo desejado foi atingido. A partir do exposto verificamos que a metodologia e/ou didática da avaliação tem a função de propiciar ao educando o desenvolvimento do raciocínio, através de reflexão sobre os assuntos trabalhados, para que ele tenha condições de analisar, comparar, solucionar problemas, inovar, aprender com os outros por meio da discussão, do debate, da troca de papéis, ele será remetido a uma profunda mudança de atitude, valorizando, respeitando a cooperação, as opiniões dos outros, sendo esse o nosso objetivo principal, pois acreditamos que por meio de conceitos, fatos e situações estaremos aptos a propiciar o resgate do aprender a aprender.

Em um quadro geral deu para sentir que existe uma grande distância entre as normas apresentadas no PCN e as executadas no “campo”. Os professores mostraram-se reticentes em termos de avaliação, o que demonstra que os mesmos não estão aptos a fazerem mudanças nos paradigmas, aceitando os sistemas existentes na escola; não questionam ao menos como foi que a escola adotou, quais critérios, entre outras   Quanto ao segundo objetivo, notadamente a diferença entre a realidade e o discurso ainda está acentuada.

Por sua vez, os professores não quiseram discutir mais sobre avaliação, tanto que houve grande número de abstenções na questão que trata das.  O que é planejado, controlado e avaliado tem como referência a posição de onde o aluno deveria estar e não de onde está de fato. É o conhecimento prescritivo em que qualquer outro saber é desqualificado, reduzindo a postura do aluno à “cultura do silêncio”. Daí por que boa parte destes alunos não faz perguntas e não busca na escola um espaço para conectar e enriquecer sua realidade vivencial.

Naturalmente pudemos perceber que alguns alunos tentam furar o cerco, mas são rigidamente detidos principalmente com agressões que atacam a autoestima e alguns poucos resistem mesmo assim. Como afirma a poeta Cecília Meireles, “o vento é o mesmo, mas sua resposta é diferente em cada folha”.       De maneira geral, ao final destas séries o aluno tem à sua frente dois mundos: um real, contraditório e ao qual pertence, e outro imaginário e estereotipado, que fixa fora do tempo e do espaço valores absolutizações que emanam das relações estabelecidas na escola.     Esta, sim, alicerçada uma atitude de conformismo que apenas irá se reverter à custa de muito sofrimento social, externado por votações equivocadas, relações de servidão e sentimento de impotência diante de questões estruturais e conjunturais.

Podemos verificar que não existe uma padronização em termos de formas e critérios de avaliação e embora a maioria dos professores explique que estão sendo norteados a adotarem uma postura de autonomia, falta uma fundamentação e principalmente uma conscientização da importância da avaliação para o bom desenvolvimento do aluno.  

O fracasso escolar no Brasil, segundo Penna Firme (1998), foi causado em sua maioria pelo processo avaliativo, mas não queremos culpar o professor. Preferimos acusar o processo, porém, é preciso deixar claro que o professor, em geral, não foi capacitado como avaliador na sua formação acadêmica, nem na sua prática profissional.

Todo professor deveria entender de avaliação como entende de ensino, mas isso não acontece, infelizmente. Portanto, antes de julgar o docente no seu papel de avaliador, é preciso ensinar-lhe o que não aprendeu. Acreditamos que nenhum professor é mal intencionado, é mal formado, apenas.    Os caminhos mais avançados da avaliação são os que priorizam a participação autêntica dos atores envolvidos no processo.

A propósito, foi Patton (1994) quem disse, entre suas histórias: “Há cinco variáveis-chave absolutamente críticas no uso da avaliação. São elas, por ordem de importância: gente, gente, gente, gente e gente”.        Vale ressaltar o esforço que o Brasil vem fazendo no que se refere a regulamentar e pôr em prática a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação/ LDB (Brasil, Lei nº 9394/96), para os que têm se utilizado daqueles aspectos que apontam para a flexibilidade na composição de programas educacionais, cursos, propostas pedagógicas e decisões administrativas que se proponham a assegurar às crianças e aos jovens o direito de aprender!

Apesar das determinações das gerências educacionais, ainda é grande o número de professores que utilizam a avaliação como instrumento que se destina a um julgamento definitivo, ao invés de tê-la como um instrumento integrativo e inclusivo. Daí a função que pode adotar o Orientador Educacional, ao abordar a avaliação focalizando-a do ponto de vista da sala de aula, ou seja, no nível do processo ensino-aprendizagem. O importante é o Orientador Educacional mostrar a importância essencial da avaliação do processo ensino-aprendizagem para o educando e para o educador, procurando oferecer subsídios a todos aqueles que trabalham com a educação, ajudando-os a compreender a avaliação como um processo contínuo e, assim, melhorando a eficácia do processo ensino-aprendizagem.

Tomando as palavras de Luckesi, “a avaliação é uma meta a ser trabalhada, que, com o tempo se transformará em realidade, por meio de nossa ação. Somos responsáveis por esse processo. A avaliação é um ato amoroso”.

 

 

REFERÊNCIAS

 

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ALMEIDA, Custódio S. de. Avaliação como aprendizagem de cidadania. In: Revista da Educação. Brasília: AEC, jan/mar de 1995.

 

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BECKER, Fernando. Da ação à operação: O caminho da aprendizagem em Jean Piaget e Paulo Freire. Porto Alegre: Palmarica, 1993.

 

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