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OS RECURSOS UTILIZADOS PARA CONTAR HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Daiane Aparecida Lourenção[1]

 

 

RESUMO:

O presente artigo é uma pesquisa bibliográfica sobre os recursos para contar histórias, sendo esses necessários para que o contador tenha sucesso ao efetuar este ato milenar, principalmente na educação infantil onde as crianças concentram por uma atividade em alguns minutos e após isso se dispersam, isso porque sempre a atenção da criança ao um determinado assunto é curto, fazendo com que o contador de história tenha domínio das técnicas para chamar a atenção do ouvinte. Sendo assim faz se necessário compreender as técnicas e os usos dos recursos para contar uma história e promover uma viagem aos pequenos pelo mundo da imaginação.

Palavras-chaves: Contação de histórias.  Recursos. Educação Infantil.

 

 

INTRODUÇÃO

 

Com a inserção da contação de história na sala de aula é comum se deparar com professores utilizando essa ferramenta pedagógica sem conhecer as técnicas, recursos e métodos que facilitam no momento de contar histórias, principalmente por ter um público-alvo cheio de energias e que logo se desinteressa dependendo da atividade, isso é comum com atividades longas e cansativas. Quando o professor planeja contar histórias e não utiliza recursos que chamem a atenção do aluno, em poucos instantes nenhum aluno estará sentado na rodinha de história.

Em alguns casos os professores planejam a contação apenas para seguir normas estabelecidas na instituição sem ao menos compreender os passos importantes que devem ser seguidos para contar uma história. Ao observar a importância da contação de história na vida das crianças foi despertado o interesse em fazer uma pesquisa com o seguinte objetivo: Analisar os recursos utilizados pelos professores ao utilizar esse ato milenar na sala de aula.

O foco da pesquisa foi na educação infantil partindo da ideia empírica que os professores são os que mais utilizam a contação na sala de aula, diante disso foi realizada uma pesquisa bibliográfica baseada nos conhecimentos dos seguintes autores – Busatto (2012), Coelho (1991), Dhome (2003) e Fonseca (2013).

 

 

Estratégias utilizadas para a contação de história

 

Na educação Infantil atividades lúdicas são essenciais para o desenvolvimento da aprendizagem, nas instituições é fundamental ter um local colorido e aconchegante com brincadeiras diversificadas que ressalte a interação da criança com o mundo de fantasias, nessa fase a contação de história é muito utilizada e por ser uma ferramenta pedagógica requer atenção e cuidados.

O professor deve conhecer a sua turma priorizando suas necessidades e sua faixa etária, pois conforme a idade, a criança tem o interesse em ouvir diferentes histórias. Coelho (1991) descreve as características das histórias para cada faixa etária:

 

 

 

 

 

 

Pré-escolares

 

 

 

Até 3 anos: fase pré-mágica

 

 

 

3 a 6 anos: fase mágica

·         Histórias de bichinhos, brinquedos, objetos, seres da natureza (humanizados)

·          

·         Histórias de crianças

 

 

·         Histórias de repetição e acumulativas (Dona Baratinha, A formiguinha e a neve etc.)

 

·         Histórias de fadas

                           Fonte: COELHO. Contar histórias uma arte sem idade. 1991.

 

Quando o professor conhece qual é a melhor história para cada faixa etária sua busca fica mais simplificada. No caso da educação infantil, as histórias são voltadas para o universo que compõem a realidade deles. Ao levar para a sala uma história que retrata a vida de um bichinho que faz parte do cotidiano da criança, esse momento poderá ser de troca onde a criança poderá falar do carinho que sente e a história abordará fatos importantes sobre a vida dele.

A história promove momentos de envolvimento e aprendizagem, por isso o professor ao contá-la, deve adquirir certos cuidados antes e durante a história, para isso é importante frisar passos importantes desde a escolha até as atividades que poderão ser feitas através da história. De acordo com os autores Busatto (2012), Coelho (1991), Dhome (2003) e Fonseca (2013) existem técnicas que ajudarão o contador de história a realizar este ato com sucesso.

 

A escolha da história

Ao utilizar uma história na sala de aula é preciso fazer uma escolha sábia, para isso é necessário analisar a necessidade da criança naquele momento - quais são os conflitos, suas dificuldades - só assim o professor terá um objetivo a ser alcançado com aquela história. Fonseca (2013) ressalta a importância de fazer as seguintes perguntas antes de escolher uma história: Para quem? Para que? - Ao obter as respostas ficará mais fácil de selecionar o texto com a faixa etária e característica da turma.

Ao escolher uma história é importante conhecê-la num todo, prestando atenção na mensagem, nos personagens e ambientes, para que ao contá-la a criança compreenda a história como ela é de fato. Na escolha é preciso se identificar com ela, saber o que pretende atingir ao levá-la para a sala de aula, só assim o professor terá sucesso ao efetuar a contação de história. Fazer uma boa escolha fará toda a diferença nesse processo e por mais que seja apenas o primeiro passo, ele se torna a base para que tudo corra bem.

 

Conhecendo a história

O bom contador ressalta bem as características dos personagens, sabe os momentos de falar com um ritmo mais acelerado outros mais calmos, para isso acontecer é de extrema importância conhecer bem a história. Contar história sem conhecer sua estrutura é prejudicar todo o seu trabalho. Deve-se ler e reler, estudar cada personagem e captar o que cada um tem de melhor a oferecer. Ao fazer um estudo sobre a história o professor compreenderá os pontos principais dando ênfase nos momentos certos, para Dohme (2003) uma história divide-se em quatro partes, sendo eles: introdução, enredo, ponto culminante, desfecho. 

Introdução – Período inicial que situa a criança sobre os personagens, conflitos, tempo e espaço.

Enredo - são situações de confrontos e desafios, vitórias e derrotas, incertezas e descobertas.

Ponto culminante – é o ponto mais alto da história.

Desfecho – é o período que finaliza a história, resolvendo os conflitos e transmitindo a mensagem desejada.

Conhecer todas essas etapas possibilita fazer certas adaptações sem perder o sentido da história, por saber os pontos principais da história o professor poderá ter mais liberdade ao contar, sabendo os momentos de fazer suspense, fazer pausa e de improvisar, facilitando o momento da contação. Contar a história sem conhecê-la é remar contra a maré, toda a insegurança que estará com o contador será transmitida nos movimentos e em sua voz, por isso para se ter sucesso na contação de história deve se estudá-la e conhecer cada passo, não adianta selecionar uma ótima história se no momento de contá-la o professor deixar a desejar.

 

RECURSOS UTILIZADOS NA CONTAÇÃO

O professor que utiliza o ato de contar história como ferramenta pedagógica pode optar pelo auxílio de recursos que chamem a atenção das crianças. Ao narrar uma história não é regra utilizar recursos auxiliares, sendo função do professor, decidir se irá usar ou não, é claro que numa história o importante não são os meios e sim o todo, por isso seja com ou sem recursos o professor deverá conduzir bem a história, enfatizando cada passo para que consiga alcançar seus objetivos. Fonseca (2013) ressalta que ao optar por utilizá-los o profissional deve escolher materiais que possam dar asas a imaginação, nesse caso o recurso é apenas uma sugestão para que o ouvinte possa fantasiar um personagem.

O segredo é saber utilizar o recurso, o professor deve analisar qual objeto poderá despertar a imaginação e usá-lo na dosagem certa. Ao optar pelo uso de recursos é preciso prepará-los com antecedência, dependendo do objeto deve treinar para que no momento da contação da história tudo ocorra perfeitamente.

Muitos professores optam por utilizar um recurso que lhe traga segurança, um exemplo disso é quando a professora vai contar a história do Chapeuzinho vermelho e utiliza a capa vermelha da personagem como recurso visual. Ela incorpora o estilo da personagem dando mais vida a história que está sendo contada. Nesse sentido o recurso é um aliado do contador por possibilitar a curiosidade da criança ao visualizar algo diferente. Existem diferentes recursos utilizados pelos professores para contar histórias, dentre eles estão:

Os Fantoches - são muitos utilizados na sala de aula. Para Fonseca (2013, p.125) [...] são aqueles bonecos, normalmente feitos com uma parte de tecido, abertos embaixo e nos quais introduzimos a mão para manipulá-los (como uma luva). Esse recurso precisa de muita atenção do contador, principalmente quando contém diferentes personagens envolvidos, normalmente trazem os personagens em miniaturas e são manipulados um de cada vez em quanto ocorrem a história, por isso são bem aceitos pelos ouvintes que ficam atentos a cada passo do contador.

O Livro - nesse caso é utilizado para mostrar as ilustrações para a criança. Segundo Coelho (1999, p.32) “Há textos que requerem, indispensavelmente, a apresentação do livro, pois a ilustração os complementa”. Alguns livros contêm apenas imagens ilustrativas, dando a possibilidade ao contador de criar uma história a partir daquelas imagens, esses livros são ótimos para incentivar a criança a contar história. É importante ressaltar que em algumas histórias é interessante não utilizar o livro como recurso, por trazerem em suas ilustrações muita informação, fazendo com que a criança não fantasie apenas acompanhe os desenhos, perdendo todo o encanto, afinal a contação vem para aguçar a imaginação.

Baús - em alguns casos são caixas enfeitadas contendo diferentes objetos que são tirados no momento certo da história. Para Fonseca (2013, p. 114) “O baú de histórias pode ser utilizado nos momentos em que o professor contar histórias ou pelas crianças. Dentro dele são guardados os objetos que farão parte da narração”. Esse recurso é muito interessante e desperta a curiosidade das crianças, por ficarem ansiosas sobre o que sairá da caixa. É interessante usar objetos que levem a criança a fantasiar, tecidos podem se tornar avião, vento ou passarinho, basta apenas o incentivo do professor.

Avental - é um recurso que traz a possibilidade do contador ir acrescentando os personagens conforme narra a história. Ao utilizar essa técnica é importante o contador ficar em pé para que todos visualizem o cenário desenhado no avental.

Todos os recursos utilizados pelos professores devem ser cuidadosamente planejados para que no momento da contação de história ele seja uma ferramenta de apoio e não algo que atrapalhe a compreensão da história.

Como sugere os autores Busatto (2012), Coelho (1991), Dhome (2003) e Fonseca (2013) o contador tem livre arbítrio para escolher o recurso, mas isso não quer dizer que ele possa ficar preso apenas em um, quando se cria o habito de contar histórias, principalmente na sala de aula, o professor deve utilizar diferentes meios para não ficar cansativo e perder o interesse em ouvir histórias. Nesse caso o recurso visual é apenas um convite para a imaginação, para o inesperado, e é isso que desperta o interesse das crianças na educação infantil “a curiosidade em descobrir o novo”.

 

Como contar história?

Um bom contador de histórias não nasce necessariamente com este “dom”, contar histórias é um ato que precisa de prática e treino, não existe uma forma pronta e acabada para realizar esse ato, mas fica a critério do contador usar as estratégias que o deixa mais confiante. Conforme cita Busatto (2002) cada contador deve seguir suas características e valorizar ao utilizar o ato. Ao optar por contar uma história, as estratégias usadas pelo contador devem ter base nos recursos que tem facilidade em manipular, é isso que contribuirá para ter sucesso ao realizar o ato. Se o contador escolhe uma história que sua mensagem central não o agrada, dificilmente esta história será captada com entusiasmo por quem a ouve.

Uma dúvida levantada quando feita a escolha da história é como o contador se posicionará enquanto conta a história se ele ficará sentado ou ficará em pé, nesse momento é importante analisar o recurso que escolheu para contar história, caso seja um recurso que precisa de movimentos, expressões faciais a melhor maneira de contar história é ficando em pé. Busatto (2002), afirma que ao contar história em pé não pode movimentar muito, pelo fato de dispersar o público, deve –se locomover conforme a história pede.

Nesse caso facilita a visualização dos ouvintes e o contador tem liberdade para se movimentar, trazendo vida para a narrativa. Acompanhar os passos do contador instiga a curiosidade da criança em descobrir qual será a próxima ação, por isso é muito utilizado pelos contadores, principalmente se estiver em um grupo grande de ouvintes.

Contar história sentada é indicado para quem está começando integrar o ato na sala de aula. Busatto (2002, p.70) ressalta que “Contar sentado com as crianças a sua volta é outra maneira de contar, e está mais próxima da prática do contador leigo [...]”. Em muitos casos se escolhe contar a história sentada quando utiliza um recurso que não precisa de tanto espaço. Essa prática possibilita uma relação mais próxima entre o contador e os ouvintes, criando um momento descontraído e de união entre os dois.

Cada contador tem características próprias para ser empregada no momento da contação, sendo de suma importância trabalhar com os artifícios que tem facilidade, só assim fará teu papel de mediador entre o mundo da fantasia e o mundo real, entretendo e transmitindo valores que estão inclusos na história narrada. Todos estes detalhes devem ser cuidadosamente preparados para que a criança fique o tempo todo interessada pelo desfecho da história.

 

A criança na educação infantil

A criança nesta faixa etária precisa de estímulos para descobrir o mundo a sua volta, sendo fundamental trabalhar com a contação de história com o objetivo de despertar o aluno para o mundo da leitura, o mundo da fantasia e para isso é necessário compreender os passos importantes para contar uma história, caso pule etapas e esse processo não seja interessante para a criança, pode ocorrer um retrocesso quando está criança se tornar um leitor. Segundo Visca apud Barbosa (1999) estes obstáculos são de caráter epistemofílico, nesse caso quando a criança cria um vínculo inadequado com o mundo imaginário, acaba criando um bloqueio aumentando as chances de ser um leitor não praticante.

Sendo assim ao levar este ato para a sala de aula, especialmente na educação infantil onde as crianças ficam apenas alguns minutos com a atenção presa em uma determinada atividade, é de extrema importância ter posse de bons recursos visuais para que o aluno permaneça até o final do enredo interessado pelo que está sendo contado.

No caso da contação de história os recursos visuais são extremamente fundamentais para que viagem nesse mundo cheio de aventuras, para isso deve-se valorizar o tempo do aluno, Coelho (1991, p.54) afirma que a duração da narrativa depende da faixa etária e do interesse que suscita: 5 a 10 minutos para os pequeninos [...] Não prolongar a história ajuda para que não se torne um momento cansativo fazendo com que a criança perca o interesse e se disperse.

Essa dispersão é natural da criança principalmente quando o que está sendo passado não é atrativo para eles, muitas das vezes ela se torna um meio de mostrar que aquela metodologia não é interessante, e o professor precisa ter esse olhar ainda na educação infantil para que não tenha consequência na vida escolar do educando.

 

Como inserir a contação de história na sala de aula?

Atualmente muitos professores aproveitam a diversidade de temas oferecida pelas histórias e desenvolvem seus trabalhos pedagógicos através da interdisciplinaridade, essa riqueza de detalhes que é ilustrado nas histórias possibilita que seja trabalhado com conteúdo que devem ser abordados na sala de aula. Para Busatto (2003) a partir do conto narrado é possível trabalhar diferentes conteúdo. O ideal é que o professor tenha um bom planejamento e introduza as diferentes disciplinas com a mesma sintonia, principalmente ao utilizar como metodologia a contação de história.

Existem meios didáticos que facilitam a inserção da contação de história na sala de aula dentre eles estão: as atividades permanentes, os projetos pedagógicos e a sequência didática.

As atividades permanentes são momentos que fazem parte da rotina diária, segundo Fonseca (2013, p. 42)

 

Por atividade permanente entendemos uma situação que acontece de forma sistemática e possibilita a familiarização com novos conhecimentos por meio de reapresentação constante. Tem por objetivo criar hábitos e constituir atitudes, por isso necessita ser realizada com frequência durante um tempo longo. No caso da roda de leitura, por exemplo, sugere-se que faça com que as crianças passem a esperar por ela.

 

Os professores que adotam a história como atividade permanente geralmente utilizam apenas contar a história, sem nenhuma atividade através do conto, fazendo com que a próprio aluno sinta necessidade de ter um momento do dia destinado a história, isso acontece porque esse ato é prazeroso e encanta todos que ouvem.

Os projetos pedagógicos facilitam o emprego do tema da história como mediador para desenvolver outras atividades, além possibilitar que acrescente novas atividades e novos temas. Segundo RCNEI vol III (1998, p. 57)

 

Os projetos são conjuntos de atividades que trabalham com conhecimentos específicos construídos a partir de um dos eixos de trabalho que se organizam ao redor de um problema para resolver ou um produto final que se quer obter. Possui uma duração que pode variar conforme o objetivo, o desenrolar das várias etapas, o desejo e o interesse das crianças pelo assunto tratado. Comportam uma grande dose de imprevisibilidade, podendo ser alterado sempre que necessário, tendo inclusive modificações no produto final.

 

Os projetos podem variar no seu tempo de duração, podendo permanecer enquanto a turma estiver interessada. É interessante trabalhar a contação de história através de projeto quando tem um tema que abrange o surgimento de outras ideias, enriquecendo o aprendizado da criança.

As sequências didáticas são atividades relacionadas a um determinado tema, para Fonseca (2013, p. 61)

 

[...] são formadas por sequências de atividades ordenadas e articuladas para trabalhar e/ ou aprimorar conteúdos específicos que o professor avalia como importantes e necessários para a aprendizagem de seu grupo. Tem duração limitada de algumas semanas.

 

As sequências didáticas facilitam o trabalho com o gênero literário. O tema da história promove a integração de atividades que contribuem significativamente para o desenvolvimento da aprendizagem.

O professor poderá contar a mesma história semanalmente para desenvolver uma sequência de atividades. Todo dia ele reconta a história para relembrá-los e após faz uma atividade com o intuito de aprimorar o conhecimento do aluno sobre o tema da história.  É claro que o professor deve respeitar o interesse da criança, caso a história não esteja mais chamando a atenção, ele deve escolher uma nova história e planejar sua aula, o interesse do aluno deve vir em primeiro lugar.

Seja por meio de atividades permanentes, projetos pedagógicos ou sequência didática, o ato de contar histórias deve ser constante na sala de aula, principalmente com as crianças da educação infantil que são curiosas e atentas a tudo que lhe ensinam.

 

 

CONCLUSÃO

 

Na contação de história existem diferentes recursos a serem utilizados pelos contadores, dentre eles o livro, fantoche e avental. Quando empregado na sala de aula os professores devem estar cientes que para contar uma história não pode ficar preso apenas um recurso, ele deve estar construindo recursos conforme o enredo da história.

Nessa pesquisa foi fácil compreender por que muitos professores optam por utilizar o livro como recurso na sala de aula, por ser um recurso simples e de fácil acesso, acaba sendo cômodo ao professor utilizá-lo, mas na maioria das vezes eles deixam a desejar quando vão contar a história e fazem apenas a leitura deleite, mesmo que para o professor aquilo seja uma contação. Conforme cita Coelho (1991, p. 33) “Devemos mostrar o livro para a classe virando lentamente as páginas com a mão direita, enquanto a esquerda sustenta a parte inferior do livro, aberto de frente para o público”. Para a autora quando se conta uma história o contador deve conhecê-la e contá-la com suas palavras, nesse caso o livro é um recurso visual para o ouvinte.

Conclui que os professores não têm o interesse em conhecer as técnicas para contar uma boa história, quando optam por utilizar recursos como fantoches acabam se perdendo a apenas isso e não utiliza o tom da voz, gestos e se entregar a história como se aquilo foi vivenciado por ele, fazendo com que a criança não se empolgue em se sentar e ouvir com atenção aquela história.

Essa falta de segurança em empregar recursos diferentes em suas contação, faz com que optem por livros ou apenas a leitura deleite e assim deixam de lado o mundo imaginário e o faz de conta de lado, sendo que são peças-chaves para a formação das crianças na educação infantil. Quando o professor tem a alegria de se fantasiar e trazer o imaginário para a sala de aula com toda certeza seus alunos terão sucesso em suas vidas porque serão criativos e livres para serem o que quiser.

Nesse caso é compreensível o porquê das crianças estarem cada vez mais desinteressadas pelas histórias contadas, é comum observar professores na creche contando história para poucas crianças enquanto as outras estão brincando em outros espaços, algumas delas se cansam de ser sempre o mesmo recurso que simplesmente não lhe atraem ficar ali sentado ouvindo história, isto acontecem pelo simples fato do professor da educação infantil não ser criativo e desinibido para se fantasiar e entrar na história.

Essa escolha demonstra certa comodidade dos professores que sempre estão buscando recursos que não precisem de muito preparo, comprovando que a maioria dos professores tem dificuldade em contar histórias usando recursos diferentes, muitas vezes por falta de inibição, o que provoca a falta de envolvimento entre o contador e a história.

Percebe-se que um dos utensílios para não preparar esses recursos com antecedência é a carga de tarefas que os sobrecarregam e por isso acabam optando pelo que dá menos trabalho, é claro que qualquer material pode se tornar um personagem, e muitos recursos podem ser reutilizados, mas esses dois meios são poucos cogitados por eles, então conclui-se que o pouco tempo disponibilizado para a preparação da contação faz com que a maioria dos professores busque a praticidade, deixando de lado a sua criatividade. Infelizmente por causa disso a contação de história está sendo escassa porque os professores não se preocupam em planejar os passos certos para contar histórias, em buscar recursos e metodologias diferentes para trazer o aluno para o mundo imaginário. Se ao escolher uma história ele buscar um recurso diferenciado que prenda a atenção da criança logo a mesma será uma boa ouvinte de história, caso não ocorra é possível que essa criança cresça com uma lacuna e seu interesse pela leitura vá se perdendo com o tempo.

Atualmente o número de leitores não praticante vem aumentando ainda no ensino fundamental, é comum ver alunos com falta de interpretação por não ter o hábito de leitura, e na maioria das vezes a causa desse desinteresse pelo ato de ler vem da falta de incentivo dos professores na educação infantil que sem ter a intenção acaba prejudicando todo o desenvolvimento do educando.

 

 

REFERÊNCIAS

 

BARBOSA, Laura Monte Serrar. A psicopedagogia transformando a aprendizagem em prazer e o prazer em aprendizagem. Goiânia – GO, 1999.

 

BUSATTO, Cléo. Contar e Encantar: Pequenos segredos da narrativa, 8.ed. -Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.

 

COELHO, Betty. Contar histórias uma arte sem idade. 4. ed. –São Paulo: Ática, 1991.

 

DHOME, Vania D’ Angelo. Técnicas de contar histórias: pais: um guia para os pais contarem histórias para seus filhos–São Paulo: Informal Editora, 2003.

 

FONSECA, Edi. Interações: com olhos de ler. 1º reimpressão –São Paulo: Blucher, 2013.

 

[1] Daiane Aparecida Lourenção, Licenciada em Pedagogia no ano 2015 na Faculdade de Ciências Sociais de Guarantã do Norte, especializada em Psicopedagogia Instituicional na mesma Instituição de ensino no ano de 2016.