OS CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS DA BNCC NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Cássia Regina Alves de Oliveira

Jucileide de Jesus Oliveira Arrais

Marcilene Pereira Souza

Marli Escatezeni

Patrícia Juchem

 

 

RESUMO

O presente trabalho foi desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica, também foram analisados vídeos e lives com especialistas no assunto em questão. Tem por objetivo analisar os campos de experiências da BNCC na educação infantil/creche e auxiliar os professores desta modalidade de ensino quanto a compreensão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) enquanto documento normativo que define o conjunto progressivo das aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. Entendendo que a BNCC, não se trata do currículo, mas, trata-se, de um documento básico, comum a todos e é nesta base que as escolas devem construir seus currículos. Neste artigo nos deteremos apenas a Educação Infantil em especial as creches, analisando como se estrutura o aprendizado, auxiliando os docentes no planejamento das suas aulas, na compreensão dos conteúdos de maneira a garantir a todos os alunos os direitos de aprendizagens contidos em cada Campo de experiências proposto pela Base, promovendo desta forma uma educação de qualidade que garanta, igualdade e equidade.

 

Palavras-chave: BNCC. Alunos. Educação Infantil. Criança. Aprendizagem.

 

 

INTRODUÇÃO

 

Com o passar do tempo, tendo em vista os avanços da sociedade moderna surge então a necessidade de construir um documento com o objetivo de nortear o ensino em todo o Brasil, promovendo igualdade e qualidade do ensino.

Pode-se perceber ao longo dos anos que a educação no Brasil passou por muitas transformações sempre buscando melhorar o sistema de ensino. E depois de muitos estudos surge a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) A base sobre a qual todas as instituições de ensino sejam públicas ou privadas deveriam alicerçar os seus currículos.

A BNCC teve três versões: a de junho de 2015, disponibilizada de setembro até março de 2016 para críticas e sugestões da comunidade; a segunda disponibilizada em maio de 2016, e a terceira, disponibilizada em abril de 2017 e homologada em 20 de dezembro, após o término pelo Conselho Nacional de Educação.

Conforme definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996), a Base deve nortear os currículos dos sistemas e redes de ensino das Unidades Federativas, como também as propostas pedagógicas de todas as escolas públicas e privadas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, em todo o Brasil.

Como citado anteriormente, a BNCC não se trata de um currículo, mas, a base para que as instituições de ensino construam seus currículos, por tanto, as Creches fase da educação infantil a qual nos deteremos neste artigo devem construir o currículo de maneira que este possa alcançar os objetivos de aprendizagens e desenvolvimento para cada faixa etária contidos em cada campo de experiência propostos pela Base, garantindo a cada aluno seis direitos de aprendizagem estruturados por meio das interações e brincadeiras.

Ao observar as dificuldades enfrentadas pelos professores desta modalidade de ensino quanto a compreensão dos conteúdos a serem trabalhados como os bebês e crianças bem pequenas, (creches) de acordo com cada Campo de Experiência, temos o objetivo de ajudá-los quanto ao planejamento e desenvolvimento das aulas, compreendendo os conteúdos a serem trabalhados em cada campo de experiência de forma que possa garantir os direitos de aprendizagem e desenvolvimento sempre respeitando as especificidades, adequando o currículo, o planejamento anual, bimestral, quinzenal etc.

Ainda de acordo com as DCNEI, em seu Artigo 9º, os dois eixos estruturantes das práticas pedagógicas dessa etapa da Educação Básica são as interações e a brincadeira, por meio das interações com crianças e adultos as crianças irão vivenciar experiências pelas quais construirão o conhecimento por meio de suas ações, interação e socialização. Ou seja, o aprendizado é adquirido por meio das experiências vividas pela criança. (BRASIL, 2009)

Diante do exposto pela Base, surge a necessidade de uma nova adaptação. As instituições ensino devem se adequar as normas e os professores precisam conhecer o conteúdo do documento e a forma como irão desenvolver o trabalho pedagógico.

 

 

REFERENCIAL TEÓRICO

 

As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DCNEI, Resolução CNE/CEB nº 5/2009)²⁷, em seu Artigo 4º, definem a criança como:

 

Sujeito histórico e de direitos, que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura (BRASIL, 2009).

 

Assim como em documentos anteriores a criança era definida como sujeito que possui uma história, que possui direitos e que por meio das interações constroem sua identidade, pessoal e coletiva, capaz de criar e reinventar a Base reafirma e amplia esta questão, tornando mais claro como acontece o aprendizado, orientando e norteando os conteúdos a serem trabalhados garantindo os direitos e evidenciando os desejos desenvolvendo a autonomia e a cidadania, enfim, garantindo que que todos os estudantes do Brasil possam desenvolver um conjunto essencial de habilidades comuns a todos.

 

Competências gerais da Educação Básica

 

“A BNCC desempenha papel fundamental, pois explicita as aprendizagens essenciais que todos os estudantes devem desenvolver e expressa, portanto, a igualdade educacional sobre a qual as singularidades devem ser consideradas e atendidas” (BRASIL, 2017, p.15).

 

Um dos objetivos da construção deste documento foi garantir a igualdade no ensino, que em todos os estados e municípios, escolas públicas e privadas pudessem desenvolver nos alunos as mesmas habilidades, que haja o mesmo sistema de ensino sem deixar de priorizar o regionalismo.

Segue abaixo as 10 competências gerais da BCC, que são as aprendizagens essenciais para a educação básica. Para as crianças da creche, são conceitos que são apresentados dentro das experiências vividas.

1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. (BRASIL. BNCC p.9,10)

A BNCC será orientada por dez competências, denominadas:

 

Competências Gerais para a Educação Básica, que devem estar presentes na formação de todos os estudantes. As competências discorrem de assuntos como: aprendizagem intelectual, investigação e reflexão crítica, resolução de problemas cotidianos, respeito à diversidade e exercício para a cidadania. (BRASIL, 2017, p. 08).

 

As 10 competências gerais citadas acima se tratam do que os que os alunos devem aprender ao longo de toda a Educação Básica sendo que na Educação infantil o aprendizado acontece em 5 Campos de experiências conforme (BNCC p.9, 10)

Segundo Costa, Farias e Souza (2019) a BNCC é um mecanismo que veio para alinhar o trabalho docente, porém é necessário a formação dos educadores para que tenham conhecimento sobre como organizar o currículo sem deixar de refletir sobre a realidade local.

Os autores em concordância com o trecho extraído da Resolução CNE/CP nº 2/2017, sobre a formação docente, a qual a BNCC almeja, citam que: Art. 3º No âmbito da BNCC, competência é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores, para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho (BRASIL, 2017).

 

Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento na Educação Infantil

 

Conforme (BNCC, p. 24-25) segue abaixo os direitos de aprendizagens e desenvolvimento na Educação Infantil:

• Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas.
• Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais.
• Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando.
• Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia.
• Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens.
• Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário

Como citado anteriormente na etapa da educação infantil o aprendizado acontece por meio das interações e das brincadeiras, dentro de cinco campos de experiências que precisam garantir os direitos de aprendizagens de forma a alcançar os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dentro de cada faixa etária. Tudo precisa ser acontecer de maneira planejada e organizada previamente, as atividades devem ser realizadas em espaços diversificados e com matérias diversos.

É por meio dessas experiências com o meio, com os pares e também com os adultos que as crianças aprendem a se reconhecer como sujeito, a compartilhar os espaços e os objetos disponíveis em cada momento de aprendizagem.

 

Objetivos de Aprendizagem e desenvolvimento conforme cada Campo de Experiência

 

Na (BNCC p.44-52) encontramos os Objetivos de aprendizagens e desenvolvimento conforme cada Campo de experiência. Os objetivos correspondem as habilidades que as crianças precisam desenvolver dentro de cada período conforme a faixa etária e a maturidade dos alunos. Os objetivos ou habilidades essenciais ao desenvolvimento das crianças são apresentadas por meio de códigos alfanuméricos:

Vejamos o exemplo EI02TS01: 

• o primeiro par de letras: EI, corresponde a etapa da Educação Infantil; 
• o primeiro par de números: 02, corresponde ao grupo, que é definido pela faixa etária das crianças: 01 = Bebês (zero a 1 ano e 6 meses), 02 = Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses), 03 = Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses);
• o segundo par de letras: TS, diz respeito ao campo de experiências específico a ser trabalhado: EO = O eu, o outro e o nós, CG = Corpo, gestos e movimentos, TS = Traços, sons, cores e formas, EF = Escuta, fala, pensamento e imaginação, ET = Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações;
• por fim, o último par de números: 01, corresponde ao número sequencial da habilidade dentro da quantidade de objetivos de aprendizagem e desenvolvimento que existem para cada campo de experiência, grupo e faixa etária.

Ao organizar uma atividade/projeto é provável que teremos vários objetivos de aprendizagens de campos de experiências diferentes na mesma atividade, eles estão interligados, pois, o conhecimento acontece de maneira interdisciplinar a partir das experiências vividas por cada criança.

 

Campo de Experiências “O eu, o Outro e o Nós”

(EI03EO01) Demonstrar empatia pelos outros, percebendo que as pessoas têm diferentes sentimentos, necessidades e maneiras de pensar e agir.

(EI03EO02) Agir de maneira independente, com confiança em suas capacidades, reconhecendo suas conquistas e limitações.

(EI03EO03) Ampliar as relações interpessoais, desenvolvendo atitudes de participação e cooperação.

(EI03EO04) Comunicar suas ideias e sentimentos a pessoas e grupos diversos.

(EI03EO05) Demonstrar valorização das características de seu corpo e respeitar as características dos outros (crianças e adultos) com os quais convive.

(EI03EO06) Manifestar interesse e respeito por diferentes culturas e modos de vida.

(EI03EO07) Usar estratégias pautadas no respeito mútuo para lidar com conflitos nas interações com crianças e adultos.

 

Campo de Experiências “Corpo, Gestos e Movimentos”

(EI03CG01) Criar com o corpo formas diversificadas de expressão de sentimentos, sensações e emoções, tanto nas situações do cotidiano quanto em brincadeiras, dança, teatro, música.

(EI03CG02) Demonstrar controle e adequação do uso de seu corpo em brincadeiras e jogos, escuta e reconto de histórias, atividades artísticas, entre outras possibilidades.

(EI03CG03) Criar movimentos, gestos, olhares e mímicas em brincadeiras, jogos e atividades artísticas como dança, teatro e música.

(EI03CG04) Adotar hábitos de autocuidado relacionados a higiene, alimentação, conforto e aparência.

(EI03CG05) Coordenar suas habilidades manuais no atendimento adequado a seus interesses e necessidades em situações diversas.

 

Campo de Experiências “Traços, Sons, Cores e Formas”

(EI03TS01) Utilizar sons produzidos por materiais, objetos e instrumentos musicais durante brincadeiras de faz de conta, encenações, criações musicais, festas.

(EI03TS02) Expressar-se livremente por meio de desenho, pintura, colagem, dobradura e escultura, criando produções bidimensionais e tridimensionais.

(EI03TS03) Reconhecer as qualidades do som (intensidade, duração, altura e timbre), utilizando-as em suas produções sonoras e ao ouvir músicas e sons.

 

Campo de Experiências “Escuta, Fala, Pensamento e Imaginação”

(EI03EF01) Expressar ideias, desejos e sentimentos sobre suas vivências, por meio da linguagem oral e escrita (escrita espontânea), de fotos, desenhos e outras formas de expressão.

(EI03EF02) Inventar brincadeiras cantadas, poemas e canções, criando rimas, aliterações e ritmos.

(EI03EF03) Escolher e folhear livros, procurando orientar-se por temas e ilustrações e tentando identificar palavras conhecidas.

(EI03EF04) Recontar histórias ouvidas e planejar coletivamente roteiros de vídeos e de encenações, definindo os contextos, os personagens, a estrutura da história.

(EI03EF05) Recontar histórias ouvidas para produção de reconto escrito, tendo o professor como escriba.

(EI03EF06) Produzir suas próprias histórias orais e escritas (escrita espontânea), em situações com função social significativa.

(EI03EF07) Levantar hipóteses sobre gêneros textuais veiculados em portadores conhecidos, recorrendo a estratégias de observação gráfica e/ou de leitura.

(EI03EF08) Selecionar livros e textos de gêneros conhecidos para a leitura de um adulto e/ou para sua própria leitura (partindo de seu repertório sobre esses textos, como a recuperação pela memória, pela leitura das ilustrações etc.).

(EI03EF09) Levantar hipóteses em relação à linguagem escrita, realizando registros de palavras e textos, por meio de escrita espontânea.

 

Campo de Experiências “Espaços, Tempos, Quantidades, Relações e Transformações”

(EI03ET01) Estabelecer relações de comparação entre objetos, observando suas propriedades.

(EI03ET02) Observar e descrever mudanças em diferentes materiais, resultantes de ações sobre eles, em experimentos envolvendo fenômenos naturais e artificiais.

(EI03ET03) Identificar e selecionar fontes de informações, para responder a questões sobre a natureza, seus fenômenos, sua conservação.

(EI03ET04) Registrar observações, manipulações e medidas, usando múltiplas linguagens (desenho, registro por números ou escrita espontânea), em diferentes suportes.

(EI03ET05) Classificar objetos e figuras de acordo com suas semelhanças e diferenças.

(EI03ET06) Relatar fatos importantes sobre seu nascimento e desenvolvimento, a história dos seus familiares e da sua comunidade.

(EI03ET07) Relacionar números às suas respectivas quantidades e identificar o antes, o depois e o entre em uma sequência.

(EI03ET08) Expressar medidas (peso, altura etc.), construindo gráficos básicos.

 

Considerando que, na Educação Infantil, as aprendizagens e o desenvolvimento das crianças têm como eixos estruturantes as interações e a brincadeira, assegurando-lhes os direitos de conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se, a organização curricular da Educação Infantil na BNCC está estruturada em cinco campos de experiências, no âmbito dos quais são definidos os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento. Os campos de experiências constituem um arranjo curricular que acolhe as situações e as experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural (BNCC, 2017 p. 40).

 

De Maneira Resumida, vamos elencar como cada campo de experiência estimula as aprendizagens na Educação Infantil/creche:

O eu, o outro e o nós:  Podemos dizer que este é o campo dos relacionamentos, onde a criança irá desenvolver a empatia (colocar-se no lugar do outro), expressão de sentimentos e ideias, reflexões sobre as suas ações, cuidados pessoais, brincar coletivamente, construção da identidade e da autonomia, respeito às diferenças, regras de convivência e consciência ambiental e cidadania. Esse campo ressalta o sentimento de pertencimento a determinado grupo, o respeito e o valor às diferentes tradições culturais.

Corpo, gestos e movimentos: Neste campo o foco encontra-se no corpo e suas possibilidades, por meio dos sentidos a criança ampliará o desenvolvimento motor, o equilíbrio, fortalecerá o tônus muscular, irá desenvolver atividades como:  jogos de imitação, musicalização, reconhecer o próprio espaço e o do outro, capacidade de situar-se e orientar-se em relação aos objetos e as outras pessoas em um certo espaço.

Traços, sons, cores e formas: Este é o campo das artes, as atividades propostas irão desenvolver a coordenação motora, o ritmo, produção e discriminação de sons, a evolução do traçado (desenho, escrita), a sequência lógica e pensamento criativo, a criança irá expressar-se corporalmente e verbalmente por meio das múltiplas linguagens: verbal, corporal, sonora, visual e digital.

Escuta, fala, pensamento e imaginação: O foco deste campo está na linguagem oral e o relacionamento dela com a comunicação, organização e expressão das ideias, reconto e dramatização de histórias, vivências de situações cotidianas, e o desenvolvimento da consciência fonológica, leitura e escrita.

Espaço, tempo, quantidades, relações e transformações: campo da matemática: noção de tempo, espaços, medidas, propriedade dos objetos, classificação, seria ação, transformações, percepção do meio ambiente e de eventos da natureza.

As formas como os campos de experiências organizam as aprendizagens na infância orienta o professor no planejamento e na avaliação de sua prática pedagógica diária.  Além disso, esse arranjo curricular para a Educação Infantil permite a elaboração de intervenções voltadas para os seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento citados anteriormente – Conviver, Brincar, Participar, Explorar, Expressar e Conhecer-se. Garantindo a todos o acesso aos conteúdos e aos recursos disponíveis, sempre com um olhar atento naqueles que possuem mais dificuldades de aprendizagem.        

No dia a dia da escola, é fundamental que haja uma imersão da criança em vivências que lhe permitam avançar em seu processo de aprendizagem e desenvolvimento, é necessário promover experiências de interações com outras crianças e adultos e nas brincadeiras e interações a criança demonstra seu jeito próprio de ser e aprende a compreender as diferenças.  

Finalmente, é preciso destacar e reconhecer que a organização das aprendizagens na Educação infantil por meio dos campos de experiências traz sentido e significado às situações que a criança vivencia na escola e passo a passo ela constrói seu próprio conhecimento.

 

 

Considerações finais

 

Ao concluir esta pesquisa percebemos que a BNCC veio para alinhar as aprendizagens essenciais e dar um norte à educação básica no Brasil. Ao analisar a maneira como o aprendizado acontece por meio dos campos de Experiências percebemos que o conhecimento se desenvolve na prática por meio das experiências vivenciadas pelos alunos quando eles brincam com brinquedos diversos, de diversas formas e em diferentes ambientes, quando participam ativamente decidindo, se posicionando quanto as suas escolhas e também quando é estimulado a criança a explorar ambientes, movimentos, gestos, formas, jogos, brinquedos e objetos diversos.

É necessária criar oportunidades para que as crianças possam se expressar como sujeito criativo e sensível, levando-os a demonstrarem suas necessidades.

O educador por sua vez, precisa proporcionar vivencias que levem a criança a conhecer-se, construindo uma imagem positiva de si mesma, percebendo que pertence a uma família, a determinado grupo social, religioso etc.

Percebe-se que são um conjunto de experiências concretas vividas pelas crianças que vão passo a passo desenvolvendo o conhecimento de si, do outro e da sociedade em que está inserida.

Concluímos que a BNCC veio trazer uma visão melhor do que seja a Educação de maneira integral e é necessário conhecê-la profundamente e aplicá-la no processo de ensino e aprendizagem.

 

 

Bibliografia

 

BRASIL. Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil. Brasília: 2010, p. 12. Disponível em <http:/ /ndi.ufsc.br/files/2012/02/Diretrizes-Curriculares-para-a-E-I.pdf>. Acesso em: 30/05/2023.

 

BRASIL. Ministério da Educação. Governo Federal. Base Nacional Comum Curricular, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/ Acesso em: 20 de maio. 2023.disponível em » http://basenacionalcomum.mec.gov.br/

 

COSTA, M. C. S.; FARIAS, M. C. G.; SOUZA, M. B. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a Formação de Professores no Brasil: retrocessos, precarização 39 do trabalho e desintelectualização docente. Movimento-Revista de Educação, Niterói, ano 6, n. 10, p. 91-120, jan./jun. 2019

 

Educa Criança. Resumo dos campos de Experiências e objetivos de aprendizagem para organizar seu plano de aula. Acesso em 30 de maio de 2023 disponível em: Campos de Experiências e objetivos de Aprendizagem da BNCC - Educa Criança (educacrianca.com.br)

 

Imaginie Educação. Entenda quais são as habilidades da BNCC para a educação Básica. acesso em 31 de maio de 2023 disponível em: Habilidades da BNCC: veja quais são para as etapas da educação básica (imaginie.com.br)

 

Tudo sala de Aula. Habilidades BNCC educação Infantil. Acesso em 31 de maio de 2023 disponível em: HABILIDADES BNCC EDUCAÇÃO INFANTIL: PRÉ-ESCOLA (CRIANÇAS PEQUENAS) (tudosaladeaula.com)

 

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 de dezembro de 1996. Disponível em: Acesso em: 23 mar. 2017.