BRINCADEIRAS NA PRAÇA: RESGATE DAS BRINCADEIRAS TRADICIONAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Marli Rodrigues de Almeida (EMEI Criança Feliz)
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Vanessa Ramos (EMEI Criança Feliz)
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Resumo
Este trabalho tráz o relato de experiência vivenciado através de brincadeiras realizadas na praça, com uma turma do Pré III vespertino da Escola Municipal de Educação Infantil Criança Feliz no município de Diamantino-MT e teve como objetivo resgatar as brincadeiras tradicionais. Atualmente com o avanço das mídias e aparelhos eletrônicos, cada vez menos se vê crianças brincando nas ruas e praças. Diante disso, destaca-se a importância do papel de educador para proporcionar momentos em que o brincar aconteça dentro e fora da escola para que a criança ao vivenciar as brincadeiras tradicionais, também possa futuramente passar para outras gerações, além de enquanto criança, aprender de forma prazerosa.
Palavras-chave: Brincadeiras tradicionais; Educação Infantil; Aprendizagem.
Introdução
Este trabalho traz o relato de experiência vivenciado através de atividades desenvolvidas em uma turma do Pré III da Escola Municipal Educação Infantil Criança Feliz neste ano de 2016 e teve como objetivo resgatar as brincadeiras tradicionais. A atividade se justifica, pelo fato de ser muito raro ver crianças brincando na rua ou nas praças de brincadeiras que fazem parte cultura principalmente as tradicionais. Kishimoto (2003) salienta que ao introduzir os jogos e as brincadeiras tradicionais no contexto pedagógico, com peculiaridades de ambientes livres como, clubes, ruas e o espaço público em geral a escola infantil participa do movimento de divulgação das brincadeiras e jogos tradicionais, porém, sua intenção é proporcionar por meios dos jogos o desenvolvimento infantil.
Desenvolvimento
Resgate das brincadeiras tradicionais: Vamos brincar na praça?
É perceptível a diminuição de atividades entre as crianças que envolvem movimentos corporais e socialização, principalmente em áreas públicas. De acordo com Guerra (2012) a partir dos novos ritmos desta sociedade é perceptível a forma empobrecedora das experiências lúdicas que a criança tem vivido, quando fica à margem de vídeo games, televisores e outros meios eletrônicos.
Fortuna em seu artigo “Cultura lúdica e comportamento infantil na era digital” publicado na revista Pátio (2014), diz que esse tema tem sido motivo de estudo de muitos psiquiatras e psicólogos, os quais denunciam os prejuízos causados pelos meios eletrônicos. A nossa capacidade de criar, pensar e analisar criticamente estariam sendo afetadas. A autora diz que especialmente em relação ao brincar, somam-se a esses possíveis efeitos dos meios eletrônicos o fato de que imporiam seu próprio ritmo, sem considerar a capacidade das crianças de exercer autocontrole sobre as atividade lúdicas, como teriam também diminuídas a sua capacidade de tolerância à frustração.
Assim, pensando em resgatar as brincadeiras tradicionais e proporcionar momentos prazerosos de interação entre as crianças através de brincadeiras, a professora do Pré III vespertino de EMEI Criança Feliz passou a planejar os momentos de brincadeiras uma vez por quinzena na praça próxima da escola e com isso, fazer com que as crianças mesmo nos dias que não está na escola, sinta vontade de brincar na praça junto com familiares, fazendo com que os adultos, revivam momentos da infância.
Imagem 01: Brincadeiras com bambolê. Imagem 02: Brincadeiras com corda.
Visivelmente, brincadeiras e jogos tradicionais foram perdendo espaço para a onda tecnológica que aos poucos vai criando uma nova geração de crianças consumistas e que pouco se envolvem em brincadeiras com movimentos corporais.
Nessa perspectiva, Fortuna (2014), questiona que se as brincadeiras estão escassas na escola ou nos meios familiares, então, nós adulto estamos renunciando nosso papel de mediadores da cultura. “Que tempo e espaço para brincar não só oferecemos como também compartilhamos com as crianças e os jovens de hoje?” (p.23). Se as crianças de hoje não tiverem com quem aprender as brincadeiras, também não poderão transmiti-las as futuras gerações e assim parte de nossa cultura será perdida.
Por isso a importância de se pensar no papel do educador diante da cultura lúdica como aquele que irá propor oportunidades para que o brincar aconteça.
Para Brougère (2006) o brincar exige uma aprendizagem; sendo assim o professor terá como papel fundamental inserir a criança na brincadeira, criando espaços, oportunidades e interagindo com ela.
Imagem 03: Brincadeira do “coelhinho Imagem 04: Brincadeiras livres com carrinhos
sai da toca”. e bonecas (Faz-de-conta).
O momento do brincar é importante para a criança pois, provoca reflexões acerca do que está sendo vivenciado, abrindo espaço para novas aprendizagens, além do prazer e alegria que podem ser vistos em seus rostinhos.
Para o RCNEI1 (1998), as atividades que envolvem movimentos corporais contribuem para a coordenação de movimentos, como também, “trazem a oportunidade de aprendizagens sociais, pois ao jogar, as crianças aprendem a competir, a colaborar uma com as outras, a combinar e a respeitar regras” (BRASIL ,1998, p. 35).
Kishimoto (2003), diz que independente de época, cultura e classe social, os jogos e os brinquedos fazem parte da vida da criança, e contribuem para a aprendizagem.
Nesta concepção, o jogo promove o desenvolvimento, porque está impregnado de aprendizagem. E isto ocorre porque os sujeitos ao jogar, passam a lidar com regras que lhes permitem a compreensão do conjunto de conhecimentos veiculados socialmente, permitindo-lhes novos elementos para aprender os conhecimentos futuros. (KISHIMOTO 2003, P 79).
Ainda de acordo com a autora, os jogos são transmitidos de geração em geração e fazem parte da cultura. Para tanto, é importante que os educadores compreendam o valor das brincadeiras tradicionais e as desenvolvam nos espaços infantis, como uma forma de resgatá-los, já que os mesmos estão“ marginalizados em decorrência do processo de industrialização e urbanização” ( ROJAS 2008, p. 51).
3 - Conclusão
A utilização das brincadeiras contribui no desenvolvimento da criança como também, tem seu valor enquanto cultura social, pois são transmitida através de geração em geração, torna-se então importante o papel do educador mediador tanto para oportunizar momentos para que as crianças possam vivenciar atividades de outros tempos, incorporando-as a sua cultura, como também apresentando atividades em que o brincar prevaleça promovendo a interação, novas descobertas sobre si e o mundo onde crianças adquirem conhecimento ao passo que desabrocham para a vida.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
BROUGÉRE, G. Brinquedo e cultura. Adaptação Gisela Wayskop, editora Cortez, Coleção questões de nossa época, V. 43, São Paulo, 2006
FORTUNA, T. R.A infância e a cidade. Revista Pátio. Educação Infantil. Ano XII, n.40, jul/set 2014.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil / Tizuko Morchida Kishimoto – São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.
MALUF, Ângela Cristina Munhoz. Brincar, prazer e aprendizado. Petropolis-RJ: Ed. Vozes, 2003.
ROJAS ,Jucimara. Jogos, brinquedos e brincadeiras: o lúdico e o processo de desenvolvimento infantil. Cuiabá, MT: EdUFMT, 2007
1 - Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.