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UMA DISCUSSÃO DO ENSINO DE GEOGRAFIA E HISTÓRIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Marta Regina Woiciechoski Leimann[1]

 

 

RESUMO:

Nos últimos anos houveram significativas transformações na área da geografia e história no que diz respeito às concepções teórico-metodológica, apresentando alterações nas variáveis que compõem sua própria dinâmica não somente sob a ação da natureza, mas também a respeito da ação humana sobre o seu ambiente. O espaço é um fator de apropriação humana para viver e manter sua permanência através de suas ações, além disso não é formado por objetos geográficos. O estudo da história e geografia contribuem analisando situações, tomando posições, indicando caminhos que sejam de ordem mais justa e humana, a fim de garantir melhores condições de vida para todos. Para que tais objetivos sejam alcançados torna-se necessário o estudo mais detalhado referente as definições e acontecimentos históricos, que torna-se efetivo quando é estruturado no desenvolvimento gradual da educação. Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo apresentar uma discussão quanto a concepção dos sobre o ensino de geografia e história nas séries iniciais do ensino fundamental. A discussão a respeito do ensino de geografia e história na educação infantil baseou-se na conversa com demais profissionais da área e com demais pesquisas semelhantes. Diante do exposto foi possível apresentar a importância quanto a apresentação dos acontecimentos históricos e definições da geografia nas séries iniciais, surgindo como uma forma de libertação ao homem no espaço em que vive.

 

PALAVRAS-CHAVE:  Aprendizado; Desenvolvimento Infantil; Transformações.

 

 

INTRODUÇÃO

 

Desde muito tempo o pensamento geográfico faz parte das indagações humanas, uma vez que as elaborações de representações sobre o espaço fazem parte da própria sobrevivência dos grupos nele inserido. É da necessidade de conhecer o espaço em que nele vive e que o homem consegue controlá-lo e dele extrair os recursos com os quais produz a sua cultura. Segundo Diniz Filho (2009) a geografia nada mais é do que um discurso constituído historicamente, institucionalizado e caracterizado por uma sistematização de tipo científico.

Em meio a conflitos, a disciplina de história volta como disciplina autônoma e obrigatória para a formação de alunos em todo o processo escolar e os professores desejavam participar da elaboração de currículos possíveis para a difícil realidade escolar que enfrentavam.  Para os professores, conforme Bittencourt (1997) relata, “era necessário repensar nas suas concepções de trabalho e no seu papel na vida escolar, estabelecendo novas relações pedagógicas, pois as condições políticas e culturais assim exigiam.”

O professor que ensina geografia ou história tem a função de ressignificar a educação, apresentando o conteúdo em um contexto social em movimento, baseado nisso, o professor se torna um mediador, um facilitador, que motiva, estimula, problematiza e ajuda os alunos a interpretarem as informações, relacioná-las e contextualizá-las, oferecendo uma orientação intelectual e pedagógica (MOREIRA et al., 2014).

Ensinar a ler, escrever e fazer cálculos são pré requisitos da proposta escolar. Não poderia ser diferente, pois ao ingressar na escola o que se pretende em suas bases é oportunizar ao aluno que possa adentrar em um universo letrado, de conhecimento formal que a escola oferece e que lhe garantirá inserção no meio social (GONTIJO, 2022).

Nessa mesma concepção, verifica-se que a ideia de que a escola deva atuar como possibilidade criadora da identidade socioculturais dos alunos, no que diz respeito à construção da cidadania se faz muito presente. Porém, para constituírem-se cidadãos faz-se necessário a apropriação de conceitos que possibilitam compreender e intervir de forma racional no mundo.

Uma das abordagens mais propostas no ensino de história e geografia foi a organização dos conteúdos com base em teoria linear do desenvolvimento infantil. E também se considera que o ensino da história (e geografia) deva ter como ponto de partida o contexto próximo da criança para, depois, o mais distante, ou seja, do concreto para o abstrato, pois assim facilitaria o aprendizado (PETITAT, 1994)

Considerando o desenvolvimento da consciência crítica um dos principais objetivos do processo educativo, tanto a história, como a geografia, poderão, juntamente com outras áreas do saber, fornecer subsídios necessários para novas experiências dos alunos. Assim, o presente trabalho tem como objetivo apresentar uma discussão pautada em entrevistas e revisão bibliográfica a respeito da importância do ensino de geografia e história na educação infantil.

 

 

DESENVOLVIMENTO

 

Para complementar a discussão a respeito do ensino da geografia e história a partir da concepção dos professores que atuam nas séries iniciais do ensino fundamental foi utilizada a abordagem qualitativa através da aplicação de um questionário in loco com um grupo de professores que atuam na rede municipal de Sorriso, Mato Grosso, com perguntas abordando como enfoque o ensino da geografia e história e são apresentadas por meio de discussão.

É de concordância unânime entre os profissionais que o estudo da história é essencial para formação de seres humanos capazes de conhecer a sua história cultural, produzida por gerações anteriores, compreendendo que “não só alguns são historiadores fazem história, mas sim todos os sujeitos envolvidos numa mesma dimensão de tempo, onde os acontecimentos acontecem, são historiadores e, ao mesmo tempo, sujeitos da história – história da família, da comunidade, do município, do estado, do país, do mundo”. 

A compreensão da importância desses acontecimentos já na fase inicial da educação influencia diretamente na evolução da sociedade, conforme Santos e Pannuti (2002) que estabelece o ensino da história possibilitando ao aluno a compreensão das noções de cidadania e responsabilidade social garantindo-lhe a construção de sua própria personalidade. Esse processo de construção faz parte de um meio sociocultural que é desenvolvido nas diferentes demandas sociais que permeiam a sociedade.

O estudo da geografia atua complementando a história, conscientizando que as atitudes e ações humanas devem estar voltadas para o momento histórico em que vive. Através das discussões com os professores entrevistados chegou-se a conclusão que “o papel da geografia é um repensar o momento histórico passado, para compreender o presente e prever o futuro, e tudo isso através da reflexão de várias áreas do saber humano”.

Em concordância com os pontos apresentados, Frago (1993) já compreendia a alfabetização como um processo que vai além do domínio das técnicas de ler e escrever, compreendendo capacidades e conhecimentos múltiplos, decodificando outros signos diferentes dos alfabéticos, tais como a leitura do mundo, das paisagens, imagens, cada vez mais heterogenias, a alfabetização geográfica é importante e precisa ser trabalhada nas séries iniciais, conforme Martins (2015) apresenta.

O estudo da história e geografia deve ser um instrumento que dá condição das pessoas compreenderem com mais clareza os movimentos relacionados ao mundo, para então assim agir em seu papel de agente transformador da sociedade. Precisam entender quais os problemas existentes em seu meio, quais as suas possibilidades de ação para depois procurar ajudar na transformação da sociedade. Quanto a isso Santos e Pannuti (2002) apresentam que é reconhecendo suas possibilidades de ação no encaminhamento dos problemas que o afligem, que o homem vai perceber-se com o poder de transformação da sociedade.

O que se observa atualmente á a informação passada de forma fragmentada por vários meios de informação, que vão falando do que está acontecendo sem relacionar nada com coisa alguma, jogando na verdade, uma série de informações com a preocupação de particularizar os acontecimentos.

No ponto de vista da educação, é preciso que se entenda que é nas experiências que os alunos vivenciam dentro e fora da escola que deve consistir no trabalho pedagógico do professor. É no cotidiano que se produz elementos do conhecimento histórico e geográfico, que dará fundamentação e possibilidade ao professor, juntamente com aos alunos, de construir uma percepção de sujeitos da ação. Assim, por meio da análise de sua própria realidade é que o aluno vai poder formular o conhecimento histórico e geográfico, proporcionando-lhe condições de se localizar no tempo e no espaço (CASTELLAR, 2005).

Nesse contexto, a prática pedagógica do professor não pode estar voltada somente para o desenvolvimento do aluno quanto ao seu crescimento, mas sim à mudança, isto é, ir além das informações aprendidas através da reflexão crítica dessas áreas do saber.

 

 

 

CONCLUSÃO

 

Os professores, em especial os de ensino das séries iniciais, devem apresentar a capacidade de renovar o saber já acumulado, preservando o atual e alterando o que já envelheceu. É por meio dessas áreas do saber, como os da história e geografia, que irão contribuir para a formação de um indivíduo crítico capaz de analisar situações, tomar posições, indicar caminhos que venham ao encontro de uma ordem mais justa e humana, a fim de garantir melhores condições de vida para todos os seres vivos do planeta.

Diante disso, pode-se concluir que os professores fundamentam seus trabalhos numa proposta de ensino de geografia e história alicerçadas numa fundamentação teórica crítica, onde leva em conta o contexto histórico vivido pelos alunos. Ao mesmo tempo, passam uma concepção de que o estudo da história tem a função de possibilitar ao aluno uma visão real dos fatos que acontecem na sua realidade em que vive, onde seu contexto atual é fruto de um processo dinâmico.

Desta forma, o ensinar história na sala de aula deve levar o aluno a entender os processos, desprender fatos e acontecimentos impostos, entender o mundo, atuar sobre ele, transformá-lo, que todos somos iguais e que não pode haver exclusões. Nesse âmbito, surge a geografia enquanto uma das formas de libertação do homem no espaço em que vive.

 

 

REFERÊNCIAS

 

 

BITTENCOURT, C. M. F. Capitalismo e cidadania em propostas curriculares de história. 1997, Anais.. São Paulo: FEUSP, 1997.

 

CASTELLAR, S. M. V. Educação Geográfica: A psicogenética e o conhecimento escolar. Cad. CEDES. V. 66, n. 25, 2005.

 

DINIZ FILHO, L. L. Fundamentos Epistemológicos da Geografia. Coleção metodologia do ensino de História e Geografia; v. 6. Curitiba: Ibpex, 2009.

 

FRAGO, A. V. Alfabetização na sociedade e na história. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

 

GONTIJO, C. M. M. Alfabetização: Políticas mundiais e movimentos nacionais. 1 Ed. Câmara Brasileira do Livro: Campinas, SP. 2022.

 

MARTINS, R. E. M. W. O Uso da Literatura Infantil no Ensino de Geografia nos Anos Iniciais. Revista GEO UERJ. N. 27, p. 64-79, 2015.

 

MOREIRA, G. E.; COELHO, H. F.; SANTOS, C. R. dos. O Ensino de História e Geografia na Educação Infantil e nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental: Desafios Permanentes. Revista de Ensino de Geografia. V. 5, n. 8, p. 150-166, 2014.

 

PETITAT, A. Produção da Escola, Produção da sociedade. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

 

SANTOS, M. S. dos; PANNUTI, M. R. V. Geografia e História: O fazer em sala de aula: Como?. 2ª ed. Ver. Cuiabá, EdUFMT, 2002.

 

 

 

[1] Professora, Avenida Porto Alegre, 2525, Bairro Centro, E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.