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PSICOPEDAGOGIA E A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

Kelly Lunardi da Silva1
Ligiane Ferreira Cunha2
Taís Regina Scheid3

RESUMO:

O presente estudo tem por objetivo identificar o papel do psicopedagogo juntamente com uma equipe multidisciplinar é o de perceber que muitas vezes o não aprender é apenas uma forma da criança ou adolescente chamar a atenção dos pais e familiares. Tendo como base os estudos e pesquisas que se encontram disponíveis acerca do tema em questão, pode-se afirmar que o psicopedagogo vem ganhando um espaço cada vez amplo, ganhando credibilidade para o apoio e auxilio de muitas situações que muitas vezes passa despercebida pela escola e família, do aluno. A Psicopedagogia é reconhecida não só institucionalmente, mas também profissionalmente pela importância que tem na ação interativa junto aos professores e alunos de forma a completar o ciclo de aprendizagem do educando, e o ajudando tanto no aprendizado como no seu social. A escola tem que envolver o cidadão para torná-lo parte desse desenvolvimento e crescimento, pois é um integrante ativo do processo de ensino-aprendizagem. Nesta etapa o papel do professor é a referência para perceber se o seu aluno participa, interage ou simplesmente ali está de corpo presente, sem atuação e participação alguma, e sem adquirir e avançar no aprendizado, sem contribuir e sem receber contribuição alguma.

 

Palavras-chave: Psicopedagogia. Professor. Escola. Família.


  1. Introdução


Tendo como base os estudos e pesquisas que se encontram disponíveis acerca do tema em questão, pode-se afirmar que o psicopedagogo vem ganhando um espaço cada vez amplo, principalmente no que se refere às dificuldades de aprendizagem dos educandos num geral, não somente nos anos iniciais, mas também na educação de jovens e Adultos e ensino médio num todo.

Vale ressaltar que o instrumento deste trabalho e estudo foi a pesquisa bibliográfica, assim como inúmeras pesquisas presenciais em instituição escolar, voltadas ao tema referido, uma vez que está profissão é claramente nova em nosso país, a Psicopedagogia é reconhecida não só institucionalmente, mas também profissionalmente pela importância que tem na ação interativa junto aos professores e alunos de forma a completar o ciclo de aprendizagem do educando, e o ajudando tanto no aprendizado como no seu social.

No entanto, existe a necessidade que esse profissional assuma o seu papel para que antigos paradigmas possam ser remodelados, e assim evita-se a patologização do processo de ensino-aprendizagem e desmistifica os estigmas dos alunos que não conseguem aprender.

O desenvolvimento e pesquisa deste trabalho têm como objetivo conhecer, compreender e vivenciar de que forma a atuação do psicopedagogo pode ser melhor empregada e utilizada perante das dificuldades de aprendizagem que são encontradas por alunos dentro e fora da sala de aula.

Houve analise e organização de leituras expostas de forma contínua para que fosse possível realizar uma sondagem e compreender primeiramente as dificuldades de aprendizagem, em seguida a atuação da escola e, finalizando, a compreensão do papel do psicopedagogo.

Também foram apresentadas as funções da escola e a necessidade em difundir harmonia, parceria, equilíbrio, respeito entre todos os envolvidos nesse ambiente, trabalhando voltados para o bem-estar do aluno, da família e da comunidade em que estão inseridos, respeitando suas experiências de vida, expectativas e diversidades, seus limites, evitando-se desta maneira o fracasso e o abandono escolar.

Não poderia ficar de lado a apresentação da importância do psicopedagogo nas diferentes áreas de atuação, tanto, clínica, institucional, hospitalar e empresarial, assim como a forma de como deve desenvolver adequadamente o seu papel, tendo em vista que o instrumento crucial para o seu trabalho é o ser humano. Analisou-se que de fato a prevenção é item fundamental e contar com ajuda multidisciplinar é indispensável e necessário. Para o psicopedagogo é essencial o entendimento que deve atuar de forma preventiva e investigativa, que o seu diagnóstico seja preciso, e para isso deve atuar em conjunto com uma equipe de outros profissionais da área, assim como, psicólogos, fonoaudiólogos, médicos, neurologistas etc.; deve ter conhecimento minucioso dos sujeitos envolvidos no processo da problemática para que possa intervir e diagnosticar corretamente, e como consequência auxiliar da melhor e correta forma possível.

 

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

 

É cientifico e humanizado que o indivíduo quando nasce necessita de outro para sobreviver – sua mãe vem em primeiro lugar de necessidade; com esse primeiro contato se inicia o processo de aprendizagem que perdurará por toda sua existência. O instinto humano por si só não é suficiente para a sobrevivência efetiva, não fornece subsídios para que a criança sobreviva sem que haja a necessidade de ajuda do outro, pelo menos, nos primeiros anos de vida.

Ao nascer o indivíduo é proveniente de alguns reflexos e de um psiquismo inteiramente primitivo decorrente diretamente dos aspectos orgânicos. Será exatamente esse contato com a função materna que gerará a organização da desordem do psiquismo da criança e a progressiva diferenciação e construção do mundo interno.

O indivíduo no ambiente escolar apresenta a sua própria bagagem, que o se diferem uns dos outros, quer seja pelo meio em que vive, ou pela genética, ou ainda pelos seus anseios e desejos. Ressalta-se que as dificuldades na escola podem acontecer por inúmeros motivos, como exemplo cito, a escola num todo propriamente dita, sua cultura, sua política, seu regimento, seus professores, a relação do corpo docente e discente e a metodologia usada para desenvolver a aprendizagem dos educandos.

Há ainda outros importantes fatores, fora do ambiente escolar, que contribuem com as dificuldades de aprendizagem sendo eles: emocionais, orgânicos, intelectuais, culturais, familiares e fatores específicos, como discalculia; dislexia, disgrafia, estes considerados transtornos ou distúrbios, que devem ser devidamente diagnosticados quando percebidos e diagnosticado deve ter intervenção imediata.

Quando falamos de aprendizagem, não é nada fácil compreender esse assunto, necessitamos buscar parcerias em outras áreas de conhecimento que possam cooperar e agregar a compreensão do ato de aprender, como a Psicopedagogia, a Pedagogia, a Psicologia, a Neurologia, a Psicanálise, entre outros, que estejam entrelaçados, para que o trabalho flua de forma responsável e eficaz, com maior segurança, pois há uma vida envolvida diretamente neste trabalho.

No estudo das teorias de Patto (1990), o mesmo nos traz que os distúrbios de aprendizagem requerem um componente patológico orgânico, por exemplo, TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade).

Se formos de acordo com Fonseca (1999), veremos que a dificuldade de aprendizagem é abrangente e global, relaciona-se com quem está aprendendo, com quem está ensinando, com a metodologia e conteúdo, com escola e com ambiente; enquanto que distúrbios de aprendizagem são dificuldades pontuais e específicas onde há uma disfunção neurológica.

O papel do psicopedagogo juntamente com uma equipe multidisciplinar é o de perceber que muitas vezes o não aprender é apenas uma forma da criança ou adolescente chamar a atenção dos pais e familiares; neste caso não deve ser tornado em doença ou anomalia, o problema achando que há algum distúrbio que porventura possa interferir no ato de aprender.

É de suma importância verificar que a dificuldade de aprendizagem não é sinônimo de distúrbio de aprendizagem. Ter cautela e muito cuidado para diagnosticar uma criança ou adolescente que apresente algum distúrbio que o impeça de aprender e que de alguma forma interfira na sua vida cotidiana é fundamental.

Distúrbio de aprendizagem é um tema demasiado abstruso, pois quando o sujeito aprende uma tarefa é verificado o seu perfil de aprendizagem, isto é, é sujeitado a quais são seus talentos e quais suas vulnerabilidades, até mesmos os testes utilizados para detectar as dificuldades de aprendizagem não são totalmente eficazes, existem crianças e adolescentes que mesmos com QIs superiores apresentam dificuldades específicas na aprendizagem.

Como nos mostra Schwartzman (2001), existem inúmeras dificuldades e fatores que levam ao déficit de aprendizagem, entre eles estão:

  • TDAH: problema de desatenção com ou sem hiperatividade (quando a criança é agitada e não consegue parar quieta). Elas se machucam com mais frequência, não têm paciência, interrompem conversas, etc.

  • Prejuízo Intelectual ou deficiência intelectual: capacidade intelectual inferior à média normal.

  • Lesões ou disfunções cerebrais, como exemplo: a anóxia, isto é, falta de oxigênio no organismo.

  • Fatores genéticos, neonatais ou pós-encefálicos e traumáticos.

  • Medicamentos. Fundamental é ter senso crítico para percebermos e analisarmos a respeito do uso medicamentoso. Há casos de transtornos graves que necessitam do seu uso e como profissionais da área de psicopedagogia têm de ter esta clareza para informar a família e a escola, após o devido contato com a equipe multidisciplinar.

  • Problemas sensoriais de audição e visão.

  • Dislexia: quando a criança ou adolescente não consegue associar o símbolo gráfico e as letras ao som que eles representam, é um distúrbio genético e neurobiológico que independe da preguiça, falta de atenção ou má alfabetização. O que ocorre é uma desordem no caminho das informações, o que inibe o processo de entendimento das letras e, por sua vez, pode comprometer a escrita.

  • Disgrafia: dificuldade na escrita.

  • Discalculia: dificuldade de aprender tudo o que está relacionado a números como operações matemáticas, dificuldade de entender os conceitos e a aplicação da matemática; seguir sequências, classificar números.

  • Dislalia: distúrbio de fala, caracterizado pela dificuldade em articular as palavras e pela má pronunciação, omitindo, acrescentando, trocando ou distorcendo os fonemas.

  • Disortografia: dificuldade de aprender e desenvolver as habilidades da linguagem escrita, é um transtorno específico da grafia que, geralmente, acompanha a dislexia.

Quanto mais cedo forem observadas as interferências das dificuldades de aprendizagem na vida do cidadão, tanto melhor será o seu diagnóstico quanto seu tratamento. É de grande valia que o trabalho psicopedagógico seja realizado em todos os momentos da vida escolar e com todos os alunos.

O profissional psicopedagogo tem que estar totalmente preparado para trabalhar com as dificuldades, deve ter a sensibilidade para percebê-las quando há de fato um distúrbio ou apenas dificuldades passageiras que por diversas vezes são resolvidas com facilidade, evitando que essas dificuldades se estendam ao longo da fase da adolescência, perpetuem e agravem por toda a fase adulta de um indivíduo sadio.

Contudo deve se ter em mente que a escola tem um papel igualmente importante nessa relação ensino-aprendizagem, e é exatamente esse tema que será abordado a partir de agora.

 

2.2. O AMBIENTE ESCOLAR E A FUNÇÃO DA ESCOLA

 

Já nos primeiros anos da vida escolar, através, principalmente, da atenção dos professores é que se percebem os transtornos e as dificuldades de aprendizagem, sendo na fala, na leitura, na escrita e na matemática e, é na fase de alfabetização da criança, segundo Lourenço (2003), que se torna mais evidente essas dificuldades. Nessa fase o psicopedagogo deve atuar efetivamente, pois ele tem as condições necessárias para agir, observando e intervindo nas dificuldades de aprendizagem, diagnosticando e fazendo os devidos encaminhamentos quando necessário.

É verídico que a escola também traz em seu contexto o construir conhecimentos e desenvolver valores, comportamentos e práticas democráticas assim como também deve promover a harmonia entre todos os envolvidos, podendo ser o corpo docente, discente, a família e a comunidade.

A criança para aprender necessita estar em equilíbrio tanto físico, como emocional e social. Quando há algo que não está certo com a criança, isso interfere totalmente em seu aprendizado assim como em seu comportamento, podendo ser facilmente confundido com um distúrbio ou um déficit de aprendizagem, levando o educando a um diagnóstico precoce e errôneo, transmitindo desconforto e insegurança para o indivíduo, e isso pode acarretar possíveis transtornos de futuramente, causados por vergonha e até mesmo levados como um ato de exposição do sujeito.

Como nos mostra Pellegrini (2008) é necessário que não se confunda teimosias, rebeldias ou desafios com TDAH, pois em muitos casos quando não se dá a devida atenção dentro da instituição de ensino poderá ocorrer consequentemente a evasão ou o fracasso escolar.

O indivíduo se fecha diante dessas situações de falsos diagnósticos, causando-o um imenso desconforto em estar em um ambiente onde simplesmente o julgam sem terem a real prova do que estão afirmando.

Lourenço (2003) relata que as dificuldades de aprendizagem podem ser:

  • De ordem especificamente escolar;

  • Decorrentes do potencial intelectual das crianças, que pode estar prejudicado pela desnutrição e outras patologias;

  • De um comprometimento da personalidade, ainda em evolução associada a um conjunto psíquico intrapsíquico;

  • Por razões sociais, tais como: a falta de continuidade de ensino, as mudanças de escola, a troca de professores e classes excessivamente numerosas;

  • E, finalmente as psicopatologias mais frequentemente associadas aos transtornos de aprendizagem.

É fundamental que a escola seja capaz de capacitar seus profissionais para que se adéquem a cada aluno individualmente, sabendo diferenciar os vários tipos de transtornos e se eles realmente existem, logo, não é o aluno que deve se adequar à escola e sim a escola se adaptar ao seu aluno.

Porém, os profissionais de educação, aqui se tratando de professores, não têm nem suporte e na sua maioria estão superlotados de alunos em suas salas de aula, se tornando não capaz de atender a todos de forma diferenciada, pois ou atendem os alunos ou cumprem com todos os requisitos e objetivos de aprendizagem que devem ser alcançados, exigidos por um sistema falho e de pouco interesse com o real aprendizado dos educandos. Tanto a escola como a mantenedora deveria ver com seus próprios olhos de seres humanos as reais condições em que um professor ata, trabalhar sem o devido suporte não é fácil, acaba frustrando o professor que por sua vez não consegue atender seus alunos com todo o zelo, dedicação e atenção que quer. Ser professor hoje, não é agradável, não ter as devidas condições não faz ninguém um bom profissional.

As dificuldades de aprendizagem na fase escolar diminuem consideravelmente o rendimento, acarretam atraso e reprovação, essas dificuldades devem ser percebidas na escola, quando isso não ocorre, quando não detectadas a tempo e devidamente tratadas, fator importantíssimo nesta fase, podem levar ao fracasso escolar e desencadear uma série de problemas de ordem psicológica, como por exemplo, a baixa autoestima e que podem perdurar por anos ou por uma vida inteira.

A escola tem que envolver o cidadão para torná-lo parte desse desenvolvimento e crescimento, pois é um integrante ativo do processo de ensino-aprendizagem. Nesta etapa o papel do professor é a referência para perceber se o seu aluno participa, interage ou simplesmente ali está de corpo presente, sem atuação e participação alguma, e sem adquirir e avançar no aprendizado, sem contribuir e sem receber contribuição alguma.

A escola é um espaço de diversidades e convivência, por isso se torna um local de acolhimento, de compreensão, de respeito, de parceria, todos que operam na escola devem respeitar a maneira como as crianças e os adolescentes se comunicam, assim como suas escolhas, porém, a escola deve sim, orientar os seus alunos para um bom caminho e para um aprendizado consolidado, orientar não significa intervir de forma brusca ou impositiva.

É evidente e de conhecimento de toda uma sociedade que o sucesso escolar é um fator fundamental para o desenvolvimento, a valorização e autoestima do aluno/cidadão. Segundo estudos de vários pesquisadores quanto maior forem os problemas emocionais da criança, maior serão os problemas relacionados à aprendizagem, isso é um fato verídico que os educadores diariamente verificam e percebem dentro de sua sala de aula.

A família também é responsável no processo de aprendizagem escolar da criança, ela devidamente e sinceramente presente sempre, estimulando, acompanhando, interagindo e fazendo parte da vida da criança.

Após várias pesquisas realizadas e segundo Marturano (2008), os pais e as famílias podem direcionar positivamente o aprendizado escolar, a motivação para os estudos e o desenvolvimento de competências interpessoais, que garantem um bom relacionamento com professores e colegas. Ser pai, mãe, família, é estar presente na vida da criança em seu todo. A escola também faz parte dessa responsabilidade, acompanhar a vida escolar e o que está se passando dentro do ambiente escolar é fundamental para que a família saiba como lidar com inúmeras situações que possam surgir.

Por meio de estudos de Carvalho (2008) o bom aluno, adaptado e com bom rendimento escolar depende do produto do domínio da interação e cooperação dos colegas de classe e a obediência ao professor, como também depende do domínio dos conteúdos acadêmicos, cujo objetivo maior é o aprendizado da leitura, da escrita e do cálculo elementar.

Estar sempre atento e ter um cuidado minucioso em relação às dificuldades e possíveis deficiências cognitivas que a criança porventura possa apresentar, para não excluí-las e discriminá-las, o que agravará ainda mais o problema escolar e social, aumentando a violência e a delinquência, é uma função primordial da escola. Porém, o professor deverá estar devidamente orientado e assistido pela escola que no início do ano letivo coloca muitas expectativas em como será sua nova jornada da turma que ministrará. A relação interpessoal professor/aluno é fundamental para facilitar ou dificultar o relacionamento global em sala de aula, desenvolver a autoaceitação e autoestima do professor e da classe (Carvalho, 2008). Se o aluno e seu professor não tiverem um bom relacionamento, não será possível existir uma cumplicidade entre ambos, serem amigos e companheiros, e existir uma confiança consolidada é fundamental para que seja construído o efetivo laço do aprendizado e, a não esculência dos educandos.

Não é sempre que a escola necessita de novas propostas pedagógicas, algumas precisam apenas ampliar e diversificar o que já realizam de positivo. Melhorar seu currículo e sua proposta não quer dizer que vá se afastar de seus objetivos, simplesmente estarão dando oportunidades igualitárias a todos seus estudantes.

Como nos trás Zanata; Capellin (2013, p. 281): A educação é considerada atualmente como um processo que pode favorecer a reflexão crítica e a busca de soluções para os problemas que encontramos na humanidade; o acesso ao conhecimento se torna um instrumento de luta no processo de humanização da sociedade, na tentativa de conquistarmos mais justiça, solidariedade e igualdade entre os homens. Não podemos ser ingênuos e pensar que a educação sozinha vai ser a “redentora da pátria”, porém as práticas educativas podem, em cotidiano escolar, colaborar para minimizar ou aumentar este processo secular de exclusão, quando primeiramente tomarmos consciência de que a escola produz e reproduz preconceitos.

Toda instituição escolar tem que trazer em seu interior, que deve trabalhar em harmonia com sua equipe a partir da sua realidade e sem discriminar ninguém, respeitando a diversidade e o indivíduo dentro de suas experiências de vida e limitações, cada um é diferente do seu próximo, todos temos virtudes e valores distintos, não devemos ser igualados para com o outro porque se acredita que outrem é que está correto em suas atitudes ou crenças. Na sociedade em que estamos inseridos não cabe mais a exclusão dos cidadãos seja por qual motivo for.

Finalmente, a escola é uma instituição que deve favorecer as relações intrapessoais, deve envolver os sujeitos de forma afetiva e cognitiva, a escola tem por obrigação trazer seu aluno para si, ensinar, aproximar, orientar, educar, direcionar, integrar famílias e comunidades, professores juntamente com toda a equipe profissional, minimizando e percebendo as dificuldades que possam ocorrer. Ser flexível é uma virtude que a escola é portadora, saber lidar e instruir diversas situações e problemáticas faz da escola um lugar prazeroso, onde possamos nos sentir acolhidos e compreendidos como somos e com as dificuldades que carregamos conosco.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS


As pesquisas realizadas partiram de estudos em livros, sites, artigos científicos de autores e pesquisadores reconhecidos e renomados no âmbito das ciências humanas e sociais e educação que tem comprometimento com o indivíduo enquanto educando, com a inovação e com a transformação e interação social, abrangendo a ética e a responsabilidade com as informações obtidas.

Quando falamos em pesquisa qualitativa, a mesma nos leva a pensar que apesar da compreensão e do conhecimento absoluto estar fora de nosso alcance, a compreensão e o conhecimento não estão.

A pesquisa qualitativa é definida como aquela que privilegia a análise de micro processos através do estudo das ações sociais individuais e grupais, caracterizada pela heterodoxia no momento da análise. Destaca-se a necessidade do exercício da intuição e da imaginação pelo profissional num tipo de trabalho artesanal visto não só como condição para o aprofundamento da análise, mas também, o que é muito importante, para a liberdade do intelectual.

Posteriormente determinado o método a ser utilizado foi escolhido o tema e o objetivo e assim deram-se início às pesquisas. Para que o trabalho tivesse coerência e credibilidade, os assuntos que mais interessavam foram inseridos e divididos de forma organizada, contínua e lógica.

É importante salientar que no decorrer de todas as etapas que sucederam esse estudo, sempre houve a preocupação de se priorizar a ética e o respeito a todos os autores estudados e devidamente inseridos e tidos nas e como referências.

 

 

4. ANÁLISE


4.1. O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO

 

A psicopedagogia tem o ser humano como objeto de conhecimento no processo de aprendizagem. É visto que para que se complete esse processo, buscar outras áreas de conhecimento que juntas interajam, como a Pedagogia, a Psicologia, a Neurologia, a Psicanálise entre outras, apresentando sempre uma postura de assessoramento e parceria, compreendendo e conhecendo os espaços onde ocorre a aprendizagem é de suma importância.

O papel do psicopedagogo tem como características principais ser preventivo quer seja clínico ou educacional. Ajudar, orientar e principalmente diagnosticar corretamente os problemas relacionados à aprendizagem, para auxiliar no progresso e aceitação do individuo em foco e assim evitar seu fracasso escolar e erros na intervenção ou até mesmo em um diagnóstico psicopedagógico impreciso. Sempre se deve levar em consideração que a vida do sujeito tem que se dar de forma harmoniosa e equilibrada tanto orgânica, emocional, cognitiva e socialmente.

O papel do psicopedagogo cada vez mais vem se difundido no mundo. Em alguns países o processo de investigação, para detectar alguma dificuldade de aprendizagem, inicia-se a partir de entrevistas com os pais dos alunos, com a finalidade de conhecer o histórico da vida do seu aluno, só mediante isso, são realizadas entrevistas com os docentes para colher informações sobre o processo ensino-aprendizagem, a proposta da instituição, metodologia, avaliação, material didático, as relações entre professor e aluno e entre alunos.

A entrevista com o aluno é a parte final e o psicopedagogo pode utilizar instrumentos de avaliação que o psicólogo também utiliza. Já no Brasil o processo investigativo inicia-se com o educando e, o psicopedagogo não pode utilizar os mesmos instrumentos utilizados pelo psicólogo, ou seja, por aqui ainda
há muito que avançar.

De acordo com Visca (1991), o processo diagnóstico se dá por intermédio do reconhecimento, do prognóstico e das indicações, através das cinco fases: anamnese, testes, provas piagetianas, conceptualização do caso, devolução aos pais e em alguns casos à criança.

O profissional psicopedagogo pode atuar em várias áreas, sendo: clínica, institucional, hospitalar e empresarial. Na área clínica, o psicopedagogo trabalha individualmente em um consultório. Agenda a primeira entrevista com os pais e a própria criança, se houver essa possibilidade. Esse momento é importante para que se observe a dinâmica psicológica familiar, as atividades espontâneas desenvolvidas pelo indivíduo. Utiliza instrumentos que caracterizam a avaliação psicopedagógico, tais como: jogos, brinquedos, desenhos, provas piagetianas e atividades pedagógicas. Realiza suas anotações do que é falado e do comportamento dos envolvidos, tudo deve ser observado cuidadosamente. Muitas vezes detecta que as queixas se relacionam ao contexto familiar ou ao escolar e não diretamente ao indivíduo que aparentemente apresenta algum transtorno e, em havendo algum transtorno deve encaminhar o sujeito à área da saúde adequada, psicólogo, fonoaudiólogo etc. Nesse momento aplica a anamnese, instrumento utilizado com o objetivo de relembrar todos os fatos que se relacionam à dificuldade do sujeito. Na anamnese são colhidos dados desde a gestação, parto, ambiente em que o indivíduo vive, sexualidade, histórico escolar, saúde, dados familiares etc.

Na clínica também são atendidos adolescentes e adultos com intuito de recuperar a autoestima perdida nos primeiros anos da vida escolar, fazendo-os perceber que possuem potencialidades e são capazes de realizar atividades acadêmicas. Em questão institucional o psicopedagogo atua diretamente nas escolas, deve trabalhar em parceria e conhecer muito bem a escola, professores, direção, coordenadores, comunidade, enfim todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, e principalmente os alunos que fazem parte dessa escola, iniciando o processo do seu trabalho pelo próprio aluno, não se esquecendo de após o desenrolar do processo, apresentar a devolutiva a todos os envolvidos. Aqui o psicopedagogo deve adotar uma postura de assessoramento, observando, conhecendo e acompanhando todas as práticas escolares, a dinâmica da escola e da sala de aula junto ao professor, o que é produzido pelos alunos, não se restringindo apenas ao diagnóstico, mas também intervindo, fazendo os devidos encaminhamentos, quando necessários, a psicólogos, fonoaudiólogos, médicos, orientadores entre outros. Além de acompanhar e supervisionar os trabalhos desenvolvidos pela escola orienta a equipe docente sobre a ação pedagógica mais eficaz e eficiente para cada problema observado. Deve estimular também a participação da família e ter atitudes de acolhimento com todos os atores do processo.

Para Weiss (1997) todo o diagnóstico é um processo de investigação, uma pesquisa do que não vai bem com o sujeito em relação a uma conduta esperada. Será, portanto, o esclarecimento de uma queixa, do próprio sujeito, da família e, na maioria das vezes, da escola.

Deveras vezes a escola opera o trabalho pedagógico com o aluno ideal e não com o real, muitos deles vindos de classe social que não tem recursos de leitura e equipamentos tecnológicos e de comunicação, os, então, chamados teletecnomidiático, como cita Fernandéz (2012).

A instituição escolar, por sua vez, tem mediar e possibilitar a esses alunos um espaço de aprendizagem, de conhecimento, sendo um espaço prazeroso, dinâmico e lúdico, com materiais variados livros, sala de vídeos, computadores etc. Não ter esses recursos e a falta de estímulo traz como consequência o atraso escolar e, encaminhamentos a psicólogos, neurologistas, entre outros, que muitas vezes são desnecessários, que se vistos corretamente através dos olhos do psicopedagogo poderão ser resolvidos com certa rapidez e autonomia, e trazer um resultado eficaz e promissor.

Ter conhecimento do que o professor desenvolve em sala de aula, sua metodologia, como os alunos produzem seu conhecimento, como é empregada a didática, qual a relação de autoridade exercida pelo professor e outros aspectos dessa relação, permitem ao psicopedagogo propor algum tipo de intervenção, não atuando de forma individual e sim ampla, abrangendo a turma toda e interagindo com o professor e com a equipe multidisciplinar, adequando a metodologia caso necessário.

Outra área em que o psicopedagogo pode atuar é a área hospitalar, cujo atendimento refere-se à educação especial, em que há o acompanhamento psicopedagógico à crianças em situações e condições especiais, podendo ser por fatores patológicos como por acidentes que as impossibilitam de frequentar a sala de aula. Utiliza atividades lúdicas onde o enfermo e pais possam participar juntos. Isto possibilita ao indivíduo e à sua família uma vivência menos traumática e tensa, lhes dando força e ânimo para seguir em frente e não desanimar, por mais árdua que seja a situação. Ter essa atenção especial faz a, criança sentir-se amada e acolhida mostra-lhe que tens valor para os demais de seu meio de vivencia.

O psicopedagogo deve ter conhecimento de como se dá o processo de consolidação da língua tanto escrita quanto dos números. Somente, após a concepção desses conhecimentos, embrenhar-se nos possíveis transtornos de aprendizagem, dentro do seu campo de atuação, podendo ser clínica, educacional ou outra área de sua demanda.

Ser conhecedor do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM/V) é fundamental para que desenvolva seu trabalho com êxito e de acordo com a realidade do individuo. Experiência e sensibilidade de ter o ser humano e sua relação com o ensino-aprendizagem, caminha juntas ter uma visão ampla do assunto auxilia no sucesso do aprendizado do educando, ajuda na intervenção do sofrimento e nas angustias do sujeito, e assim aze com as barreiras e dificuldades sejam superadas, os acompanhando no seu cotidiano e tornando os educandos cidadãos melhores, capazes e felizes.


5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Este estudo e pesquisa tiveram como seu objetivo principal adquirir conhecimento e compreensão na atuação do psicopedagogo perante as inúmeras dificuldades de aprendizagem e a partir da metodologia aplicada e descriminada nesse trabalho acredita-se ter sido possível o objetivo ser alcançado, os vários autores e estudiosos pesquisados para a realização desse trabalho apresentam claras evidências de que a atuação do psicopedagogo é positiva diante das dificuldades de aprendizagem.

O trabalho do psicopedagogo envolve o ser humano e suas diferenças, tendo isso em vista seu foco principal são as dificuldades relacionadas ao ensino-aprendizagem, exigindo desse profissional um processo complexo e minucioso no desenvolvimento de sua função.

Ante as dificuldades de aprendizagem o papel que o psicopedagogo exerce é o de falar, ouvir, intervir, propor, diagnosticar e encaminhar perfeitamente o individua para os devidos e capacitados profissionais quando se entenda e identifica a real necessidade.

Sem qualquer dúvida este é um trabalho de total dedicação, de extrema atenção, de incondicional acolhimento, de percepção e de sensibilidade aguçados e precisos, afinal como profissional psicopedagogo podemos modificar, aperfeiçoar, redescobrir o sujeito, induzindo-o a respeitar a si próprio, a ter autoconfiança, respeitar seu próximo, tornando-o ativo e satisfeito dentro do meio social em que está inserido.

Ser um profissional da educação e estar em atuação no ambiente escolar ou de ensino, e poder colaborar para que muitos educandos se interajam no meio em que vivem, é gratificante, saber lhe dar e saber como agir com esses indivíduos os transformando em pessoas capazes de enfrentar qualquer fase da vida é um ato transformar e renovador para o psicopedagogo, pois ele tem nas mãos a chave para que tudo isso aconteça naturalmente e da melhor forma possível sem deixar qualquer sequela de trauma ou medo.

Não se pode parar toda e qualquer pesquisa e estudo referente a psicopedagogia, pois a mesma está me constante construção e aprimoramento de novos experimentos, assim como também do surgimento de novos déficits de aprendizagem exigindo deste profissional maior compreensão e embasamento tanto teórico como de prática e vivencia. Ser psicopedagogo é estar em continuo estudo e pesquisa para saber lidar com inúmeras dificuldades que assolam o mundo moderno de distração e falta de tempo tanto nas escolas como nas famílias e sociedade.


6. REFERÊNCIAS


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Fracasso Escolar: um olhar psicopedagógico. Porto Alegre: ArtMed, 2002

A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. RS, Artmed, 2007

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BOSSA, Nádia; OLIVEIRA Zilma de M. (orgs.). Avaliação Psicopedagógica da Criança de Sete a Onze Anos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

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PATTO, Maria Helena. A Produção do Fracasso Escolar: histórias de Submissão e Rebeldia. São Paulo: T.A. Queiroz, 1990

SANTOS, Luciana C.; MARTURANO, Edna Maria. Crianças com dificuldade de aprendizagem: um estudo de seguimento. Revista Psicologia, Reflexão e Crítica [online]. 1999. Universidade de São Paulo/Ribeirão Preto. Vol. 12, número 002.

SCHWARTZMAN, José Salomão. A criança com distúrbios escolares. Revista Temas sobre Desenvolvimento. 1992 – 719-25. Disponível em: www.schwartzman.com.br/.../crianca_com_disturbios_escolares_95.doc. Acesso em: 21/06/2015.

VISCA, Jorge. Psicopedagogia: novas contribuições.  Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991.

WEISS, Maria, L. Psicopedagogia Clínica: Uma Visão Diagnóstica dos Problemas de Aprendizagem Escolar. Rio de Janeiro: DP&A, 1997.

ZANATA, Eliana Marques; CAPELLIN, Vera Lúcia Messias Fialho. A Construção de uma escola inclusiva por meio da colaboração. In Aprendizagem, comportamento e emoções na infância e adolescência. KONKIEWITZ, Elisabete C. (org).  Dourado/Mato Grosso do Sul: Ed. UFGD, 2013.

 

 

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