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LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS- SEU PAPEL NA INCLUSÃO DE ALUNOS SURDOS

Aparecida Cândida da Silva Strazza
Dalva Angelita da Silva Bento
Edson Luiz Bento
Tereza Bárbara da Silva



RESUMO


O presente trabalho tem por objetivo apresentar a importância da Língua Brasileira de Sinais, no sentido de servir de base, para que as pessoas surdas tenham possibilidades de compreender e adquirir a Língua Portuguesa escrita como sua segunda língua, permitindo-lhes conviver socialmente, desenvolvendo-se em termos acadêmicos, contribuindo para seu crescimento pessoal para a construção do conhecimento de mundo, através de vivências e experiências sociais.


Palavras-chave: Surdos. Língua Brasileira de Sinais. Libras. Segunda Língua.


Introdução


Em tempos de inclusão, vale a pena refletir sobre a importância da Libras na aprendizagem da pessoa surda, pois a maior dificuldade para este grupo de pessoas é a comunicação. Vivemos em um mundo preparado para o ouvinte.

No que se refere ao tema da inclusão de pessoas surdas, este sujeito está inserido numa sociedade ouvinte, que possui uma linguagem diferenciada. Enquanto a maioria pratica uma modalidade de língua oral-auditiva (a Língua Portuguesa), a Língua Brasileira de Sinais, se coloca como ferramenta linguística na modalidade visual-motora, de grande importância na inserção e inclusão do surdo em sociedade, parcela essa minoritária da população.

Segundo Vygotsky (1993), a linguagem é a base do pensamento e é por meio dela que surgem todas as manifestações sociais.

A Libras (Língua Brasileira de Sinais) permite a expressão total do indivíduo, enquanto pessoa, que sente, pensa e age. Permitindo discutir os mais abstratos conteúdos, sentimentos, negócios, independentemente da área do conhecimento.

De acordo com a LEI 10.436/2002 , a Libras é reconhecida como meio de comunicação e expressão.

 

Parágrafo único: Entende-se como Língua Brasileira de Sinais -

Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema

linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical

própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e

fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil (LEI

10.436/2002).

 

Todos nós temos que nos comunicar, não conseguimos viver sem a comunicação. As línguas de sinais são conhecidas cientificamente como sistemas linguísticos de comunicação gestual – visual, natural, com estrutura gramatical própria como quaisquer outras línguas, porém, mito diferentes das estruturas gramaticais das línguas orais. (FELIPE, 2001 P – 7).

Há possibilidade de o aluno surdo ser incluído no universo ouvinte. Faz se necessário que desde a tenra idade seja exposto a língua materna, Libras. Só então, sendo proficiente nesta língua estará apto a aprender a segunda língua, a Língua Portuguesa. Assim, o surdo deixará de ser um estrangeiro em seu próprio país.

 

 

 

Desenvolvimento

 

Sabe-se que a LIBRAS para ser reconhecida como a língua materna do deficiente auditivo fez uma ampla trajetória desde a segregação até oposições de métodos desumanos para com o surdo, onde foram excluídos e marginalizados pela sociedade.

A história da educação do surdo começa primeiro pelo oralismo, onde o surdo era praticamente obrigado a treinar a oralidade, sendo proibido de utilizar sinais e gestos para sua comunicação. Após decreto que provê bases legais para a utilização da LIBRA é que o surdo passa a ter seus direitos respeitados.

 

A língua foi oficializada no Brasil pela Lei Federal nº 10.436 de 24 de abril de 2002 e regulamentado pelo decreto Federal nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005. Essa lei trouxe avanços para a cidadania bilíngue das pessoas surdas, visto que amplia os domínios da língua de sinais para diferentes segmentos sociais. Torna-la componente curricular obrigatório nos cursos de formação de professores, em nível médio e superior e de fonoaudiologia é o mais importante, pois preparam o futuro educador para a reflexão sobre formas alternativas de comunicação e de interação como requisito de acesso aos conteúdos acadêmicos no Brasil os estudos (1980).

 

LIBRAS é a língua brasileira de sinais utilizada para comunicação com o surdo, sendo vista como língua materna do mesmo. De acordo com Fernandes

 

A Libras é a sigla utilizada para designar a língua brasileira de sinais, já que cada país tem sua própria língua, que expressa os elementos culturais daquela comunidade de surdos. É utilizado pela comunidade surdas brasileiras, principalmente dos centros urbanos, pois muitas vezes os surdos que vivem em localidades distintas e em zonas rurais acabam por desconhecê-la e, assim, acabam por desenvolver um sistema gestual próprio de comunicação, restrito as situações e as vivencias cotidianas. Há, também, alguns surdos que vivem nas grandes cidades que desconhecem a língua de sinais por inúmeros fatores ou não aceitação pela família, a falta de contato com outros surdos que utilizam a opção tecnológica da escola em que foi educado entre outros aspectos” (FERNANDES, 2011, p.82).

 

A língua de sinais possui estruturas gramaticais próprias, sendo ela composta por níveis linguísticos, o fonológico, morfológico, semântico e o sintático. E o que diferencia a língua de sinais das demais línguas é percepção viso espacial, que, para ela ser compreendida, depende da habilidade das mãos e da percepção visual para execução dos movimentos com precisão.

Para que tenha realmente uma comunicação clara, é preciso que os sinais sejam realizados de maneira apropriada, representado pelo movimento da mão e a expressão facial que retrata, dando sentido a palavra exposta. Sendo necessário para realização do sinal, a configuração, a forma, a locação, o movimento, orientação e direcionamento da mão e demais expressões faciais e corporais que o sinal exige.

Além do conhecimento em LIBRAS para o processo inclusivo, é muito importante a participação da família para que o surdo tenha sucesso na escola, pois ela é à base legal e moral da vida escolar do aluno, pois é o primeiro grupo ao qual ele pertence em seguida, religião, vizinhança, escola, entre outros e com tudo isso a ação inclusiva de fazer parte e interagir com esses grupos. Fernandes considera:

 

A participação dos pais, por meio do estabelecimento de uma relação de confiança mútua com os filhos surdos, contribui para a elevação da autoestima destes, bem como para que não se sintam diferentes, rejeitados ou incapazes ao ingresso em uma escola e iniciarem os primeiros contatos com leitura e a escrita” (FERNANDES,2011, p.96).

 

Para que a inclusão se consolide é fundamental o conhecimento em LIBRAS por todas as pessoas que fazem parte desse processo para facilitar a comunicação entre ambos, envolvidos.

Para o processo de inclusão escolar acontecer é preciso que haja uma transformação no sistema de ensino que venha favorecer toda e qualquer pessoa, com escola adaptada, funcionários preparados para trabalhar, material acessível ao aluno, melhorar e colocar em prática as leis existentes, garantindo ensino digno e de qualidade a todos.

 

Portanto as mudanças são fundamentais para inclusão, mas exige esforço de todos possibilitando que a escola possa ser vista como um ambiente de construção de conhecimento, deixando de existir a discriminação de idade e capacidade. Para isso, a educação deverá ter um caráter amplo e complexo, favorecendo a construção ao longo da vida, e todo aluno, independente das dificuldades, poderá beneficiar-se dos programas educacionais, desde que sejam dadas as oportunidades adequadas para o desenvolvimento de suas potencialidades. Isso exige do professor uma mudança de postura além da redefinição de papéis que possa assim favorecer o processo de inclusão”. (LACERDA, 2006. caderno cedes, v.26. n69).

 

Somos diferentes e temos habilidades e limitações. Para que a política de educação inclusiva prospere é necessário refletir sobre os caminhos da inclusão já percorridos, nos amparar nas vitórias obtidas e utilizá-las como alavanca para seguir avante no propósito de efetivação e cumprimento do que diz a lei no artigo 205 da Constituição Federal de 1988 "A educação, direito de todos e dever do Estado e da família”.

 

 

Conclusão

 

 

Entendemos que a Libras permite a expressão total do indivíduo surdo, pois permite comunicar qualquer conteúdo inclusive os sentimentos.

O surdo percebe o mundo pelo visual e a Libras permite a eficácia da

comunicação, pois é uma língua que lhe é natural. Embora minoritária, é ela que permite o desenvolvimento do surdo enquanto ser que pensa e age.

A compreensão que temos de alfabetização do ouvinte, não pode ser usada como base da alfabetização de surdos. Este processo é bem mais complexo.

Portanto, escola, professor e família precisam valer-se a Língua de sinais em harmonia para o sucesso do aluno surdo.

 

Referências

 

BRASIL. Constituição Federal de 1998. Brasília.

 

BRASIL. Lei nº. 10.436/2002. Brasília: MEC, 2002.

 

FELIPE, Tanya A; MONTEIRO, Myrna S. Libras em Contexto: curso básico, livro do professor instrutor – Brasília : Programa Nacional de Apoio à

Educação dos Surdos, MEC: SEESP, 2001.

 

FERNANDES, Sueli. Educação de surdos/Sueli Fernandes – 2 ed. Atual.- Curitiba i.bpex, 2011.

 

LACERDA, Cad. Cedes, Campinas,vol26,n.69,p.163-184,maio/ago.2006.

 

VYGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1993.