Buscar artigo ou registro:

 

 

AS CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Franciscarla Silva dos Santos Nazario[1]

Camila de Assis Monteiro[2]

 

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo analisar de que forma a educação física auxilia no desenvolvimento da criança na educação Infantil primeira etapa da vida escolar do infante, tendo em vista que, em se tratando da educação brasileira, a mesma estabelece que a Educação Básica compreende três níveis de ensino: a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. A Educação Infantil, consiste no nosso foco de estudo neste artigo. Denominadas de creches e pré-escolas, em conformidade com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, Lei nº 9394/96, a escola infantil, se apresenta como um espaço de descobertas e de alargamento das experiências individuais, culturais, sociais e educativas, por meio da inserção da criança em ambientes diferentes daqueles familiares. Nesta direção, a Educação Física possui papel de fundamental importância nesta etapa formativa, uma vez que proporciona às crianças uma gama de experiências mediadas por situações em que elas sejam capazes de criar, inventar, descobrir movimentos novos, reelaborar conceitos e ideias sobre o movimento e suas ações. Trata-se, portanto, de um espaço que permite que as crianças possam descobrir os próprios limites, enfrentar desafios, conhecer e valorizar o próprio corpo, por meio da relação com seus pares, de forma a perceber a origem do movimento, expressarem sentimentos por meio da linguagem corporal, de forma a desenvolverem suas capacidades intelectuais e afetivas, numa atuação consciente e crítica. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa qualitativa, cujos procedimentos técnicos incidem em pesquisa bibliográfica a partir da experiência de duas professoras de rede pública de ensino de Cuiabá- MT. O artigo dialoga com autores que evidenciam algumas concepções teóricas que consideram a importância da educação física no desenvolvimento integral da criança. Diante do exposto, é possível afirmar que a educação física contribui no desenvolvimento dos alunos, uma vez que permite aos mesmos explorar seus corpos mediante realização de diferentes atividades motoras, além de estimular a imaginação, desenvolver a noção de espaço e tempo, além de tornar a aprendizagem prazerosa, de forma a garantir o desenvolvimento físico, social e, sobretudo, cognitivo.

 

Palavras-chave: Educação Física; Educação Infantil; contribuições; desenvolvimento.

 

 

ABSTRACT

This article aims to analyze how physical education helps in the development of children in early childhood education, the first stage of the infant's school life, considering that, in the case of Brazilian education, it establishes that Basic Education comprises three levels of education: Kindergarten, Elementary School and High School. Early Childhood Education is our focus of study in this article. Called daycare centers and preschools, in accordance with the Law of Directives and Bases of National Education – LDB Law 9394/96, the infant school presents itself as a space for discoveries and expansion of individual, cultural, social and educational experiences, for through the insertion of the child in environments different from those of the family. In this direction, Physical Education plays a fundamental role in this formative stage, since it provides children with a range of experiences mediated by situations in which they are able to create, invent, discover new movements, re-elaborate concepts and ideas about movement and its consequences. actions. It is, therefore, a space that allows children to discover their own limits, face challenges, get to know and value their own body, through the relationship with their peers, in order to perceive the origin of the movement, express feelings for through body language, in order to develop their intellectual and affective capacities, in a conscious and critical performance. Methodologically, it is a qualitative research, whose technical procedures focus on bibliographic research from the experience of two teachers from public schools in Cuiabá-MT. The article dialogues with authors who show some theoretical conceptions that consider the importance of physical education in the integral development of the child. Given the above, it is possible to say that physical education contributes to the development of students, since it allows them to explore their bodies by performing different motor activities, in addition to stimulating the imagination, developing the notion of space and time, in addition to making pleasant learning, in order to guarantee physical, social and, above all, cognitive development. 

 

Keywords: Physical Education. Early Childhood Education; contributions; development.

 

 

INTRODUÇÃO

 

No Brasil, a educação se apresenta como um direito social garantido por lei. Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN) em 1996, a educação até seis anos consiste na primeira etapa da Educação Básica. Contudo, em maio de 2005, mediante à Lei Federal n.º 11.114, ficou definido que as crianças com seis anos completos devem ser matriculadas no primeiro ano do Ensino Fundamental. Neste sentido, a educação infantil passa a atender crianças até cinco anos de idade.

A Rede Municipal de Cuiabá, no atendimento às premissas legais, coloca em prática, a Política da Escola Cuiabana (2019), cuja gênese

 

[...] nasce no âmago da sociedade contemporânea e coloca no centro das suas discussões a formação do ser humano constituído e integrado nesta sociedade, assinalada pelo contexto social global e, ao mesmo tempo, pelo local no espaço do território cuiabano. É uma Política Educacional profundamente marcada pelo movimento teórico prático instaurado na história social, na cultura, na reflexão e no diálogo. (CUIABÁ, 22019, p.08)

 

A prática educativa desenvolvida pela rede municipal de Cuiabá, mediante Política da Escola Cuiabana, insere-se na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) , compreende que a Educação Física, trata necessariamente das práticas corporais de forma a tematizar e refletir sobre elas em suas diversas formas e como meios de produção de sentido e significado para quem as pratica, mediante a percepção de que o movimento humano está sempre inserido no âmbito da cultura e deve ser interpretado de acordo com o contexto social e histórico dos envolvidos.

Diante do exposto, a Educação Física na BNCC propõe o desenvolvimento de habilidades e competências importantes para ampliar a consciência dos movimentos corporais, dos recursos para que a criança perceba a necessidade do cuidado de si e dos outros, e, também, no sentido de desenvolver sua autonomia e participação mais confiante e autoral na sociedade.

Sabedores de que na Educação Infantil, no dia a dia da criança, além do professor de Educação Física, outros profissionais interagem com as crianças, Sayão (2002) esclarece que:

 

Numa perspectiva de Educação Infantil que considera a criança como sujeito social que possui múltiplas dimensões, as quais precisam ser evidenciadas nos espaços educativos voltados para a infância, as atividades ou os objetos de trabalho não deveriam ser compartimentados em funções e/ou especializações profissionais. Entretanto, a questão não está no fato de vários profissionais atuarem no currículo da Educação Infantil. O problema está nas concepções de trabalho pedagógico desses profissionais que, geralmente fragmentam as funções de uns e de outros se isolando em seus próprios campos. “[...] Portanto, não se trata de atribuir ‘funções específicas’ para um ou outro profissional e designar ‘hora para a brincadeira’, ‘hora para a interação’ e ‘hora para linguagens’”. O professor de Educação Física deve ser mais um adulto com quem as crianças estabelecem interações na escola. No entanto, só se justifica a necessidade de um profissional dessa área na Educação Infantil se as propostas educativas que dizem respeito ao corpo e ao movimento estiverem plenamente integradas ao projeto da instituição, de forma que o trabalho dos adultos envolvidos se complete e se amplie visando possibilitar cada vez mais experiências inovadoras que desafiem as crianças. (SAYÃO,2002, p.59).

 

A prática pedagógica desenvolvida no âmbito da Educação Infantil nas Escolas da Rede Municipal de Cuiabá objetiva a materialização de uma Educação Infantil de qualidade com capacidade para oferecer experiências estimulantes e significativas de respeito às culturas e à identidade, bem como considerar movimentos, gestos, falas, emoções, ações e interações das crianças, a fim de promover a articulação das suas experiências com o repertório científico, cultural, tecnológico e artístico. (CUIABÁ 2019).

 

 

Aspectos Metodológicos.

 

Metodologicamente este artigo foi elaborado tendo por base a pesquisa qualitativa. Bogdan e Biklen (1994), afirma que o pesquisador, ao utilizar a abordagem qualitativa, faz uso de um conjunto de asserções que diferem das que são utilizadas quando se estuda o comportamento humano com o objetivo de descobrir fatos e causas.

O artigo faz uso também da pesquisa bibliográfica, cuja característica principal consiste em possibilitar ao pesquisador uma bagagem teórica variada, contribuindo para ampliar o conhecimento, de forma a fazer da pesquisa um material rico sobre o assunto, fundamentando do ponto de vista teórico o material a ser analisado.

O artigo em tela busca evidenciar por meio do relato de experiência com base na prática de duas professoras da Educação Infantil na Rede Municipal de Educação em Cuiabá-MT, como se dá a prática da Educação Física nas unidades que atuam na segunda infância.

 

 

Fundamentação Teórica

 

A Educação física na Educação Infantil está ligada à dimensão do lúdico. A etimologia da palavra lúdico tem a sua origem na palavra do latim ludus que significa brincar. O lúdico, proporcionado por jogos e brincadeiras, é uma forma adequada de educar e aprender. Em decorrência da sua importância para as crianças, o brincar é visto como eixo central do trabalho pedagógico na Educação Infantil, abordando diferentes linguagens e experiências curriculares na primeira fase da Educação Básica conforme consta na Base Nacional Comum Curricular – BNCC (2017):

 

Os eixos estruturantes das práticas pedagógicas dessa etapa da Educação Básica são as interações e a brincadeira, experiências nas quais as crianças podem construir e apropriar-se de conhecimentos por meio de suas ações e interações com seus pares e com os adultos, o que possibilita aprendizagens, desenvolvimento e socialização. (BRASIL, 2017, p.32).

 

Embora a ludicidade permita situações de aprendizagem que auxiliam no desenvolvimento integral de uma criança, ela precisa possuir finalidades para se atingir objetivos escolares sem perder o brincar espontâneo das crianças envolvendo a imaginação, prazer, entretenimento, auto expressão e a socialização.

A Educação Física na escola é visualizada como uma área que tem por preocupação o desenvolvimento da cultura corporal cujo objetivo consiste em integrar o aluno nessa cultura, de forma a proporcionar a formação integral. Neste sentido, a criança passa a ser capacitada para participar efetivamente de jogos, esporte, danças, lutas, ginásticas e de todo tipo de atividade para o seu desenvolvimento em busca de seu bem estar e de um crescimento de forma saudável.

Legalmente, a Educação Física no âmbito da legislação educacional brasileira é discutida no parágrafo 3º do artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, sendo compreendida como um componente curricular obrigatório da educação básica.

 

Art. 26 –[...] § 3º – A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos.

 

Piaget (1971) fez análises importantes sobre os jogos durante a infância. O autor classificou as estruturas dos jogos em: de exercício, de símbolo, de construção e de regra. O jogo de exercício ocorre com crianças em período sensório-motor, ou seja, que ainda não possuem representações mentais que caracterizam o pensar. A atividade lúdica ocorre com o movimento corporal sem a verbalização, e possui prazer pelo mero funcionamento. O jogo de símbolo é semelhante ao de exercício, e funciona adicionando um espaço de resolução de conflitos e desejos não resolvidos em situações não-lúdicas, assemelhando-se aos jogos de “faz-de-conta”. O jogo de construção é uma transição entre o simbólico e social. O social considera trocas, atividades coletivas e regras.

O autor em sua obra intitulada a “Formação do símbolo na criança” (1971) esclareceu sobre o funcionamento intelectual da criança, demonstrando seis formas que ocorrem durante o jogo: a finalidade própria do jogo, o jogador se preocupar mais com o jogo do que em si mesmo; o jogo como uma atividade espontânea, sem preocupação ou regra; o jogo precisa proporcionar prazer; o jogo deve ter uma pequena desorganização; o comportamento da criança durante o jogo é livre de conflitos, o jogo não os considera; o jogo deve possuir uma motivação.

Wallon (1989) estudou com foco nas emoções dos alunos em sala de aula. Para o autor, o processo de brincar necessita de um acordo prévio com regras ou a construção de regras conforme o desenvolvimento da brincadeira, e caso não seja aceita pelos participantes a brincadeira deve ser desfeita. Ademais, conforme o autor, toda criança se desenvolve em um determinado tempo, variando conforme a idade e o ambiente para a conquista em cada fase. Algumas crianças podem conquistar uma transformação antes da idade prevista, entretanto, outras conquistam em um tempo determinado.

Friedmann (1996) foi outro autor que analisou aspectos sobre jogos na infância, principalmente relacionado aos jogos de construção. Para ele, as crianças possuem o prazer de realizar atividades através da ludicidade. A brincadeira na escola possui uma finalidade diferente comparada a outro lugar, e está relacionada a todo o aprendizado da criança envolvendo toda a equipe pedagógica nesse processo.

O autor ainda considera três formas de jogo, algumas como complemento as teorias do Piaget, todas elas baseadas na estrutura mental das crianças, são elas: jogos de exercício sensoriomotor; jogo simbólico e; jogo de regras. Conforme o autor, os jogos de exercício sensoriomotor condiz com a etapa do nascimento até o aparecimento da linguagem. Os jogos são caracterizados pela repetição de gestos e movimentos com valor exploratório e estímulos dos sentidos. Podemos destacar como jogos sensoriomotor os jogos sonoros, visuais, olfativos, motores, tátil e com manipulação.  Os jogos simbólicos ocorrem entre dois e seis anos, sendo por ficção ou imitação. A criança realiza os sonhos através do faz-de-conta consistindo em uma autoexpressão da criança. E por fim, os jogos de regras são manifestados entre os quatro e sete anos de idade, onde existem regras pré-definidas e interações sociais.

Vygotsky (1994) iniciou a discussão acerca da inclusão de ferramentas lúdicas no processo de ensino-aprendizagem. Segundo o autor, o brinquedo pode proporcionar uma reprodução da realidade do adulto, uma realidade irreal, algo que a criança ainda não está preparada. Logo, o brincar torna-se uma forma de atividade mais concentrada que possui um papel peculiar em seu desenvolvimento.

O autor relata que as crianças com menos de três anos não possuem a capacidade plena para distinguir a realidade da imaginação, e toda brincadeira pode tornar algo concreto em sua visão. Na idade escolar, o desenvolvimento torna significativo, visto que é criada uma situação entre o significado e a percepção visual, entre a imaginação e a situação real. O autor ainda retrata que “as necessidades das crianças e os incentivos não devem ser ignoradas porque eles são eficazes para colocá-los em ação fazendo-nos entender seus avanços de estágios de um desenvolvimento a outro”. Ou seja, é necessário ouvir e perceber as crianças para verificar se ocorre avanços no processo de ensino e aprendizagem.

 

 

O Relato de Experiência

 

As práticas educativas nas unidades onde as professoras desenvolvem o trabalho pedagógico busca materializar o currículo da Educação Infantil expresso na Política da Escola Cuiabana. O mesmo se constitui em um conjunto de práticas, que articulam os saberes das crianças com os conhecimentos formais, de forma a respeitar os direitos de aprendizagem e desenvolvimento, a saber:

 

Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas.

-Brincar de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos) de forma a ampliar e diversificar suas possibilidades de acesso a produções culturais. A participação e as transformações introduzidas pelas crianças nas brincadeiras devem ser valorizadas, tendo em vista o estímulo ao desenvolvimento de seus conhecimentos, sua imaginação, criatividade, experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais. 108 Política Educacional da Secretaria de Educação de Cuiabá

-Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando.

-Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia.

-Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens.

-Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário. Além de assegurar os direitos de aprendizagem e desenvolvimento, a organização por campos de experiências aponta para um planejamento e desenvolvimento do currículo de forma orgânica, superando a organização por áreas de conhecimento e priorizando a interação e articulação curricular. (BNCC, 2018)

 

Diante do exposto, o fazer pedagógico do professor de Educação Física na Educação Infantil é de fundamental importância, uma vez que ele possui conhecimentos específicos para desenvolver atividades de motricidade, uma vez que a criança encontra-se em plena fase de desenvolvimento motor.

Com base na proposta de Mattos e Neira (2008) buscamos desenvolver junto às crianças das unidades educacionais onde trabalhamos atividades lúdicas que levam ao desenvolvimento da lateralidade, da percepção espaço-temporal a fim de poder contribuir para o processo da alfabetização, uma vez que proporcionará conhecimento e controle do próprio corpo.

No desenvolvimento das aulas relacionadas a brincadeiras, buscamos nos envolver com as crianças, mediante a realização de brincadeiras diversas, jogos, expressão corporal, jogos de montar, massa de modelar, dentre outras atividades.

O planejamento das aulas sempre leva em conta a realização de atividades que prendam a atenção das crianças, buscando sempre a ludicidade e a interação alunos-professores e alunos-alunos. Fazemos opção por diversidades de conteúdos sobre o conhecimento do corpo, movimentos locomotores fundamentais, jogos, expressão corporal, danças, brincadeiras cantadas e hábitos de higiene. Toda atividade proposta trabalhava valores como respeito, obediência, cooperação e responsabilidade.

Partindo da ideia de que o professor de Educação Física carece oferecer diferentes estímulos para as crianças, para que elas possam se desenvolver plenamente (MATTOS; NEIRA, 2008), compreendemos que o brincar se torna um método essencial para desenvolvimento de seu trabalho.

As brincadeiras, as músicas, os jogos e os circuitos, entre outras atividades, permitem que as crianças participem da aula pela motivação, entusiasmo. Todas as brincadeiras propostas são realizadas em conformidade com o interesse das crianças, para que elas não se sintam entediadas. Em conformidade com o pensamento de Mello et al. (2014), as brincadeiras e o jogo permitem que as crianças compreendam as suas diferentes singularidades. Para os autores, tornar o jogo como atividade central nas aulas de Educação Física na Educação Infantil é uma forma de assumir outra lógica para esse espaço e tempo, que possa associar os interesses e necessidades, representando as características próprias do ser criança e favorecer o desenvolvimento de diversas linguagens presentes na escola.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Com base na reflexão proporcionada pela revisão bibliográfica e pela prática pedagógica das professoras, é possível concluir que a Educação Física é de fundamental importância para o desenvolvimento pleno da criança na Educação Infantil. Os fatores que influenciam o professor na escolha, ou não, de mecanismos metodológicos para o desenvolvimento das atividades de expressão corporal são baseados no entendimento do professor a respeito da necessidade de articulação entre o movimento e a ludicidade.

O recurso pode interferir de forma positiva na aprendizagem da criança, caso for cuidadosamente utilizado na prática pedagógica do educador. O professor que possui o conhecimento adequado a respeito da importância e uso da Educação Física em articulação com a ludicidade, realiza todo o seu planejamento utilizando-a quando necessário com objetivos específicos que proporcionam o aprendizado.

Nesse estudo fica evidente que as professoras apresentam concepções muito semelhantes entre si, acerca do conceito e do emprego das possibilidades metodológicas possibilitadas pela Educação Física via ludicidade na educação formal na Educação Infantil. Ambas valorizam e compreendem as culturas da infância, o tempo adequado da criança, mecanismos de ludicidade e o reflexo do uso da ludicidade no ensino-aprendizagem.

A interpretação das educadoras demonstra que, suas concepções, com base na LDB (1996), BNCC (2018) e Política da Escola Cuiabana (2019), acolhem a criança como um ser que pertence a uma categoria social, como um sujeito social, e que o processo educativo na Educação Infantil consiste em um estágio necessário da criança para a evolução nas demais etapas do processo de aprendizagem.

É possível perceber que os educadores possuem o desafio de entender a individualidade dos seus alunos, seu meio social e o modelo de sociedade existente. Ensinar com o uso das metodologias proporcionadas pela Educação Física via ludicidade consiste em levar para o aluno o seu modo de viver por meio do brincar, de modo que proporcione prazer.

 

 

REFERENCIAS

 

CUIABÁ. Escola Cuiabana: cultura, tempos de vida, direitos de aprendizagem e inclusão. Edilene de Souza Machado e Mabel Strobel Moreira da Silva (organizadoras). 1ª edição. Cuiabá-MT: Print Gráfica e Editora, 2019. 256 p.

 

BANDEIRA, Priscilla Oliveira; SOUZA, Prisilla Kézia Tavares de. O lúdico e suas contribuições na educação infantil. 2015.

 

BRASIL. BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR – BNCC A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#infantil Acesso em: 20 de ago. de 2022.

 

BRASIL. Lei 9.394/1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: DOU, 23 dez. 1996.

 

BRASIL. Lei Federal n.º 11.114 de 16 de maio de 2005. Altera os arts. 6º , 30, 32 e 87 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, com o objetivo de tornar obrigatório o início do ensino fundamental aos seis anos de idade. Brasília. 2005

 

BOGDAN, Robert; BIKLEN, Sari. Investigação Qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto, Portugal: Porto Ed., Coleção Ciências da Educação, 1994.

 

FRIEDMANN, A. Brincar e aprender. O resgate do jogo infantil. São Paulo: Moderna, 1996.

 

FRIEDMANN, Adriana. O desenvolvimento da criança através do brincar. São Paulo: Moderna, 2006.

 

LOMBA, Marisa Filipa Pimenta. Conhecimento do mundo: explorar e descobrir o mundo físico na creche e no jardim de infância. Tese de Doutorado. Universidade do Minho.  Instituto de Educação. Braga. Portugal. 2013.

 

MATTOS, M. G.; NEIRA, M. G. Educação Física Infantil: construindo o movimento na escola. 7ª ed. São Paulo: Phorte, 2008.

 

MELLO, A. S.; SANTOS, W.; KLIPPEL, M. V.; ROSA, A. P.; VOTRE, S. J. Educação Física na Educação Infantil: produção de saberes no cotidiano escolar. Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 36, nº 2, p. 467-484, abr./jun. 2014.

 

PIAGET, J. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo, sonho, imagem e representação. Rio de Janeiro: Zahar, 1971.

 

SAYÃO, D. T. Corpo e Movimento: Notas para problematizar algumas questões relacionadas à Educação Infantil e à Educação Física, Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte, v. 23, n. 2, p. 55- 67, jan. 2002.

 

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1989.

 

WALLON, H. Origens do pensamento na criança. São Paulo: Manda, 1989.

 

[1] Graduada em Licenciatura em Pedagogia pela Unopar. Especialista em Alfabetização e letramento e Educação Especial com ênfase A.E.E  pelo Instituto Cuiabano de Educação (ICE). Docente na  Escola Estadual Faustino Dias de Amorim e no Cmei Aliane Fátima Monteiro na Educação Infantil.

[2] Graduada em Licenciatura e Bacharel em Educação Física pela Universidade de Cuiabá (UNIC). Especialista em Natação e Atividades Aquáticas pela FIC. Docente na EMEB  Vereador Paulo de Campos Borges em Cuiabá-MT.