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A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Ilda de Lima Freitas

Islaine Cristina Jerônimo Gomes

Jucelina da Silva Xavier

Marilene Marciana da Cruz

Maria do Socorro Jerônimo

 

 

RESUMO

O presente artigo tem como objeto de enfatizar a importância dos jogos e brincadeiras na educação infantil, quando utilizados como recursos pedagógicos possui um grande valor educacional, visto que jogos e brincadeiras favorecem o desenvolvimento físico, intelectual afetivo e social da criança. As atividades lúdicas que envolvem o brincar pedagógico estimulam a criança no desenvolvimento do pensar e do agir, fazendo com que ela se torne futuramente apta a resolver situações e problemas que surgirão. A partir da aquisição da linguagem, a criança começa desenvolver uma atividade mais focada nos jogos simbólicos ou jogos de papel, nesse momento ela começa a desvincular da pura imitação dos comportamentos dos adultos para iniciar a sua representação. Independente da brincadeira, jogo ou brinquedo que a criança estiver utilizando, ela sempre utilizará suas aprendizagens, uma vez que a aprendizagem é um processo somatório. Desse modo pode-se dizer que o lúdico faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana, caracterizando-se por ser espontâneo, funcional e satisfatório, esse funcional não deve ser confundido com o mero ato repetitivo, com a monotonia do comportamento cíclico, aparentemente sem alvo ou objetivo. Vale destacar que o lúdico não pode ser negligenciado nos espaços escolares, fica claro que cabe ao professor o papel de mediar e estimular a construção de conhecimento da criança, favorecendo o desenvolvimento e despertando a curiosidade, o pensamento e a criatividade dos alunos.

 

Palavras-chave: aprendizagem, brincadeira, desenvolvimento, imaginação.

 

 

Introdução

 

Segundo a pesquisa, o lúdico tem sua origem na palavra latina ludus, que quer dizer “jogo”, se permanecer a sua origem o termo lúdico referia-se apenas ao ato de jogar, brincar e ao movimento espontâneo. “A evolução semântica da palavra lúdica”, entretanto, não parou apenas nas suas origens e acompanhou as pesquisas de psicomotricidade. Desse modo, a sua definição deixou de ser simplesmente o sinônimo de jogo, e as implicações da necessidade lúdica extrapolaram as demarcações do brincar espontâneo.

Na atividade lúdica, o que importa não é apenas o produto da atividade, ou seja, o que dela resulta, mas a sua própria ação, o momento vivido. O lúdico deve também possibilitar a quem o vivencia momentos de encontros consigo e com o outro; vivencias de fantasia e de realidade, experiência de autoconhecimento, em como o conhecimento do outro, de cuidar de si e olhar para o outro.

 

 

Desenvolvimento

 

Atualmente muito vem sendo declarado sobre o direito da criança de brincar. Esse direito já ganhou espaços na legislação brasileira, quando citado na Constituição Brasileira de 1988, no Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional-LDB9394/96, nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil de 1998 e no Plano Nacional de Educação de 2001.

Infelizmente, sabe-se que há uma grande diferença entre o que este escrito e o que é cumprido, pois, ainda temos demonstrações explicitas do não cumprimento da lei. Tal afirmação pode ser constatada quando se verifica que a sociedade contemporânea ainda permite práticas historicamente construídas que consideram o direito da criança de brincar, presentes em ações tais como: o trabalho infantil, a exploração sexual da criança, a precocidade, a autonomia imposta etc.

Por outro lado à sociedade acaba criando práticas que dificultam o direito de brincar da criança, quando em nome do desenvolvimento e do progresso da nação e do bem-estar de seu povo, desconsideram as necessidades das crianças e tomam atitudes como: diminuir cada vez mais os espaços utilizados pela criança para brincar na rua, no quintal, no parque etc., Construindo mais prédios e moradias; quando levam a criança a praticar a “individualização da ação lúdica” proposta pelos jogos eletrônicos; ou ainda quando obrigam a criança a cumprir agendas superlotadas de compromissos que devolvem à criança a concepção “de vir a ser” (KRAMER, 2003, p.44)

Antigamente as crianças tinham os espaços da rua, o convívio dos irmãos, dos primos, dos tios e hábito de contar histórias das avós que cultivavam o hábito de contar histórias, ensinavam brincadeiras do seu tempo de criança. Infelizmente a companhia mais presente das crianças atualmente tem sido a televisão, o computador e o telefone celular.

Diante dessa realidade, indaga-se:

  • Quem brinca hoje com a criança?
  • Quem ensina a criança a brincar?
  • Que brincadeiras tradicionais as crianças da contemporaneidade conhecem?

Infelizmente, sabemos que a família atualmente esta cada vez mais absorvida pelo trabalho, preocupada com a subsistência dos filhos, sobrando pouco tempo para o lazer em família e, consequentemente, diminuindo cada vez mais o tempo de conviver com o filho.

Corroborando com este pensamento, Marcellino (2003) adverte que o “furto ao lúdico” atualmente encontra-se em todas as camadas sociais, quando diz:

 

Nas camadas de menor poder aquisitivo um numero considerável de crianças tem, desde cedo, obrigações familiares e até mesmo profissionais devido ás necessidades financeiras das famílias, completando ou mesmo mantendo o orçamento doméstico [...] em outras camadas há também inúmeros casos de crianças que, apesar de não serem premiadas pelas necessidades econômicas, têm, desde cedo, uma série de obrigações, frutos de “investimentos” feitos pelos pais, para que, no futuro, sejam adultos requeridos pelo padrão da sua classe social (MARCELLINO, 2003, O. 37).

 

Ao analisar o exposto, é possível considerar o pensamento de Postman (1999), quando diz que a contemporaneidade vem contribuindo com o desaparecimento da infância e, consequentemente, com o direito da criança de brincar. Isso tudo se justifica quando é desejo da sociedade capitalista idealizar o homem como fruto do seu trabalho e produção, marginalizando cada vez mais o lazer ao ponto de nos sentirmos culpados quando destinamos parte do nosso tempo para a diversão.

Vale destacar que independente de classe social, credo, cor e raça, toda criança tem a necessidade de brincar, e deste modo à escola juntamente com a família devem se unir na busca pelo resgate ao lúdico infantil. A exemplo disso acredita-se que na organização do trabalho pedagógico do professor de educação infantil deve conter atividades como jogos, cantigas de roda, brincadeiras com movimentos etc., resgatando assim um processo de ensino-aprendizagem mais significativo e prazeroso para a criança, e reconhecendo que através do lúdico a criança possa aprender, se desenvolver e interiorizar o mundo ao seu entorno.

Por outro lado, ainda presenciamos uma rotina escolar cristalizada pelo excesso de “trabalhinhos”, como o próprio nome diz “trabalho”, materializados nas enormes apostilas ou nas inúmeras folhas impressas que as crianças ficam horas e horas pintando, desenhando, recortando, colando etc.

Infelizmente estes trabalhinhos se somarão a outros em uma pasta de atividades que serão entregues aos pais no final do mês, para comprovarem o fruto do trabalho de seu filho, mas que muitas vezes não são necessariamente o certificado ou a comprovação de suas aprendizagens.

Diante desta realidade, poucas são as vezes que no planejamento do professor de Educação Infantil encontramos a presença de atividades como caminhadas semanais com a criança na praça enfrente a escola, onde elas poderão brincar, correr, pular, cantar. Ou ainda, no pátio da escola não encontramos a presença de brincadeiras tradicionais como: Cobra-cega, o gato e o rato, balança caixão, pique-esconde etc. O mais triste desta realidade são os professores que se recusam a brincar com a criança e, assim, deixam de observar seus alunos enquanto brincam.

Tomar este comportamento como princípio da ação docente demonstra que o professor realmente acredita que o jogo é coisa de criança e, portanto, um passatempo sem importância.

Sobre esse aspecto, Angotti (2010, p. 113) afirma que:

 

Se o profissional da educação infantil almeja contribuir para a concretização do direito de brincar, cabe-lhe viabilizar um ensino sistemático e intencional, adequado ao ritmo do seu psiquismo infantil e mediado pela alegria do lúdico, do belo, da descoberta, da surpresa e do encanto.

 

Segundo Pereira (2011), existem dois princípios essenciais para resgatar o lúdico em sala de aula. Sobre o primeiro princípio, o autor diz que o professor que se propõe a utilizar o lúdico com as crianças deve resgatar inicialmente seu lúdico interno, reconstruindo seu gosto pelo brincar relembrando brincadeiras e brinquedos particulares de sua infância. Já o segundo princípio é que o professor ao vislumbrar a criança a sua frente não idealize seus desejos na criança, pois lidamos com a criança real, que, na maioria das vezes, é bem diferente das crianças presentes em nossas fantasias.

 

 

Conclusão

 

De posse desta pesquisa chegamos à conclusão que antes mesmo de dominar a fala, a criança faz uso de uma linguagem gestual para se comunicar e mostrar sua intenção de brincar.

Sabemos que a contemporaneidade trouxe para a humanidade vários progressos, mas, infelizmente, duras penas, sendo uma delas a solidão lúdica da criança, que agora na maioria das vezes é filho único, têm poucos primos, poucos vizinhos e pouco espaço para brincar livremente.

Essa realidade traz para as crianças algumas formas diferentes de brincar, comparadas ás de antigamente. Hoje a criança brinca com o videogame, joguinhos no computador, telefone celular etc.

Infelizmente o que não vemos normalmente nas escolas de Educação Infantil e a presença dos jogos tradicionais ensinados de gerações em gerações pela linguagem popular. Para alguns professores, eles são considerados ultrapassados, pois estamos na era da globalização, para outros é algo que não condiz mais com o contexto da criança contemporânea. Mas o que não cabe ao professor é retirá-los desse universo lúdico e nem negá-los a criança

Diante desta realidade, podemos concluir que além de mediar o processo de construção do conhecimento através do lúdico, o professor também precisa exercer o papel de facilitador dos jogos e das brincadeiras, fazendo com que haja momentos em que ele oriente a brincadeira proposta para seus alunos, momento em que ele ensine a criança a brincar e momentos em que ele deixe a criança escolher suas próprias brincadeiras e brinque livremente sem sua interferência, mas sim, sob sua observação.

 

 

Referências

 

KRAMER, Sonia. Com a pré-escola nas mãos. São Paulo: Ática, 2003.

 

MARCELLINO, Nelson Carvalho. Lazer e Educação. São Paulo: Papirus, 2003.

 

ANGOTTI, Maristela. Educação infantil para que, para quem e por que? São Paulo: Alínea, 2010.

 

PEREIRA, E.C. Projeto brinquedoteca na Universidade federal do Paraná: Relato de experiência. Disponível em: http//gebe.eci.ufmg.br/downloads/114.pdf.acesso em:22 set 2022.

 

POSTMAN, Neil. O desaparecimento da infância. Rio de Janeiro: Graphia, 1999.