A DISCIPLINARIDADE NO ENSINO DE LINGUAGENS E SEUS CÓDIGOS
Márcia Araujo Gomes[1]
Maria Aparecida Martins de Arruda[2]
Raquel Machado Santana[3]
Sandra Maria Samsel de Oliveira[4]
Zilmeire Macedo de Oliveira[5]
RESUMO:
Muitas mudanças na Educação demandam adequações no processo de ensino aprendizagem com ênfase na busca de explicações para a mudança de um ensino baseado na disciplinaridade para um ensino de cunho sistêmico e também como impactam a organização curricular da área de Linguagens, avaliando se essa organização de cunho sistêmico tende a potencializar ou restringir o processo de ensino e aprendizagem.
Palavras-chave: ensino e aprendizagem; disciplinaridade; linguagem.
1 INTRODUÇÃO
Não faz muito tempo (menos de 20 anos) que as interações interpessoais demandavam tempo que variava em função do espaço no qual as pessoas se encontravam. Atualmente, devido aos grandes avanços das Tecnologias de Informação e Comunicação, as interações são praticamente imediatas, não mais limitadas pela distância entre as pessoas nem pela quantidade ou tipo de informação a ser compartilhada.
Essa evolução tecnológica trouxe como consequência uma reorganização do mundo sensível, praticamente eliminando as limitações ou complexidades para as interações interpessoais. Adicionalmente, o acesso à informação produzida mundialmente também observou uma ampliação, simplificação e rapidez, ainda que se discuta a qualidade da informação que é colocada na Internet.
O outro lado deste cenário diz respeito a um certo nível de restrição imposta pela tecnologia devido à necessidade de o acesso se dar por meio de um aparelho tecnológico, que demanda um letramento específico que seja suficiente para saber obter a informação desejada. Esse contexto afetou de forma definitiva o âmbito educacional, uma vez que impactou os conhecimentos, os docentes e suas práticas, os discentes, a organização escolar, o currículo e a didática, e, principalmente, o processo de ensino e aprendizagem, o que gera uma necessidade de adaptação desse processo para que contribua de maneira satisfatória com a formação de um estudante apto a exercer sua cidadania e qualificado para o trabalho.
- OBJETIVOS:
2.1 OBJETIVO GERAL
O objetivo geral deste trabalho é abordar os impactos causados no processo de ensino aprendizagem, com ênfase no ensino de linguagens, pelas mudanças trazidas pela transformação do modelo, em função do novo cenário, voltado fortemente às influências da tecnologia.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Os objetivos específicos desse trabalho são:
Abordar os conceitos envolvidos no ensino de linguagens e seus códigos;
Discutir o tema da disciplinaridade no processo de ensino-aprendizagem;
Ensino baseado na disciplinaridade x ensino sistêmico.
- REVISÃO DA LITERATURA
Transformações no plano científico geraram mudanças sociais e culturais, assim como avanços tecnológicos. Desde o advento da Revolução Industrial, a escola se constituiu a principal instituição de formação para o trabalho, preparando pessoas para que pudessem realizar atividades específicas. Neste cenário, uma formação do tipo fragmentada, alienada e estanque se adequava perfeitamente às demandas mecanicistas do mercado de trabalho além de atender às expectativas daquela época.
Porém, o fenômeno da globalização e o avanço das tecnologias digitais, fez com que a formação das pessoas precisasse ser sistêmica, preparando-as não de forma exclusiva para realizar atividades específicas, mas que tivessem a capacidade de se adequarem às diferentes demandas trabalhistas e tecnológicas com que têm contato sociocultural.
A preparação de pessoas socialmente responsáveis, capazes de conduzirem ao longo de sua vida sua própria formação educativa, de forma continuada não se adequa a um currículo composto por diversos componentes/disciplinas especializados, fragmentados, isolados e desarticulados e sim a um currículo construído por disciplinas que interajam entre si, por meio de temas ou conhecimentos comuns, para a construção de pensamento crítico e formação integral (PIRES, 2008). Tais mudanças demandam o desenvolvimento de pensamentos, estratégias e ações docentes diferentes e condizentes com a característica de interação dos componentes curriculares, a fim de prover uma formação que contempla flexibilidade funcional, criatividade, autonomia de decisões, capacidade de trabalhar em equipe, capacidade de exercer múltiplos papéis e executar diferentes tarefas, autonomia intelectual, pensamento crítico, capacidade de solucionar problemas (DOMINGUES, TOSCHI, OLIVEIRA, 2010).
Essa premissa está coerente com a defendida pelo MEC, nos anos finais dos anos 1990 (Ferreti e Silva, 2017). Então, pode-se presumir que a Reforma do Ensino Médio (BRASIL, 2017) retomou posições anteriormente adotadas, uma vez que a Lei 13.415, de 16 de fevereiro de 2.017 (BRASIL, 2017), estabelece que
... os currículos do ensino médio deverão considerar a formação integral do aluno, de maneira a adotar um trabalho voltado para a construção de seu projeto de vida e para sua formação nos aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais. Ao final de todo o percurso educacional no Ensino Médio, o estudante deverá demonstrar: I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna; e II - conhecimento das formas contemporâneas de linguagem” (BRASIL, 2017).
De acordo com Coimbra (2000), o interdisciplinar pode muito bem ser um passo consciente, de início limitado em si mesmo, que depois poderá abrir-se para outros campos do conhecimento.
No quadro a seguir é apresentada a organização da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, de acordo com a definição encontrada em diferentes documentos.
Quadro 1 Organização da área de Linguagens
Documentos |
Definição |
PCNEM (BRASIL, 1999a;1999b) e os PCN+ (BRASIL, 2002) |
Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna, Arte, Educação Física e Informática |
Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM) (BRASIL, 2006) |
Língua Portuguesa, Literatura, Língua Estrangeira Moderna - Espanhol, Arte e Educação Física. |
BNCCEM (BRASIL, 2018) |
Língua Portuguesa, Artes, Língua Inglesa e Educação Física. |
Fonte: Elaboração própria
- METODOLOGIA
A metodologia a ser aplicada neste trabalho é a pesquisa qualitativa de natureza exploratória. Este tipo de pesquisa tem como objetivo ajudar no desenvolvimento ou criação de questões relevantes para atingir os objetivos da pesquisa, verificar se já foram realizadas pesquisas semelhantes, quais os métodos utilizados e quais os resultados obtidos; pretende ainda ajudar no delineamento do projeto de pesquisa.
De acordo com Denzin & Lincoln (2006) neste modelo de pesquisa temos a interdisciplinaridade de campos e assuntos, constituindo-se ela mesma um campo de investigação. De acordo com Gil (2008, p. 41):
A pesquisa exploratória tem como principal objetivo proporcionar mais familiaridade com o problema, tornando-o mais explícito, e desta forma servindo para aprimorar as ideias apresentadas. Em sua descrição também cita que este método de pesquisa é bastante flexível, podendo envolver a utilização de levantamentos bibliográficos, entrevistas com pessoas que tiveram prática com o problema e a análise de exemplos para maior compreensão” (GIL, 2008, p. 41).
Para alcançar o sucesso nos objetivos preestabelecidos, será realizado uma pesquisa bibliográfica.
- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com este trabalho espera-se uma aproximação do melhor entendimento a respeito dos impactos causados no processo de ensino aprendizagem de linguagens, pelas mudanças trazidas principalmente pelo avanço das Tecnologias de Informação e Comunicação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular: Ensino Médio. Brasília, MEC, 2018.
_____. LDB. Lei 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em www.planalto.gov.br . Acesso em 10 de dezembro de 2020.
______. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera as Leis nos 9.394, de 20 de dezembro de 1996 dá outras providências. Disponível em www.planalto.gov.br. Acesso em 10 de dezembro de 2020.
_____. Orientações Curriculares para o Ensino Médio, v.I. Brasília: MEC/SEB, 2006.
COIMBRA, J. de A. A. Considerações sobre a Interdisciplinaridade, in: PHILLIPI, Jr. A.; TUCCI, C. E. M.; HOGAN, D. J. & NAVEGANTES, R. Interdisciplinaridade em Ciências Ambientais. São Paulo: Signus, 2000. p. 52-70.
DENZIN, Norman K.; LINCOLN, Yvonna. A disciplina e a pratica da pesquisa qualitativa. In: DENZIN, Norman K.; LINCOLN, Yvonna (orgs). Planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. 2 eds. Porto Alegre: ARTMED, 2006.
DOMINGUES, J. J.; TOSCHI, N. S. & OLIVEIRA, J. F. de. A reforma do Ensino Médio: A nova formulação curricular e a realidade da escola pública. Educação e Sociedade, Campinas, v. 21, n. 70, p. 63-79, Abr. 2010.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2008.
PIRES, M. F. de C. Multidisciplinaridade, Interdisciplinaridade e Transdisciplinaridade no Ensino. Interface, Botucatu, v. 2, n. 2, p. 173-18, fev. 2008.
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