ESCOLA VIVA, UM REGISTRO DAS ATIVIDADES NO PERÍODO DE PANDEMIA
Márcio Grego Oliveira do Nascimento
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo um relato de como foram realizadas as atividades remotas, no C.M.E Marechal Cândido Rondon, durante o período de pandemia. As atividades foram registradas através de fotos e vídeos o que resultou na produção de um vídeo documentário. O documentário apresenta falas e registros de professores, pais e alunos. O principal objetivo do documentário é mostrar para toda comunidade o quão dificil foi lidar com a Pandemia causada pelo Covid-19, como a sociedade foi pega de surpresa para lidar com algo ainda desconhecido e nunca vivido nessa atual geração. O documentário mostra que apesar das dificuldades da maioria dos alunos em possuir internet em suas residencias, os professores utilizaram de suas criatividades e resiliência para que o trabalho de educar não ficasse parado durante este tempo. Mesmo com toda dificuldade de locomoção e o medo do contagio a equipe da escola não exitou em dar continuidade em suas atividades pedagógicas mesmo que para isso fosse preciso ir às residencias dos alunos.
Palavras-chave: Escola. Registro. Pandemia. Atividades. Covid-19.
INTRODUÇÃO
Quando você pensa na região rural, em sua mente deve vir algo relacionado a estrada de terra, casas distantes, pouca ou nenhuma iluminação, longo trajeto dos alunos até a escola… é exatamente essa realidade que os que os professores do C.M.E Marechal Cândido Rondon, situado no Assentamento Antonio Conselheiro, viveram durante o período de pandemia causado pelo vírus Covid-19.
O ensino remoto emergencial é desafiador mesmo em condições favoráveis de infraestrutura. Mas, na zona rural, com a ausência de conexão ou velocidade lenta da internet, falta de contato frequente entre estudantes e escolas, distância para entregar materiais impressos e a rotina das famílias no campo, as dificuldades são ainda maiores.
Os professores do C.M.E Marechal Cândido Rondon, assim como de vários outros centros de ensino, foram pegos de surpresa e tiveram que encontrar, dentre muitos desafios, uma metodologia na qual atendesse se não todos, mas a maior quantidade de alunos possiveis. Daí a necessitade de ir ao encontro desses alunos em suas resindências levando-os as atividades impressas. Para alcançar estes alunos, muitos foram os desafios; distância das residências, condições das estradas, o medo da não receptividade e o maior deles era o de levar ou contrair o vírus Covid-19, dai a necessidade de realizar as entregas de materias sempre respeitando todas as normas de saúde, sugeridas pela Organização Mundial da Saúde.
DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO
Para que a entrega de materiais impressos ocorresse de maneira que todos os professores pudessem ter contato com os alunos de suas turmas, a coordenação pedagógica juntamente com os professores e motoristas elaboraram um cronograma no qual todos pudessem realizar este trabalho.
As entregas eram realizadas sempre às Terças feiras, dessa forma o material era levado em uma semana e na outra era recolhido. As equipes foram divididas de forma que cada Terça feira fosse um professor das seríes iniciais juntamente com um professor das series finais, facilitando o contato dos professores com seus alunos e pais de alunos.
Os professores começaram a registrar os acontecimentos durante essas entregas, a conversar com os alunos e pais pedindo opniões de como estava sendo realizado o trabalho. Tudo era registrado com fotos e ou videos. Dai sugiu a ideia de se montar um pequeno documentário audio visual com esses vídeos e fotos que iam sendo armazenadas à medida que eram realizadas as entregas de materiais.
Devido a distância das residencias dos alunos a entrega começava as 7:00 h da manha e se estendia no decorrer do dia até por volta das 16:00h. Cada dia de entrega era um novo desafio , pois havia a certeza que seriam bem recebebidos ou não pelos alunos e pelos seus pais, acontecia do ônibus quebrar na estrada ou até mesmo de atolar em períodos chuvosos.
O material impresso foi entregue de casa em casa para todos os alunos da escola, com exceção dos que optaram em realizar as atividades somente através do google forms, pdf ou via Watsap. O material foi levado para 100% dos alunos que não tinham acesso a intrnet.
Devido a quanttidade de alunos que receberam o material, o esperado era que pelo menos 50% dos alunos devolvessem as atividades resolvidas ou que buscassem algum tipo de ajuda durante o retorno dos professores. Porém os professores se surpreendiam a cada semana que passava, pois o retorno das atividades era de quase 100%, somente 2 alunos não devolviam as atividades para correções. Apesar de muitas tentativas e conversas com os próprios alunos e com seus pais, não foi possivel obter êxito com os mesmos.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU DISCUSSÕES
A solidificação da educação no e do campo decorre da ação coletiva de vários sindicatos, organizações e movimentos sociais, com destaque ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), um dos movimentos mais atuantes no país. Esses grupos passaram a ter uma atuação mais ativa em suas lutas a partir da redemocratização do país no final da década de 1980. A ação conjunta de diferentes grupos é imprescindível para a materialização da educação do campo, pois conforme destaca Cavalcante (2010, p.562) a sociedade “precisa reconhecer a luta do campo como uma luta social sem fronteiras”.
Segundo Santana 2014, o surgimento do MST foi um movimento social forte e conhecido nacional e internacionalmente com ele surge a oportunidade do homem do campo voltar para o campo e reconquistar os espaços perdidos, foi nesse contexto histórico que se deu o surgimento do acampamento que após muitas lutas e reivindicação dos integrantes do movimento sem terras hoje é o Assentamento Antônio Conselheiro, local este que estar localizado o C.M.E. Marechal Cândido Rondon.
Ao comentar sobre a educação do campo, Freitas (2007) salienta que:
A educação no meio rural brasileiro é marcada por um quadro extremamente precário, refletindo os graves problemas da situação geral da educação brasileira. Embora a sua trajetória comece no início do século XX, nenhuma das iniciativas alterou positivamente esta situação, ao contrário, muitas delas ajudaram a reforçar as sérias desigualdades que marcam o campo no Brasil. Se o quadro geral da educação no país ainda apresenta graves problemas, no campo esses problemas são ainda maiores (FREITAS, 2007, p. 18).
De acordo com Hodges (2020), o ensino remoto emergencial difere da modalidade de Educação a Distância (EAD), pois a EAD conta com recursos e uma equipe multiprofissional preparada para ofertar os conteúdos e atividades pedagógicas, por meio de diferentes mídias em plataformas on-line. Em contrapartida, para esses autores, o intuito do ensino remoto não é estruturar um ecossistema educacional robusto, mas ofertar acesso temporário aos conteúdos curriculares que seriam desenvolvidos presencialmente. Assim, em decorrência da pandemia, o ensino remoto emergencial tornou-se a principal alternativa de instituições educacionais de todos os níveis de ensino, caracterizando-se como uma mudança temporária em circunstâncias de crise.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando todas as dificuldades que poderiam impossibilitar o trabalho de entrega do material impresso para esses alunos, pode-se concluir que a dedicação, a entrega 100% de cada profissional deste centro pode ser considerado fator importante que levou ao bom desempenho deste btrabalho. Cada profissional de dedicou o máximo que podia para que os alunos não ficassem sem os materiais.
Conclui-se afirmando que quando uma equipe trabalha unida e com um só objetivo em comum os obstáculos se tornam mais fáceis de serem derrubados, pois foram a resiliência e comprometimento dos profissionais deste centro de educação que mantiveram esta escola viva e sempre havendo esta conexão entre alunos e professores.
REFERÊNCIAS
FREITAS, H. C. A. A Construção da Rede Sócio-Técnica de Educação de Assentados da Reforma Agrária: o Pronera. 2007. 235f. Tese (Doutorado em Sociologia Política) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2007.
CAVALCANTE, R. L. A. A escola rural e seu professor no “Campo das Vertentes”. 2003. Tese (Curso de Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação, Pontifícia Universidade Católica, Rio de Janeiro, 2003.
HODGES, C. (et al). The Difference Between Emergency Remote Teaching and Online Learning. EDUCAUSE Review, 2020.