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PROJETO PRÁTICO: EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Luciana Rocha de Paula

 

RESUMO

Diante dos grandes desafios enfrentados neste segmento, Educação de Jovens e Adultos, esse trabalho volta sua atenção às metodologias utilizada pelas instituições e influência dos docentes nesta metodologia de ensino. Pois é necessário utilizar das mais variadas estratégias, que contribuam para a permanência do aluno na escola, reduzindo o índice de evasão escolar nesta modalidade de ensino. Visando cumprir os objetivos aqui propostos, adotou-se a metodologia de revisão bibliográfica, fundamentando-se em autores como FREIRE (2013), entre outros.

 

PALAVRAS-CHAVE: EJA. Evasão escolar. Metodologia.

 

INTRODUÇÃO

 

Observando grande número de jovens e adultos com escolaridade baixa do esperado para a faixa etária ou mesmo analfabetos no Brasil. A educação de jovens e adultos convive hoje com situação bastante delicada, pois existe um contingente de jovens e adultos com diferentes condições e necessidades em função do seu contesto sócio econômico. Tal situação é relevante quando o educador valoriza essas diferenças e inclui em seu trabalho pedagógico uma prática reflexiva sobre essa realizadas, pois ajuda-os a terem melhor capacidade de pensar e agir frente aos problemas de sala de aula.

O índice de jovens e adultos analfabetos ou com baixa escolaridade é grande no país. É notório que a educação de jovens e adultos é fundamental, pois é a oportunidade para essas pessoas, de uma forma ou de outro, por algum motivo não puderam estudar. Porém, é preocupante os altos índices de evasão nessa modalidade de ensino.

Nesse sentido, o presente trabalho busca uma melhor compreensão acerca das metodologias aplicadas por educadores na educação de jovens e adultos com intuito de identificar as contribuições relevantes e valorização de uma prática reflexiva, contribuindo assim para a permanência do educando na sala de aula. Sabemos que a educação é um processo complexo, mas quando há educadores que se comprometem com a educação, buscam mecanismos, métodos que estimulam os educandos a não abandonar a sala de aula, ou seja, o professor é um estimulador, mediador de seus alunos. Contudo, evidencia-se a grande responsabilidade do professor atuante na EJA frente a escolha de práticas pedagógicas capazes de resolver as dificuldades de seus educandos.

 

DESENVOLVIMENTO

 

Destaca-se, em primeiro momento, que os educandos que direcionam a procura de ingressar no EJA, estão fora da idade escolar e, por algum motivo em sua trajetória da infância, não conseguiu concluir seus estudos na escola.

Nesta perspectiva, a escola tem uma grande importância na aquisição ou não desse conhecimento, desse pensamento crítico e dessa busca incessante pela mudança. E a modalidade de jovens e adultos requer muito esse posicionamento, uma educação que vai além das disciplinas; que consiga atingir esse tal pensamento crítico, e que esse pensamento venha a se tornar ações concretas de intervenções na sociedade, como Freire (2011, p.67) nos apresenta, esclarecendo que, “a capacidade de aprender, não apenas para nos adaptar, mas sobretudo para transformar a realidade, para nela intervir, recriando-a”, este deveria ser o principal objetivo da aprendizagem, “processar” esse conhecimento adquirido em ações de melhoria junto à realidade social de cada sujeito.

Pensando assim, entendemos que a escola, e de modo particular a EJA, tem como uma das suas funções sociais contribuir num olhar social e para o desenvolvimento da cidadania e da criticidade dos alunos.

Refletindo sobre essas questões, esse trabalho é “fruto” de um breve contato com a Educação de jovens e adultos, realizado no decorrer dos estudos na área de aprofundamento. Nossa ideia “amadureceu” praticamente no último semestre do curso, e com isso, gostaríamos de ter obtido mais tempo em contato junto a essa temática, porem o currículo que compõe nosso curso de Pedagogia hoje, não nos permitiu aprofundar mais sobre essa modalidade, mesmo assim, com o conhecimento adquirido nesses meses, pretende-se aqui suscitar uma breve discussão a respeito da EJA e da função social da escola.

Então, subentendemos que a escola está dentro de um sistema “alienante”, e por isso traz consigo características alienadoras. Os estudos de Paulo Freire se pautam na concepção que a educação oferecida pela escola é conservadora e tem como pretensão “acomodar” os alunos. Já a que ele defendia, tinha como caráter a criticidade, que objetivava a inquietação dos aprendizes em relação ao mundo, no qual essa estimulação sendo provocada pelas indagações poderia produzir o desejo de mudança social e, por sua vez a:

 

… elevação do pensamento das massas, o que se sói chamar apressadamente de “politização”, o que se refere Fanon, em Los Condenados de la Tierra, e que constitui para ele uma forma de se “ser responsável nos países subdesenvolvidos, começa exatamente por esta autorreflexão. Autorreflexão que as levaram ao aprofundamento e de que resultará sua inserção na história, não mais como espectadores, mas como figurantes e autoras. (FREIRE, 1983, p.36)  

 

Sendo assim, é necessário que esta instituição não tenha apenas a função de escolarizar, mas de promover uma educação para jovens e adultos capaz de ir além da mediação de conteúdos, capaz de relacionar as disciplinas com a vivência e com as necessidades básicas dos alunos, em que o conhecimento estudado e produzido propicie um anseio de mudança e uma real emancipação.

A escola, enquanto instituição social, não é uma ilha, está inserida na sociedade, assim como a sociedade adentra na escola, portanto as questões cotidianas que envolvam inclusão, cidadania e política, estão intrinsecamente acopladas ao contexto educacional e a escola não pode ser omissa quanto a isso.

Para compreendermos melhor o significado das expressões exclusão e social, buscamos no dicionário Aurélio (2001, p. 304 e 642), o conceito de cada um deles. Excluir é definido como “eliminar, pôr fora, expulsar, retirar, privar, despojar”. Exclusão, como “ato de excluir” e social relativo à “sociedade”. Após essa pequena exposição da significação desses dois termos, continuaremos nossa discussão, tomando como norte a teoria de Paulo Freire, em relação aos que estão desprovidos dos direitos sociais básicos de um ser humano.

Percebemos que de uma maneira direta ou indireta, o tema “exclusão social” basicamente esteve presente nos estudos, os discursos e as publicação de Freire.

Entendemos que sua teoria era, e é, voltada para a superação da realidade injusta que se encontra a maioria dos brasileiros. Ao passo que essa infeliz realidade geralmente transcorre de geração em geração. É notório detectar o perfil do público assistido pela EJA, o qual frequentemente são indivíduos advindos da classe baixa que em um determinado momento e por algum motivo, foram conduzidos ou obrigados a romper os estudos.

 

RELATO DE ESTUDO

 

O presente estudo demonstra a grande importância da educação de jovens e adultos como uma forma de oferecer estudo formal às pessoas que não tiveram oportunidade de estudar na idade adequada.

Contudo, fica evidente a importância das práticas pedagógicas escolhidas pelo docente da EJA para levar o conteúdo de forma acessível a seu aluno.

Seguem-se, abaixo, algumas atividades sugeridas que podem ser utilizadas nesta modalidade de ensino:

 

Horta na escola:

Para esta atividade é preciso de ao menos um pequeno espaço de terra que possa ser cultivado na escola. As verduras cultivadas podem ser utilizadas pela cantina da própria escola.

Envolve-se Biologia, Meio Ambiente, uso racional dos recursos naturais (água, por exemplo), entre outras áreas.

Nesse caso, os alunos podem ser divididos em grupos e escalados para os cuidados das plantas de acordo com a afinidade e disponibilidade de cada um e, os próprios estudantes ficam encarregados de escolher o que plantar de acordo com suas experiências anteriores e suas vivências. O auxílio do docente de Biologia também é importante, além de pesquisas relacionadas ao cultivo de pequenas hortas.

Pesquisas sobre a origem das hortaliças cultivadas, das especificidades para o cultivo adequado das mesmas, bem como do valor nutricional de cada uma, também mostram-se como atividades interessantes a serem propostas.

Faz-se importante destacar que os alunos a participarem desta atividade devem apresentar-se espontaneamente como voluntários e, em hipótese alguma deve-se colocar um estudante para realizar um trabalho como esse sem que ele queira e esteja ciente de que não será remunerado financeiramente por isso.

 

Portfólio pessoal:

Nesta atividade o objetivo é trabalhar produção textual, História, Geografia e Sociologia.

Cada alunos será orientado a montar um pequeno portfólio sobre sua viada até agora. Eles devem começar dizendo quem são, no que trabalham e descrevendo sua família (caso queiram).

Em seguida deve apresentar a região onde morava quando tinha a idade escolar e os motivos pelo qual não precisou abandonar os estudos.

Para finalizar deve descrever como se sente agora com a nova oportunidade de estudo e o quais suas ambições futuras a ele relacionadas.

Por fim, cada aluno deve apresentar seu portfólio à turma.

 

Faça você mesmo:

Nessa atividade cada aluno, munido de suas vivências até agora, deve escolher alguma coisa que saiba fazer bem e produzir um texto explicativo que pode servir de base para os colegas, como uma recita de bolo (ou outro prato), um reparo simples em um eletrodoméstico, o cultivo de uma planta, cuidados com animais, entre outros.

O estudante deve fazer sua escola e, se necessário, contar com o auxílio do professor para redigir o texto de forma que fique claro e objeto, facilitando o entendimento do leitor e a replicação da atividade explicada pelo aluno.

Os textos devem ser debatidos em sala de aula e ficarem disponíveis de forma digital ou impressa para que todos possam ler os trabalhos dos colegas e interagir.

 

CONCLUSÃO

 

Deste modo, percebeu-se que não basta oferecer vaga escolar a esses alunos, é preciso oferecer também a eles uma metodologia capaz de prender-lhes a atenção, valorizar o conhecimento e a bagagem de mundo que já possuem e, a partir dela, traçar as estratégias mais eficazes para o processo de ensino-aprendizagem.

Por a escola ser um espeço de troca de conhecimentos e experiências, ela deve estar atenta às contínuas mudanças que decorrem no mundo, pois em um mundo que está em constante transformação social, tecnológica e cultura, faz-se necessário uma prática pedagógica que transcenda o ato de ler, escrever e contar.

Entendemos que existem diferentes maneiras do aluno ser “excluído” da escola, e essas maneiras são caracterizadas e vivenciadas por cada indivíduo, na medida em que este não pode ser considerado agente crítico, ativo e transformador de sua realidade, apenas pelo simples fato de saber ler e escrever.

Percebe-se, com esse trabalho, que os alunos da EJA são pessoas que enfrentam grandes dificuldades para dar sequência aos seus estudos. Deste modo, mesmo quando buscam a escola, sua permanência ali mostra-se bastante inserta, haja vista suas responsabilidades com a própria subsistência e geralmente a da família também.

Mesmo enfatizando o papel da escola na sociedade, é importante explicitarmos que não basta apenas garantir as matrículas aos indivíduos, pois não basta apenas inseri-los na escola. É preciso criar condições para a permanência dos educandos, uma vez que a inclusão não se resume ao ato de garantia de acesso, mas de propiciar uma contínua assistência no desenvolvimento pleno do aprendiz.

Contudo, salienta-se a importância do docente como profissional responsável pelo trabalho pedagógico adequado com o aluno da EJA, já que tais metologias farão toda a diferença para o sucesso dessa modalidade de ensino.

 

REFERÊNCIAS

 

DI PIERRO, Maria Clara. Como as políticas públicas e os gestores escolares podem combater a diminuição de matrículas e os elevados índices de abandono observados na EJA. Nova Escola. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/7898/os-desafios-para-garantir-a-educacao-de-jovens-e-adultos?gclid=CjwKCAjwpKCDBhBPEiwAFgBzj6msjfuGbiziKqyer-1aRq8KRBVpirkr_X4clT87ecQVLpiPTcFrVxoCCp4QAvD_BwE. Acesso: jun. 2021.

 

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo. Cortez, 1993.

 

_____________. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 43 edição. São Paulo. Paz e Terra, 2011.

 

_____________. Educação como Prática da Liberdade. 14 edição. Rio de Janeiro. Paz e Terra. 1983.